Partilhar

Saul Domínguez: “Seria preciso um galeguismo mais eficiente, que fosse capaz de penetrar no tecido empresarial galego e nos âmbitos cientifico-técnicos”

saul02Saul Domínguez é um rapaz de aldeia que não gostava do galego da televisão.

Deseja um galeguismo mais eficiente que não se centre apenas no campo cultural e acha que a estratégia internacional é a única com futuro.

No seu trabalho em Madri, curiosamente, tem um bom ambiente linguístico. Deseja um futuro onde o galego tenha muita presença no nosso país.

*

Saul nasceu em Traço e define-se como “um rapaz de aldeia”. Como lembras o ambiente linguístico da tua infância?

O ambiente linguístico na minha infância era quase 100% galego-falante, unicamente meus co-irmãos que viviam em Santiago falavam o castelhano. No entanto, muitas vezes a minha impressão era que nem mesmo eu falava galego de verdade, já que a minha referência era o galego artificial que ouvia na televisão. É certo que possuía certos castelhanismos, mas muitas outras características da variedade de Traço pareciam casar muito mais com o português que com o galego normativo.

Aos 16 anos o teu centro escolar passa a estar em Santiago bem como a universidade. Que te descobriu a cidade compostelana em termos linguísticos?

Descobri que o galego estava muito mais fraco do que pensava, embora nunca me sentisse inferior por falar o galego, pouca gente que tivesse estudado sempre em Santiago o falava. Apesar disso tenho de admitir que em Santiago o galego-falante esta muito mais respeitado que em outras cidades galegas.

saul03

Em que medida achas que uma estratégia internacional para a língua pode alterar positivamente o status quo da língua da Galiza?

Dadas as circunstancias atuais, a estratégia internacional é a única com futuro: Senão se aproveitarem os recursos e a potência da variedade lusa o galego não vai poder fazer frente à pressão do espanhol. E ainda que isto sucedesse, acho que seria preciso um galeguismo mais eficiente, que fosse capaz de penetrar no tecido empresarial galego e nos âmbitos cientifico-técnicos, relativamente esquecidos frente a um galeguismo que centra a sua ação no mundo cultural.

Como foi a tua descoberta desta estratégia? Lembras como e quando rasgaste o relato oficial sobre o galego?

De um jeito ou de outro, a minha descoberta de que o português era a mesma língua que eu estava a falar foi gradual. Sempre soube que eram línguas irmãs e que muita gente dizia que eram dous lados de uma mesma moeda. No entanto, comecei a refugiar-me no português a medida que me introduzia em ambientes mais e mais castelhano-falantes. No momento em que pus atenção na pronuncia e no sotaque e comecei a ver a RTP percebi que as diferenças eram mínimas.

Uma decisão que tomaste em seu dia foi associar-te à AGAL logo que tivesses o teu primeiro salário. Porquê? Que esperas da associação?

Por que é o meu jeito de apoiar a estratégia internacional na Galiza. Não posso fazer grande coisa por mim mesmo, mas apoiar uma equipa maior e organizada pode ajudar mais. Também não tenho altas expectativas na associação, simplesmente procuro estar perto de um ambiente galego-português e sentir que o apoio, ainda que seja um pouco.

Saul trabalha numa empresa no âmbito da engenharia. Que presença tem o galego nesse âmbito profissional? Em que medida se pode viver em galego aí?

Viver em galego no mundo da engenharia na Galiza é muito complicado, em particular em empresas de meio e grande tamanho. Mesmo eu tive de mudar a língua em certos contextos na minha antiga empresa. Entre os trabalhadores de nível mais baixo, operários e demais, o galego é abundante, mas a diglossia é brutal. Por outro lado, agora estou a trabalhar em Madri, com vários galegos e asturianos. Neste ambiente o galego tampouco é muito abundante, por razões óbvias, mas também está presente entre os galegos, e a diglossia e inexistente porque somos dous rapazes consciencializados e outros muito abertos e com poucos preconceitos.

Como gostarias que fosse a “fotografia linguística” da Galiza em 2040?

Que o galego tenha força de novo, com uma forte presença na Galiza em parte fortalecida pela influência do português, pelo menos em igualdade de prestigio e normalização que o castelhano.

saul-01

Conhecendo Saul Domínguez:

Um sítio web: Pordede

Um invento: Internet

Uma música: “All along the watchtower” Jimmi Hendrix

Um livro: “Jurassic Park” de Michael Crichton

Um facto histórico: Buf, gosto muito da historia mas não saberia dizer

Um prato na mesa: Tortilha de pataca

Um desporto: “running”

Um filme: Muitos

Uma maravilha: Galiza na primavera

Além de galego/a: Europeu

Susana Arins apresenta cinco corujas na Feira do Livro de Compostela, acompanhada de Raquel Miragaia

Lançamento do livro 50 anos de Abril na Galiza, em Braga

María Xosé Bravo: “A imagem da Corunha como cidade pouco galega é umha falácia reforçada por certos interesses políticos”

Gentalha do Pichel comemora 25 de Abril esta sexta-feira

A iniciativa Aquí Tamén Se Fala organiza festival

Escolas Semente e Concelho da Corunha comemoram o centenário da Escola de Ensino Galego das Irmandades da Fala

Susana Arins apresenta cinco corujas na Feira do Livro de Compostela, acompanhada de Raquel Miragaia

Lançamento do livro 50 anos de Abril na Galiza, em Braga

María Xosé Bravo: “A imagem da Corunha como cidade pouco galega é umha falácia reforçada por certos interesses políticos”

Gentalha do Pichel comemora 25 de Abril esta sexta-feira