A história do reintegracionismo é a história duma conquista. De uma conquista na que o empenho dos reintegracionistas tem sido e continua a ser um esforço de vontade que poderia ter uma similitude com a conquista do voto para o Reino da Galiza nas Cortes da Coroa de Castela ou com a compra da frota galega para a defesa da nossa terra dos ataques dos inimigos da Monarquia Católica, etc…
Poderíamos comparar isto, também, com o grandíssimo esforço que as tropas galegas organizadas por si próprias levaram a cabo para expulsar os invasores franceses da Galiza e ainda da Península, em épocas napoleónicas, mas se compararmos com esta última, estaríamos sendo muito injustos com aqueles homens e aquelas mulheres que deixaram a vida, no pior dos casos, numa empresa que foi louvada pelo exército britânico e a historiografia exterior ao Reino da Espanha, e nós, por enquanto só temos deixado, tempo, dinheiro, empenho e saúde. Que não é pouco, mas não deixamos a vida.
Poderíamos fazer mais comparações, e todas elas cheias de esforçadas mulheres e valorosos homens que fizeram da Galiza algo pelo que todos nos sintamos orgulhosos ainda a dia de hoje. E com certeza acharíamos. A historia da Galiza é uma epopeia ainda nunca bem historiada, nunca bem valorizada nem pelos próprios galegos e galegas, autênticos responsáveis de pormos em valor a nossa narrativa. Evidentemente a luta pela recuperação da língua é um dos livros da história da nossa contemporaneidade e a luta pelo reintegracionismo, um dos seus capítulos mais importantes, talvez por ser o mais recente, talvez por ser aquele no que nos vemos envoltos os que escrevemos e os que lemos estas linhas.
A historia da Galiza é uma epopeia ainda nunca bem historiada, nunca bem valorizada nem pelos próprios galegos e galegas, autênticos responsáveis de pormos em valor a nossa narrativa. Evidentemente a luta pela recuperação da língua é um dos livros da história da nossa contemporaneidade e a luta pelo reintegracionismo, um dos seus capítulos mais importantes.
A nossa história, a do reintegracionismo, começa quando a Galiza conquista a sua autonomia política (1) e com isto, é que se vê a necessidade de implementar o ensino da língua, para poder ser usada nas administrações autónomas com algum critério unificado. A responsabilidade era muita mas a falta de consciência real do que se tinha entre as mãos naquela altura era também muito grande. As circunstâncias que envolveram esse processo foi chefiado por políticos que, ou nada tiveram a ver com o galeguismo, ou se tiveram a ver, mantinham uma hodierna tradição, muito recente, de considerarem o galego como uma forma legitimamente desviada das falas portuguesas. Por tal motivo, considerado uma variante linguística percebida com independência do resto do galego-português. Este facto de sentir o galego como diferente a respeito do resto das falas do diassistema fez com que se impusesse uma política linguística muito deficiente, no que diz respeito da presença do galego na sociedade e filologicamente frágil no que diz respeito da padronização, âmbito, este, no que se centraram quase exclusivamente os esforços das ultimas décadas (2). Nem a gente do comum, nem os dirigentes galegos (galeguistas ou não) tinham presente o mundo da Lusofonia por senti-lo, de alguma forma, alheio. Se tivesse sido de outra maneira, esse vínculo linguístico teria dado ao prestígio da língua e à visão de utilidade da mesma, um forte impulsionamento na altura que nos poderia ter evitado, já com antecedência, muitos problemas que surgiram nos anos posteriores e que deu na difícil situação na que hoje se acha (3).
