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Mudança climática e Dia Mundial do Ambiente, com os filmes “A Floresta Das Esmeraldas” e “Uma Verdade Inconveniente”

Mudanças climaticas Efeito Estufa Esquema1A mudança climática é o maior desafio à sociedade contemporânea, inclusive ao sistema democrático. Desde 1850 o aquecimento global aumentou a temperatura do planeta num grau centígrado. No próximo mês de dezembro, entre 8 e 11, vai ter lugar em Paris a Cimeira da Mudança Climática da ONU (COP 21), depois do insucesso da cimeira de Copenhaga de 2009, e para substituir o de Quioto, onde foram todos os líderes mundiais.

A crise climática está verdadeiramente a afetar-nos. O nível atual de concentração de gases de efeito de estufa (380 ppm dióxido de carbono equivalente) poderá rapidamente ultrapassar a preocupante marca de 450 ppm, o que significará um aumento de 2°C na temperatura. Um aumento superior a 5°C corresponderá à mudança climática experienciada desde a última era glaciar. Exceder essa marca poderá causar efeitos irreversíveis sobre o ecossistema, os recursos hídricos e os alimentos, o litoral e a saúde.

Os países em desenvolvimento e os países menos avançados (PMAs/LDCs) são os mais vulneráveis às mudanças climáticas. Estes já sofrem os efeitos dos choques climáticos, como a seca, inundações e tempestades, ainda que não se tenha certeza de que esses efeitos se devem à mudança climática. Esses choques climáticos vêm exacerbar as fragilidades económicas, sociais, políticas e ambientais existentes. Por exemplo, a mudança climática é uma questão «de vida ou morte» nas ilhas do Pacífico. As populações dos atóis de baixa altitude enfrentam uma situação dramática, uma vez que terão obrigatoriamente que se deslocar, como consequência dos efeitos da mudança climática.

Mudanças climaticas Efeito Estufa Esquema4A população das ilhas do Pacífico chega a aproximadamente 8 milhões. As observações científicas são claras, mas as autoridades políticas ainda não fizeram o levantamento. Que é urgente agir para estabilizar essa situação climática a longo prazo já está provado. É uma questão de justiça para a humanidade, assim como para o ambiente. É uma questão de reconhecimento da Dignidade da Humanidade. Os esforços ambiciosos para atenuar as mudanças climáticas e adaptar-se (redução das emissões de gás de efeito de estufa e sequestro de carbono) são necessários.

Com a 13ª Conferência das Partes (COP 13) na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, celebrada de 3 a 15 de dezembro de 2007, em Bali, um novo período de negociações foi iniciado para permitir a implementação total, efetiva e sustentável da Convenção a longo prazo, através das ações de cooperação, até 2012 e a fim de chegar a um acordo e tomar uma decisão na sua 15ª sessão, em dezembro de 2009, em Copenhaga. Esse acordo foi baseado em cinco pilares: visão compartilhada, redução de emissões (ou mitigação), adaptação, financiamento e transferência de tecnologia. O plano de ação de Bali representou um progresso considerável, pois ele incluía os países em desenvolvimento nas negociações para definir os compromissos futuros e ações de redução para o período após 2012. Entretanto, até o momento os países industrializados têm estado divididos quanto aos objetivos a serem esperados para o segundo período de engajamento do Protocolo de Quioto, após 2012. Além da União Europeia, poucos países desenvolvidos anunciaram objetivos ambiciosos de redução de GHG. Isso está sendo muito criticado pelos países em desenvolvimento, que têm continuamente repetido nos vários encontros que seu engajamento estava condicionado aos níveis de redução absolutos e obrigatórios dos países industrializados.

O Dia Mundial do Ambiente é comemorado anualmente em 5 de Junho. Começou a ser comemorado em 1972, com o objetivo de promover atividades de proteção e preservação do ambiente e alertar o público mundial e governos de cada país para os perigos de negligenciarmos a tarefa de cuidar do ambiente. Foi em Estocolmo, no dia 5 de junho de 1972, que teve início a primeira das Conferências das Nações Unidas sobre o ambiente humano (durou até dia 16) e por esse motivo foi a data escolhida como Dia Mundial do Ambiente.

