Tenho observado em Euskal Herria um comportamento sociolinguístico curioso. Nom digo que seja um comportamento maioritário, nem generalizado, apenas uma tendência subjetiva que vejo na gente do meu redor. A gente adulta fala em euskara às crianças.
Vamos ver, a situaçom linguística em Euskal Herria e na Galiza é mui diferente. Elas partem duma porcentagem muito menos de falantes de euskara, e ainda hoje está longe de que toda a populaçom do território seja capaz sequer de entendê-la. As estratégias que funcionam para o euskara nom se adaptam, polo geral, às nossas circunstâncias. Porém, esta tendência em particular pode ser mui útil para o galego.
A situaçom que vejo com frequência é a seguinte. Temos uma pessoa adulta castelhanofalante, com um nível de conhecimento básico do euskara e que nom o fala normalmente. Esta pessoa encontra-se com outra pessoa adulta, e estabelecem uma conversa em castelhano. A segunda pessoa adulta vem acompanhada duma criança, que tende a ter vergonha e nom falar. Entom, a primeira pessoa adulta decide que quer saudar a criança, fazer-lhe um agarimo ou uma monada. E… Oh! Surpresa! A pessoa adulta castelhanofalante com nível básico de euskara que nom o fala normalmente, muda de língua e fala em euskara à criança! Geralmente a cousa nom passa dum “Zer moduz, maitia?” e as quatro parvadas que se acostumam dizer às crianças desconhecidas, mas isso tanto tem para o tema.
Agora, já sei, muita gente estará a pensar que é uma cousa absurda, que nom é importante, que a normalizaçom requer medidas drásticas… e dou-vos a razom. Mas este gesto pequeno consegue muitas cousas. Primeiro, fai ver à criança que o euskara é uma língua plenamente normal e válida para as conversas com pessoas desconhecidas. Muitas vezes tenho visto o caso de duas falantes de euskara que nom se conhecem a falar em castelhano, por nom se atrever nenguma delas a falar na sua língua materna com desconhecidas. Segundo, serve para ver que o euskara é uma língua usada por toda a gente. Assim pode ver que o euskara é usado com normalidade por todo o tipo de gente, e quita a visom de que só é falada por gente do rural sem estudos. Por último, serve de exemplo. As crianças vem as pessoas adultas como modelos, e acabarám por imitar estas condutas, espalhando ainda mais o uso da língua.
Para nós, na Galiza, seria mui valioso importar esta conduta, especialmente nas grandes cidades castelhanizadas. E, realmente, é um pequeno gesto que nom supom esforço nengum. Se és galegofalante, é só continuares a falar a tua língua. Se és castelhanofalante, é só mudar de língua num número pequeno de situações. Nom custa nadinha. Um pequeno gesto que pode fazer uma grande diferença nas gerações futuras.
Afinal, o que estou a dizer é o que já dizia esta campanha da Junta de há mais de 30 anos… FALA-LHE GALEGO!