O nascimento das primeiras organizações reintegracionistas foi muito embaraçoso para os grupos sociais e políticos que aderiram àquele (não-)consenso linguístico na Galiza da chamada “Transição Democrática” e dos “Pactos de la Moncloa” em que os partidos galegos não estiveram presentes. A Transição assentou o regime constitucional promovido pela Monarquia Bourbónica, instaurada a partir da morte do ditador, que mesmo funcionou com certa harmonia durante as primeiras décadas mas que na Galiza deixou muitos elementos sociais, políticos, culturais, linguísticos e mesmo económicos sem arranjar ou inclusivamente os desajustou. Ser “lusista” era sinonimo de ser antagonista a todo o que simbolizasse moderação ideológica, ou assim se fazia ver, e por isso, dava pé a que quem fosse acusado de tal cousa fosse considerado fora da proteção do Estado, no que diz respeito dos direitos democráticos e constitucionais, fazendo-se, o suspeito, merecente de não lhe serem reconhecidos. Lembro gente com nome e apelidos que foram considerados quase uns proscritos, até o ponto de lhes serem postos em risco as suas saúdes e os seus empregos. Outros não fomos tão arriscados, nem tão valentes e decidimos adaptar-nos laboralmente na medida das nossas capacidades.
O nascimento das primeiras organizações reintegracionistas foi muito embaraçoso para os grupos sociais e políticos que aderiram àquele (não-)consenso linguístico na Galiza da chamada “Transição Democrática” e dos “Pactos de la Moncloa” em que os partidos galegos não estiveram presentes.
Aquela situação que nos parecia anormal num Estado que se autoidentificava como democrático e aparentava vontade de recuperar o fio do desenvolvimento filosófico, político e ideológico da Europa, tinha na Galiza grupos ideologicamente marginalizados porque acreditavam e praticavam uma realidade linguística que propugnava a unidade da língua galego-portuguesa e desejavam para ela, o mesmo que conseguiram outros países, como a Flandres, que solucionou com sucesso para todos uma controvérsia semelhante. O caso similar do moldavo, parecido ao flamengo, ainda não tinha acontecido, mas sim alguns outros estavam acima da mesa como modelos. O próprio Constantino Garcia falava do caso norueguês sobre o qual elaboramos um artigo no nosso blogue em maio de 2012 (4) e no que Carvalho Calero contrapunha justo com o exemplo do flamengo num extraordinário debate televisivo lá por 1987 (5).
Foi na altura daqueles difíceis anos, que tivemos amizades e assessorias flamengas que nos ajudavam a perceber o que estava a acontecer na Nossa Terra e a apreender o que outros fizeram. Aquele país que lutou pela liberdade vários séculos atrás contra a histórica intolerância da Monarquia Católica de Filipe II, tinha agora connosco alguns dos seus filhos a compreender-nos e a ajudar-nos. Estou a falar, evidentemente, dum bom amigo nosso, simpático onde os houver e solidário como poucos. Estou a falar, como algum leitor possa enxergar, do Sr. Dr. Yvo Dj Peeters, que na altura era um alto representante do Bureau européen pour les langues moins répandues, organização não governamental apoiada pelo nascente Parlamento Europeu e pelo Conselho da Europa, onde os galegos chegávamos graças ao imenso trabalho da AGAL da altura e desde que em 1994 o eurodeputado José Domingos Pousada deixou ouvir a sua voz alta e clara em favor da nossa língua (6)
Foi num daqueles encontros organizados pela AGAL que à pergunta formulada por alguém do publico ao nosso prezado Dr. Peeters, de como é que poderíamos os galegos conseguir os nossos objetivos de reconhecimento na Galiza da unidade linguística galego-portuguesa e de que fôssemos tratados com respeito e sem descriminação, o nosso amigo flamengo respondeu: “Enchendo o Obradoiro com 200.000 pessoas a reclamar a unidade da língua”. Evidentemente o público aguardava uma outra solução menos terrível, porque ficar à espera de enchermos o Obradoiro com tanta gente é, para alem de materialmente impossível (7), inimaginável na altura nem reunir 10.000 em todo o País. Mas acabada a surpresa inicial, ficamos convencidos de que o trabalho que nos aguardava era de anos, de décadas ou talvez nos levasse a vida mas o que sim estávamos realmente certos era de que a maior parte das pessoas ali presentes, estávamos no local, porque a nossa disposição a dar os nossos esforços pela língua estavam mais do que assegurados.
