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Por uma ciência a favor da paz. Filme ‘Giordano Bruno’

A Semana Internacional da Ciência e da Paz, que se celebra em vários países do mundo entre 11 e 17 de novembro de cada ano, foi proclamada há 27 anos pela Assembleia Geral das Nações Unidas. A ciência e a tecnologia têm papéis importantes a desempenhar na promoção do progresso e da paz, da alteração climática à saúde pública; da segurança alimentar ao saneamento; do desarmamento à preparação para a ocorrência de catástrofes. Contudo, com demasiada frequência, os decisores políticos não estão conscientes quanto às soluções que a ciência moderna e a tecnologia podem oferecer aos desafios contemporâneos. E grande parte do mundo permanece alheio aos avanços científicos. Um desafio chave é o de promover a investigação em benefício dos menos favorecidos que tenha em atenção as necessidades dos mais carenciados e das pessoas mais vulneráveis no mundo, como sejam os pequenos agricultores. Entre outros imperativos contam-se a redução do fosso no acesso à tecnologia da informação e a expansão da educação, de modo a melhor preparar os jovens para empregos nos domínios da ciência, da tecnologia, da engenharia e da matemática. Tais esforços são fundamentais para acelerar o nosso trabalho rumo aos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio e na definição de uma visão ousada para o período pós-2015. A ciência proporciona muitas respostas a ameaças comuns e várias inovações que nos podem ajudar a aproveitar oportunidades comuns. A nossa geração é a primeira com o conhecimento e com as ferramentas para acabar com a pobreza extrema.

A nossa geração é a que deve, e pode, com as tecnologias que já estão à nossa disposição, delinear um caminho para um futuro sustentável. Temos também a responsabilidade de proteger toda a humanidade contra as utilizações destrutivas dos avanços científicos e capacitar, sobretudo através da aposta num mundo livre de armas nucleares e conter a proliferação de outras armas de destruição maciça. Podemos fazer tudo isto e mais se trabalharmos em conjunto para aproveitar o poder da ciência em prol de um bem maior em toda a parte e promover políticas baseadas em dados comprovados. Aguardamos com expetativa para trabalhar com as comunidades científicas e académicas e com todos os outros parceiros que possam contribuir para a missão global das Nações Unidas pela paz, pelo desenvolvimento e pelos direitos humanos. Devemos todos fazer de esta uma celebração memorável.

Este importante tema já foi tratado por mim em dois depoimentos da série, que podem ser vistos entrando aqui e aqui.

Em séculos anteriores era muito difícil para cientistas e filósofos sustentar ideias e princípios produto da experiência, da razão e da utilização do método científico de pesquisa. Especialmente quando contradiziam as opiniões religiosas ausentes de toda razão, mas impostas a sangue e fogo (e nunca melhor dito). Eis o caso de Galileu, que já tratei no seu momento, ou o de Giordano Bruno, que aproveito para trazer agora no meu comentário, aproveitando um excelente filme realizado em 1973 pelo diretor italiano Giuliano Montaldo.

GIORDANO BRUNO, FILÓSOFO E LIVRE-PENSADOR:

Giordano Bruno Foto10Sobre a figura de Bruno tomo como base o escrito no seu momento pelo jornalista científico Cássio Lignani. Em 17 de fevereiro de 1600, Giordano Bruno foi queimado vivo depois de dois julgamentos e seis anos de cárcere em Roma. Condenado à fogueira por heresia, Giordano Bruno morreu como símbolo de um tempo de mudança. Seus livros foram queimados, mas suas ideias se perpetuaram. A condenação de Bruno não só evidenciou o desespero da Igreja Católica frente às reformas religiosas que aconteceram em toda a Europa no século XVI, mas também propagandeou involuntariamente as ideias heréticas que haviam sido condenadas. Rebelde por natureza, Bruno ingressou na ordem dominicana de onde acabou fugindo por insubordinação para se tornar, a partir de 1576, um “sábio errante”, como o designa o escritor norte-americano Richard Morris, em seu livro Uma breve história do infinito, dos paradoxos de Zenão ao universo quântico. Em 1579, depois de ter vivido em várias cidades italianas, Bruno se mudou para França onde obteve um doutorado em teologia pela Universidade de Toulouse. Viveu também em Paris e na Inglaterra, tendo lecionado em Oxford. Trabalhou em algumas universidades da Alemanha e, em 1591, voltou a Veneza para trabalhar como tutor de Mocenigo, um rico comerciante.

