Na imprensa escrita os discursos hegemónicos, apesar das transformaçons necessárias para se adaptarem à Internet, continuam nas maos de cabeceiras como ‘La Voz de Galicia’, onde o emprego da língua galega é testemunhal. Perante esta situaçom, agromárom nos últimos dez anos projetos comunicativos em galego que resistem perante a falta de apoio económico da Junta da Galiza. Vários portais de temáticas diversas e mesmo a chegada de um jornal diário impresso venhem a dinamizar a presença mediática do galego.

La Voz de Galicia em 2019 contava com 520.000 leitoras diárias e na última vaga publicada este número desceu para 359.000. Outro exemplo disto é o Faro de Vigo: em 2019 o EGM registava 236.000 leitoras diárias enquanto os dados deste ano som de 120.000.

Ciente do poder simbólico de um jornal diário impresso é Maria Obelleiro, diretora do Nós Diario. Obelleiro critica os discursos apocalípticos que vaticinam a morte de um suporte ao chegarem suportes novos: nem a televisom matou a rádio nem o livro eletrónico fijo desaparecer os livros físicos. Neste sentido, “ainda que seja verdade que se reduzírom muitíssimo as vendas do papel, é algo que ainda está aí, e simbolicamente a credibilidade que oferece o papel nom a oferece a Internet”, salienta Obelleiro. Assim, foi em 2017 que, a partir da experiência do semanário Sermos Galiza que entom fazia cinco anos, se iniciou o caminho cara o nascimento do Nós Diario, com a finalidade de quebrar “com a anormalidade histórica de que nom houvesse nengumha cabeceira diária em papel na nossa língua”. Após umha campanha de subscriçons que precisava de umhas 3000 assinaturas, em janeiro de 2020 saía à rua o primeiro número do Nós Diario, que estará presente nos quiosques de terça-feira a sábado.
Finalmente, o jornalismo de qualidade há que pagá-lo, se nom pagas o que estás lendo, é que outros o estám a pagar por ti”, salienta a diretora do Nós Diario.
Em 2014, a Asociación de Medios en Galego (Amega) apresentava umha proposta através de vários grupos parlamentares de umha revisom da Lei de Publicidade Institucional no sentido de favorecer os meios pequenos monolíngues em galego. Ubaldo Cerqueiro, vice-presidente da Amega e jornalista no digital que Que pasa na costa, expom que “o PP botou-na abaixo, assegurando-nos que estavam trabalhando na lei. Passárom quase sete anos desde entom e nada sabemos”.
Marcos Pérez Pena, do Praza Pública, refere que quando foi alterada a legislaçom para que os meios digitais recebessem subvençons polo emprego do galego marcou-se um número mínimo de pessoas trabalhadoras a tempo completo. “Semelhava feita de propósito para deixar fora projetos como Praza ou Galicia Confidencial, que nom chegavamos a esse número e ficávamos fora”, salienta.
Nos últimos anos fôrom aparecendo vários portais informativos em galego mas de temáticas especializadas: culturais, científicos, de temática agropecuária… Todas as jornalistas consultadas salientam que todos os projetos somam. Obelleiro vê positivo que praticamente todos estes meios em galego “apostam em ser meios alternativos ao conjunto do mass-media que operam na Galiza e também meios independentes”. Pola sua banda, Cerqueiro considera que “quanta maior variedade de informaçom em galego, mais possibilidades para as nossas leitoras e leitores, e mais referendamos a posiçom da nossa língua na rede. Os projetos comunicativos som perfeitamente complementares”.

Pérez Pena distingue entre os meios especializados e os generalistas. Por um lado, considera interessante a implementaçom de algum tipo de aglutinador para os meios especializados, como o recente agora.gal, e por outro acha interessante para os meios generalistas a abertura de colaboraçons e a defesa de interesses comuns. Também acrescenta que “na atualidade o consumo de meios está mui fragmentado, todas lemos muitos meios diferentes ao longo do dia”, e estima que a emergência de novos meios pode ser também umha oportunidade para o público leitor.

Os meios editados no nosso país “nom estám experimentando com conteúdos específicos e adaptados para as plataformas móveis, mas o que fam é replicar conteúdos das webs principais dos seus meios no que seriam as apps móveis”, refere Silva.
Som várias as mudanças que a tecnologia móbil tem trazido para o jornalismo. Por um lado, o produto transforma-se num “produto multimédia, interativo, imersivo e em ocasions transmédia”; por outro lado, também a receçom das notícias é diferente pois “é umha receçom mais incidental, quase instantânea, de conteúdos pessoalizados e geolocalizados”, expom Silva, e acrescenta que há que ter em conta que “podemos receber conteúdos em qualquer momento e em qualquer lugar”. Silva pom como exemplo alguns meios internacionais para expor até que ponto se estám a explorar as possibilidades da tecnologia móbil no jornalismo. Assim, um dos mais salientáveis é The Guardian, que conta com um departamento especializado em experimentaçom de formatos e narrativas para telemóveis. Silva expom algumhas das suas iniciativas: “tirárom um reprodutor interativo de podcast e também tenhem um serviço de notificaçom ao vivo que fundamentalmente utilizam em processos eleitorais para informar de maneira pessoalizada sobre os avanços dos escrutínios em funçom das zonas em que se encontre o indivíduo”. Outro exemplo de assinalar é a BBC, que está a experimentar com chatbots e com vídeos verticais melhorados “que utiliza sobretodo nas redes sociais e que estám mui adaptados e especificamente criados para o seu consumo em mobilidade”. Mas o futuro do consumo de informaçom nom passa só polos telefones inteligentes, mas também mesmo polos relógios. Segundo refere esta investigadora, meios como The New York Times já desenvolvérom sistemas de alarmes para estes dispositivos com as notícias destacadas do dia.
[Esta reportagem foi publicada originariamente no Novas da Galiza]