Todos os anos, as Nações Unidas dão um tema diferente ao Dia Mundial do Ambiente. Os temas para o Dia Mundial do Ambiente são uma maneira de dar ideias para atividades de conscientização das populações e de proteção do ambiente. O tema para o Dia Mundial do Ambiente 2015 é: “Água e Desenvolvimento Sustentável”.

Os principais objetivos da comemoração são: Mostrar o lado humano das questões ambientais; Capacitar as pessoas a se tornarem agentes ativos do desenvolvimento sustentável; Promover a compreensão de que é fundamental que comunidades e indivíduos mudem atitudes em relação ao uso dos recursos e das questões ambientais; Advogar parcerias para garantir que todas as nações e povos desfrutem um futuro mais seguro e mais próspero.

Com a finalidade de organizar atividades educativo-didáticas com os escolares de todos os níveis, ao redor de tema tão importante, escolhi dous interessantes filmes: “A floresta das esmeraldas”, realizado na selva amazônica brasileira em 1985 por John Boorman, e o documentário “Uma verdade inconveniente”, dirigido por Davis Guggenheim em 2006, com a intervenção do americano Al Gore, que nos fala do gravíssimo problema que é a “mudança climática”.

FICHAS TÉCNICAS DOS 2 FILMES:

1. Título original: The Emerald Forest (A floresta das esmeraldas).

  • A Floresta de esmeraldas Capa DVDDiretor: John Boorman (Reino Unido, 1985, 114 min., a cores).
  • Roteiro: Rospo Pallenberg. Produtora: MGM / UA.
  • Fotografia: Philippe Rousselot. Música: Junior Homrich e Brian Gascoigne.
  • Atores: Powers Boothe (Bill Markham), Charley Boorman (Tommé), Meg Foster (Jean Markham), Dira Paes (Kachiri), William Rodriguez (Tommy jovem), Yara Vaneau (Heather jovem), Estee Chandler (Heather Markham), Eduardo Conde (Werner), Gracindo Júnior (Carlos), Átila Iório (negociante) e outros.
  • Argumento: Bill Markham é um engenheiro norte-americano que viaja ao Brasil com a sua família para trabalhar na construção de uma grande represa hidrelétrica na floresta Amazônica. Para isso, será necessário devastar diversas áreas verdes e desabitar todas as comunidades que trabalham e moram na região. Como uma forma de vingança, uma tribo indígena conhecida como “Os índios invisíveis”, por usarem um pó a base de esmeraldas, rapta o filho de Bill, Tommy, de apenas 7 anos, que passa a ser criado como uma grande guerreiro de costumes indígenas. Dez anos depois, pai e filho, que agora atende por Tommé, se reencontram e as fortes diferenças culturais tornam a situação constrangedora. Mas Bill vai superar os seus preconceitos para ajudar os companheiros de seu filho, que sofrem ameaças de outras tribos e dos “Homens brancos”. Baseado em uma história real.
  • Nota: Pode ver-se o filme completo em Youtube entrando aqui
  • Prémios: Três nomeações nos BAFTA de 1985, incluindo a melhor fotografia. Nomeação ao melhor poster nos prémios César de 1985.

