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Elsa Quintas: “Sem exercermos pressom social, as galegofalantes nom temos de facto direitos lingüísticos”

Natural da paróquia de Vilaça, no Val de Minhor, Elsa Quintas tem 44 anos e leva quase trinta implicada na luita pola língua. Advogada de profissom, vice-presidenta da Mesa pola Normalizacion e Coordinadora do Observatório polos Direitos Lingüísticos, conversamos com ela sobre o constante incumprimento da legalidade em matéria idiomática, e das formas de pressom que o ativismo pro-galego tem posto em andamento para pôr freo aos atropelos.

Levas umha longa trajetória na luita polo idioma. Como começou esta implicaçom?

Era bastante nova, tinha 17 anos quando junto com outras companheiras fundamos as Mocidades da Mesa, corria o ano 1996; desde cativa sempre me chamou a atençom a diglossia, o facto de ver como pais e maes mudavam de idioma para lhe falar às crianças, como rachava a transmisom intergeracional.

Que estímulos tinha umha moça na altura para se envolver nesta causa?

Tivem a sorte de coincidir no liceu com pessoas que me incitaram ao ativismo pola língua, e logo de dar com gente da minha geraçom implicadas nesta mesma causa, como Carlos Callón, com o que me iniciei na Mesa. Recordo que para mim fora determinante um facto, umha viagem à Catalunha quando estava em ensino meio. Lá puidem conviver com rapazas e rapazes do meu tempo que viviam em catalám; e eu pensei, se eles o fam, com dificuldades que podem ser semelhantes às nossas, por que nom o podemos fazer nós?

O passo à militáncia normalizadora foi também a assunçom dumha militáncia individual, verdade? Dumha tentativa de viver com coerência em galego.

Foi. Quando um opta por ser monolíngüe, entra, por desgraça, nessa situaçom de anormalidade que supom viver a tua realidade 24 horas em galego numha sociedade que distingue entre umha língua A, o castelhano, e umha língua B, o galego. Manter-se nesta linha nom é doado. Por sorte vim-me reforçada ao marchar a estudar a Compostela, rodeada de estudantes com as mesmas conviçons lingüísticas e depois participei da diretiva da Mesa desde 2001. Polos meus estudos, polo feito de ser advogada, puidem canalizar os meus conhecimentos nesta causa. Como o idioma é um assunto transversal, a defesa jurídica relacionada com o idioma toca desde o consumo até os direitos civis.

Imagem: Eva Fernández Prieto

Que supom adotar um papel ativo de defesa dos próprios direitos lingüísticos na Galiza?

É duro e cumpre armar-se de paciência; digo isto desde o otimismo, podemos viver em galego e há futuro. Mas claro, cumpre conhecer onde estamos. Se nos quigermos meter de cheio em que respeitassem os nossos direitos, isto poderia consumir-nos as 24 horas do dia, por isso cumpre priorizar…pois se começas a manhá, por dar um exemplo, pedindo no registo da propriedade pedindo um documento oficial em galego (ao que tes direito) e pedem que aguardes…e logo vem umha demora, ou umha negativa, e outra, e outra…o dia esgota-se. Quem quiger viver em galego tem que saber que a administraçom e as empresas jogam com a penalizaçom da demora. Assi que cada umha tem que saber o tempo e fôlegos dos que dispom, e aí decidir que batalhas dar.

Quando um opta por ser monolíngüe, entra, por desgraça, nessa situaçom de anormalidade que supom viver a tua realidade 24 horas em galego numha sociedade que distingue entre umha língua A, o castelhano, e umha língua B, o galego.

Tu mesma tes feito públicos casos de vulneraçom de direitos que sofreche em distintos ámbitos. Podes relatar-nos algum deles?

A minha situaçom mais curiosa foi na esquadra da polícia nacional em Vigo, há uns anos. Fum denunciar umha pequena incidência com telefone, porque tinha a impressom de que mo hackearan, perdera o controlo sobre ele, e ao ir pôr umha denúncia, o funcionário negou-se a tomar a declaraçom em galego, como eu pedira, porque seica “o programa estava em espanhol.” Ali aguardei a minha quenda, mais umha vez retrasou-se todo, porque eu queria fazer valer os meus direitos. Ao dizer que era advogada, houvo umha pequena mudança de atitude, e depois de porfiar tomárom declaraçom em galego. Com isso e contodo, pugem umha reclamaçom, recomendando que no corpo se impartam cursos de formaçom em direitos lingüísticos, pois ao que parece tomar declaraçom em galego é tam insólito que nem se planteja. Tal foi a surpresa da minha atitude que tempo depois recebim umha comunicaçom do comissário chefe de Vigo dizendo-me que de que me queixava, se finalmente fora reconhecido o meu direito…A resposta resultava insultante para o sentido comum: eu perdera indevidamente o tempo na esquadra porque o funcionário se negara inicialmente a redatar em galego as minhas declaraçons, negativa que supom umha clara conculcaçom dos direitos linguísticos da cidadá. Devem respeitar os nossos direitos e nom no-los negar a todas horas, em cada estamento, em cada gabinete, em cada estabelecimento.

