Aventar o temor: cinco corujas, de Susana Arins com ilustrações de Andrea López

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Que recordas da tua infância? Da minha, eu nom lembro muito mais que a estranha sensaçom que permanentemente me acompanhava. Estava comigo o tempo todo e nom era mais que um gram silêncio. Nom me acordo tampouco se alguém alguma vez me perguntou polos superpoderes. Qual queria eligir. Nom sei. Quicais o de vencer os baleiros duma vida. Aventar o medo do esquecimento, o temor da non-identidade. Se calhar, o superpoder de ser quem de fazer o que Susana Sanches Arins em Cincocorujas(Através Editora, 2023).

Como estas cinco corujas, gostaria de aprender a “arte do voo”. Fazê-lo com alguém mais que nom seja a soidade da criança que fum (que sigo sendo). Buscar a panorâmica exata, duvidar, temer a caída e o ancoramento pero ter sempre aonde voltar. Um ninho reconhecível que me acobilhe.

Como estas cinco corujas, gostaria de aprender a “arte do voo”. Fazê-lo com alguém mais que nom seja a soidade da criança que fum (que sigo sendo). Buscar a panorâmica exata, duvidar, temer a caída e o ancoramento pero ter sempre aonde voltar. Um ninho reconhecível que me acobilhe.

As cinco corujas deste livro, de género híbrido, som três pícaras e dous meninhos. Conhecemos ao Inhaki, à Irene, ao Xurxo, à Carmela e, por suposto, à Susana que anda polo meio do que conta. Como a fotógrafa Margaret Bourke-White. Profundamos nessa sua etapa de descobrimento e crescimento que sucede na aldeia-ninho. No fogar. Som as filhas do maestro as que, por nom ter, nom tinham nem víboras. As que nom queriam ficar à baliza porque daquela haveria que suportar os furos e a raiva dos golos. Som estas as cinco corujas que queriam adiantar a vida que ia ser no dia que se seguia, as que se viam atingidas sempre polo abandono em forma de silvalhada.

Asrecordaçõesfamiliaresrebentamquandosomosaguilhoadasaí,nesseponto que nunca sabemos qual é, mas que de súbito, prói”.

Da mão de Susana compreendemos a importância do saber. Saber quem fomos para conhecer o que somos. Saber que nom há inocência possível quando se trata do abuso. Saber o relevante que som a memória, os medos, mas também o incomodar. Deixamo-nos levar polas anedotas desta família de aves noturnas, as referências à sociedade do seu tempo e recordamos.

Nom lembro o berço. Mas estou certa agora de que podo retornar aqui. Às Cincocorujas, à irmá paxaro de Tamara Andrés (Cuarto de inverno, 2020). Duas obras que som ninho, que se conetam pola formaçom da geografia própria, da familiar; que mostram as relaçons da irmandade alimentada e acarinhada quando há a ausência. Com o cuidado e a elegância das ilustraçons de Andrea López, por uma banda, e de María Montes, pola outra; corujas e irmãs páxaro conduzem a uma única resposta possível se alguém me formular A pergunta: eligiria o superpoder do voo literário, para conectar histórias e salvar(-nos) a distância.

Poder ser(-mos) sempre livre com os livros.

Máis de Elisa Nieves Barreiro