Seguindo a série de grandes educadores iniciada com Gabriela Mistral, e continuada com Cecília Meireles, A. S. Makarenko e Matthew Lipman, hoje o turno é para o pedagogo Andrés Manjón, que nasceu a 30 de novembro de 1846 em Sargentes de la Lora (Burgos), e faleceu no Sacromonte de Granada em 10 de julho de 1923. Fez em Burgos os estudos eclesiásticos no seu seminário, e posteriormente estudos jurídicos na cidade de Valhadolid, na sua universidade. Em 1873 obteve o doutorado em Direito, o que lhe facilitou poder ser auxiliar de uma cadeira em Salamanca e inspetor e professor de geografia no Colégio S. Isidro de Madrid. Em 1879 conseguiu a cadeira de Disciplina eclesiástica na universidade galega de Compostela, passando no ano seguinte a encarregar-se da mesma matéria na Universidade de Granada, onde fixou a sua morada e realizou o seu maior e mais importante labor social e pedagógico, até o seu falecimento na mesma cidade da Alhambra. Em contacto direto com os “coveiros” do bairro granadino do Sacromonte, onde admirou o labor educativo-social que a chamada “Mestra Migas” realizava com as crianças mais necessitadas do bairro, foi amadurecendo o seu projeto pedagógico de fundar as que denominou “Escolas do Ave Maria”, fundação que efetivou no ano 1889. Até este momento alternara as atividades apostólicas (foi ordenado sacerdote em 1886) com o labor docente universitário, e tinha escrito um manual de Direito Geral, com uma 1ª edição em 1885, que em 1913 já ia na sua quarta edição. Em diante o seu interesse centrou-se preferentemente no desenvolvimento da sua fundação pedagógico-escolar e nos temas de tipo educativo. A melhor síntese do seu pensamento educativo podemos tirá-la da lição inaugural que em 1897 pronunciou na universidade granadina sobre as “Condições pedagógicas de uma boa educação”. Para ele a educação tinha que ser, nas suas próprias palavras, “integral, gradual, progressiva, tradicional e histórica, orgânica e harmónica, ativa por parte do aluno e do mestre, estética, manual, moral e religiosa”. Foi um grande divulgador das suas ideias educativas, para o qual escreveu infinidade de livros e roteiros, folhetos e cadernos, ágeis, polémicos inclusive, publicados periodicamente, com orientações pedagógicas variadas, notícias sobre as escolas e, às vezes com duras críticas sobre a situação da sociedade contemporânea. Nos mesmos pretendeu sempre que seus escritos fossem entendidos por todas as pessoas, tanto pelos mestres, como pelos pais de família, os educadores e todos os cidadãos. Entre eles destacam as famosas “Folhas do Ave Maria”, ao estilo dum jornal escolar de caráter periódico, mas também Folhas coeducadoras (1906), Folhas educadoras (1907), Folhas paterno-escolares (1916), e os livros O mestre mirando para dentro (1915) e O mestre mirando para fora (1923).
Manjón sempre esteve convencido da importância da educação, capaz segundo ele de transformar indivíduos e povos inteiros. Por isto, sempre se preocupou de formar pessoas íntegras, cabais, completas e perfeitas, com valores éticos e cristãos. Embora precisasse que não pretendia que “os que nasceram para terminar a sua carreira no céu, não se interessassem do que lhes incumbe fazer no chão onde moram, na família onde nascem e na pátria onde se desenvolvem e crescem”. Nas suas obras existem muitas referências aos clássicos da pedagogia: Platão, Aristóteles, Rousseau, Coménio, Froebel ou Montessori. Sem embargo, convém esclarecer antes de mais nada que Manjón, embora nos seus métodos e técnicas didáticas fosse um inovador, um precursor, um pioneiro e mesmo revolucionário, podendo ser colocado à par sem dúvida alguma de grandes pedagogos práticos como Pestalozzi, Froebel, Montessori, Giner e inclusive Freinet, e outros da Escola Nova, no aspeto ideológico é um defensor ferrenho do cristianismo, frente às muito estendidas posturas laicas da maioria dos educadores anteriores, posteriores e coetâneos de Manjón. Para pôr um exemplo, diríamos que a nível metodológico, didático e pedagógico, as escolas manjonianas e as da ILE de Giner e Cossío são similares e muito avançadas didaticamente falando, mas estão nas antípodas no que se refere às ideologias em que ambas se sustentam: a ILE profundamente laica e defensora da