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Álvaro Vieira Pinto e a educação popular no Brasil (documentário da série ‘Grandes Educadores’)

Continuando com a série dedicada a grandes educadores, esta vez quero dar a conhecer a uma figura do Brasil, infelizmente pouco conhecida fora de seu país, mas que foi muito importante no seu labor a favor da educação popular, da educação de adultos e da melhora da universidade e de seus docentes. Foi ademais um destacado filósofo da educação.

ALVARO VIEIRA PINTO FotoÁlvaro Vieira Pinto nasceu em Campos (RJ), no dia 11 de novembro de 1909. Formado em medicina em 1932, pela Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, em 1934 ingressou na Ação Integralista Brasileira (AIB), organização liderada por Plínio Salgado. No campo profissional, dedicou-se aos estudos e pesquisas laboratoriais. Paralelamente, completou os cursos de física e matemática na Universidade do Distrito Federal (UDF). Alceu Amoroso Lima, então reitor da UDF, indicou-o para ensinar lógica matemática, disciplina pela primeira fez oferecida no país. Mais tarde, passou a lecionar lógica na Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) da Universidade do Brasil. Em 1941, tornou-se colaborador da revista Cultura Política, publicação que reuniu os mais expressivos intelectuais do Estado Novo, assinando a coluna “Estudos e pesquisas científicas”.

Após passar um ano estudando na Sorbonne, em Paris, retornou ao Brasil em 1950, assumindo então a cadeira de titular de história da filosofia da FNFi, disciplina que ministrava há vários anos, na qualidade de professor assistente. Em meados de 1951, afastou-se da pesquisa médica, à qual se dedicara praticamente desde a sua formatura, para se dedicar exclusivamente ao ensino e ao estudo da filosofia. Em 1955, a convite de Roland Corbisier, tornou-se chefe do Departamento de Filosofia do recém-criado Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), organizado no âmbito do Ministério da Educação e Cultura. Na chefia do Departamento de Filosofia do instituto, lançou a coleção “Textos de Filosofia Contemporânea do ISEB” e publicou Consciência e realidade nacional, considerada sua obra filosófica mais sólida. Em 1962, assumiu a direção executiva do ISEB, tendo de enfrentar uma difícil situação financeira e uma permanente campanha difamatória movida pela imprensa conservadora, tendo à frente o jornal O Globo. A oposição ao ISEB tinha como motor o comprometimento do instituto com as reformas de base defendidas pelo governo do presidente João Goulart (1961-1964).

Com o golpe militar que derrubou Goulart (31/03/1964) e a repressão desencadeada a seguir, a sede do ISEB foi invadida e em 13 de abril os militares decretaram a extinção do instituto. Cassado pelo Ato Institucional nº 1 (AI-1), Álvaro Vieira Pinto se refugiou no interior de Minas Gerais e depois partiu para o exílio, primeiro na Jugoslávia e depois no Chile, onde trabalhou como pesquisador e professor no Centro Latino-Americano de Demografia, órgão ligado à Organização das Nações Unidas. Em dezembro de 1968, às vésperas da edição do AI-5, que marcou o endurecimento do regime militar, voltou ao Brasil. Nos anos 1970, traduziu obras de autores consagrados como Arnold Toynbee, Georg Lukács, Noam Chomsky e Claude Lévy-Strauss, para a Editora Vozes, assinando sob diferentes pseudónimos. Em 1982, foi publicado seu livro Sete lições sobre educação de adultos, originalmente anotações de aulas ministradas no Chile, em 1966. Álvaro Vieira Pinto faleceu no Rio de Janeiro no dia 11 de junho de 1987.

Podemos aproveitar também o presente depoimento para comemorar o Dia Internacional da Caridade, que se celebra em muitos lugares do mundo a 5 de setembro de cada ano, proclamado pela ONU em 2012.

FICHA TÉCNICA DO DOCUMENTÁRIO:

