Hai já pouco mais de quatro anos abria o canal de Youtube Lilium com um vídeo onde púnhamos a lupa sobre a perspetiva LGBT em Shingeki no Kyojin —anime que concluiu hai escassas semanas mentres escrevo este artigo—. Sinto esta obra mui achegada a mim por levar ao meu carom tanto tempo e por servir de tiro de partida para este meu projeto mais importante, o mesmo que me permite estar aqui a escrever agora mesmo e que ti me leias. Por desgraça, nom todo o mundo viviu o peche da obra de Hajime Isayama dumha forma compreensiva. O final original do manga foi objeto de muitas críticas por parte da gente que seguia a leitura a medida que iam saindo os capítulos; e conto-o assim porque quando abrim as redes sociais o dia da emisom da adaptaçom animada (a qual conta com umha ligeira reescritura que no manga passou mais desapercebida), a impressom geral que me transmitiu a gente foi de agradecimento ao autor.
Shingeki no Kyojin é unha obra que vai abrindo portas cheias de mistérios constantemente. Como se Isayama fosse um xastre que cada vez quer incorporar mais fios à sua criaçom. Se de algo ganhou fama a obra é de que cada vez que se chegava a um checkpoint chave na história este suscitava vinte dúvidas mais. Um caso que ilustra bem isto é o giro argumental por excelência da série, a chegada ao soto que parecia no seu dia ser quase a porta ao cerre da obra. Todo isto para resultar ao final no princípio dumha trama que fazia ver como insignificante o vivido até aquela e, o que se me perguntardes, fai evoluir a Shingeki no Kyojin de um mui boa série a umha obra-prima. É lógico que estes feitos figessem que pechar umha obra desta envergadura fosse umha tarefa verdadeiramente árdua. No plano sentimental para mim o peche cumpre, sem alardes, mas é suficiente. É um toque na alma para todas as persoas que conetaram com esta obra desde que as personages protagonistas som crianças. Na minha opiniom, isto varre debaixo da alfombra alguns problemas no plano narrativo que sim tem o final —nada demasiado grave tampouco—. Alguns momentos resultárom ser algo repetitivos e lentos para o clímax tam acelerado da obra parecérom-me desnecessários. Ademais esses paneis posteriores tentando deixar ver que a gente guardou na memória a figura de Eren Jagger como um herói, trás cometer um genocídio, distam muito dessa máxima que vinha seguindo a trama desde que começa o desenvolvimento de Gabi como personagem que nos permite dilucidar que ao final na guerra todas as persoas somos iguais. É um remate com os seus acertos e os seus falhos, pois está escrita por um humano e os humanos, como deixa claro a série, cometemos erros. Humano como o é Eren, que nom sabe se está a obrar da forma que deveria. Só sabe que intenta fazer o melhor, mas ao ser el humano, sabe que pode nom estar a fazê-lo como nos sugerem as suas palavras a gestos. Noutros animes que acadaram estas magnitudes sempre vemos o pensamento maniqueísta de que existe um bom boníssimo que tem de vencer ao malo malíssimo para evitar que implante o seu reino de maldade por motivos individualistas. Até o mesmo Death Note que joga com as ideias do justo e o injusto deixa ver que existem açons boas e açons malas. A mençom a esta obra pode parecer repentina, mas para mim, como consumidor habitual de produto japonês estes dous animes rompêrom com o mantra que cargam sempre as séries de animaçom japonesa de “esso é para rapazes”, acadando cotas séries mais mainstream.

L e Kira apresentados como polos contrapostos no 1º opening de Death Note.
Ante todas estas críticas Hajime Isayama lançou umhas poucas páginas extra para esclarecer e engadir elementos ao final, as que no anime se adaptam durante os créditos e a cena posterior aos mesmos. O autor alegou que para publicar na revista os últimos capítulos estava limitado ao mesmo número de páginas de sempre e por isso o ampliava agora com estes quadros que se incluiriam nos tomos recompilatórios do mangá, único formato no que sai do Japom. Mas ainda que afirme isso, pode ser —por como afirma até chorar lendo as redes sociais— que se deixara influenciar polas críticas destrutivas que se arrojárom contra o seu peche nas redes sociais. Pouco tardárom em aparecer os grupos de fans dispostos a fazer os seus próprios finais alternativos para verem cumpridas as suas fantasias de como imaginavam o broche perfeito.
Chegamos entom ao ponto que me levou a escrever este artigo: é bastante comum que os manga-animes com um grande legado e numerosos fans contem com fanfictions baseados numha linha paralela na que acontecera algum feito de forma diferente. Isto é legítimo e nom tem nada de negativo, e seguro que a maior parte de autorias estám encantadas. Porém, neste caso os de Shingeki parecem estar imbuídos numha certa aura de desprezo a respeito do trabalho de Isayama provocada polas opinions dos grupos de artistas que criárom estes fanfics. Sim hei de recalcar que muitos destes grupos quando virom que as suas açons estavam a causar ódio contra Isayama saírom a pedir que se parassem essas campanhas. Por outra banda, tampouco gostaria de lançar por terra o trabalho doutras persoas, mas a corrente presente em redes que afirma que estes som melhores que o original nubla a sua vista ao ver que som cumpridas certas fantasias que tinham na sua cabeça e que queriam que acontecessem a qualquer preço.