liberdade religiosa, e as “Escolas do Ave Maria” (a mesma denominação o manifesta) profundamente cristãs e, em muitos momentos, defensoras da ideologia dominante da igreja católica, pois Manjón era sacerdote e em ele se cumpre perfeitamente o dito orteguiano de “Eu sou eu e as minhas circunstâncias”. Certamente, Manjón recebeu já desde criança muitas influências de seus pais e de seu tio, que era sacerdote e cura-pároco, que correu sempre com as despesas dos seus estudos primários, secundários, universitários e do seminário. Manjón foi marcadamente influenciado nas suas ideias religiosas por todos os seus professores, que eram defensores da formação filosófico-teológica de caráter escolástico-tomista. E, a nível ambiental, pela predominância quase exclusiva, do século XIX no nosso país, da conceição do mundo e do homem profundamente católica, com muito integrismo oitocentista dentro das instituições da igreja. Todos sabemos que em Espanha não houve uma revolução como a francesa, e a igreja católica sempre teve, até o dia de hoje, um grande poder. Mas, também há que manifestar que Manjón, embora fosse crítico – e, por vezes, duro – com a focagem racionalista e livre-pensadora dos pedagogos liberais, surpreendentemente tomou também deles
orientações pedagógico-didáticas que considerava acertadas, fecundas e carregadas de futuro. E por isso, gostava muito do pensamento e propostas didáticas práticas de Pedro Alcántara Garcia, um autor muito próximo aos institucionistas da ILE. Como também devemos assinalar, pelo seu interesse, que Manjón nunca aceitou e muito criticou os métodos pedagógicos utilizados pelos seus diferentes mestres ao longo dos seus estudos desde a escola primária. É esta outra das razões pelas que criou as suas escolas e aplicou nelas métodos mais ativos e inovadores e mais respeitosos com as crianças, desenvolvendo a intuição, a alegria, o jogo, os métodos lúdicos, os trabalhos manuais e as aulas ao ar livre. Com o nobre propósito de conseguir que as crianças não sofressem o que ele teve de sofrer no seu dia nas aulas a que assistiu.
Em essência, a pedagogia manjoniana destaca nos seguintes aspetos: visão integral da criança, como sujeito ativo da própria educação; amor à natureza; importância do trabalho manual, do jogo e do clima de alegria no ambiente escolar; sensibilidade pela renovação didática; defesa da liberdade de ensino e da família como ambiente educativo; senso religioso cristão, patriótico e social; e a educação como projeto e obra de todos. Por isto, podemos falar de um “estilo educativo manjoniano”.
Para apoiar os comentários deste meu depoimento, servir-me-ei do único filme que existe sobre a figura de Manjón, realizado após a guerra civil em 1943, pelo que está muito mediatizado pelo contexto histórico do momento. No mesmo só podemos destacar a boa interpretação do ator que representa Manjón, protagonista lógico do filme. Existem alguns pequenos documentários realizados posteriormente, que oportunamente resenharemos.
Como o labor realizado por Manjón durante toda a sua vida foi enormemente caritativo, pois para ele a virtude mais importante era a da Caridade, também podemos aproveitar para celebrar o Dia Internacional da Caridade, que se celebra em todo o mundo no dia 5 de setembro.
FICHA TÉCNICA DO FILME:
- Título original: Forja de almas.
- Diretor: Eusebio Fernández Ardavín (Espanha, 1943, 107 min., preto e branco).
- Roteiro: Ricardo Mazo e Inocencio Guzmán, tomando como base um poema de Luis Fdez. Ardavín. Produtora: Laissa. Montagem: Margarita Ochoa.
- Fotografia: Hans Scheib. Música: Francisco Alonso (inclui-se um seu passodoble e a cantiga romântica “A Relha”).
- Nota: Pode ver-se este filme aqui e e aqui.
- Atores: Alberto Romea (Padre Andrés Manjón), Raúl Cancio, Antoñita Colomé, Francisco Hernández, Manolita Morán, Theodore J. Pahle, Joaquín Roa, Juan Roa e Germán Siles.
- Argumento: O Padre Andrés Manjón decide fundar um establecimento para crianças abandonadas, as “Escolas do Ave Maria” de Granada. Para conseguir o seu objetivo terá de se enfrentar a numerosas dificuldades. Embora, a coragem e decisão deste humilde sacerdote bastará para alcançar que as pessoas mais desfavorecidas tenham uma vida melhor, depois de receber educação.