  • ALVARO VIEIRA PINTO Capa DVD0Título original: Álvaro Vieira Pinto.
  • Produtora: Atta Mídia e Educação (Brasil, 2011, 47 min., a cores e a preto e branco, documentário).
  • Editora: Paulus Editora. Coleção: Grandes Educadores.
  • Roteiro e Apresentação: Marcos Cezar de Freitas. Professor livre-docente do Departamento de Educação da Universidade Federal de São Paulo e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Coordena o Programa de Pós-Graduação Educação e Saúde na Infância e na Adolescência – UNIFESP.
  • Argumento: Álvaro Vieira Pinto é certamente uma das figuras marcantes do pensamento brasileiro do século XX. Filósofo de rara erudição, seu trabalho foi pautado pelo incômodo com o subdesenvolvimento e com a “naturalidade” com que as pessoas viam a ordem vigente. Foi autor de inúmeras obras (muitas delas desaparecidas) e conceitos fundamentais para a educação brasileira que tiveram impacto na produção intelectual de grandes educadores, entre eles a de Paulo Freire. Neste programa, o professor Marcos Cezar de Freitas analisa sua trajetória, suas contribuições e impasses.
  • Conteúdos do documentário: Infância no Rio de Janeiro; A influência do modernismo; Educação Popular e democracia; Faculdade Nacional de Filosofia; Década 50 conhecer o país “de perto”; Educação Popular e desenvolvimento económico; ISEB e existencialismo europeu; Consciência e realidade nacional; Ditadura e exílio; A relação com Paulo Freire; A manualidade, trabalho elaborado e alfabetismo; População pobre, Ciência e existência, Tecnologia Social.

O PENSAMENTO PEDAGÓGICO DE VIEIRA PINTO:

Por considerá-lo muito acertado, tenho a bem reproduzir um treito do depoimento escrito pelo professor brasileiro Silvano Severino Dias, dedicado à filosofia educativa de Vieira Pinto.

A educação, para Vieira Pinto, por ser constituída de intencionalidades, deve ser pensada a partir de uma conceção prévia de homem. A compreensão da realidade está, intrinsecamente, relacionada com o posicionamento, com os valores de uma consciência que uma determinada sociedade ou grupo social expressa. Assim, uma consciência aberta, tendida a uma realidade, assume ou não os valores de um grupo e da sociedade da qual participa. Vieira Pinto concebe o homem a partir dos aspetos da história natural e os da história do homem, enquanto produtor de cultura. A característica da história natural assume uma dinâmica “evolutiva” do ser vivo, que constitui o desenvolvimento do homem, enquanto ser cultural. O homem, ao realizar uma atividade produtiva, cria a cultura. O processo de criação da cultura suprassumiu o evolutivo. Disso decorre que a linguagem, os instrumentos de trabalho, as normas criadas pelos homens, identifica-os como ser cultural. É o humano-social em suas relações consigo mesmo, com os outros e com a natureza, quem produz a cultura. Para Vieira Pinto, a construção da cultura pela ação do homem implicou também a reconstrução desse homem, uma vez que ele, ao ser criador de cultura, cria, simultaneamente, a si mesmo e insere, no legado do processo cultural, outra forma de ser e estar no mundo. O homem é tanto um ser produto da cultura quanto um produtor de sua existência e dos seus meios de sobrevivência para si e para a geração futura. Pela ação produtiva, o homem se origina enquanto ser homem, ou seja, o trabalho é a atividade mediadora entre o mundo e a sua existência no âmbito do mundo cultural. Ao criar a cultura o homem cria a linguagem, a qual constitui o veículo mediador de comunicação do sujeito e o objeto, do homem com os outros e, por fim, dele com a realidade social. O ato de agir sobre o mundo possibilita ao homem desenvolver e ampliar a sua capacidade cognitiva e criativa.

Na dinâmica de uma sociedade determinada, Vieira Pinto diz que tudo está para ser feito. O homem, para ele, então, é aquele que se encontra determinado pelas condições culturais, económicas e existenciais da sua realidade. O trabalho constitui o ser desse homem, amplia a sua perceção da realidade existencial, forma a sua consciência e, consequentemente, promove, no ser deste homem-em-situação, a necessidade, as aspirações de criar uma situação de uma condição melhor de vida. É desses homens (massas populares) que se origina a ideologia do desenvolvimento nacional. Assim, pensar o homem é pensá-lo a partir de sua condição existencial real.