Poucos anos depois, o eurodeputado Pousada dava mais outro passo de gigante. Isto era o informa Killilea pelo qual no Parlamento Europeu se considerava o galego uma língua oficial porque o português já era oficial e portanto, qualquer galego que fosse ao Parlamento de Bruxelas falando a sua língua ia poder ser ouvido, escutado e percebido por todos graças ao sistema de tradução simultâneo do próprio Parlamento e ao qual tivemos acesso quando visitamos aquela Câmara de representação popular em março de 1994. Vimos com grande satisfação como as cabinas de tradução transladavam a partir da nossa fala galega para as diferentes línguas oficiais da União Europeia (8). Daí em diante, quando o eurodeputado Pousada abandonou em 1999 o Parlamento, deixou um trabalho muito bem feito, aproveitado com acerto pelo Camilo Nogueira, primeiro, e pela Ana Miranda depois. Ainda que apesar de tudo, houve quem se inteirou de pouco (9), mas também quem percebeu a presença da nossa língua na instituição europeia como algo muito terrível (10).
No Parlamento Europeu considerava-se o galego uma língua oficial porque o português já era oficial e portanto, qualquer galego que fosse ao Parlamento de Bruxelas falando a sua língua ia poder ser ouvido, escutado e percebido por todos graças ao sistema de tradução simultâneo do próprio Parlamento e ao qual tivemos acesso quando visitamos aquela Câmara de representação popular em março de 1994.
Ora, esta vaga de reintegracionismo impulsionada em início por José Pousada e continuada por Camilo Nogueira provocou um intenso debate na seção de Opinião de La Voz de Galicia durante o mês de setembro de 1999. Um importante numero de inteletuais, políticos, escritores e militantes opinaram em favor da aproximação ao português até que repentinamente e por causas que desconhecemos mas que intuímos (11) o debate ficou abortado a finais desse mês. Foi durante esses meses intensos desde o verão de 1999 até 2000 que se deram vários momentos interessantes para alem do debate no jornal: um encontro em Cambados, que foi o que originou tudo, onde personagens de grande importância no âmbito da oficialidade cultural galega se manifestaram em favor do uso do NH e LH, como foi o caso de Carlos Casares (12), talvez o mais significativo, mas sem que isso pudesse perdurar no tempo, pois só dous anos depois de iniciar essa mudança paradigmática, falecia na sua casa de Nigrão, fechando assim a possibilidade de nos deixar uma possível etapa reintegracionista na sua trajetória que teria sido muito importante para todos, pois a sua figura e a sua autoridade era referencial no mundo da cultura galega.
Foi durante esses anos que a AGAL entrou na internet abrindo a sua imagem ao mundo. Muitos portugueses, brasileiros, africanos e de outras partes do mundo conheceram a Galiza e com ela a sua luta em favor da sua língua, a mesma do que vários países soberanos dos cinco continentes. O reintegracionismo voava por cima de montes, vales e montanhas, de rios, mares e países, o conflito linguístico tomava as traças de ser visualizado e evidenciado em todo o mundo e com ele a situação de discriminação dum coletivo dentro dum Estado cuja Constituição dizia no seu primeiro artigo que era “…um Estado social e democrático de Direito, que propugna como valores superiores do seu ordenamento jurídico a liberdade, a justiça, a igualdade e o pluralismo político”.
Daí para adiante os avanços foram importantes: A criação da AGLP em 2008 (13); a aprovação da Lei Paz Andrade em marco de 2014 (14), pela qual o Governo da Junta da Galiza se comprometia a introduzir o português no ensino e finalmente a entrada da AGLP (Academia Galega da Língua Portuguesa) na CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) como observador consultivo em julho de 2017 (15) após dous acontecimentos que marcaram esse esforço no que o protagonismo único foi da própria Academia. Foram estes dous acontecimentos os seguintes: Uma primeira tentativa de entrada falida em 2011 por causa de não sabemos bem que motivos mas que intuímos, e um segundo acontecimento como foi a prévia entrada do Conselho da Cultura Galega na própria CPLP. Curioso que uma entidade que se opôs toda a sua existência ao reintegracionismo (16) entre, e entre de primeira, sem levar esforços para ser aceite, numa entidade na que nunca acreditou….mas se a ideia era a aproximação, poderia parecer que nesse momento o CCG aparentava advogar por ela. O tempo dirá qualquer cousa sobre a sinceridade da sua adesão mas do que sim temos certeza é de que as estratégias mudam e devem mudar. Se assim proceder a CCG, bem-vinda seja.
