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Afonso Costa: “Como português, o reintegracionismo significa muito para mim”

O Afonso Costa, beirão de nascimento, é muito conhecido e reconhecido na Cidade Invicta. Presidente da Casa da Beira Alta no Porto, sócio da Associação Amigos do Coliseu do Porto, do Clube Fenianos Portuenses… É evidente que o mundo associativo e cultural faz parte importante da sua vida, para além da sua longa trajetória profissional como auditor e contabilista. A que se deve esse interesse?

Comecei a participar aos 18 anos na associação da minha terra, Moselos, Viseu na região da Beira Alta. Por coincidência, recordei-a há pouco tempo ao escrever para a Colectânea 50 anos de abril 2024. Desenvolvíamos ações culturais, recreativas e até preenchíamos falhas do poder político. Criámos grupos de danças, teatro e desportivos. Foi aí que comecei a dar importância à participação dos cidadãos nas associações das nossas comunidades. Lançámos um jornal local e amador, o Notícias de Moselos com os fins de divulgar notícias importantes, ser um elo de união e contribuir para o progresso da aldeia, como se lia no seu primeiro número. Foi neste jornal que comecei a escrever. Gostei de reler meu primeiro artigo: “Resolver os problemas da aldeia – é uma tarefa de todos nós, é urgente”. Continua atual e, à época, eram gravíssimos, como se conclui da frase “…a luz é pouco melhor do que a de velas e a água é outra das grandes moléstias de Moselos”

Fui obrigado a vir para o Porto, pois não havia ensino superior na região. Fiz parte da associação de estudantes. Depois, a longo da vida tenho procurado seguir a regra de participar nas associações que me dizem diretamente respeito: nas de pais, profissionais, culturais, etc.

A falta de participação dos cidadãos, a meu ver, é um dos problemas maiores no meu País, a realidade da Galiza não a conheço bem. Como auditor devo dizer que participar é a melhor forma de resolver problemas sociais, mas também de evitar casos graves, por exemplo de roubos e fraudes. A minha experiência diz-me que uma boa parte de fraudes e crimes são originados pela falta de controlo eficaz em qualquer tipo de entidade.

Desde há vários anos é também sócio da AGAL. Eu conheci-o precisamente numa assembleia, em Compostela. Como foi o processo de descoberta da nossa associação e posterior decisão de se tornar sócio?

Eu descobri a AGAL por caso, quando um dia navegava pela internet. Aprofundei o conhecimento e revi a sua história. Gostei do trabalho desenvolvido e fiquei interessado em apoiar a AGAL, tornando-me sócio, em gesto de reconhecimento por defender a Língua do meu País, pois à distância é mais difícil ter uma participação ativa.

A minha admissão como sócio justifiquei-a com os factos de reconhecer ser importante defender a língua e também o movimento associativo, o que foi aceite em boa hora pela AGAL.

Do seu ponto de vista, o de uma pessoa que promove e defende a língua e cultura portuguesas, que significa o reintegracionismo?

Considero um movimento muito importante para a Galiza e louvo todo o trabalho de mais de quarenta anos feito pela AGAL. No meu entender, é melhor que o isolacionismo ou o castelhano que outros apoiam.

Como português, o reintegracionismo significa muito para mim, pois vejo-o como um incentivo para continuar a promover a nossa Língua e a lutar contra os estrangeirismos desnecessários, muito aceites em Portugal de forma descuidada, em particular do inglês.

Sinto-o também, como oportunidade de alargamento das comunidades que falam o português. E, para isso, sugiro que olhemos mais para a realidade da nossa Língua no mundo e que se pense em grande, elegendo dois lemas: A Língua mais falada no Sul Global e A quinta língua com mais falantes a nível mundial.

Acha que no seu país é suficientemente conhecida a Galiza e a língua galega, no que diz respeito ao seu relacionamento histórico com Portugal e o idioma português? Como pensa que se poderia melhorar esse nível de conhecimento?