- Nota importante: A Alhambra RTV realizou em 1999 um documentário sobre Manjón que pode ver-se entrando no Youtube. Existe outro pequeno documentário que se pode ver também no Youtube.
AS “ESCOLAS DO AVE MARIA” E A SUA PEDAGOGIA:
Foram fundadas em Granada por Manjón em 1889, e ele mesmo as definiu de forma sintética e precisa: “Sabem o que é ensinar no campo, ensinar jogando, ensinar no humano, livre, hispano e cristão, ensinar de graça a todo o mundo e ensinar paternal e socialmente, cooperando com os demais educadores? Pois se o sabem, juntem tudo num e já têm as Escolas do Ave Maria até o ideal”. Para compreender a origem da sua fundação, teríamos que aproximar-nos à experiência biográfica do seu criador: filho de camponeses, profundamente cristãos, órfão prematuramente de pai, aluno de uma “triste e angustiosa” escola rural; e, mais tarde, em contacto com o ambiente de miséria, imoralidade e ignorância dos bairros mais pobres de Granada. Decerto, o seu “primeiro pensamento” foi fundar uma escola para instruir de balde às meninas pobres do bairro do Sacromonte ampliado numa rede de “cármenes” (casas com jardim), para dar resposta às necessidades das “crianças mais abandonadas dos bairros mais humildes e extremos”, onde não chegava “a ação educativa pública nem privada”. E se estabelecem as aulas de escola infantil (párvulos) junto às das meninas maiores, para que estas se eduquem também atendendo-as. Fica pois, clara a intencionalidade educativa manjoniana e a sua preocupação social intimamente unidas, criando escolas populares, abertas, especialmente, para os mais débeis economicamente, nas quais muitas crianças, junto com educação e instrução, recebem “pão e camisa”. Para Manjón a escola “não é nada senão regenera e salva”. Embora, sendo a sua uma obra benéfica não queira que fique tão só nisso, porque segundo ele “há que salvar o povo pelo povo”, para que seja o mesmo o que possa “obter e conservar com dignidade e acerto a sua intervenção na cousa pública”. Criticava a escola do momento dizendo: “sobram livros se calhar nalgumas escolas e faltam instrumentos, há salas e faltam campos e obradoiros (oficinas pedagógicas), usa-se muito a palavra e poupam-se as experiências e os factos, fazemos se calhar papagaios e não adestramos para a conquista do pão por meio da batalha inteligente do trabalho”. Acho que, mesmo Freinet poderia assinar estas palavras manjonianas. Tal sucesso tiveram as escolas de Manjón que foram visitadas no seu dia mesmo por Cossío e por muitos educadores e administradores educativos, ao longo dos tempos. E, depois das primeiras granadinas, foram criadas outras muitas com o mesmo nome e metodologia nas outras cidades andaluzas, em Levante, Extremadura, Madrid, Santander, Astúrias, Salamanca, Castela, País Basco, Catalunha e na nossa Galiza. E em países estrangeiros como a Argentina, o México e na cidade italiana de Roma. Em 1920, três anos antes de falecer Manjón, eram mais de 300 as escolas que levavam o nome e contavam com mestres do “Ave Maria”, muitos dos quais se formaram no Seminário de Mestres também criado por Manjón em 1905, para aprender o seu método didático e poder levar à prática as suas técnicas de ensino ativas. Todas estas escolas eram geridas por um Padroado, encarregado de “seguir, desenvolver e atualizar a instituição educadora, evangelizadora, benéfica e autónoma fundada por Manjón”.
MÉTODOS, RECURSOS E TÉCNICAS DIDÁTICAS MANJONIANOS:
Os princípios educativos em que se baseava o modelo educativo de Manjón podemos resumi-los nos seguintes:
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Graduação do ensino por idades: Segundo ele os conhecimentos das crianças eram diferentes segundo as idades, e por isso se melhorava o ensino, se economizava tempo e esforço dos docentes, estabelecendo turmas por idades, e assim orientar as aulas a um nível específico, com o qual se melhorava o rendimento e aprendizagem das crianças.
- Gratuidade do ensino primário: Nada deveria ser cobrado, nem a pobres nem a ricos, no primeiro ensino. Por isso Manjón diz: “Nada se cobre a ninguém para o ensinar, e, ao contrário, se lhe oferece, não só se lhe ensina, senão todos os meios de ensino (livros, papel, esferográfica, tinta, lápis, agulhas, tecido, linha, tudo) e ainda vestido, calçado e comida, até onde se possa”.