Dentro de toda esta magna luta contamos com uma outra linha de trabalho. É esta a estratégia da atual AGAL que deu em denominar de “binormativista”. A ideia é que a histórica associação propõe a coexistência pacífica das duas normativas para a nossa língua na Galiza, aceitando e reconhecendo por um lado a realidade existente do galego ILG-RAG promovido pela política linguística da Junta da Galiza sob a autoridade da RAG e outras instituições, como o CCG (Conselho da Cultura Galega), ILG (Instituto da Língua Galega) e Instituto Ramon Piñeiro e em troca o reintegracionismo promovido fundamentalmente pela AGAL e pela AGLP será também aceite e reconhecido pelas autoridades políticas e linguísticas promotoras da norma que a dia de hoje se ensina nos centros de estudo e com a que se emitem as comunicações institucionais e mediáticas dependentes da Junta da Galiza.
A ideia de “binormativismo” é assim exprimida pelo Presidente da AGAL, Eduardo Maragoto:
“O binormativismo é a coexistência, em paridade legal, de dous modelos gráficos para representar umha mesma língua: um modelo mais local e outro compartilhado com o estado vizinho. Os usos correspondentes a ambos os modelos nom têm de ser simétricos, mas é importante que ambos contem com reconhecimento legal.” (17)
O nosso comentário é o seguinte:
Primeiramente dizer que a AGAL desde os seus primórdios tem insistido na “liberdade normativa”. Isto era percebido no seu dia como uma situação de liberdade na utilização da norma por parte do administrado, independentemente do uso que as autoridades administrativas galegas empregarem, quer as autonómicas, quer as locais ou estatais. Portanto, não é novidade a reivindicação da tolerância, estando inserida a proposta dentro da estratégia histórica da associação. As duas novidades básicas estariam baseadas no facto da existência da paridade legal de ambos padrões, por um lado, e na proposta de conhecimento passivo primeiro e ativo depois por parte da administração, da norma reintegrada ao lado da usada ate agora. Esta ultima circunstância nunca foi concebida como possível anteriormente por quem defendíamos o reintegracionismo pelo que seria um importante passo de cara a essa igualdade.
A norma RAG e o seu contexto, motivações, protagonistas,… após quarenta anos de implementação de políticas linguísticas marcantes e atitudes conhecidas por muitos, haverá de ser historiada algum dia muito criticamente, mas não podemos obviar que está assente na sociedade. Está nos média, está no ensino, está na administração, está nas ruas, mesmo está na política, está por toda a parte e não pensamos dum ponto de vista próprio dos 80´s que podemos recuar ou eliminar os seus efeitos.
Por outra parte, os reintegracionistas também estamos aí. Nunca deixamos de estar, e não somos menos do que nos 80´s ou nos 90´s. Não. Somos mais e somos melhores. Temos uma academia, estamos na CPLP, somos reconhecidos internacionalmente e temos apoios, e é por isso que estamos começando a ser aceites pela sociedade, mas também estamos começando a ser visíveis politicamente.
Por outra parte, os reintegracionistas também estamos aí. Nunca deixamos de estar, e não somos menos do que nos 80´s ou nos 90´s. Não. Somos mais e somos melhores. Temos uma academia, estamos na CPLP, somos reconhecidos internacionalmente e temos apoios, e é por isso que estamos começando a ser aceites pela sociedade, mas também estamos começando a ser visíveis politicamente. Se nos 90´s foram os eurodeputados Pousada e Nogueira quem fizeram visualizar o português galego à sociedade, desta volta são, a eurodeputada Ana Miranda em Bruxelas e o deputado Nestor Rego em Madrid, com os seus incontornáveis “obrigados” que deram a volta às redes e às Tvs. Não sem críticas, mas fez-se-nos patente a todos, incluídos os media. Também estamos na rua, no ensino, na administração, nos partidos políticos, sindicatos e organizações sociais, mas como até agora temos estado numa situação pré-democrática, devemos saber reverter a situação, porque todos evoluímos e precisamos conviver.
