Clara Wieck

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clara-schumann-em-1978Este próximo 20 de maio de 2020 fará 124 anos que finou Clara. Assim a chamava o seu benquerido companheiro Robert Shumann, que a conheceu de criança, quando vivia na casa do seu pai Friedrich Wieck. Segumdo contam, era uma mulher formosa com olhos grandes e rasgados, tez mate e cabelos de azeviche. Ademais tocava muito bem o piano e atingiu a fama que o público tinha privado a seu pai. Apesar de ser culto e ter estudado para o sacerdócio, não duvidou deixar também os estudos de Teologia para chegar a construir pianos. O seu carácter de fel contribuiu a romper a relação entre Clara e Shumann por algum tempo.
Os moços lutaram polo seu amor com a esperança de poder furar a muralha que os separava. O velho Wieck enviou a Clara a viver a Dresde. Shumann toleou, mas escreveu-lhe cartas a esgalha. Um dia, de súpeto, as cartas cessaram e houve um silêncio de duas semanas. Passado esse tempo chegaram duas ao mesmo tempo. Sem pensá-lo duas vezes abriu a primeira e era de Clara, que lhe dizia que viajasse a Dresde porque o seu pai ia de viagem. Com uma alegria imensa quase esquece abrir a outra carta. Vinha de Zwickau e dizia que a sua mãe finara de repente. Shumann não sabia que fazer.

Como somos capazes de procurar um objetivo com todas as forças, e quando já o temos muito perto, semelha como se desaparecesse de nós num segundo. Existem decisões pontuais que dependem das pessoas e que podem determinar o resto das suas vidas. Por isso de pouco vale que aos que não honramos no seu dia lhe levemos flores ao cemitério, nem que aos que não valoramos lhe escrevamos obituários para fazer reconhecimentos estéreis.

Esta história lembra-me a tantos e tantos casos que acontecem na vida diária. Como somos capazes de procurar um objetivo com todas as forças, e quando já o temos muito perto, semelha como se desaparecesse de nós num segundo. Existem decisões pontuais que dependem das pessoas e que podem determinar o resto das suas vidas. Por isso de pouco vale que aos que não honramos no seu dia lhe levemos flores ao cemitério, nem que aos que não valoramos lhe escrevamos obituários para fazer reconhecimentos estéreis, (assim o deixou bem claro Ben-Cho-Shey na sua lápide), pois sabemos que chegam tarde e não podem fazer que as consciências calem. Na nossa história Clara recebeu a visita esperada e consolou a Shumann polo passamento da sua mãe. O relato termina com a boda de Clara e Shumann apesar de que o velho Wieck os denunciasse perante os tribunais alegando até 12 causas polas que não podiam casar.clara-schumann
O amor da parelha sofreu vários episódios fatais. Shumann era um compositor excecional valorado por muitos, inclusive por Liszt, que o incluía no seu repertório, mas sentia ciúmes da sua amada Clara. Já dissemos que era uma pianista excecional, e apesar dos muitos cambapés que lhe pôs o seu pai, superou-os. Nos concertos de Clara, o seu pai cria um grupo de amigos para que se levantem no intermédio e marchem da sala, mas ela segue triunfando. Inclusive quando muda o piano por um instrumento velho, o êxito é rotundo. Shumann ao ver isto, não podia permitir que uma mulher lhe fizesse sombra. “Es mãe antes que artista…” “Tens que saber retirar-te a tempo” dizia-lhe o compositor, porém os ingressos econômicos vinham dela e não dele. Shumann teve que baixar a cabeça e reconhecer o seu erro. Por tudo o que amava pediu-lhe perdão: “ Es uma santa e eu tenho que me pôr de joelhos ante ti”. “Es mil vezes mais importante do que eu”. “ Sou um egoísta”. Desde aquela e também por outras causas, Shumann recupera a sua criatividade como compositor. Hoje é um dos grandes. Pola sua parte Clara foi uma virtuosa que até alguns doces e pasteis chegaram a levar o seu nome. Logo foi esquecida por muitos salvo por Brahms, que depois do passamento de Shumann, cumpriría  o obxetivo de ser o seu companheiro. Mass essa é outra história para reflexionar, meditar e pensar no que muitas mulheres sofreram, apesar de serem as melhores.

Máis de José Luís Fernández Carnicero