- Ensino na natureza: Para Manjón a natureza tinha um valor educativo enorme. Por isso assinalava: “luz, sol, ar, oxigénio, água, jogo e alegria, são produtos que saem baratos na escola do campo, e são muito caros, quase impossíveis de conseguir dentro da cidade. E sem eles não há higiene, e sem higiene não há educação física, e sem seres humanos saudáveis e robustos não pode existir um povo nem um país. (…) É muito importante que as crianças respirem o ar livre do campo (…) Para que a educação seja higiénica, convém que o ensino seja campestre ou se lecione, a ser possível, no campo. Sol, ar, campo, água, alegria, atividade, movimento e disciplina fazem da escola um paraíso na terra. Isto temos que procurar para as crianças das nossas escolas”. E Manjón pôde cumprir perfeitamente este princípio porque as suas escolas foram criadas nos diferentes cármenes granadinos, com muitos jardins, árvores e flores.
- Fomento das diferentes artes e dos trabalhos manuais: Nas escolas manjonianas o teatro e as dramatizações, a música e o canto, os trabalhos manuais variados e os obradoiros (artesanato, costura, passagem a ferro, lavagem, cozinha, sapataria, carpintaria e imprensa), tinham uma importância enorme, dedicando-lhes muito tempo e espaço.
- Ensinar por meio do jogo: Igual que já na antiguidade clássica Quintiliano, e mais tarde Froebel e Pestalozzi, Manjón, de forma muito acertada, acreditava no grande valor educativo do jogo, e que a melhor maneira de aprender as crianças era jogando. Porque ademais o emprego didático do jogo favorecia a criação nos escolares de carinho pela escola. Nas suas escolas chegaram a realizar-se infinidade de jogos educativo-didáticos, e para o estudo de todas as disciplinas.
- Um currículo educativo básico: Que temos que analisar, como é natural, no seu contexto histórico, durante os anos em que criou as suas escolas e o ano em que faleceu: 1889-1923.
As disciplinas básicas das escolas manjonianas eram: Leitura, escrita, aritmética, geometria, geografia prática, gramática da língua, história dos factos mais notáveis, labores e trabalhos manuais, obradoiros, música e canto (aprendizagem de solfejo e manejo de algum instrumento musical), educação física e jogos, higiene, doutrina cristã e história sagrada. Tudo ensinado com métodos muito intuitivos, ativos e lúdicos. Existia uma seção de magistério para os que queriam depois dedicar-se à docência. E outra para ensino secundário, para alguns alunos que desejassem continuar estudos superiores. E aulas noturnas para adultos nos cármenes do Sacromonte, em que chegaram a ensinar o desenho por pintores como Manuel Gómez-Moreno e La Rocha. Desde 1905, em que foi criado o Seminário de Mestres, os que aspiravam a ser docentes das escolas manjonianas, podiam formar-se nele. E também se organizavam conferências pedagógicas, lecionadas a maioria por Manjón, destinadas aos docentes, e com o objetivo de melhorar o ensino das diferentes áreas e disciplinas.
Entre as estratégias e recursos didáticos empregados por Manjón, sempre tendo o jogo como base, podemos resumir os seguintes:
Para o ensino da Matemática:
- Baralha de números: Para aprender a somar, subtrair e realizar operações numéricas.
- Blocos de números: De madeira, para aprender o sistema métrico decimal.
- As Lojas: Para aprender o sistema métrico e as medidas de capacidade, monetárias, assim como a comprar, vender, permutar, medir, contratar ou pagar.
- Macaca geométrica: Para aprender de forma intuitiva as diferentes formas e corpos geométricos.
- Os números romanos: Desenhados sobre blocos de barro e no chão.
Para o ensino da Língua e da Gramática:
- Abecedário, sistema decimal e números romanos: Jogo compêndio com as letras em maiúsculas e os números romanos.
- Fichas de letras e números: Elaboradas em madeira, para compor palavras e realizar cálculos e contas matemáticos.
- Petos das crianças: Espécie de cromos com letras, algarismos e outros signos.
- Jogo das partes da oração: Série de círculos desenhados no chão que representam o sujeito, o verbo e os complementos, em que as crianças podiam colocar-se e formar orações.
- Diários dos alunos (e também dos mestres): Com redações livres, atividades realizadas no dia a dia, muito úteis para aprender caligrafia e ortografia, além de desenvolver a expressão verbal dos escolares. E os mestres para refletir sobre o seu trabalho docente.