2. Título original: An Inconvenient Truth (Uma verdade inconveniente).

  • Uma verdade inconveniente Capa DVDDiretor: Davis Guggenheim (EUA, 2006, 96 min., a cores, documentário).
  • Roteiro: Davis Guggenheim. Produtora: Paramount Classics.
  • Fotografia: Davis Guggenheim. Música: Michael Brook.
  • Ator: Al Gore, ex-vice-presidente de EUA, que é entrevistado.
  • Prémios: Todos em 2006: 2 óscares ao melhor documentário e à melhor canção original (Melissa Etheridge). Melhor documentário da National of Review (NBR). Idem da Associação de Críticos de Los Angeles e outras nomeações de diferentes associações de críticos.
  • Nota: Olhar aqui
  • Argumento: Este filme analisa a questão do aquecimento global, a partir da perspetiva do ex-vice-presidente dos Estados Unidos da América, Al Gore. Ele apresenta uma série de dados para comprovar a correlação entre o comportamento humano e a emissão de gases na atmosfera. Não é preciso sairmos de casa para que vejamos uma série de fenómenos naturais com uma frequência elevadíssima, qualquer meio de comunicação é capaz de fornecer tais notícias, tais como: um furacão, enchentes, secas. Gore faz uma comparação entre um objeto e a terra, quando passamos verniz em determinado objeto a sua espessura é fina, tal como a camada de ozónio em relação à Terra. Se aumenta a emissão de dióxido de carbono, a espessura da camada de ozónio aumenta, e maior quantidade de raios ficarão contidos dentro dela, ocasionando o aquecimento global. Com o advento da Revolução Industrial tais efeitos aumentaram de forma assustadora, a escala progressiva está de maneira aceleradíssima, mesmo que tenhamos vários estudos provando que o mundo passa de maneira cíclica por tais eventos, nunca se constatou tais mudanças em níveis tão altos. É necessário uma mudança de atitudes, desde a educação primária à reeducação dos adultos. Quantas catástrofes mais devem acontecer para que a sociedade acorde para essa realidade? Teremos tempo suficiente para esperar tal conscientização social? Os hábitos devem ser modificados, é necessário um freio ao capitalismo e um cuidado maior com o ambiente.

A GRAVIDADE DA DEFLORESTAÇÃO NO AMAZONAS:

O filme “A floresta das esmeraldas” está baseado num facto real, no qual se conta a história de Tommy, o filho de um engenheiro norte-americano que trabalhava na construção de uma represa hidrelétrica em território amazónico. Quando as obras da hidrelétrica estão no início, Tommy é raptado por indígenas. O pai chega a correr pela floresta atrás do filho, mas não consegue ver seu filho nem os índios, que se autodenominavam “povo invisível”. O filme passa para um período de dez anos depois, quando o pai de Tommy, Bill Markham continua a procurá-lo pela Amazônia, visitando tribos que não tiveram contacto frequente com o homem branco no interior da floresta. A partir desta história entre pai e filho, o filme cria narrativas paralelas carregadas de dualismos, que acabam-se cruzando em torno da vida do garoto raptado pelos indígenas e que foi aculturado pelos indígenas, e seu pai, o engenheiro norte-americano projetista de hidrelétricas que vive a procurá-lo com um fuzil entre “tribos perdidas” lendárias em uma Amazônia aparentemente idílica.

MSDEMFO EC021A história entre pai e filho é permeada por temáticas indigenista e ambientalista, onde se misturam constantemente a contraposição de ideia como a conservação da floresta intacta, em contraposição ao desenvolvimento representado pela hidrelétrica, a defesa do modo de vida indígena mais tradicional, em contraposição à aculturação e a urbanização, enfim, ao choque entre o Primeiro mundo, representado pelo engenheiro norte-americano e o Terceiro Mundo, representado pela floresta supostamente intocada e cidade de Belém dos anos 1980, onde convivem com a miséria extrema. A barragem hidrelétrica fictícia evoca imagem de represas reais que foram construídas nos anos 1970 e 1980 na Amazônia central e oriental, como Balbina próxima a Manaus e Tucuruí no Pará. A tribo de Tommy é retratada como sendo composta por jovens índios bonitos e atléticos, que respeitam os poucos idosos (o pajé e sua esposa), são amantes da natureza e preservam tradições muito antigas, como o “ritual de passagem” para a vida adulta pelo qual Tommy passa.

