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Isabel Vijande: “Nom gostava dalguns comentários como que eu falava crioulo”

img-20210618-wa0008Isabel Vijande nasceu rodeada de galego na infância mas o paraíso se toldou ao chegar aos estudos superiores. É professora de tecnologia e Tic, uma cadeira que “deve” ser ensinada em castelhano. Os seus primeiros contactos com o reintegracionismo não foram nutritivos mas, apesar de tudo, conseguiu digerir esta forma de viver a nossa língua. Fijo para parte das primeiras promotoras das escolas Semente polo que sente, não admira, muita satisfação.

Isabel é paleofante. Como lembras a tua infáncia do ponto de vista linguístico? Como estám a ser as novas infáncias?
Pois todo o mundo falava galego. A família, @s colegas da escola, @s profes, o doutor que me atendia. Havia um par de famílias que nom falavam galego mas as crianças eram mais velhas que eu e nunca tivem muito contacto com elas. Ora bem, os livros estavam todos em castelhano… e eu pensava que os escritores galegos estavam todos mortos, por isso o dia das Letras. Hoje mais ou menos continua igual mas quase sem crianças.

És monolingue em 95% do teu tempo. Que alimenta esse 5%?
Vivemos numha sociedade cheia de preconceitos, por desgraça, onde te tratam diferente pola cor da tua pele ou o teu sexo. Passo conscientemente para o castelhano em situaçons de vulnerabilidade por algumha funcionária ter-me tratado mal por falar galego (por exemplo, no INEM), assim que, em geral, quando nom estou para enfadar-me ou nomear a lei de funçom pública, que exige atendimento em galego, fago-o em castelhano.
Depois também falo inglês às vezes ou francês quando viajo, ou quando falo com alguém que nom é galeg@.

És professora de tecnologia e TIC (Tecnologias da Informaçom e da Comunicaçom) no IES Rosalia de Castro. Como se vive ser galego-falante e ter de dar aulas em castelhano no ensino público galego?
img-20210416-wa0000A mim parece que vai em contra de toda lógica normalizadora proibir que umha língua menorizada se ligue ao conhecimento científico e tecnológico; se penso mal, parece umha política lingüicida para amansar um povo e destitui-lo de toda a identidade; para que seja mais manejável, mais fácil de espoliar. No Congo, por exemplo, as multinacionais destroem comunidades para conseguir os metais preciosos.

No dia a dia, o que quero é ter umha boa relaçom com o alunado e que aprendam a pensar por si próprixs.

A mim parece que vai em contra de toda lógica normalizadora proibir que umha língua menorizada se ligue ao conhecimento científico e tecnológico; se penso mal, parece umha política lingüicida para amansar um povo e destitui-lo de toda a identidade.

Como foi o teu primeiro contacto com a estratégia reintegracionista? E os posteriores?
O primeiro contacto com o reintegracionismo foi umha explicaçom de dois minutos no liceu. Depois fum de Erasmus a Portugal e conhecim alguns galegxs reintegracionistas e deu-me para pensar e investigar mais. Emocionalmente, nom gostava dalguns comentários como que eu falava crioulo, ou insinuar que o meu galego nom era galego… (sentia-me atacada e o pior é que nem entendia o porquê). Até que dei com o livro de O galego (im)possível. Aí, todo explicadinho devagar, sem hostilidade… vim que fazia sentido. E também falar com outras pessoas mais pedagógicas.

Fum de Erasmus a Portugal e conhecim alguns galegxs reintegracionistas e deu-me para pensar e investigar mais. Emocionalmente, nom gostava dalguns comentários como que eu falava crioulo, ou insinuar que o meu galego nom era galego… (sentia-me atacada e o pior é que nem entendia o porquê). Até que dei com o livro de O galego (im)possível.

Por onde julgas que deveria transitar o reintegracionismo para avançar socialmente?
Suponho que focar-se em mostrar casos de sucesso…

Em 2021 somamos 40 anos de oficialidade do galego. Como valorarias esse processo?
Creio que falta muito caminho por percorrer. Se calhar a opçom da ortografia nos teria levado por um caminho distinto… mas eu nem nascera nem sou especialista. Na ciência a presença do galego é residual; acho que seria positivo tirá-la dos canais literários e transitar para outros caminhos. Nesse sentido creio que ciência fai um muito bom trabalho.

Que foi o melhor e que foi o pior?
img-20210416-wa0011Como professora de programaçom e tecnologia, desligar a língua do que todos os especialistas concordam com que será a profissom do futuro é um erro terrível.

Uma parte importante da minha frustraçom a respeito da língua, nestes anos, era observar a realidade da mesma. Eu passara de morar numa vila onde todo o mundo falava galego a estudar numa faculdade — Engenharia Química — onde todo o professorado e estudantado falava espanhol.

Ver que a nossa língua esmorece é enormemente frustrante, mas apenas com a frustraçom nom vamos a lado nenhum. Há que construir. É necessário transformar frustraçom em construçom.

Como tinha lido bastante de Paulo Freire, sempre achei que a educaçom era uma via fundamental para construir o futuro. Junto com algumas outras pessoas, pertencentes à Gentalha do Pichel, demos os primeiros passos na criaçom das Escolas de Ensino Galego Semente, e essa é uma das cousas que me satisfizérom mais a nível emocional e político.

Como gostarias que fosse a “fotografia linguística” da Galiza em 2050?
Que fora a de um país normal.

Conhecendo Isabel Vijande

Um sítio web: tecnoloxia.org

Um invento: a eletricidade

Umha música: Cedeira, de Guadi Galego

Um livro: Los cautiverios de las mujeres, de Marcela Lagarde.

Um facto histórico: A Comuna de Paris

Um prato na mesa: carne com patacas fritas

Um desporto: ténis

Um filme: Bohemian Rapsody

Umha maravilha: a minha sobrinha

Além de galego/a: feminista

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