Para o ensino da Geografia:
- Jogos nos mapas: Para Manjón a Geografia era uma ciência que tinha que ser aprendida por meio da experimentação, utilizando mapas que as crianças possam recortar, desenhar, preencher…Também mapas em relevo, em maquetas, elaborados no pátio da escola em grande tamanho, para que os escolares pudessem caminhar sobre eles. Sobre o mapa também se organizavam viagens imaginárias. E sobre o mapa-múndi as crianças colocavam letreiros com nomes de cidades, países, monumentos, desenhos com produtos típicos (animais, vegetais e minerais) de cada nação, etc.
- Jogo dos buracos: Para localizar lugares, províncias, estados, países, etc.
- O Planetário: Manjón entendia que a Astronomia era parte da Geografia. Era um aparelho giratório ao ar libre, em que giram todos os planetas (com os seus satélites) ao redor do sol.
Para o ensino da História:
- Macaca histórica: Baseando-se no desenho do jogo popular da macaca ou truque. De forma intuitiva as crianças iam conhecendo as diferentes etapas históricas, e segundo ele, aprendiam muito mais assim que com os livros.
- Dramatizações históricas: Com acerto Manjón sabia que as crianças aprendiam muito mais sobre destacados factos históricos, por meio de dramatizações e jogos dramáticos, em que os escolares pudessem desempenhar papéis de diferentes vultos da história do país.
Para o ensino das Ciências:
- O Corpo humano: Para aprender a anatomia do nosso corpo, e ao ar livre, espécie de maqueta, em que os escolares colocavam os ossos do esqueleto que se construíam com canas recolhidas nos jardins das escolas.
- Horto e couto escolar: Para o cuidado e cultivo de plantas e também para o cuidado de animais. E muitos jardins para o cultivo e cuidado de flores e plantas.
- O relógio: Para aprender a medir o tempo. Maqueta construída no pátio e com uma cana os alunos marcavam as horas que seus mestres lhe indicavam, colocando as agulhas sobre os números, que eram romanos.
- Lousas na parede para os desenhos dos escolares: Para integrar os diversos conhecimentos e matérias (geografia, matemática, língua, música…).
TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR:
Servindo-se da técnica do Cinema-fórum, analisar e debater sobre a forma (linguagem cinematográfica) e o fundo do filme anteriormente resenhado.
Organizar nos estabelecimentos de ensino de todos os níveis uma amostra monográfica sobre a vida e obra pedagógica de Andrés Manjón. A mesma terá que incluir fotos, textos, frases educativas, cartazes, autocolantes, desenhos e mesmo textos dos próprios estudantes. Deve aproveitar-se o muito que há na internet sobre a sua figura. Com todo o material podemos editar e/ou policopiar uma monografia dedicada a Manjón. Paralelamente a esta amostra, podemos projetar o filme anteriormente resenhado, e os documentários citados, e organizar um debate-papo sobre as imagens olhadas nos mesmos, e analisar a peculiar pedagogia prática manjoniana. Comentando também as estratégias didáticas por ele utilizadas, e como podem ser levadas às nossas atuais aulas.
Organizar um Livro-fórum, depois de ler, estudantes e professores, um livro escolhido por todos, relacionado com o tema. Só contamos com bibliografia em castelhano e italiano. Entre eles podemos escolher: De Manjón: Modos de enseñar (Granada, 1903), El maestro mirando hacia dentro (1915) e El maestro mirando hacia fuera (Granada, 1923). Sobre a sua obra: Un gran pedagogo: el Padre Manjón (por Francisco Peramos, 1959), Don Andrés Manjón. Sus obras y doctrinas pedagógicas (por Ezequiel Solana, Madrid 1940) ou Manjón educador (por J.M. Prellezo Garcia, Madrid, Magisterio español, 1975).
Nota importante: Quero esclarecer o facto de que, infelizmente, o governo franquista se apropriou no seu dia da figura pedagógica de Manjón, que falecera quinze anos antes e, portanto, não se podia ter identificado com a ideologia da ditadura. Durante décadas colocaram Manjón como pedagogo do regime franquista, por interesse próprio, e isso não favoreceu de modo nenhum a visão objetiva do grande educador que foi Manjón. A utilização da sua figura foi perversa e também se fez para o contrapor à pedagogia republicana, representada pela ILE de Giner e Cossío. Podemos discutir e discrepar com respeito da sua ideologia católica e cristã, mas deve ficar claro desde já que, a nível didático e metodológico, foi um pedagogo pioneiro e muito avançado, mesmo para os tempos atuais.