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Xico Paradelo: “Como dizia Carvalho Calero, ‘O futuro deve ser retificado’”

xico paradelo
xico paradelo

Como surgiu o projeto de fazer umha BD sobre Carvalho Calero?

Valentim Fagim, da Através Editora, contactou com Germám Ermida e comigo em dezembro de 2018 para nos propor este projeto. Pareceu-nos uma ideia muito linda e aceitamos sem duvidar nem um segundo. Na nossa ingenuidade, alguns achávamos que seria um trabalho fácil. Mas não foi.

Porque a aposta por umha biografia ficcionada? Como abordades essa ficcionalizaçom? Há margem?
É uma grande honra e também uma enorme responsabilidade escrever uma bd inspirada na vida deste homem excepcional. Nós nunca quigemos fazer uma “biografia de figura homenageada”. Queríamos criar uma obra autónoma, uma boa narração em banda desenhada com RCC como protagonista ou fio condutor. Por isso optamos por recriar ou mesmo inventar alguns momentos fulcrais na vida do professor ferrolano. Há personagens reais e passagens que aconteceram realmente e personagens ficcionais e momentos puramente ficcionados por nós. Um bocado seguindo o esquema do próprio autor no romance SCÓRPIO. Em certo modo, fizemos a nossa própria interpretação da vida deste homem invulgar.

Há personagens reais e passagens que aconteceram realmente e personagens ficcionais e momentos puramente ficcionados por nós. Um bocado seguindo o esquema do próprio autor no romance SCÓRPIO. Em certo modo, fizemos a nossa própria interpretação da vida deste homem invulgar.

Nom é um desafio ficcionalizar a vida dumha pessoa tam importante, que gera tantas fílias e fobias? Pensas que haverá polémica?
É um desafio maiúsculo. Mas somos um bocado inconscientes. De outro jeito não nos embarcaríamos em singraduras destas. Nós o que queremos é que a obra suscite o que Carvalho também procurava: um debate útil sobre o galego, a Galiza e outros temas que se tratam na bd. Também não ocultamos que esta é uma obra “de parte”. Nós defendemos e seguimos as teses polas que Carvalho Calero sofreu um silenciamento e uma marginalização mesmo cruéis. Na obra denunciamos tais injustiças ao nosso modo. É possível que nem todos os leitores/as concordem com a nossa visão do que aconteceu.

Na apresentaçom da obra di-se que abordades a história da Galiza do século XX através da vida de RCC: em que jeito?
A vida de RCC é, em si mesma, uma viagem polo século XX. Aproveitamos os avatares vitais do professor para mostrar (através do ágil e atrativo trabalho gráfico de Iván Suárez) certos momentos “chave” na história da Galiza do século passado: A ditadura de Primo de Rivera, a época republicana, o movimento galeguista, a guerra civil, o franquismo, a chegada da autonomia nos anos oitenta…

Na obra permitimo-nos o desabafo de imaginar como teria sido a realidade se alguns factos históricos não tivessem acontecido ou acontecessem de jeito distinto. Arrancamos com uma ucronia em que Carvalho Calero participa em 1996 (ele finou em 1990) na fundação da CPLP, como representante da Galiza. Queremos convidar a pensar porque as cousas aconteceram de determinado jeito e se teria sido muito difícil se desenvolverem de diferente maneira.

Como foi o trabalho de documentaçom? Está bem estudada a vida de RCC?
Evidentemente, grande parte do que se conta está tomado de fontes rigorosas, de pessoas que têm estudado em profundidade a vida e a obra de Carvalho, como é o caso de Aurora Marco, J. Martinho Montero Santalha, Ernesto V. Souza, Ramón Reimunde, Paulo F. Mirás, Pilar Pallarés, Pardo de Neyra… Os livros de conversas como os de Carmen Blanco, Salinas Portugal, Fernán-Vello e Pillado Mayor, e muitos outros. Para realizar esta obra trabalhou-se com uma enorme bibliografia sobre o autor.

Grande parte do que se conta está tomado de fontes rigorosas, de pessoas que têm estudado em profundidade a vida e a obra de Carvalho, como é o caso de Aurora Marco, J. Martinho Montero Santalha, Ernesto V. Souza, Ramón Reimunde, Paulo F. Mirás, Pilar Pallarés, Pardo de Neyra… Os livros de conversas como os de Carmen Blanco, Salinas Portugal, Fernán-Vello e Pillado Mayor, e muitos outros. Para realizar esta obra trabalhou-se com uma enorme bibliografia sobre o autor.