Bill, o engenheiro pai de Tommy, encontra o filho em meio a uma guerra entre duas tribos, a do “povo invisível” e um grupo rival, o “povo feroz”, de índios cruéis e canibais. Tommy (chamado de Tome pelos indígenas) chega a levar o pai ferido à sua aldeia onde este é curado em um ritual xamânico indígena. Bill tenta levá-lo de volta, mas ele já está adaptado à selva e à vida como índio e se recusa a ir com ele. Na tribo, Tommy havia sido adotado pelo chefe, que o trata como herdeiro. Os “índios invisíveis” utilizam um pó a base de esmeraldas para supostamente adquirirem o poder da invisibilidade, mas estas pedras mágicas ficavam em um local distante, onde eles moraram antes, próximo à hidrelétrica. Tommy vai até lá procurar estas pedras e as troca pela índia por quem era apaixonado. O confronto dos “invisíveis” com seus rivais, o “povo feroz” é atribuído ao deslocamento destes grupos indígenas resultante da “chegada” de povos brancos, especificamente, devido à construção da hidrelétrica projetada pelo pai de Tommy. O “povo feroz” adquire armas e bebidas de contrabandistas, ataca a tribo do “povo invisível”, sequestra suas mulheres e as vende a um prostíbulo. Para resgatá-las, Tommy vai a Manaus pedir ajuda a seu pai, onde encontra outros indígenas “aculturados” vivendo em casas de palafita miseráveis. Os indígenas aculturados e o pai de Tommy decidem ajudar os índios “invisíveis” a recuperar suas mulheres e sua terra na luita contra o “povo feroz”. Após a batalha final contra os “ferozes”, o pai de Tommy diz que por causa da hidrelétrica que está quase ficando pronta, virão mais brancos e que eles nunca teriam paz. Os “índios invisíveis” fazem um ritual xamânico para invocar os sapos, que coaxam muito, provocando muita chuva e a hidrelétrica é destruída.

A tónica do filme, que consegue prender a atenção do espetador com a trama e com as paisagens exuberantes da floresta amazónica, é o choque cultural entre o civilizado, que destrói a natureza e o indígena supostamente “selvagem”, com seus mitos e tradições ancestrais e que, por isso, preserva a natureza, em um vídeo repleto de imagens de paisagens exuberantes da floresta amazónica.

O IMENSO PERIGO DA MUDANÇA CLIMÁTICA NO PLANETA AZUL:

A ocorrência de fenômenos naturais extremos vem-nos dando sinais de que algo incomum está acontecendo na natureza. Estamos vivenciando uma época de intensas ondas de calor em todo o mundo, de tempestades, secas e furacões cada vez mais severos, assim como o aumento de epidemias e a extinção de inúmeras espécies. Esses fenómenos têm sido apontados como consequência da mudança do clima na terra. No filme “Uma Verdade Inconveniente: o que devemos fazer (e saber) sobre o aquecimento global” dirigido por Davis Guggenheim e apresentado pelo ambientalista e ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, o aquecimento global e suas consequências são retratados de forma realista. De caráter informativo e ao mesmo tempo impactante, o filme é exibido em forma de um documentário, elaborado a partir das palestras proferidas por Al Gore o redor do mundo. Lançando mão de uma eloquente retórica e de excelentes recursos audiovisuais que exibem dados científicos e imagens de fenómenos naturais recentes, Al Gore argumenta de forma convincente que a temperatura da terra está aumentando e que a principal causa desse aquecimento são as ações do homem. A veracidade com que o tema é tratado é capaz de remover qualquer dúvida de que as atividades humanas exercem influências na mudança do clima. Além de nos deixar alarmados com os consequentes desastres ambientais a que estamos sujeitos, ou melhor, que já estamos vivenciando. O aquecimento global é causado pela intensificação do efeito de estufa que, por sua vez, é consequência do excesso da concentração de determinados gases na atmosfera, os chamados gases de efeito de estufa, dentre eles o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso. A principal fonte desses gases tem sido atribuída particularmente à queima de combustíveis fósseis e ao desmatamento. Embora pesquisas científicas demonstrem claramente a correlação entre o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera e da temperatura, embora existam várias simulações do comportamento do clima através de modelagens computacionais, embora a ocorrência de eventos climáticos extremos esteja-se intensificando, há ainda aqueles que questionam a veracidade de que o clima na terra está mudando e ignoram os seus efeitos. Informações publicadas no meio científico, e enfatizadas por Al Gore, são constantemente julgadas quanto à sua consistência. Mesmo havendo um sólido consenso científico, afirmando a correlação entre o aumento da temperatura e a concentração de dióxido de carbono, muitos ainda resistem em acreditar que o homem seja o principal culpado.

