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Miguel Rios, professor de biologia

PGL – Miguel Rios é professor de biologia e mágico que mostra os seus alunos e alunos o que outros escondem. Estuda na EOI porque auto-aprendizagem não chega. Descobriu que a nossa língua éMundial na ribeira minhota e espera para 2020 que a aprendizagem da nossa língua continue avante.

Miguel Rios é professor de biologia e usa materiais em português nas suas aulas. Como é a receção dos mesmos?

Costumamos usar vídeos, alguns textos de divulgação científica e qualquer outro material complementar oportuno no que qualificamos e descrevemos de materiais em galego internacional. Os e as estudantes reagem com a espontaneidade de quem está a descobrir mais uma outra possibilidade de fazer rendível conhecimentos que já possui, de tirar proveito relevante ao já sabido. Em geral, gostam muito do sotaque brasileiro e as dificuldades compreensivas são escassas. Para elas e eles lerem sem demora, utilizamos o material da campanha para incentivar a leitura que ofereceu o Concelho de Santiago em 2007: “Aprende em 25 segundos a ler em português”.

Tens organizado viagens no teu centro, o IES Rosalia, para que os alunos e alunas visitem Portugal. Estás satisfeito da experiência?

Em verdade fiquei comprometido na organização de viagens ao norte de Portugal −Porto, Braga e mesmo Guimarães− na minha atividade passada com a Coordenadora de Equipas de Normalização Linguística de Ferrolterra, CENLF, onde sempre fomos sabedores da necessidade de abrir caminhos para os nossos discentes experimentarem ao vivo a realidade de um idioma usado socialmente sem interferências maciças com o castelhano como cá acontece com o galego. Desde 2005 a CENLF tem arranjado excursões anuais coa presença de estudantes de até nove centros de ensino de Ferrol, Fene, Neda, Cedeira, Narão, Mugardos… Em 2008 somamos um grupinho de alunos do IES Rosalia. Desde essa altura ficamos com a obriga de arrumar empreendimentos deste teor com os nossos alunos e alunas de Compostela. Aliás, a CENLF está a ativar continuamente desempenhos que impulsionem a oralidade: Percursos falados, Espaços para falar, Com a língua de excursão / Imos para Porto… e as vagas em autocarro das viagens a Portugal são as mais requeridas.

Quando um aluno, uma aluna sai do sistema educativo obrigatório sabe que a sua língua émundial?

Infelizmente não, apenas uma minoria muito pequenina atinge o tal conhecimento. No espaço educativo o cliché de língua autonómica, periférica, familiar, folclórica, rural, minoritária… sobranceia por cima de qualquer outra ponderação. Levamos lustros e decénios de normalização e desempenho segregacionista…, os resultados estão às vistas. Eis uma urgência que o nosso sistema escolar deve defrontar, levar aos meninos, aos jovens o facto e a mensagem de possuirmos uma língua planetária.

Quais seriam as melhores vias para os utentes do ensino secundário conectar com a internacionalidade da sua língua?

Tenho para mim que, sem excluirmos outras possíveis veredas e opções, o caminho certo mais imediato seria o da inclusão nos programas de Língua Galega de unidades básicas de aprendizado de português para os estudantes tanto de primária como de secundária. A cumplicidade, conivência e capacitação dos profissionais da língua de nosso tem de ser imprescindível. Assim, o uso de materiais didáticos em galego internacional pelo professorado de outras matérias correria com mais fluidez.

 

“O caminho certo mais imediato seria o da inclusão nos programas de Língua Galega de unidades básicas de aprendizado de português para os estudantes tanto de primária como de secundária”

 

Miguel Rios é aluno de português na EOI de Compostela. Relata-nos a tua experiência e a tua motivação.