Comentários que desprestígiam o final original da obra no trailer dum final alternativo de fans. Algum com apoio do criador do projeto.
Para escrever isto lim o mais aclamado fanfiction destes —Shingeki no Kyojin Requiem—, o qual ainda que se encontra inconcluso como todos, no que está escrito até agora, já se ignora a escritura de Isayama sobre algumhas personagens. O caso que me parece mais sangrante é o da gravidez de Historia, que me parece o ponto central em base ao que se cria este final alternativo (nascendo o resto de diferenças a raiz deste feito). ShingekinoKyojinRequiemfai reala conspiraçom que pensou muita gente de que a futura criança da rainha é-o tamém de Eren, logo do acordo ao que chegam entre ambos os dous ao conversar durante o mesmo momento que o fam no material original. Ao meu ver, estes acontecimentos desconstroem o final de Historia até o ponto de objectualizá-la na narrativa praticamente. O interessante na Historia original, obrigada a ter descendência com um homem para preservar o sangue real, é que se vê como o seu povo a trata como um objeto —nom a narrativa—, é mais, Isayama deixa ver o mal que o está a passar Historia, pois a fim de contas deu-se a entender durante toda a obra que era sáfica, nesta última parte, pode-se entender que é lésbica, o que faria mais cruel o matrimónio pactado com intençons de perpetuar o ciclo bélico no que ninguém, nem a mesmíssima rainha de Eldia, pode viver em liberdade, para adicionar assim também umha capa mais de tratamento das persoas LGBTIQ+ na obra como analisamos no vídeo de iniciou o canal (fica aqui por se alguém o quiger visitar). Nesta linha resultou-me curioso que na versom animada se adicionasse umha escena em que vemos um saúdo afetivo entre a rainha de Eldia e o progenitor da sua filha no aniversário desta quando esta nom está no material original, se quadra foi um intento de calmar o lume arredor deste tema.

PlanodacaradeHitoriaquandosenosconta asuagravidez,nommui contenta, aparentemente.
Vejo no fandom de Shingeki um sentimento de menos apego ao criador da sua obra do que podemos ver com Eichiro Oda em OnePieceou de Toby Fox em Undertale, por citar exemplos de gente que adora tudo o que produze o criador das suas obras. Isayama nom é para muitos um autor em si mesmo. É o que deve encaminhar a obra polo caminho que deveser. Por isso creio que muites crerom legítimo expropriar-lhe à autoria a sua criaçom. Geralmente a gente que consome qualquer obra destas caraterísticas lê-a como espetador paciente ante todo o que está a ocorrer e provavelmente gerará umha opiniom em funçom do seu gosto. Mas é precisamente nestas obras com um grande worldbuilingonde o fandomonde pode ter cabida este sucesso. É o feito de que Isayama crie umha obra na que existem vários caminhos legítimos (a escolha de a quem dar-lhe o titám colossal, a decisom que deveria tomar Eren para acabar com a ideia da eutanásia…) o que propicia umha leitura mais aberta.
Roland Barthes (La mort de l’auteur, 1967) postula que, na busca do significado último do texto, a morte do autor dá-se diante da perda do individualismo, nom podendo controlar já as interpretaçons que sobre a sua obra se fam e devindo toda criaçom literária numa cooperaçom entre quem produze e quem consome. Dito doutro jeito, a obra surge quando o autor desaparece e outres se apropriam dela para seguir construindo-a.
Isto mesmo podemos levá-lo ao âmbito do que estamos a falar: o fandom tem a sua interpretaçom ou ideia própria do caminho que deveria andar Shingekie, negado o trabalho do autor que morre, som eles mesmos os que anteponhem os seus desejos e lhe dam forma à obra como queriam que Isayama figesse e tendo na sua voz a capacidade para quase canonizar o que eles considerem. Digem antes “o fandom”, como coletivo, porque é nestes grupos mais do que ne leitore como figura individualizada onde nasce o gram número de opinions —logo dos acordos pactados nos campos de cultivo que som as redes sociais e os foros—. Estaremos a andar um caminho em que as autorias sejam mais percebidas como criadoras de universos sobre os que fazer conteúdos e sobre os que basear os nossos fanfics ou roleplays?
Nom procuro aqui sentar cátedra e impor umha opiniom sobre uns hipotéticos limites da criaçom feita por aficionados, pois acho que está há de ser livre e mais quando é o principal piar que marca o impacto que tivo um produto na nossa cultura pop. É evidente que qualquer obra tem a sua cabida se se fai desde umha ideia nom daninha e tendo também em conta os danos que poda causar sobre outras persoas. Pois nom deve cair no esquecimento o que aconteceu com esta obra e como todo o que girou em torno a isto fijo chorar a quem nos proveu da criaçom que tanto nos atrapou e que, com certeça, entregou o seu coraçom.
Shinzowo sasageyo

