No Brasil, existe uma brincadeira recorrente que diz que “os brasileiros deveriam ser estudos pela NASA”, tamanha é a criatividade para inventar e reinventar-se frente às dificuldades ou situações adversas.
E a história de Fábio Cristofolini irá ilustrar muito bem essa frase. Ele trabalhou por mais de 20 anos na indústria têxtil e, insatisfeito com os rumos de sua vida (principalmente de sua saúde), largou tudo aos 37 anos e foi ser barbeiro. Hoje, ele é um dos mais renomados afiadores de facas de Portugal, atendendo renomados chefes de alta gastronomia.
Convido leitoras e leitores a conhecer um pouco dessa jornada, repleta de reviravoltas, mas, para quem conhece Cristofolini, sabe que os obstáculos foram enfrentados com muito humor e positividade.
Fábio Cristofolini trabalhou por mais de 20 anos na indústria têxtil e, insatisfeito com os rumos de sua vida (principalmente de sua saúde), largou tudo aos 37 anos e foi ser barbeiro.
Assim como muitos galegos e galegas que ganharam o mundo, esta é uma história inspiradora, que até já foi tema de artigo motivacional de Coach.
Como tudo começou
Fábio nasceu em Rio Negrinho, estado de Santa Catarina, no Sul do Brasil, uma cidade com pouco mais de 45 mil habitantes, a cerca de 270 quilômetros da capital Florianópolis.
A influência materna, da senhora Tarsila foi fundamental para despertar as habilidades manuais, pois, ela cortava cabelo, desenhava, costurava, pintava e dava aulas de pintura, fazia arranjos de flores, artesanato e muitas outras mais.
E, o pequeno Fábio, vendo tudo isso, sonhava em ser desenhista e se esforçava para desenvolver os traços e aprender a colorir.
A primeira reviravolta ocorreu aos 17 anos quando vai para Blumenau para cursar a faculdade de Educação Física. Era 1994, e como todo estudante, estava longe de casa e não tinha dinheiro para nada, precisava buscar um emprego.
Logo estava empregado em uma grande loja de roupas e, também, logo abandonou a faculdade porque os horários eram conflitantes.
De emprego em emprego no setor têxtil, o tempo foi passando, Cristofolini alcançou a gerência nacional de vendas e, conheceu o Brasil todo, viajando, visitando clientes, cidades e aeroportos.
Em 2013, 20 anos já haviam se passado e a saúde deu um alerta: estresse, sobrepeso, aviões, reuniões, aeroportos, tudo pesava. Resolveu sair e montar uma loja de produtos naturais, o que o ajudou a ter uma vida mais saudável.
Seis meses depois ele vendeu a loja e a pensar no que fazer da vida. O que eu gosto de fazer? O que quero para mim? Eram as duas perguntas que martelavam o dia todo em sua cabeça.
No meio de tanto questionamento, foi para o salão de barbeiro de sempre e pediu: “Seo Pedro, faz o mesmo corte da outra vez, que ficou muito bom!” . Mas, não desta vez, com o salão lotado e com fila de espera, o barbeiro fez tudo às pressas e “estragou o cabelo”.
Foi a “senha” para se lembrar que mãe Tarsila cortava cabelos e vendo o salão e vendo a fila que se formava, não teve dúvidas, foi procurar um amigo, proprietário de um grande salão em Blumenau, a Casa Peluqueira e este o incentivou a se aprimorar.
Aos 37 anos, estava Cristofolini estudando e pesquisando muito sobre barbearia e, de volta a Rio Negrinho, passou a cortar cabelos. E, em pouco tempo, estava de volta a Blumenau, como barbeiro na Casa Peluqueira.
A carreira de gume afiado
Constantemente precisa afiar as tesouras e, por vezes, sentiu que estavam a estragar seus instrumentos de trabalho. Foi pesquisar e estudar sobre afiação de tesouras, facas e, nesta fase, até o sushiman ajudou, ensinando e mostrando como uma faca japonesa, a yanagi, pode cortar uma folha de papel de tão afiada.
E, foi um dia de calor atípico para a região Sul, que trouxe Fábio e sua esposa para Portugal. Eles queriam um lugar bonito para as férias, mas, ao pesquisarem ficaram fascinados e resolver que queriam mesmo era ir morar lá.
O casal vendeu tudo e, em 2018, partiu para Portugal. O objetivo era ser barbeiro e também afiar algumas tesouras. Foi em um grupo barbeiros lusitanos do Facebook que conquistou seus primeiros clientes de afiação.
E, foi justamente um cliente da barbearia, um cozinheiro que trouxe as primeiras facas para Fábio e, esse fato deu um novo clique em Cristofolini. A gastronomia havia evoluído e estava cada vez mais sofisticada e o “amolador de facas” com sua bicicleta e apito, já não atendia, satisfatoriamente, esse mercado.
Depois de postar fotos e vídeos em sua conta no Instagram, começou a receber mensagens de chefes famosos como Filipe Pina, colaborador do chef José Avillez.
Em janeiro 2020, outra reviravolta, pediu demissão da barbearia para se dedicar ao seu próprio empreendimento: Afiação Cristofolini. Montou seu “atelier” em Parede, tendo três primeiros meses do ano como excelentes, com mais de 50 facas cada um. Em março, veio a pandemia e tudo fechou por alguns meses e depois foi engrenando novamente. Até um workshop de afiação foi realizado em setembro.
Em janeiro 2020, outra reviravolta, pediu demissão da barbearia para se dedicar ao seu próprio empreendimento: Afiação Cristofolini. Montou seu “atelier” em Parede, tendo três primeiros meses do ano como excelentes, com mais de 50 facas cada um. Em março, veio a pandemia e tudo fechou por alguns meses e depois foi engrenando novamente. Até um workshop de afiação foi realizado em setembro.
E o lema da empresa “Toda faca tem uma história” foi colocado à prova quando o chef Carlos Afonso, do restaurante O Frade, trouxe para afiar uma faca com mais de 100 anos. Pelas pesquisas, a faca foi fabricada nos anos 1890. Até agora, este foi o maior desafio!
Depois de tantas aventuras e reviravoltas, a Afiação Cristofolini está instalada em um local maior, mas, ainda em Parede e quando perguntado onde pretende chegar com a Afiação Cristofolini, Fábio não hesita em declarar: “Portugal é incrível, com uma gastronomia vibrante, ótimos restaurantes e muitos clientes interessados em meus serviços! Pretendo seguir aqui, afiando as facas, fazendo workshops para ensinar as técnicas para mais pessoas e, levar a vida sem atropelos”.
Com uma história de vida tão rica e repleta de mudanças de rotas e, sempre alcançando êxito no que se propõem a fazer, ninguém dúvida que a NASA precisa fazer um estudo de Cristofolini e vários outros brasileiros pelo mundo.
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