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Fernando Corredoira:”O ‘101 falares com jeito’ serve para se ir libertando da influência furtiva e destrutiva da língua dominante”

A Através Editora vem de lançar umha segunda ediçom dum dos manuais imprescindíveis, lançado originariamente como conteúdos independentes a modo de pilulas neste Portal, e compilado e editado em papel em 2013.

Com motivo desta segunda ediçom, falamos com o autor, Fernando Corredoira.
101 falares com jeito nasce de uma secção que alimentavas no velho PGL. Que te motivou a criar os falares com jeito iniciais?

charo lopes

A ideia partiu de um pedido ou uma sugestão de quem na altura dirigia o Portal Galego da Língua, Vítor Lourenço. O motivo pessoal decorre do desejo de partilhar com a nossa gente o que andava eu a aprender.

Havendo um celeiro imenso de interferências, quais foram os teus critérios para fazer a seleção.

Um celeiro bem atulhado de interferências, sim! Mas eu estava sobretudo interessado nas interferências furtivas. E, entre estas, o critério foi a frequência de uso. Escolhim de preferência vocábulos ou locuções de uso frequente entre nós cujo sentido é decalcado da língua secularmente dominante ou hegemónica na Galiza, o castelhano. Pensei, aliás, seria tão fácil substituirmos esses decalques sub-reptícios! Bastaria reparar e ter um mínimo de curiosidade e interesse.

Escolhim de preferência vocábulos ou locuções de uso frequente entre nós cujo sentido é decalcado da língua secularmente dominante ou hegemónica na Galiza, o castelhano. Pensei, aliás, seria tão fácil substituirmos esses decalques sub-reptícios!

No prólogo afirmas: os campos lexicais e semânticos que sofreram de forma mais acentuada a invasão castelhana (eclesiástico, legal, educativo, científico, comercial, industrial, técnico e mediático) recobrem exatamente as áreas da vida social das quais o galego (quer dizer, as pessoas que falavam galego) foi excluído ou nem chegou a participar. Esta invasão acabou por atingir tal intensidade que «nalguns casos os galego-falantes espontâneos são incapazes de reconhecer algumas palavras tradicionais como galegas, e consideram o castelhanismo substituto como autenticamente galego.» Este prólogo tem vigência 12 anos depois?

Tem, sim. Infelizmente, tem. Gostaria de dizer que não, mas não me parece que o processo de degradação da nossa língua (na Galiza) tenha abrandado nem mudado de rumo (continuamos com a antenas viradas para a hispanofonia). E não me refiro apenas à língua dos idolatrados «falantes espontâneos».

No mesmo prólogo indicas: O castelhano não se limita a interferir diretamente sobre o galego, atua também como uma verdadeira alfândega linguística. As ferramentas em volta da Internet podem acentuar ou contornar esta dinâmica?

Diria que é uma arma de dois gumes. Se, por um lado, reforça a língua dominante, por outro, dá-nos os meios para galgar o muro erguido entre nós e os países onde a nossa língua é normal ou nacional.

A quem poderia interessar um livro como o 101 Falares com jeito?
Interessará provavelmente a quem estiver insatisfeita/o com a qualidade da língua em uso e sentir o desejo de se ir libertando da influência furtiva e destrutiva da língua dominante.

Soubemos que sofres pressões dos teus editores para um livro mais ambicioso. Acabarão por te torcer o braço?
Acabarão, provavelmente. Anda-se nisso.

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