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Carlos Taibo: “A derrota é esteticamente muito mais bela do que a vitória. Os campeonatos para os outros… Nós não estamos interessados.”

Vitor Giadás de Através editora entrevista Carlos Taibo, autor d’ ‘O penálti de Djukić’ a novidade editorial de Através.

O livro chega a livrarias esta sexta feira, também em Através loja on-line.

PAM02. Pamplona, 02/11/04.- El profesor de Ciencia PolÌtica de la Universidad AutÛnoma de Madrid Carlos Taibo presentÛ hoy en Pamplona su libro "øHacia donde nos lleva Estados Unidos?", en el que examina, desde una perspectiva radicalmente crÌtica pero con vocaciÛn pedagÛgica, cuestiones como la expansiÛn territorial y la polÌtica exterior de EE.UU, entre otros aspectos. EFE/JESUS DIGES

Carlos Taibo é professor de Ciência Política na Universidade Autónoma de Madrid. Tem trabalhado sobre as mudanças na Europa oriental, a globalização e os movimentos de resistência. Na Através publicou «Parecia não pisar o chão. Treze ensaios sobre as vidas de Fernando Pessoa» (2010) e, com Arturo de Nieves, «Galego, português, Galego-português?» (2014).

Apresenta o seu próximo livro “O penálti de Djukic” no sábado 3 às 17:00 dentro da Feira Culturgal na atividade “Para alem de tópicos”.

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Este livro é para quem? para adeptos do Desportivo? do futebol? para sociólogos? para galeguistas?

Suponho que o livro, em realidade, era para mim. Nunca pensei em sociólogos nem em galeguistas. Talvez passou pela minha cabeça alguma vez a ideia, enlouquecida, de que a rapaziada do Desportivo podia se interessar num texto fácil escrito em galego internacional.

O futebol não é questão de vida ou morte: é muito mais importante do que isso. Como diz o Bill Shankly. Como foi Carlos Taibo marcado polo penálti de Djukic?

Foi um trauma rapidamente superado. A derrota é esteticamente muito mais bela do que a vitória. Os campeonatos para os outros… Nós não estamos interessados.

No livro colocas os dous “protagonistas” na subalternidade duma escolha totalmente alheia ao sentir do sitio onde vivem. Crê que existe uma posição auto-afirmativa na escolha? 

Não. O seu é mais bem um diálogo socrático. Além disso, o prologuista explica que suprimiu das mensagens dos correios as partes que não faziam referência expressa ao Desportivo. O seguinte volume resgatará a vida sexual dos protagonistas. Será muito breve.

A personagem do professor lisboeta adepto do Desportivo é muito ficcional ou poderia existir, ou talvez até exista?

Depois de ter lido «Gargantua e Pantagruel» e «Anna Karénina», todas as personagens literárias são para mim obscenamente realistas. O professor existe, naturalmente. É um dos quatro milhões de desportivistas.

Colocas no livro a Arsenio Iglesias como o treinador da épica mas também do penálti de Djukic. Como o exemplo dum outro futebol. Cabe a esperança para o tipo de futebol que representa Arsenio fronte ao chamado “futebol moderno”?

Moderno, em qualquer caso, não era. Acho, aliás, que ainda não foi inventada a retranca moderna. E retranca, a Arsenio, não precisamente lhe faltava. Não gostava de ganhadores.

Há multiplos exemplos de equipas enquadrados na rebelião antes da guerra, como pode ser o Club Esportiu Jupiter del Poblenou em Barcelona que levava armas aos anarco-sindicalistas, ou Bebel García morto diante dum pelotão de fuzilamento e que já conta com uma rua na cidade da Corunha. Segue existindo essa componente de classe no futebol? E de militância? 

Existe, sim, mas certamente perdeu boa parte da sua força de ontem. A repressão que surge do futebol moderno e a conversão do desporto em simples mercadoria deixaram pouco espaço para outras alternativas. Mesmo assim, nós, em Madrid, lembramos o nome de Curuxás, o singularíssimo guerrilheiro anarco-sindicalista, para identificar a nossa casa do clube desportivista. A equipa não ganhou nenhuma partida desde então.

Será certo que o reintegracionismo na altura não soube, ou não foi capaz, de aproveitar a esteira de um clube tão lusófono?

Para dizer a verdade, o clube era lusófono antes na nossa cabeça que na realidade. Mas isso também é a vida, diria o poeta.

Há histórias de mais dum galego que torcem por equipas portuguesas como pode ser os Belenenses que sai nomeado no livro. Consideras que existe uma componente reintegracionista neste facto?

Pode existir. Por quê não reconhecer uma dimensão de reintegração simbólica no futebol? Ainda que eu preferiria, em Belém, sentar no claustro setentrional do mosteiro antes que olhar uma partida no Restelo. O Chaves é, agora mesmo, melhor opção que Os Belenenses. Embora menos requintada

penalti

Título: O penálti de Djukić
Autor: Carlos Taibo
Data de impressão: novembro 2016, 1ª edição
Edita: Através Editora
Descrição: 102 páginas, 13 x 19 cm
Encadernação: brochado
Coleção: Através das Letras, 25
Diagramação: Xemma Fernández
Desenho de capa: Andrea López
Montagem das capas: Xúlio Zé
ISBN: 978-84-16545-06-3
Depósito legal: C 2008-2016
Preço Clube: 8 €
Preço Livrarias: 10 €

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