A solução seria uma situação de tolerância mútua. Só assim poderíamos dar mais passos adiante. Essa tolerância poderia servir para coexistirmos de outra forma diferente a como coexistimos durante quarenta anos. Esta seria a etapa de superação da discriminação histórica, visualizando finalmente uma etapa na que pudéssemos ver-nos relacionando-nos como iguais. Ainda é muito tímida essa visualização, mas é o nosso desejo que vá tomando caminho como no-lo poderiam assinalar certos indicativos (18).
Isso não significa deixemos a nossa praxe gráfica e linguística saída do nosso convencimento e vocação. Não vai variar a nossa obriga de saber o castelhano por lei, nem a um, que é professor, lhe vai variar a sua obriga laboral de ministrar nas aulas essa matéria de galego servida por obriga legal em forma e fundo tão diferente do que seria o nosso critério. Aí provavelmente não mude muito a cousa. A mudança poderia vir por criação de novos espaços de liberdade onde o português estivesse presente, dando pé à possibilidade de conhecimento por parte do alunado e à aplicação de objetivos psicoafetivos que nos permitam libertar um paradigma até agora submetido às catacumbas. Poderemos ser mais nós próprios, exprimir-nos como o que realmente somos e introduzir elementos pedagógicos novos que nos permitirem ensinar o que sabemos e como o sabemos.
A mudança poderia vir por criação de novos espaços de liberdade onde o português estivesse presente, dando pé à possibilidade de conhecimento por parte do alunado e à aplicação de objetivos psicoafetivos que nos permitam libertar um paradigma até agora submetido às catacumbas. Poderemos ser mais nós próprios, exprimir-nos como o que realmente somos e introduzir elementos pedagógicos novos que nos permitirem ensinar o que sabemos e como o sabemos.
Da mesma maneira, as pessoas que acreditassem no galego RAG poderiam continuar sendo como são, ensinando o que sabem e apresentando-se como o que são mas com esse espaço de respeito no que nos igualaríamos e talvez vendo-se na obriga de ensinarem aquele português que antes imaginavam alheio mas que ao tê-lo próximo haveriam de terminar visualizando-o como uma forma de galego.
Aqueles que militamos durante os 80`s e 90`s e vivemos uma forte descriminação ainda não renunciamos a ver o nosso País numa situação de normalidade depois de tanto esforço aplicado durante anos. O nosso desejo seria vermos um País normal dentro do contexto europeu no que nos achamos, vendo implementadas soluções como as que se dão nos países que valorizam a convivência entre as pessoas, a democracia, a tolerância e a harmonia. Esta situação de normalidade seria a que nos abrisse as portas para, uma vez institucionalizado aquilo pelo que se leva trabalhado tanto, podermos ver a sociedade dando-lhe o valor correto ao que antes era visto como marginal. Dando-se as circunstâncias adequadas onde todo o mundo possa ter acesso e conhecimento de todas as opções possíveis, poderia aproveitar as energias fornecidas por essa possibilidade. A convivência haveria de favorecer uma maior compreensão mútua, uma aceitação e uma implicação diferente de todos com o reintegracionismo e uma regularização do convívio entre as pessoas implicadas com a língua. As portas estariam abertas para cumprirmos com aquele repto que nos lançava ou aconselhava o nosso querido Yvo Dj Peeters de encher Galiza com um importante numero de pessoas que aderissem à visão da nossa língua que nos dê a esperança de nos vermos convertidos no que nunca devemos deixar de ser: a raiz, o centro, junto com o Norte de Portugal, de uma civilização linguística que nasceu no espaço histórico e matricial da velha Gallaecia.
Se essa porta se nos abre consideraremos que ainda podemos acreditar em certas cousas mas se não se nos abre e vistos os resultados obtidos pelas políticas linguísticas das ultimas décadas, pensaremos que há qualquer tipo de defeito inconfessável em quem leva dirigido os nossos destinos os últimos quarenta anos.
Haja paz e venha um neto.
Referencias:
(1) Justo quando começa um governo autónomo duma Junta da Galiza que quase ninguém vê como herdeira de todas as Juntas da Galiza que houve desde desde marco-abril de 1467 na Assembleia de Melide, fundadora da Santa Irmandade (não da Santa Hermandad) que levou aos distintos grupos sociais galegos à Grande Guerra irmandinha.