Escola popular e pública
Escola popular e pública

Daí decorre que o homem, para Vieira Pinto, deve ser entendido como um ser-em-situação. Esta expressão exprime o ser do homem como algo que se confunde com o meio e o trabalho. Contrário a isso, a consciência ingénua, que elaborava a representação da realidade e não a captava em sua objetividade, concebia o homem, também, de forma abstrata, idealizada. A educação, por ser uma atividade essencialmente humana, deve compreender o homem como ser concreto, social, existencial. Assim, a educação, para Vieira Pinto, é vista como sendo produto das relações do homem com o seu meio social concreto. É dessa relação social que emergem os desafios e os saberes a serem apreendidos e aprendidos pelos membros da sociedade. Vieira Pinto apontou-nos que o entendimento acerca do desenvolvimento nacional não se processa em separado à consciência do homem, visto que essa acompanha o processo de formação da consciência da realidade em que vive. Para tanto, antes de anunciarmos os parâmetros do desenvolvimento nacional autónomo, precisamos primeiramente, discutir que tipo de homem deve-se formar. É nesse sentido, que a questão educacional não pode proceder de forma abstrata, imprecisa, genérica, descolada do contexto histórico-social e existencial do educando. Processando-se assim, Vieira Pinto a compreende como estando assentada no plano do pensar da consciência ingénua, por essa reduzir os males da sociedade aos defeitos da instrução. A educação que se processa dessa maneira, para Vieira Pinto, precisa superar o seu caráter abstrato, pois está desvinculada do contexto histórico existencial, e elitista. Ao pensarmos na educação, devemos antes de qualquer coisa compreendê-la a partir da conceção de homem que devemos formar. O conteúdo dessa educação deve emergir das condições materiais e existenciais das massas populares, bem como a ideologia do desenvolvimento nacional deve ser expressão e fenómeno das massas populares.

Diante das transformações ocorridas no nível do desenvolvimento económico, ocorreu um aumento de indivíduos interessados a ingressar “na área culturalmente iluminada da nossa sociedade”. Estes fatos possibilitaram ao educando não se restringir às suas ações ao nível da consciência privada, mas transcendê-la ao nível da consciência social. Pois, a solução para os seus problemas encontra-se na estrutura do Estado. Com essa mudança de comportamento das massas populares, estaremos diante de uma representação transformadora da realidade e da existência humana. Assim, a ideologia que daí emerge se constituirá em uma representação da realidade que transcende o âmbito da consciência privada em direção à consciência social.

Em suma: Vieira Pinto, ao anunciar a questão do desenvolvimento nacional, disse que essa não se processa separadamente do processo educacional, mas este a acompanha simultaneamente. Evidenciar a questão educacional em Álvaro Vieira é concebê-la como totalidade, objetividade, concreticidade e historicidade que se realizam tanto no processo do desenvolvimento nacional, o qual visa a autonomia tanto da nação, em relação aos países centrais, quanto à consciência dos homens que lutam em prol dessa possibilidade.

A conceção crítica de educação conduz à mudança da situação do homem e da realidade à qual pertence, uma vez que ela possui uma tarefa eminentemente social no sentido de que nada está isento dela e, por outro lado, pelo fato dela se processar ao longo de toda a vida do indivíduo.

Por isso, para Vieira Pinto, o ato de educar para o desenvolvimento não se reduz à transmissão de conteúdos particulares de conhecimento, nem tampouco o ensino de determinadas matérias; é muito mais do que isto, pois trata-se de preparar o educando para um novo modo de pensar e de sentir a existência em face das condições nacionais com que se defronta; é dar-lhe a consciência de sua constante relação com um país que precisa do seu trabalho pessoal para modificar o estado de atraso; é fazê-lo receber tudo quanto lhe é ensinado por um novo ângulo de perceção, o de que todo o seu saber deve contribuir para o empenho coletivo de transformação da realidade.

AS SUAS FRASES EDUCATIVAS:

Porque as considero muito significativa de seu pensamento, apresento uma coletânea das frases e opiniões de Vieira:

“O aluno, ao iniciar a escola primária, e tão somente por isso, já está habilitado a ingressar um dia na universidade”.

“…todos os alunos estão destinados aos graus superiores do ensino…a universidade tem de ser dos ainda analfabetos…os analfabetos atuais precisam ser os alunos da universidade futura”.

“Em todas estas instâncias, o corpo discente precisa estar representado por um número de delegados igual ao dos docentes, com mesma dignidade e idêntico poder de decisão pelo voto…”

“A luta estudantil deve realmente incentivar o ensino tecnológico e a integração dos centros de investigação científico-naturais que se caracterizem por sua real eficácia, e não sejam, como alguns são simples vazadouros dos dinheiros públicos”.

