
A primeira intervenção foi de Carlos Pazos, membro do grupo Galabra, doutor em Ciências da Cultura pela Universidade do Minho e professor da Área de Estudos Espanhóis e Hispano-Americanos do Departamento de Estudos Românicos da mesma Universidade. A exposição a que chamou “De galegadas, galeguices e etc. A imagem da Galiza e dos galegos em Portugal” —como se podia ler no folheto de divulgação da iniciativa, divulgado nesta mesma página— pretendeu refletir sobre a “imagem que a Galiza e os galegos tiveram e/ou têm no imaginário português desde o século XIX até a atualidade”, procurando, simultaneamente, “delimitar as origens e funções das diferentes representações”. Essa reflexão teve como suporte o levantamento do discurso acerca dos galegos em diferentes fontes (periódicas, cinematográficas, literárias, etc. ), com especial destaque para a imprensa lisboeta de finais de século XIX e início do século passado.

Também sobre a imprensa se centrou a segunda intervenção, da responsabilidade de Rosario Mascato, membro do Grupo de Investigação Valle-Inclán da Universidade de Santiago de Compostela (GIVIUS). A investigadora, doutora em Filologia Hispânica, especializou-se no estudo e análise da imprensa de inícios do século XX e, atualmente, estuda as relações entre agentes portugueses e espanhóis no período de pré-guerra, como colaboradora do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (da Universidade do Porto), do Instituto de História Contemporânea (da Universidade Nova de Lisboa) e do Centro de Estudos Humanísticos (da Universidade do Minho). Nessa linha de trabalho, a sua exposição, intitulada “Cartas da Galiza: crônicas de um corresponsal do Comércio do Porto nos anos 30″, pretendia, como foi divulgado no já referido folheto, “aprofundar a importância do estudo da imprensa histórica para o conhecimento do relacionamento galego-português, dando exemplos de algumas figuras, escritos e discursos até agora esquecidos entre as páginas das publicações periódicas”. Para esse efeito, Rosario Mascato centrou-se sobre duas cartas do correspondente galego responsável pela referida secção, explorando interativamente com o público a imagem que as mesmas poderiam transmitir da Galiza aos portugueses.

A última comunicação esteve a cargo de Roberto Samartim, doutor em Filologia Galega pela Universidade de Santiago de Compostela, professor no Departamento de Galego-Português, Francês e Linguística da Universidade da Corunha, Diretor de Agália. Revista de Estudos na Cultura e Secretário-Geral da Associação Internacional de Lusitanistas. “O 25 de abril na Galiza” foi o mote para a sua intervenção, em cujo resumo é esboçada da seguinte forma: “a partir dos resultados de um projeto de investigação sobre os processos de elaboração e socialização de ideias na Galiza dos anos setenta do século XX, complementados com uma sondagem na imprensa galega da altura, serão apresentados os impactes causados pelo 25 de abril no campo cultural e político da Galiza”. O investigador procurou especialmente salientar como a repercussão na Galiza do processo revolucionário português teve consequências na definição do que ele descreveu como as “lógicas de relacionamento e as alianças entre as esquerdas galega e portuguesa ainda hoje vigorantes”.
Numa sessão que foi extremamente participada, o debate com o público após cada exposição percorreu, a partir das experiências dos presentes, as imagens, os discursos, os comportamentos e os processos focados durante um final de tarde que foi preenchido procurando dar espaço à inquietação de base que anima as palavras da criança no desenho de Castelao e à inquietação de base que anima a UPP na sua atividade de democratização e mobilização do conhecimento enquanto fator de progresso social e de libertação do ser humano. Inquietação… – “essa coisa linda” de que nos fala José Mário Branco numa canção.