Em 2021 figerom-se 40 anos desde que o galego passou a ser considerada língua oficial na Galiza, passando a ter um status legal que lhe permitiria sair dos espaços informais e íntimos aos que fora relegada pola ditadura franquista. Para analisarmos este período, estivemos a realizar ao longo de todo 2021 umha série de entrevistas a diferentes agentes. Agora, entrado 2022 queremos continuar reflexionando sobre isto, mas focando num ámbito em particular, de importáncia estratégica: o ensino.
Hoje entrevistamos a professora de português na vila de Carvalho, Olivia Pena.
Que avaliaçom fás dos resultados do ensino do galego após 40 anos como matéria troncal?
Tal como está o panorama, essa matéria é um dos poucos vínculos que a rapaziada tem com a nossa língua, mas poucas vezes esse vínculo serve para despertar as consciências. É difícil libertar-se da sensaçom de estar numha constante luta pola supervivência, mas o próprio sistema educativo é tam mau e as matérias estám tam mal concebidas que suponho que o mesmo acontece noutras.
E da presença do galego como língua veicular no ensino público?
Absolutamente fundamental. Nom digo mais do que a própria matéria de LGL, mas, realmente, o que necessitamos é que a língua se utilice, que nom seja só umha matéria que há que estudar.
Achas que esta presença guarda relaçom com a sua presença como língua ambiental nos centros educativos?
Claro! No momento em que as pessoas estabelecem o contacto numha língua, será essa a língua que utilizem entre si dentro e fora da sala de aula e também nas actividades que organizem. O galego deveria ser a única língua veicular do ensino, tirando as línguas, evidentemente!
Pensas que deveria mudar alguma cousa no ensino da matéria de Lingua Galega e Literatura?
Para começar, Língua e Literatura deveriam ser matérias independentes. Dessa forma, teríamos mais tempo e trabalharíamos melhor, o que repercutiria positivamente nos resultados (e nom só nos académicos!).
Qual deve ser o papel do português no ensino? Ampliar a sua presença como segunda Língua Estrangeira? Ser lecionada dentro das aulas da matéria troncal de galego? Ambas?
Enquanto a matéria seja Língua e Literatura, nem imagino como poderíamos desenvolver também o português, se agora já nom damos feito. A menos que houvesse umha mudança radical e a norma reintegracionista passasse a ocupar o lugar que agora ocupa a outra… Como isso nom vai acontecer, creio que, para já, a única soluçom é continuar a consolidar o Português como segunda língua estrangeira.
Enquanto a matéria seja Língua e Literatura, nem imagino como poderíamos desenvolver também o português, se agora já nom damos feito. A menos que houvesse umha mudança radical e a norma reintegracionista passasse a ocupar o lugar que agora ocupa a outra… Como isso nom vai acontecer, creio que, para já, a única soluçom é continuar a consolidar o Português como segunda língua estrangeira.
Pensas que implementar linhas educativas diferenciadas (uma com imersom linguística em galego) poderia ser útil para o galego voltar aos pátios?
Penso que seria melhor que o que temos, mas nom o ideal, porque, nesse caso, se a escolha da linha fosse voluntária e dependesse inteiramente das famílias, qual seria o resultado? Evidentemente, a situaçom melhoraria, mas a questom é se seria suficiente.
Que papel atribuis ao modelo educativo inaugurado polas escolas Semente?
É fundamental, mas necessita ter continuidade. Por muito que umha criança esteja escolarizada em galego nos primeiros anos, isso nom garante que, quando se integrar no ensino “normal”, mantenha o uso da língua. A escola é, de facto, um elemento desgaleguizador e, para que deixe ser, só há umha via: o galego como única língua veicular em todas as etapas.