SOBRE A UNIVERSIDADE:

Treitos tirados da sua obra A questão da Universidade:

“A classe professoral possui real homogeneidade quando analisamos nos seus comportamentos globais. Contudo, isso não significa não haver no corpo docente, ao sabor das circunstâncias, certo agrupamento momentâneo de indivíduos, que desempenham o papel de “esquerda” em determinado problema ou em dada reunião da congregação ou dos conselhos técnicos e universitários. Ao lado desta “esquerda” eventual, relativa e variável, devemos contar um número extremamente reduzido de verdadeiros homens de esquerda, por convicções ideológicas, mas estes são tão poucos, que praticamente só há que contar com a esquerda ocasional, formada por elementos que, por esta ou aquela razão, tomam, no momento, atitudes contrárias às direções das faculdades e das reitorias, e desempenham, na maior parte dos casos, papel progressista com essa simples resistência ou reclamação. Não se confunde este efêmero comportamento com a nítida atitude progressista, contudo seu valor não é nulo…”.

“O processo de escolha do professor não se destina a escolher um novo professor, mas justamente a escolher o mesmo professor, na pessoa de outro indivíduo. O novo professor não é um sucessor, mas uma duplicata”.

“A universidade monta todo um sistema defensivo e opressivo para impedir a entrada nos seus augustos recintos não só de docentes não comprometidos com os grupos dirigentes, mas sobretudo da grande massa de postulantes estudantis, cuja força viria impor decisivas alterações de estrutura”.

“Tudo se faz no sentido de excluir o candidato que, acaso vencedor nos supostos concursos para a docência e para a cátedra, viesse a imprimir novos rumos ao ensino, denunciar os males da alienação cultural reinante, instalar novo estilo de estudo, difundir novas ideias, progressistas, voltadas para o exame dos reais problemas do país, exprimindo os interesses de outra classe, diferente daquela que monopoliza a universidade”.

“Diríamos que a “esquerda” professoral se compõe das seguintes espécies numa escala de infinitos matizes: o frustrado, o ressentido; o brigado com o diretor; o tipo vulgarmente conhecido como “espírito de porco”; o indeciso, que no momento e sem motivo definido vota com um colega de “esquerda”; o que se declara homem de “esquerda” da boca para fora; o bajulador do aluno; o populista; o “revoltado com o atual estado de coisas”; o preguiçoso; o retardatário; o faltoso, que racionaliza a sua posição pela crítica à universidade; e finalmente, o homem de esquerda ideologicamente autêntico”.

“Voltada para as elites, que julga deve sempre aprimorar, pois é delas que o país necessita – “os melhores médicos”, “os melhores engenheiros”, os “melhores doutores em geral” – a universidade passa a ser um processo de destilação intelectual, destinado a produzir ao final de laboriosíssimas manipulações aquele “spiritus sapientiae”, de que o Brasil precisa urgentemente e sem o qual será um país perdido…Se o povo ingressa em parte mínima no pátio das faculdades, o que há de fazer, é transformá-lo em elite. Melhor seria que não entrasse, esmeram-se os catedráticos em proclamar nas suas aulas a teoria dos valores supremos e em deixar claro que esses não são os do povo, que “não tem valor”, mas os dos intelectuais, em que os neófitos da elite se devem converter. A universidade, entre suas inúmeras alienações, padece desta, a mais grave de todas, o horror ao povo…”.

“O que o PROFESSOR BUROCRATA, medíocre, displicente, sabe e ensina, não reforma, mas conserva a universidade”.

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR:

Depois de ver o documentário, organizar um debate-papo ou tertúlia, sobre os diferentes aspetos que sobre a figura de Álvaro Vieira Pinto aparecem no mesmo. Refletir sobre o seu pensamento educativo e comentar as suas opiniões sobre a educação popular, a educação de adultos, a universidade e o labor dos docentes na sociedade.

Elaborar uma monografia, procurando informações em livros e na internet, sobre Vieira Pinto, educador pouco conhecido fora do Brasil, as suas ideias pedagógicas e o seu pensamento educativo. Com desenhos, textos, cartazes e materiais elaborados, poderia-se organizar nas escolas uma exposição dedicada a ele.

Escolher uma, para lê-la entre todos, das obras básicas escritas por Vieira Pinto, publicadas na nossa língua, como: Ciência e Existência, Sete lições sobre educação de adultos, O conceito de Tecnologia e A questão da Universidade. Podemos optar também por ler algum livro dedicado a estudar a sua pedagogia e pensamento. Entre eles temos Álvaro Vieira Pinto: Contribuições à educação libertadora de Paulo Freire, por José Ernesto de Faveri, Álvaro Vieira Pinto: Nacionalismo e Terceiro Mundo, por Jorge Roux ou Álvaro Vieira Pinto: A personagem histórica e sua trama, por Marcos Cezar de Freitas. Depois de lida a obra eleita, organizar um “Livro-fórum” para comentá-la e debater sobre as palavras, ideias educativas e propostas do educador brasileiro.

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