O filme Giordano Bruno (1973), de Giuliano Montaldo, inicia-se justamente nesse período. Bruno já é um filósofo conhecido em grande parte da Europa e se hospeda na casa de Mocenigo, em Veneza. Os dous se desentendem e Bruno é denunciado aos inquisidores. Nessa ocasião, é realizado o primeiro julgamento, interrompido pela Santa Inquisição Romana, que exigia a extradição do prisioneiro a Roma.

No filme, alguns traços históricos podem ser remarcados de forma muito interessante, como as diferenças entre a República de Veneza e Roma, centro do poder papal. A autoridade do papa era reconhecida por todos os reinos católicos, mas controlava administrativamente apenas o centro da península itálica – embora a Igreja Católica fosse um dos pilares de vários monarcas europeus. Quando o senado veneziano vota em favor da extradição de Giordano Bruno, fica evidenciado o enfraquecimento da autonomia de Veneza, que, no século XVI, já estava em decadência como as outras cidades mercantes do Mediterrâneo, a ponto de o senado decidir conforme fosse mais conveniente para suas relações com a Santa Sé. A extradição de Giordano Bruno, mesmo depois de ter abjurado em troca de sua liberdade, é uma ação política que retrata o momento pelo qual passava Veneza, antecipando sua dependência do Papa. Nesse ponto, o filme acerta, pois refaz bem o contexto político e mostra que Bruno morreu não só por suas ideias, mas também como um sacrifício “diplomático” de Veneza. Fora a questão de poder entre as cidades italianas, Giordano Bruno foi condenado à fogueira por oito heresias destacadas de seus livros durante o segundo julgamento, em Roma. Entre elas está a crença no sistema heliocêntrico, mas também está a crença na reencarnação e no universo infinito. Sobre Bruno, Richard Morris também diz que “embora fosse um copernicano ardoroso, Bruno não era um cientista e contribuiu pouco ou nada para o desenvolvimento da astronomia.” No entanto, isso não exclui a importância de suas ideias nem anula sua contribuição ao desenvolvimento do conhecimento humano.

O filme Giordano Bruno é interessante – conta com trilha sonora de Enio Morricone –, mas não é uma obra-prima cinematográfica. Parece que houve a preocupação em colocar nos diálogos sempre uma frase de efeito, e algumas cenas são demasiadamente melodramáticas. Apesar disso, é válido assistir por sua relevância histórica. A morte de Giordano Bruno não foi só mais uma atrocidade resultante da incompatibilidade entre a verdade filosófica e religiosa, mas representou também a vergonha de Veneza ao entregar um livre-pensador à Santa Inquisição de Roma.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

  • Giordano Bruno CartazTítulo original: Giordano Bruno.
  • Diretor: Giuliano Montaldo (Itália-França, 1973, 115 min., a cores).
  • Roteiro: G. Montaldo e Lucio De Caro.
  • Fotografia: Vittorio Storaro. Música: Ennio Morricone.
  • Produtoras: Compagnia Cinematografica Champion e Les Films Concordia.
  • Nota: O filme pode ser visto entrando aqui.
  •    Atores: Gian Maria Volonté (Giordano Bruno), Charlotte Rampling (Fosca), Hans Christian Blech (Sartori), Mathieu Carrière (Orsini), Renato Scarpa (Fra Tragagliolo), Giuseppe Maffioli (Arsenalotto), Massimo Foschi (Fra Celestino) e Mark Burns (Bellarmino).
  • Argumento: filósofoastrónomo e matemático Giordano Bruno foi um dos maiores pensadores do Século XVI e um dos precursores da ciência moderna. Nascido em Nola (Itália), expulso da Ordem dos Dominicanos por suas ideias conflituantes com a ortodoxia religiosa, viajou por toda a Europa, tendo sido conselheiro de príncipes e reis. Suas ideias metafísicas eram monistas e imanentistas, admitindo que acima de um deus imanente (a “alma do mundo”), haveria um deus transcendente, só apreendido pela fé, mas uma fé inteiramente naturalista, bem diversa da fé cristã. Processado pela Inquisição de Veneza, preferiu retratar-se (como Galileu), mas seus inimigos conseguiram que fosse mandado a Roma, onde respondeu a um novo processo. O filme retrata o processo romano, no qual Giordano Bruno recusou qualquer retratação, sendo condenado e queimado vivo no ano de 1600. Além do desempenho seguro de Gian Maria Volonté, o grande destaque do filme é a fotografia de Vittorio Storaro. Usando archotes para iluminar as principais cenas, ele consegue efeitos visuais impressionantes, sobretudo na caminhada de Bruno para a morte, pelas ruas de Roma.

