Só querer nom é nada

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Uma recomendaçom: André, de Óscar Senra Gómez

André é a terceira entrega que pecha a trilogia de Vedra iniciada por Óscar Senra Gómez em 2020. Esta série de novelas que conta com os outros dous volumes, Sete dias com Elisa e 1928km foi toda ela publicada na Através editora.

Se nom fosse por ler este André, nom estaria escrevendo estas linhas enquanto ouço a Lucinda Williams, a Carole King ou a Fiona Apple ―também elas formam parte das páginas que nós, leitoras, devoramos sem descanso até o final―. Nom estaria pensando em como e que contar duma história que quicais nom seja a mesma que a tua. Ninguém me acusou pero confesso que o primeiro dos livros, o cal comprara simplesmente por ver no título o nome duma querida amiga mais o meu, leva sem ser lido nos meus andeis alguns anos e com o segundo ainda nom me pudem fazer assim que… efetivamente: comecei a ler polo final! Mas… é que a ordem estabelecida nom está para ir contra dela?

Elisa, Amália, Enar, Sabela, Lilja e o próprio André passeiam por estas folhas buscando o mundo-reverso. E nós detrás delus, buscando-ês quiçá num lugar no que simplesmente nom afoguem. Onde podam permitir-se cair. Um espaço na ficçom, na mentira que salva, na memória da sua invençom que ês deixe perguntar-se polo passado que ês persegue. Há 50 anos atrás que “o tempo corre em paralelo na Galiza e na Noruega” (deste jeito vem formulado na sinopse do livro) sem deixar-lhes descanso a nenhume.

«Perguntar é dar o passo mais difícil, ainda mais do que responder».

As cicatrizes, ainda que efémeras, permanecem. Por isso nesta ocasiom encontramos personagens marcadas e despraçadas dalguma maneira (mantenhem relaçons nom hetero- normativas, som divorciadas, abordam ―desbordam― a saúde mental, som velhas e crianças as que tenhem voz…). Nom se trata de perdedories mas de doentes que ante a violência do (in)humano só lhes resta uma resistência continuada. Há neste romance personagens que buscam outros jeitos de existir procurando uma identidade própria, tendo de confiar na vida. Temendo-a. Como nom identificar-nos?

Só querer nom é nada. Os afetos deveriam estender-se no tempo como o fai a dor. É que nom há responsabilidades no sucedido? Esta pergunta, o passo difícil, é a que se trata de resolver. Nom é um caminho fácil mas em todas partes se pode sentir a intuiçom duma sublevaçom. Essa chamada é a que nos move para decidir entre a razom ou a sensibilidade, a injustiça ou a falta dela… Nom é um vieiro singelo, mas é o feito de caminhar aquilo que necessitamos.

Habitar-nos em nós e nês que nos cuidam. Superar as relaçons conflitivas, involuntárias. Deixar de lado o ideal do silêncio, o território intermédio, tam de trânsito como incerto. Eu também junto no parágrafo os nada, nunca e ninguém. Nunca, nada, ninguém poderá achegar-che uma história do melhor jeito se nom és ti quem a vive. Por isso, convido-te a ti que me lês agora a descobrir os feitos que agitam à família Fredberg na entretida escrita do autor.

Sejamos livres com os livros!

Máis de Elisa Nieves Barreiro