Logo, no SERGAS neguei-me também, em dias prévios a dar a luz, em assinar um documento de induçom ao parto que nom estava na nossa língua, e isso fijo-me adiar nuns dias o processo. Nos hospitais, há documentos de consentimento informado em várias línguas, muitas delas de imigrantes que vivem entre nós, mas nom em galego. Assi esta a situaçom, e falamos da sanidade pública.

Por que há reticências em adotar esta atitude reivindicativa, mesmo em pessoas com consciência lingüística?

Polo que antes comentava, porque nom todo o mundo se pode permitir enfrentar-se a estes atrancos, a começar pola dilaçom de todos os prazos.

Acho que se aproveitam do estado de especial vulnerabilidade no que nos achamos quando acudimos a um centro sanitário ou a interponher umha denúncia… logo, reparemos em que estas vulneraçons se dam em situaçons em que umha pessoa adoita estar preocupada, ou desanimada, como numha esquadra policial, ou num centro de saúde, e nom tem porque estar pronta para esta tensom. Ademais do nosso estado de ánimo dá-se umha situaçom de superioridade na relaçom do facultativo com o doente ou do policía com o cidadao.

Mas quero dizer ainda assi que as reclamaçons som cada vez mais, e que temos habilitada a Linha do Galego para se denunciarem casos como estes.

Acho que se aproveitam do estado de especial vulnerabilidade no que nos achamos quando acudimos a um centro sanitário ou a interponher umha denúncia… logo, reparemos em que estas vulneraçons se dam em situaçons em que umha pessoa adoita estar preocupada, ou desanimada

Que setores assinalam a maioria das queixas?

Pola Linha do Galego sabemos que se centram sobretodo na administraçom pública, porque o cidadao sabe que tem um direito reconhecido, neste caso, e quer exercê-lo. No SERGAS em concreto acumulam-se as maiores vulneraçons; também som frequentes na administraçom do Estado, em Fazenda, com a que a cidadania tem muito contato, e também estamos topando problemas nos corpos policiais. No caso do cidadao que estamos a defender, de Rianxo, denunciado por reclamar o direito a ser atendido em galego num cribado do Covid, junta-se o bloqueio do SERGAS e o papel da polícia municipal. “Nom tes direito a isto, que estamos em Espanha”, retrucárom-lhe à sua petiçom. E logo, denunciado e multado, porque aos poderes fáticos assombra-lhe que haja gente disposta a exigir que esses direitos do galego, tam claros no papel, se cumpram de verdade. Agora estamos a atender o caso dumha mulher pontevedresa também denunciada numha esquadra acusada de chamar incompetente ao polícia que lhe dixo nom entender o galego. Esta senhora dixo que prefire arriscar-se a pagar a multa, mas batalhar até o final, que reconhecer a normalidade desta vulneraçom. Tem mérito, porque imagina a conseqüencia de sensaçom de vulnerabilidade que supom levar a contrária a um agente de polícia, com a sua presunçom de veracidade.

Que acontece na empresa privada?

Cada vez há mais reclamaçons, porque os direitos conhecem-se mais e mais, e há certa alerta na comunidade galegofalante; sabemos que a legalidade nos ampara, e que há terreno que percorrer. Recentemente denunciamos umha companhia asseguradora, que segundo a Lei de Contrato de Seguro tem a obriga de reconhecer ao tomador o direito a escolher a língua da póliza, mas nos seguros menos frequentes e básicos, isto nom o soem fazer. A empresa da que falo é Allianz. Numha sociedade normalizada, como puniçom, lançaria-se um movimento massivo de baixas em Allianz. E quem diz nessa empresa diz em outras, porque a desgaleguizaçom avança.

Quais som as formas mais eficazes de protesto?

Nom descartamos a batalha judicial, mas como último caso, e sabendo que adoita ficar sempre como umha reclamaçom dum indivíduo. O mais efectivo continua a ser a pressom social, e se estamos numha sociedade de consumo, por que nom utilizar as armas que temos como consumidoras? As empresas som mui sensíveis a umha má publicidade em redes, ou ao contrário, umha boa publicidade encorajando as empresas a se galeguizarem. Tivo muita sona a nossa campanha a prol da galeguizaçom das entidades bancárias, onde oferecemos mesmo umha carteira de sócios dispostos a cambiar de entidade se esta se galeguizar.

Cada vez há mais reclamaçons, porque os direitos conhecem-se mais e mais, e há certa alerta na comunidade galegofalante; sabemos que a legalidade nos ampara, e que há terreno que percorrer.

Há umha demanda social real a prol de que o galego recupere espaço?

Hai-na. Umha das provas que temos, a jeito de pulsómetro, de indicador, é a mobilizaçom que cada ano convoca Queremos galego no Dia das Letras, onde se exige o direito a viver em galego, e denunciam-se também casos como os que citamos. Esta mobilizaçom arrasta, demonstra que o galego é algo valorado, e isto sabem-no os políticos, que observam muito de perto o que acontece nesta data para ter em conta qual é a força do movimento normalizador.

[Esta entrevista foi publicada originariamente no galizalivre.com]

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