BRUNO, UM FILÓSOFO IMERSO NO SEU TEMPO:

Para este meu comentário, tomo treitos de excelente depoimento que sobre o filme escreveu em janeiro de 2008 Ivy Judensnaider, do Arscientia. A receita já havia sido testada no filme Sacco & Vanzetti (1971), do mesmo realizador: bastava somar o talento de um diretor engajado do cinema político italiano, o brilho de um ator conhecido por interpretar personagens heroicos, o preciosismo de um mestre da trilha sonora, e uma história que simbolizasse a busca do ser humano por justiça. O filme Giordano Bruno (1973), de Giuliano Montaldo, repetiu a receita e funcionou com perfeição, de novo. Na intenção de resumir a trajetória de Giordano Bruno, filósofo e político queimado pela Inquisição em 1600, o texto da capa do DVD explica tratar-se da história de um homem à frente do seu tempo. É um pequeno equívoco: não à frente de seu tempo, mas como típico homem de seu tempo, Giordano é um filósofo que se preocupa com as questões concernentes ao infinito, às relações entre espírito e matéria, entre o macro e o microcosmo. Além de filósofo e mago, é também o político que procura o diálogo com príncipes, reis e rainhas com o intuito de dirimir os conflitos surgidos das diferenças religiosas. Não apenas por suas ideias, que eram semelhantes às de outros filósofos naturais do período, mas pela certeza de poder produzir e operar no mundo, Giordano Bruno representou um perigo à Igreja e por isso foi perseguido e eliminado. Obstinado e inflexível (nas palavras dos autos inquisitórios que o condenaram), Giordano defende que o filósofo é dono do próprio destino, e que a virtude nasce do conhecimento e da razão. Embora frei, e docente religioso, não é na teologia que Giordano busca explicações; é na filosofia, e por isso ele se apresenta como Filósofo, e por isso ele vaga por tantas religiões, discutindo todas, e argumentando que elas não são terreno seguro e firme para o conhecimento do mundo. Nem mesmo o mundo platônico das ideias é algo além de produto da fantasia e, nessa filosofia não há lugar para um Deus criador, judaico ou cristão.

Giordano Bruno Foto7Giordano está em Veneza em 1592, com aproximadamente 44 anos, após a peregrinatio pela Europa que incluiu passagens pela Suíça, França, Alemanha e Londres, e contatos com protestantes, luteranos e ateus. Veneza é, ao final dos Quinhentos, importante centro comercial e, por isso, tolerante e com ares mais liberais do que o restante da Europa católica: ali, até mesmo a Igreja se mostra condescendente. No filme, o diálogo entre um monsenhor romano e um membro da Igreja de Veneza revela: “Veneza é benevolente com os inimigos da religião. Em 100 anos, 1500 Autos de Fé e somente cinco condenações. Em Roma, em cinco anos, 5000 pessoas mortas”. Em Veneza a convite de um rico comerciante, Mocenigo, Giordano expressa a esperança que a eleição do papa Clemente VIII possa permitir um retorno seu ao centro da Igreja, em Roma. Depois, Mocenigo será peça fundamental da acusação do Santo Ofício de Veneza, e Giordano efetivamente retornará a Roma: não por mérito, mas para julgamento e execução.

À sua chegada em Veneza, Giordano comparece a uma festa promovida pela amante de Morosino, importante figura política local. Tido como praticante da magia natural, ele explica à mulher que essa é a magia com a qual todas as crianças nascem e que é destruída pelo tempo, “quando começam a rezar”. Diz Giordano que se deve “aprender a respirar para redescobrir que as árvores, as pedras, os animais e toda a máquina da Terra têm uma respiração interior, como nós. Têm ossos, veias, carne, como nós”. Giordano Bruno procura explicar a magia natural que permite o contato com a respiração cósmica, e que simboliza a alma do mundo em que se baseia sua cosmologia infinitista, magia natural cuja prática é uma entre as oito proposições que acabam por condená-lo à fogueira. Distinta da magia negra, é a magia natural que tingiu a Renascença com tons mágicos e herméticos, e que procurava entrar em contato com as forças mais elevadas do cosmos. Fruto direto da lenda, essa magia tinha como base o formidável erro histórico envolvendo o Corpus hermeticum, conjunto de obras atribuídas a Hermes Trismegisto, e que se suponha fossem anteriores aos pensadores gregos, embora tivessem sido escritas nos primeiros três séculos depois de Cristo.

