‘We are the champions’

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‘O mundial fala galego’ porque o Brasil fala português. O Neymar e o Cristiano, estrelas das equipas galegofalantes, som bem conhecidos por toda a claque galega mas poucas vezes podemos aceder à sua versom original. Os jogos de futebol, o discurso da Dilma, as mobilizações e o movimento anti-copa,… som muitas as cousas às quais poderíamos aceder sem alfándegas e portagens. Mas encontramo-nos numha situaçom que nom é eficaz, nem útil, nem justa. Acontece em muitas outras esferas do nosso dia-a-dia, temos duas portas jeitosas para abrir-nos ao mundo mas só utilizamos umha. Algo que nom fai sentido e que nos empobrece coletivamente.

Na AGAL finalizamos sempre o ano organizando umha assembleia geral em que fazemos balanço e aprovamos a estratégia para o ano a seguir. A finais de 2013 as pessoas associadas reunidos em Ponte Vedra decidimos que umha das ideias força do 2014 deveria ser tentar aproveitar os eventos desportivos que decorrerám no Brasil nos próximos anos. Já em março deste ano apresentámos e aprovámos noutra assembleia geral a campanha ‘O mundial fala galego’ em que avançávamos a palavra de ordem e as imagens que iam acompanhar a nossa mensagem.

Identificar o galego como português singulariza-nos e oferece-nos a oportunidade de ser o único país no mundo com capacidade ‘natural’ para comunicar com toda a América latina, com vários países da África e mesmo com pujantes enclaves asiáticos. Porta de entrada ‘lógica’ na Europa, porta atlántica, como sempre temos sido, criando o nosso próprio centro a partir das periferias de que podemos participar.

Mas, primeiro, é preciso encontrarmo-nos a nós próprios como coletividade. Olhar para o futuro com otimismo e a certeza das nossas forças e oportunidades. Desejando alcançar esse futuro mas sem esquecer o passado. Sem deixar atrás as aldeias e os bairros onde, alguns, mamámos a língua, mas sem ficar reféns deles. Construir a partir das realidades atuais e avançar.

Somos muitas pessoas as que temos essa vontade e quanto mais pessoal apanhar esta onda mais capacidade teremos. Queremos umha Galiza que jogue a ganhar e que jogue bonito. Que tire fora os complexos. Que saiba que ‘converter o galego em português’ só vai tornar mais galega a nossa língua, só vai reforçá-la. A língua das avós e avôs transformada em ferramenta universal, unida à outra língua (o castelhano) em que temos perfeita competência e simplesmente estudando um algo de inglês para que, como indica o título, podamos compor a nossa própria versom do: ‘We are the champions’ porque ‘Nós somos as e os campeões’.

 

NOTA:

Artigo publicado originalmente no Fest-AGAL n.º 5 (julho de 2014)

Máis de Miguel R. Penas