É muito necessário, para os que trabalhamos no ensino, dominar com primazia a língua oral mas também a escrita do idioma veicular com que damos aulas. Tudo isso foi o que procurei e resolvi na EOI. A auto-aprendizagem funciona mais melhor com apoios e suporte técnico-profissional; eis o que achei na Escola de Línguas: precisão metodológica, estudo coletivo com a turma toda e um ambiente de camaradagem impagável.

Como foi o teu contacto com a estratégia luso-brasileira para a língua?

Em dezembro de 2005 fizemos um percurso turístico por toda a ribeira minhota, deslocando-nos devagarinho pelas vilas mais sobranceiras: Melgaço, Monção, Vila Nova de Cerveira… Enquanto ouvimos conversar as pessoas nos mercados, baiucas e restaurantes, concluímos que falavam um galego invejável, sem buenos, malos nem peros, quer dizer, sem interferência castrapizante nenhuma. Foi uma verificação in situ frente a toda discussão filologista. Definitivamente para mim, o galego faz parte do português e, ao invés, o português faz parte do galego. Estratégias de convergência são as que cumpre ajustar e nunca mais caminhos de divergência segregacionista. O papel da AGAL e de todo o movimento social reintegracionista é um alicerce vital para todos aqueles que estamos a adequar a nossa atividade pessoal e docente à realidade desvendada.

Por onde achas que deveríamos transitar os promotores desta estratégia para avançar na centralidade social?

Eu sou dos que −quando menos nesta conjuntura favorável, ao estar o Brasil em primeira linha mundial dos interesses económicos, desportivos e culturais− acho necessário tanger o sino e mais missar por enquanto: todas as vias encetadas pela AGAL são muito corretas e imprescindíveis, mais não seria de desaprovar a possibilidade de incidir na trilha da reforma na norma oficial para mais nos aproximar aos territórios da lusofonia. Abrir conversas com todo tipo de entidades ligadas à língua para pulsar o seu parecer nos tempos de hoje, eis a minha proposição.

Por que te tornaste sócio da AGAL? Que esperas da associação?

Primeiramente para dar o meu reconhecimento à sua trajetória e ao seu trabalho atual, que acrescenta uma benfazeja transversalidade social. A seguir entendo que os associados temos de fazer parte dos seus projetos na medida em que pudermos.

Imagina a Galiza no ano 2020. Como gostarias que fosse a “fotografia linguística” da Galiza em 2020?

Não sei de galeg@ nenhum@ que não domine o castelhano com fluência bem acaída; também sei de muit@s galeg@s que são, ainda em contextos educativos ou académicos, afásicos e iletrados a tempo completo respeito do galego mais elementar, bem por ação, bem por omissão. Gostaria que para o 2020 a aprendizagem e o desasnamento fossem avante, sem recuo, porquanto o galego não é inútil, o galego não é só local, autonómico ou folclórico: o galego é tão lindo… ó é tão lindo, ó é tão lindo… cham!-cham!… ó é tão lindo, ó é tão lindo… que inclusivamente é mundial e até planetário.

 

Conhecendo o Miguel Rios:


 

Um sítio web: https://www.pgl.gal/

Um invento: O cozinhado dos alimentos.

Uma música: Filhos da madrugada & Natal dos simples

Um livro: Os irmãos Karamazov.

Um facto histórico: A resistência antifranquista ou qualquer uma resistência popular e nacional face à opressão.

Um prato na mesa: Tacho com água a ferver, o sal que convir, folha de loureiro e camarões nacionais. Cinco minutos a cozinhar e servir com uns goles de alvarinho.

Um desporto: Corrida a pé.

Um filme: Simão do deserto (Buñuel) [http://www.youtube.com/watch?v=3WZyY_pVLpY] & O Encouraçado Potemkin (Eisenstein) [https://www.youtube.com/watch?v=3i9FkLOac9s]

Uma maravilha: O fabrico de matéria orgânica a partir da matéria inorgânica por seres vivos autotróficos.

Além de galego/a: Filho das madrugadas todas.

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