Estes textos, supostamente exemplares da sabedoria egípcia, haviam se incorporado ao arsenal renascentista após a anuência de autoridades de grande importância (como Agostinho) e, como fontes da prisca theologia, permeariam a filosofia natural de magia e ocultismo. O rico tecido formado pelas ligações entre hermetismo, neoplatonismo e a cabala (tanto cristã quanto judaica) serviria de pano de fundo para a magia natural que supunha poder operar sobre os fenômenos da natureza, percebendo-a não apenas como matéria contínua e homogênea que enche o espaço, mas como uma realidade total dotada de alma. Através de conexões de simpatias ocultas, cada objeto do mundo está ligado ao todo: imerso em pensamento mágico (embora racional e crítico), Giordano Bruno é um mago, da mesma forma como acreditava terem sido Cristo, os Apóstolos e Profetas. Ao longo do filme, são mostradas as conexões que forjariam o modo de pensar tão particular de Giordano e que podem ser estudadas, mais detalhadamente, no belíssimo trabalho da historiadora da ciência Frances Yates, um marco da própria historiografia da ciência. Ao investigar as influências neoplatônicas e hermético-cabalísticas de Giordano, Yates explora a forma bruniana de pensar o Universo e o Homem, concepção essa que, para Alexandre Koyré, é vitalista e mágica, mas “tão pujante e tão profética, tão razoável e tão poética que não podemos deixar de admirar ambos – sua concepção e ele próprio”. Exemplar, Giordano foi o típico homem do seu tempo tentando se desvencilhar das amarras do seu próprio tempo.

Giordano Bruno revela com maestria aquilo que a análise detalhada das obras de Giordano nos confirma: bebendo de várias fontes, Giordano enfrentou as dificuldades dos filósofos naturais dos Quinhentos (e de outros, posteriores, dos Seiscentos) em responder às inúmeras questões sobre o conhecimento do ser humano e da natureza, e do movimento da Terra. Copérnico havia dado o primeiro passo (o de mover a Terra e deter a esfera das estrelas fixas) mas, ainda apegado à astronomia medieval, aumentara o mundo sem torná-lo infinito: preferira torná-lo immensum, incomensurável. Embora a historiografia da ciência apresente Thomas Digges como um dos primeiros a inovar e incluir o conceito de infinitude, é Giordano Bruno quem primeiro nos apresenta a ideia de universo descentralizado e infinito. Nesse mundo infinito, não faz o menor sentido falar em centro, da mesma forma que não faz sentido negar a existência de outros mundos através do espaço, mundos de astros-sóis espalhados pelo oceano etéreo do céu. Giordano não apenas afirmou ser impossível atribuir limites ao mundo, mas defendeu – de forma pública e sistemática – que o universo era infinito, já que Deus (o Deus de Bruno, de ilimitada e inimaginável ação criativa) não poderia ter feito de outro modo. Essa infinitude – jamais compreendida pela percepção sensorial, embora para o intelecto ela fosse o mais seguro dos conceitos –, só não seria maior do que a infinitude de Deus, condição necessária para criar um mundo infinito.

BRUNO FALA PARA O POVO:

Giordano Bruno FotoAos populares e pessoas simples do povo, Giordano explica o que é nuclear no seu pensamento e uma constante nos seus estudos: as artes da memória e da combinação, a ars memoriae e a ars lulliana. “Leite, vaca, grama, prado, chuva, nuvens, céu, astros, Universo. E Deus, se assim quiserem”. A natureza é “uma imagem viva de Deus, se assim quiserem, e os padres não têm nada com isso”. Giordano, dessa forma, traduz as associações e correspondências entre o mundo animal, vegetal e humano. O conhecimento humano, aqui, é derivado de um sistema mnemônico-combinatório, onde a dinâmica da estrutura simbólica explica a própria natureza, ao mesmo tempo em que com ela interage. Giordano pratica a habilidade discursiva, evoluindo do princípio vital do mundo para o de todos e dos indivíduos. Bruno entende que, no inferno, encontram-se as águas de duas fontes: a de Mnemosýe, da memória, e de Lethe, do esquecimento. Os mortos bebem das duas, ou para esquecer os fatos de quando eram vivos, ou para esquecer do mundo dos mortos ao retornarem as almas para a vida: é sobre a transmigração da alma que ele está pensando, o que posteriormente também será objeto de acusação inquisitorial.

