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Os aPorto

Leio no PGL que ainda está aberto o prazo para quem se quiser inscrever nos aPorto, os cursos de português na Cidade Invicta. Esta atividade, na minha opinião, uma das mais interessantes e abrangentes que organiza a AGAL, têm-se tornado, ao longo dos anos, um grande sucesso. São já onze edições de uma ideia feliz que combina cultura com lazer, o estudo de uma língua (no nosso caso, da própria, embora com outro sotaque) e uma maneira inteligente de fazer turismo.

O meu entusiasmo pelos aPorto talvez se deva a que já fui aluno nada mais nada menos que em três ocasiões. Ou, pensando bem, se calhar a minha reincidência veio precisamente desse alegado entusiasmo. Deixo para o julgamento de cada um se nasceu primeiro o ovo ou a galinha… Seja como for, não há dúvida de que, ao menos, o meu ponto de vista está sustentado pela experiência.

O meu entusiasmo pelos aPorto talvez se deva a que já fui aluno nada mais nada menos que em três ocasiões.

Na primeira vez que assisti aos aPorto, em 2010, os cursos nem sequer se chamavam assim. Naqueles primórdios (teríamos, portanto, de acrescentar uma edição “zero” às onze mencionadas), as aulas eram lecionadas de manhã numa academia que ficava perto do mercado do Bolhão. Naquela altura, juntámo-nos, por acaso, uma dúzia de jovens, mais ou menos da mesma idade, com umas ideias sobre a Galiza e o galego muito parecidas (isto último surpreendeu-me menos: onde ia encontrar espíritos afins senão num curso em Portugal organizado pela AGAL…?). Tirei muito proveito daquelas aulas, mas é necessário dizer que as nossas professoras fizeram também uma importante descoberta: espanhóis (“tá bem, galegos”) que não se comportavam nem falavam como os típicos turistas. As tardes eram dedicadas a visitar a cidade, com o privilégio de podermos interagir com os portuenses na nossa língua comum, e de termos, no Xosé Antón e na Maria, uns magníficos cicerones.

As tardes eram dedicadas a visitar a cidade, com o privilégio de podermos interagir com os portuenses na nossa língua comum, e de termos, no Xosé Antón e na Maria, uns magníficos cicerones.

Na seguinte edição, as aulas já passaram à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, através do protocolo assinado com a AGAL. Quanto a mim, ainda que tinha ficado com vontade de repetir outra vez, demorei vários anos a inscrever-me de novo. Só quando soube da existência do “aPorto noturno”, em 2019, é que decidi experimentar o novo formato. Descobri que aquele grupo reduzido e homogéneo, do qual eu fizera parte quase dez anos atrás, se tornara um conjunto mais extenso e variado de pessoas (organizadas em turmas diferentes, claro), até chegar, acho, aos 90 participantes na última edição. Ora, todas continuávamos a partilhar a paixão pela língua e essa atração que exerce a cidade do Porto, mormente, sobre quem a olha como própria. De facto, sempre digo que se trata da maior urbe da Galiza. E embora concorde com quem opine que Lisboa é mais bonita, sempre acrescento, no final: “mas eu prefiro Porto”.

Teria de me estender muito mais para lembrar todas as pessoas envolvidas e explicar as atividades que realizámos. Só vou mencionar (e peço desculpa ao resto), em primeiro lugar, o Rui Spranger, porque é um luxo contar com um grande ator, toda uma instituição no Porto, como professor de fonética. E não posso esquecer, claro, os irmãos Mendes, o António e o Carlos, organizadores, guias, fontes de sabedoria e de bom humor. Entre todas as atividades, penso que a favorita da gente é sempre o jantar africano na casa da Filomena; simplesmente espetacular! Bom, gostámos tanto, que eu e a minha companheira regressámos na seguinte edição, que demorou dous anos a acontecer por causa da pandemia.

Só vou mencionar (e peço desculpa ao resto), em primeiro lugar, o Rui Spranger, porque é um luxo contar com um grande ator, toda uma instituição no Porto, como professor de fonética.

Termino esta crónica, não podia ser de outra maneira, animando a participar nos aPorto. Quem se decidir a fazê-lo vai aprender português, visitar Porto de uma forma diferente e conhecer pessoas interessantes, com certeza.

Finalmente, gostaria de dizer também que, graças à AGAL, há muito tempo que vejo com total normalidade que do outro lado da fronteira do Minho se fale na nossa língua, de igual maneira que um argentino não se admira ao ouvir falar espanhol em Chile. Acho que deveria ser a atitude natural no resto de galegos e galegas. O reintegracionismo trabalha nisso, com muitos entraves, é evidente. Mas não posso evitar pensar que, nesse sentido, (estou a lembrar o título do livro Falar a ganhar, da Através), ocorra o que ocorrer, eu já ganhei.

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