Os chamados “céticos do aquecimento global” defendem a teoria de que a terra está-se aquecendo devido a causas naturais. Eles afirmam que mudanças climáticas periódicas ocorrem desde a origem da terra, com ou sem a interferência do homem como, por exemplo, as “Eras Glaciais”. E ainda, que o que estamos presenciando hoje são apenas flutuações cíclicas da natureza. Sabemos que eventos desse tipo já aconteceram em épocas passadas, mas vale ressaltar que tais mudanças ocorreram com variações naturais nos níveis de dióxido de carbono bem menores do que as que presenciamos hoje.

É sabido também que, além do efeito de estufa, outros fatores internos ao sistema Sol-Terra-Atmosfera afetam o clima, tais como, variação de albedo planetário, percentagem da radiação solar incidente e concentração de aerossóis. Entretanto, tais fatores não bastam para explicar tanto aquecimento em tão pouco tempo. O facto é que existe um conflito de informações, as quais devem ser tratadas de forma cautelosa. De um lado estão aqueles que afirmam que a ciência é imprecisa, que os dados são incoerentes e que ainda existem dúvidas quanto à verdadeira causa dos fenómenos ocorridos. De outro, aqueles para os quais o aquecimento global já é uma realidade. A verdade é que está cada vez mais evidente que há algo de errado acontecendo no nosso planeta: fenómenos que antes ocorriam ao longo de eras geológicas agora se sucedem no decorrer de uma geração. A hipótese de que o aquecimento da Terra é fruto da ação humana foi confirmada, com mais de 90% de probabilidade, com a divulgação recente de uma parte do Quarto Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). No relatório anterior, publicado em 2001, essa probabilidade havia sido estimada em 60%. Os cientistas ressaltam que até o final deste século a temperatura na Terra vai aumentar em torno de 3 a 5ºC, caso não ocorra uma redução imediata da emissão de poluentes. E ainda, que o aquecimento global vai causar derretimento de geleiras e o consequente aumento do nível do mar, gerando tufões e furacões menos frequentes, porém mais intensos.

No filme “Uma Verdade Inconveniente” Al Gore chama a atenção para os diversos fenómenos catastróficos já ocorridos em todo o mundo, como o furacão Katrina nos Estados Unidos, as intensas ondas de calor na Europa, as inundações na China e o derretimento das geleiras do Monte Kilimanjaro. Ele ressalta que esses fenómenos serão cada vez mais frequentes e violentos. Cita também que sempre foi considerada impossível a formação de furacões no Atlântico Sul, mas, em 2004, o Brasil foi atingido pelo furacão Catarina. Entretanto, a intenção principal do filme não é ser alarmista, não é deixar as pessoas apavoradas com o que possa acontecer, e sim informar, esclarecer a realidade e, principalmente, mostrar que algo tem que ser feito.