Mocenigo quer aprender a arte da profecia, e Giordano explica a diferença entre a magia natural e a magia negra, “coisa de charlatões”. Bruno pratica a magia natural, e não a bruxaria. Ao ensinar a arte da memória, ele pretende transmitir uma forma rápida de conhecer o mundo, oferecendo instrumentos para nele operar. Se o homem é a imagem do universo em miniatura, é através da imaginação e da memória que se podem atingir as verdades ocultas do universo, e não há bruxaria alguma nisso. Não à toa, o filme mostra Giordano manipulando cartas semelhantes ao Tarot de Marselha. Afinal, o Tarot é também parte da arte mnemônica e Giordano, como outros filósofos naturais interessados na construção de sistemas lógicos e simbólicos, acabaria por desenhar o seu próprio jogo de cartas, composto por 67 figuras e 48 imagens arquetípicas do Zodíaco e de demônios decanos. Giordano só pode ensinar a arte da memória: Mocenigo se revolta, e denuncia Bruno à Igreja de Veneza que, em função da pressão de Roma, para lá o envia.

Giordano Bruno reproduz o período de inquisição do filósofo: são mais de sete anos em cárcere privado, com interrogatórios constantes e torturas. O Santo Ofício está dividido, e nem todos estão de acordo com a punição a Giordano. Ao final, prevalece a ala mais conservadora: Giordano é condenado por escrever contra o Papa e a Igreja, colocar em dúvida a virgindade de Maria, negar a transubstanciação da carne, afirmar que Cristo era apenas um mago, defender a existência de mundos inúmeros e eternos, afirmar que a Terra gira em torno do Sol, crer na reencarnação e não no inferno, e defender a magia como prática lícita. Incapaz de assumir a ordem de execução, o Santo Ofício transfere a responsabilidade para o braço secular de Roma. Afinal, “a Igreja não permite derramamento de sangue”. O Santo Ofício lhe oferece a vida em troca de uma retratação pública. Giordano já abjurara em Veneza, na esperança de poder continuar escrevendo e transitando livremente. Em Roma, porém, abjurar significa enterrar-se vivo. Ele rejeita a concessão. “Não devo crer que deva desprezar a vida. Ou que não tenha medo. Contra a loucura do sangue e da morte, a natureza grita em voz alta que a matéria e Formas não devem temer a morte, por que matéria e Formas são princípios constantes. A eternidade do Todo compreende o Universo. E é tudo e de todos. Em todos os lugares e pontos. E eu amo a vida”. Sua morte não encerra uma existência anacrônica. Não por estar adiante do seu tempo, mas por pertencer a ele, Giordano é amordaçado, e queimado vivo.

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR:

Giordano Bruno Capa DVD0Servindo-se da técnica do Cinema-fórum, analisar e debater sobre a forma (linguagem cinematográfica: planos, contraplanos, panorâmicas, movimentos de câmara, jogo com o tempo e o espaço) e o fundo do filme de Giuliano Montaldo anteriormente resenhado.

Organizar nos estabelecimentos de ensino dos diferentes níveis educativos, uma amostra centrada na figura do filósofo e livre-pensador Giordano Bruno. Na mesma devem aparecer fotos, aforismos, frases, autocolantes, e também textos dos próprios estudantes relativos a ele. Para obter informações sobre tão importante vulto do pensamento mundial, utilizaremos a internet e as enciclopédias e dicionários mais destacados. Também com a documentação encontrada podemos redigir uma monografia dedicada a Bruno, que pode ser posteriormente editada ou policopiada.

Juntos, estudantes e docentes, podemos organizar debates-papo e outras técnicas de dinâmica de grupos similares, para entre todos fazer propostas práticas para luitar a favor do uso da ciência para temas relacionados com a paz, e o seu bom uso em benefício da humanidade, dos diferentes avanços científicos nos diferentes campos da ciência. Podemos analisar também os problemas históricos acontecidos ao longo dos séculos, sobre as luitas entre a razão e a fé, a ciência e a religião.

 

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