Que vai encontrar a gente que leia a BD?
Ante de mais, é uma novela gráfica, isto é, um relato feito na linguagem da banda desenhada em que seguimos Ricardo Carvalho Calero polo percurso da sua própria vida. Num jardim do Porto há uma citação do escritor Mário Cláudio que diz “Toda a biografia é um romance”. E a de Carvalho é mesmo. Para além da que ele mesmo escreveu na sua obra Scórpio, a vida do primeiro professor universitário de língua galega é um romance apaixonante, com todos os elementos que deve ter uma boa narração: amigos e inimigos, grandes personagens, momentos inesquecíveis, amor, ódio, medo, esperança…

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Ivan Suarez

A quem vai dirigida? É um produto para fans?
O projeto desenhou-se para ser levado aos centros de ensino secundário, como primeiro achegamento da gente nova à figura de Carvalho, a qual, infelizmente, não tem (até o dia de hoje) muito espaço nos programas escolares, de jeito que muitos galegos e galegas podem facilmente concluir os seus estudos sem saberem nada dele nem da sua colossal obra. Mas a história está feita pensando em que seja um produto interessante para qualquer pessoa aficionada à bd histórica ou interessada em temas como o galeguismo, a cultura e língua da Galiza, a memória histórica, etc.

Porque a escolha de Iván Suárez para a secção gráfica?

Já conhecíamos o bom fazer de Iván por obras como a série sobre Castelão que realiza para Demo Editorial, com textos de Inacio Viariño e que vai já polo quarto título. Precisamente, a similitude entre estas obras e a que nós estávamos a desenvolver foi outras das razões que nos levou a pensar nele. Também, evidentemente a sua alta qualidade artística e a sua versatilidade.

Anunciades que vai sair de todos os jeitos: para que o crowdfunding? Que recompensas tedes?
Destinaremos os contributos dos mecenas a aumentar os nossos orçamentos para melhorarmos a qualidade de edição do livro. Originalmente o projeto está concebido para sair em formato 17 x 24 cm, encadernado em brochura. O nosso objectivo com esta campanha é conseguir fundos para editá-lo também em A4, em capa dura e, se for possível, aumentar a tiragem da edição.

Com o dinheiro recebido pagaremos também todas as despesas geradas pola campanha: comissões da plataforma e das entidades bancárias, gestão de envios e restantes despesas ocasionadas durante a produção. Desenhamos diferentes pacotes (packs) adaptados de menos a mais valor, para que toda a gente que se sentir interessada neste projeto poda dar uma ajudinha:

PACK RICARDO : 1 exemplar do livro + custos de envio (península). 20€

PACK CARVALHO: 1 exemplar do livro + custos de envio + Lâmina A5 (península). 25€

PACK CALERO: 1 exemplar do livro + custos de envio + Lâmina A4 (península). 30€

PACK LETRAS 2020: 1 exemplar do livro + custos de envio (península) + Lâmina A5 (assinada por Iván Suárez) + Lâmina A4 (assinada por Iván Suárez). 40€

PACK RICARDO 5: 5 EXEMPLARES (-5% DESCONTO) + custos de envio (península) + Lâmina A5 (assinada por Iván Suárez) 95€

PACK RICARDO 10: 10 EXEMPLARES (-10% DESCONTO) + custos de envio (península) + Lâmina A4 (assinada por Iván Suárez). 180€

Estes são os pacotes que desenhamos e incluiremos novas recompensas para todos/as os/as mecenas se conseguirmos superar as seguintes metas:

-Se chegarmos a 3000€ acrescentamos um autocolante com cada pack.

-Se chegarmos a 4000€ acrescentamos autocolante + crachá com cada pack.

-Se chegarmos a 6000€, autocolante + crachá + assinatura personalizada polos autores.

Que foi o mais interessante que descobriste sobre RCC no processo de escrita?
Descobrim cousas lindas e engraçadas, como que era um excelente intérprete de ópera e zarzuela (e que, ao parecer, por vezes, deleitava o seu alunado com a execução de uma peça durante as aulas) ou que tinha uma memória tão prodigiosa que era capaz de recitar de cor parágrafos completos em latim aprendidos na sua infância. Mas também cousas tremendas, como que não pudo conhecer a sua primeira filha até cinco anos depois de ela nascer, ou que lhe roubaram a maior parte dos seus livros e arquivos pessoais durante a guerra. Para não falar da duríssima época de miliciano na guerra civil espanhola e o seu julgamento e prisão posterior.

Penso que foi um homem que sofreu intensamente, muito embora, todos os que o conheceram coincidem em assinalar que não era dado a exteriorizar a sua dor. Isso deixava-o para escrever excelentes textos poéticos.

Como está a ser a receçom do projecto?
Bem, é ainda um bocado cedo para fazer uma valoração com certo fundamento, mas o que temos claro é que, tenha mais ou menos sucesso, esta é uma obra feita com muito amor e dedicação por uma equipa de pessoas com o objectivo de render homenagem à figura e obra de um gigante da nossa cultura que foi injustamente afastado do conhecimento público por uma intolerante e mesquinha minoria que entesourou o poder na Galiza. Pensamos que esse período escuro está a acabar e gostaríamos que esta obra servisse como contributo para acelerar dita mudança. Porque, como dizia o próprio Carvalho “o futuro deve ser rectificado”.

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