Intercalado a uma exposição didática da problemática ambiental, o filme apresenta histórias da vida pessoal do protagonista, como o acidente que quase matou o seu filho, a morte da sua irmã, as aulas de um professor na universidade e a sua derrota nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Isso “quebra” um pouco o cenário científico do documentário e revela claramente o interesse do ex-candidato à presidência dos Estados Unidos em reerguer-se no cenário político. Al Gore diz ter tornado a questão “mudanças climáticas” prioridade número 1 de sua vida profissional. É inegável o entusiasmo com que ele aborda o assunto e demonstra a sua paixão pela luita ecológica. Mas, inegável também é a tentativa de promoção política explícita nas entrelinhas do filme. O “quase-presidente” dos Estados Unidos realça a sua imagem pública quando aborda a politização do aquecimento global. Além disso, ele ressalta a enorme culpa do seu país neste processo, lembrando que os Estados Unidos, país que mais polui – responsável por aproximadamente ¼ das emissões de gás carbónico – foram um dos dous únicos países a não ratificar o Protocolo de Quioto, juntamente com a Austrália. Desse modo, faz críticas à posição do seu último oponente eleitoral, o presidente George W. Bush, em relação à não-adoção de políticas em prol da minimização do aquecimento global. Independentemente de quem seja o protagonista deste assunto, seja ele cidadão norte-americano ou não, contra ou a favor do governo Bush, temos que admitir que é impossível falar de “aquecimento global” sem considerar os Estados Unidos o maior vilão da história. Embora Bush admita que o mundo esteja ficando mais quente, ele ainda insiste em afirmar que não existem provas conclusivas de que o aquecimento global seja causado por atividades humanas, resistindo, desta forma, em adotar medidas de redução de emissões de poluentes. O motivo da não-ratificação do Protocolo de Quioto pelos Estados Unidos não é segredo para ninguém. Para o país com a maior economia mundial, reduzir emissões de poluentes significa mudança nos padrões de produção, no modo de vida dos norte-americanos e, indiretamente, prejuízos à economia. Talvez seja mais conveniente ignorar a verdade, mesmo sabendo que as suas consequências são inconvenientes. Entretanto, mesmo sem o apoio do governo, os norte-americanos vêm-se demonstrando preocupados com essa questão. Várias cidades já adotaram medidas por conta própria, implementando políticas em prol da redução de poluentes causadores do aquecimento global.

“Uma Verdade Inconveniente” desperta o público para as reais consequências do aquecimento global, mostra que nenhuma forma de vida a habitar o planeta Terra foi tão agressiva quanto a raça humana. Ao mesmo tempo, mostra que existem soluções viáveis para que, pelo menos, tentemos minimizar os seus impactos. Várias dessas soluções dependem de políticas governamentais, mas a maioria delas terá que partir de cada um de nós. Al Gore chega a dizer: “Cada um de nós é uma causa de aquecimento global; mas cada um de nós pode-se tornar parte da solução – nas nossas decisões sobre o produto que compramos, a eletricidade que usamos, o carro que dirigimos, o nosso estilo de vida. Podemos até fazer opções que reduzam a zero as nossas emissões de carbono.”

Independentemente das razões que levaram Al Gore a abraçar esta causa, realizar conferências, escrever livros e produzir o filme, a adoção de ações que minimizem os efeitos das mudanças do clima são necessárias e urgentes. Temos que nos conscientizar que somos os culpados da crise climática do nosso planeta e cabe a nós fazermos algo para revertê-la.

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR:

Mudanças climaticas limitar dioxido carbonoUtilizando a técnica de dinâmica de grupos do Cinema-fórum analisamos a forma (linguagem cinematográfica) dos dous filmes citados e o fundo e conteúdo dos mesmos.

Organizamos nos estabelecimentos de ensino dos diferentes níveis educativos uma amostra sobre as causas e os problemas da mudança climática no nosso planeta e nas nossas vidas. A mesma deve enriquecer-se com fotos, desenhos, aforismos, textos e poemas dos escolares, cartazes, murais, materiais reciclados, autocolantes, retalhos da imprensa, etc.

Por meio de uma discussão dirigida ou guiada, um debate-papo, um “Philips 66” ou um “Role Playing”, debatemos em grupo de estudantes e docentes o seguinte e formoso texto de Gandhi: “Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fame”.

 

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