(2) Hoje, quarenta anos depois, a sua situação é muito mais fraca, tanto na sociedade, onde a língua é menos falada, quanto nas instituições e nos media onde se vê menorizada de maneira escandalosa.
(3) O galego foi considerado pela UNESCO por varias vezes como “língua em vias de extinção” ao ser considerado dentro do espaço político da Galiza. De um tempo a esta parte deixou de figurar como tal ao ser incluído dentro do conjunto do “português”. Dessa forma, o “português” sempre será considerado como uma das línguas mais viçosas do planeta e não em vias de extinção.
(4) despertadoteusono.blogspot.com
(5)Na altura, o bokmål (a normativa reintegracionista norueguesa) ainda não tinha colhido o impulsionamento que atualmente tem, deixando ao nynorsk a hegemonia linguística em Noruega. Hoje é à inversa. O bokmål conta com muitas mais adesões do que o nynorsk. https://www.youtube.com/watch?v=GkH49QaVvGc
(6) despertadoteusono.blogspot.com
(7) As medidas do Obradoiro não dão para tanto embora as cifras exageradas sirvam como um forma de repto.
(8)despertadoteusono.blogspot.com
O experiência do Manuel Garcia do MEL (Movimento Ecologista da Límia) ao denunciar a ação da Junta da Galiza no labor de desflorestação levada a cabo na Límia para levar a cabo a concentração parcelar, foi esclarecedora. Um galego falando na sua língua e sendo traduzido para todos os idiomas comunitários! Uma vantagem que não tem nem os admirados bascos, nem os menos admirados catalães. Sorte que temos e não aproveitamos.
(9) despertadoteusono.blogspot.com e vídeo da Lídia Senra
(10) Quando Camilo Nogueira foi eleito deputado no Parlamento Europeu houve mesmo quem desde algumas instâncias do poder qualificaram ao deputado galego de nazi por falar em português em Bruxelas. (Ver Faro de Vigo do 22/9/1999)
(11) Ver AGALIA n° 60 de Inverno de 1999, págs: 506 e A Nosa Terra 25/11/99.
(12) Foi no Encontro Transatlântico de Fisterra celebrado em Setembro de 1999 em Corcubião em que o Presidente do Conselho da Cultura Galega, na altura Carlos Casares, manifestou publicamente a necessidade de aproximar-se da ortografia portuguesa para favorecer a leitura de obras galegas em Portugal. Ele disse que haveria que procurar uma ortografia “mais sensata” e qualificando a usada desde os anos 80`s de “extravagante” reafirmou as manifestações que tinha feito uns dias antes na Universidade Menendez y Pelayo em Ponte Vedra nas que opinou sobre a conveniência de adotar as grafias NH e LH para substituir Ñ e LL, entre outras cousas. Casares recebeu apoios, mesmo de pessoas que nunca antes se tinham definido como favoráveis a esta opção. Igualmente falou de cordialidade, de encontro e de reforma do padrão galego. Contrariamente houve outras pessoas, como Xesús Alonso Montero, que discordou muito ostentosamente das palavras do Carlos Casares, chegando a afirmar que preferia adotar a grafia do inglês antes do que a do português. O certo é que na altura todo indicava na linha de uma importante reforma normativa que poderia impulsionar o reintegracionismo. Casares morreu pouco depois muito inoportunamente e só posteriormente à sua morte foi que se procedeu a uma pequena reforma normativa mas para desilusão de muitos, esta foi muito superficial e sem entrar no fundamental. A final a montanha pariu um rato. (Ver: La Voz de Galicia do 3/09/1999, pág: 31; A Nosa Terra de 30/09/1999, pág: 25-N°902 e AGALIA n° 59 do Outono de 1999, págs: 381-389)
(13) academiagalega.org
(14) DOG l
(15) academiagalega.org
(16) Exceto o breve tempo que houve desde o Encontro Transatlântico de Corcubião onde Casares manifestou a sua boa vontade até a sua morte pouco tempo depois.
(17) É possível umha política binormativista na Galiza
(18) Nuñez Feijoo em defesa da lusofonia.