Na sede da Casa da Beira Alta a apresentar a coletânea 50 anos de abril e 500 de Camões.

A minha perceção é que não são suficientemente conhecidos a nível nacional, sobretudo a Língua Galega. Na região Norte, em particular a mais próxima do Rio Minho, creio que o conhecimento e o envolvimento das populações são bem melhores.

Vivi uma experiência recente que é um bom exemplo de melhoria. Em abril de 2024, lançámos na sede da Casa da Beira Alta a coletânea 50 anos de abril e 500 de Camões escrita por 54 autores, dos quais cerca de metade são da Galiza. Depois apresentamo-la em Ponte Vedra, Ourense, Viseu e em Vila Nova de Cerveira. Foi muito enriquecedor, muitos falaram mesmo numa irmandade Luso-Galaica. Depois proporcionou-se um sarau poético em Abeiras – Ogrove e umas palestras sobre Camões no Município de Nigram com a participação do seu alcalde.

A próxima Assembleia da AGAL na Casa da Beira Alta é outro bom exemplo, aliás da minha parte garanto que nossa Casa estará sempre ao dispor para acolher outras iniciativas, quem sabe até criar uma parceria.

Finalmente, sugiro que se façam mais tentativas de geminações de cidades Luso-Galaicas.

No passado dia 16 de novembro, participámos num almoço na Casa da Beira Alta no Porto. Celebrámos o São Martinho, o que me emocionou especialmente, já que o Magusto é tradicional na minha terra, em Ourense. Fomos muito bem acolhidos, com certeza. No próximo 14 de dezembro vamos fazer a Assembleia Geral da AGAL no mesmo espaço. Para as pessoas que não a conhecem, como é a sua associação e onde fica a sua sede?

A minha Associação nasceu em 1956 como uma espécie de embaixada dos beirões para os juntar os que viviam na cidade do Porto e acolher os que fossem chegando da província da Beira Alta para trabalhar ou estudar, como foi o meu caso.

A Sede, fica em zona central e privilegiada, na Rua de Santa Catarina, a mais movimentada do Porto. Tem dois grandes patrimónios, a sua rica história construída, ao longo de 68 anos e o predial, a Sede que é sua propriedade, tendo sido comprada, unicamente, com o esforço e contributo dos associados.

Tem como fins a divulgação e defesa dos valores da cultura, nomeadamente nas formas em geral de criação, a literatura, a pintura, a música, os costumes, o artesanato, os produtos alimentares, as culinárias, as artes e ofícios tradicionais. A Casa da Beira Alta tem o estatuto de Instituição de Utilidade Pública desde o ano 2000.

Para muitos galegos, Porto não é, nem muito menos, desconhecida. De facto, eu costumo dizer que se trata da maior cidade da Galiza. No entanto, para as pessoas que se deslocarem à assembleia nesse fim de semana, e tiverem tempo, que locais recomendaria visitar, fora das rotas mais turísticas?

Em primeiro lugar, aconselho a varanda da nossa Sede, um lugar privilegiado para ver um rio de gente, a beleza da rua e da Praça da Batalha. Avista-se também o Teatro Nacional S. João e a Capela das Almas com as suas paredes exteriores decoradas com 15.947 azulejos. É mais um motivo para os associados participarem na Assembleia. Em segundo, é a oportunidade para ver a baixa do Porto e o seu centro histórico.

Ainda ali perto, gosto muito da estação de comboios São Bento, nomeadamente o seu átrio de tamanha beleza! Quem vier de carro sugiro uma viagem ao longo da marginal do Douro, desde a Ponte do Freixo, que passa debaixo de cinco pontes, até à Foz e depois continuar sempre ao lado do mar até ao Castelo do Queijo, um forte já perto de Matosinhos. Muito perto daí fica o parque da cidade muito bom para passear e descansar.

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