“Encrucillada”

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capa-encruzilhada
capa dum número antigo da revista

Há uns dias caíu nas minhas mãos o último número da revista Encrucillada. Esta revista conta com uma série de pessoas que fazem uma aposta importante pola reforma da igreja Católico Romana. Ainda que algum deles segue uma tendência liberal, a maioria faz um esforço em contrastar as “normas” da igreja romana, com textos das Sagradas Escrituras. Este feito leva a que me pare nalguns artigos que são vitais para o desenvolvimento espiritual de qualquer pessoa. Seja ou não seja crente. Permítam-me salientar que não falo de dogmas nem de religiões com intencionalidade, senão de normas da igreja e de espiritualidade, conceitos admitidos por ateus e agnósticos.

Encrucillada nasceu há mais de 40 anos e atualmente saem a lume 5 números ao ano. Assim, encontro um artigo de Xosé Antón Miguélez Díaz com o título “Carta do Deus de Xesús para encontrar o tesouro do perdón”. Desta forma valente, o autor lê uma carta que o Pai escreve a todos nós. E como seria muito tedioso falar de tudo o que nos diz, farei um breve resumo comentando algum dos pontos clave. Vamos por partes.

A carta começa com uma introdução e salienta o seguinte: “para encontrar a minha graça do perdão considera a sua qualidade e acolhe-a mergulhando-te em Jesucristo, no seu Espírito e na sua lgrexa“. Em Jesus, o Pai oferece um tesouro seguro que poderás adquirir sem dinheiro (João 7:37-38; Mateu 10: 8; Tito 3, 5), com a fé humilde de quem se põe na sua escuta e seguimento (Filpenses 3: 7-9). No Crucificado entregado por todos e Salvador por excelência, o Pai oferece uma regeneração profunda que experimentarás não só como cura ou alívio parcial, mas também como salvação vital que reordena e dá sentido ao teu coração e à tua vida (Lucas 19: 1-10). “Para encontrares a graça do perdão nunca ponhas em dúvida que eu perdo-o sempre (Lc 6:35) porque amo sempre (Jn 17: 23). Para achares a graça do perdão alimenta o desejo de perdoar sempre como eu (Mateu 18:21-22. Para achares a graça do perdão abre-te bem aos teus irmãos necessitados (Santiago 2: 14-I7). Para encontrar a liberdade do perdão aprende a desconfiar de ti mesmo”. O Pai não deseja o nosso desacougo e oferece paz e segurança (Mateu 14:22-31). Por isso nos pede que não nos apoiemos em nós. “Fazer caso do mundo que nos diz que se duvidas de ti mesmo vão-te comer”…, é defender a autoestima sobre tudo o demais. “Para encontrares a liberdade de perdão tens que renunciar a exercer de juiz das culpas”. Para penetrar na fondura dos corações só o Pai tem capacidade (Lucas 6:37; Santiago 4:11-12). Só Ele pode medir com justiça as forças, as possibilidades, as luzes, as culpas, as intenções, a liberdade de cada pessoa. Nós unicamente podemos aproximar-nos, e muitas vezes nos equivocamos.” Para achar a graça e a liberdade do perdão temos que saber dar-lhe o tempo, e luz, e os passos necessários à reconciliação”. Muitas vezes confundimos, e nos confundem alguns teólogos, em que perdoar é esquecer.  Misturando a amnésia (falta de memória), com a vingança, o ódio ou a genreira. Deus perdoa, e quando diz que não se lembra dos pecados, é porque já não têm efeito sobre nós. A paga é morte e Cristo pagou por os pecados. O amor de Deus vê o pago dos pecados e deita-os no profundo do mar. “Para achar a graça do perdão pede-lhe a Deus que che ajude” (Mateu 7:7). Se tanto mal che fizeram e não podes perdoar, pede-lhe ao Pai que polo seu Espírito te ajude. Não sigas a destruir-te interiormente.
Se somos capazes de aceitar estas premisas, seremos quem de ajudar a transformar a nossa sociedade num entorno mais justo, alcançando a graça do perdão. Viver com genreira é impossível.

Máis de José Luís Fernández Carnicero