Rosalia de Castro escritora ambientalista e feminista

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Adela Figueroa Panisse.Biologa,Ambientalista. Escritora

Maite Caramés Casal Filologa

 

1.- A PAISAGEM EM ROSALIA O SENTIMENTO GALEGO DA PAISAGEM

A grandeza desta escritora consiste, fundamentalmente na sua coragem e na sua autenticidade.

Coragem para quebrar os preconceitos da sua época, que determinavam o papel da mulher como o anjo do lar, suporte afetivo do esposo e responsável das crianças.( 2)Preconceitos que atingiam também as classes sociais, e que determinavam que quem nascia pobre tinha tudo perdido em quanto os privilégios estavam reservados apenas para quem nascia em família abastada.

Preconceitos também para o idioma da Galiza que determinava que o galego era a língua das classes populares humildes e sem possibilidades de alfabetização, em quanto o castellano era o idioma das classes poderosas e chamadas “cultas”.

Rosalia denunciou e lutou contra todos esses preconceitos. Porque, por cima de todo a ela a inspira um fundamento ético. Ética e estética unem-se em esta autora fazendo-a excecional.

Foi uma mulher rebelde em todo o sentido da palavra. Uma rebeldia multifacética que incorpora todos os aspetos da vida. Ela é, “Unha Rosa De cen Follas” como ele mesma diz e como afirma o estudo de Carvalho Calero(3)

Nessa rebeldia ela incorpora também o ambiente. E faz da paisagem galega a sua aliada. A paisagem faz parte dela e ela faz parte da paisagem.

O sentimento da paisagem é uma caraterística bem galega. A nossa é uma paisagem complexa muito humanizada em que cultura humana e ambiente aparecem imbricados como o faria um ser sim-biótico. Essa simbiose está hoje a se quebrar e os humanos que vivemos na Galiza sofremos a beira duma fenda que se abre pouco e pouco afastando-nos da natureza e de seu pulso vital. Mas, ainda se pode considerar uma forte ligação afetiva entre nós e a nossa paisagem e que deixa funda pegada não só no conjunto dos habitantes, mas, especialmente nos poetas galegos

Galiza docemente está olhando o mar

tem vales e montanhas e terras p’ra lavrar ( Manuel Maria).(4)

. E quando estamos longe da Terra sofremos da sua falta e de morrinha Aureliano Pereira expresou muito bem nesta cantiga que musicou Xoan Montes eque se fez popular

Longe ta terrinha longe do meu lar

que morrinha tenho que angustias me dão

………

mas quem aló che me dera

anque deitad’ antre ortigas!(6)

Rosalia incorpora o sentimento da paisagem seguindo a tradição galico-portuguesa dos cancioneiros medieveis.

2.-POETA REVOLUCIONÁRIA: POESIA E NATUREZA.

Rosalia com os seus “Cantares Gallegos” eleva a categoria de monumento poético a expressão popular do folklore galego. É , já por isso uma revolucionária. E, ainda, mantém a sua identidade galaica introduzindo a paisagem na sua obra como uma personagem mais. A natureza em Rosalia tem uma força condicionante.Quer nos Cantares como nas suas outras obras. Há uma verdadeira osmose entre a autora e a natureza .

¡Cal o sol relumbrava/¡Que mansamente marmuraba o rio!/I o paxariño voador cantaba/mentras que eu camiñaba/lixeira ó meu avio.”

(En Cornes) Follas Novas.

Era no mes de maio/no mes do amor, das prantas e das frores/mes dos suaves perfumes/i os transparentes cores/dos trinos dos paxariños/das cálidas e frescas alboradas…

…..

PASA RIO

Pasa rio pasa rio /co teu maino rebulir/pasa pasa entre as froliñas /color de ouro e marfil.(10)

Ou , ainda este fragmento das “Campanas de Bastavales” de que eu gosto especialmente porque um dos meus filhos recitava-o no colégio de pequeninho:

Paseniño, paseniño, /vou pola tarde calada /de Bastavales camiño. /Camiño do meu contento; /i en tanto o sol non se esconde, /nunha pedriña me sento./E sentada estóu mirando /cómo a lúa vai saíndo,/cómo o sol se vai deitando. (11)

Case podemos ver o mar e o sol se deitando nele. Case podemos sentir a pedrinha baixo as nossas coxas e o prazer da contemplação da paisagem, doce e viçosa das Rias Baixas. A explosão das roseiras em flor na primavera, o cheirinho doce dos chucha-meles ou o suave recendo das flores brancas do sabugueiro. A natureza vem em ajuda da poeta, para fazer justiça e para apoiar as suas reivindicações contra o maltrato que Castilla e Castellanos fazem aos galegos que lá vão ganhar o sustento como alugados ou temporeiros. Este poema é, “auténtica dinamita” , em palavras de Pilar Garcia Negro(12)

3.-PAISAGEM E PANTEISMO.- CELTISMO

O Panteísmo em Rosalia é algo como a tábua de salvamento num naufrágio pressentido, doloroso e inevitável provocado pola simples dor de viver, que se acentua em sua vida com o passar dos anos.

A natureza funciona como o refugio que não a dececiona, porque não depende das maldades dos humanos nem das injustiças da vida. Ela( a natureza) permanece e sempre é generosa.

No lejos, en soto profundo de robles, en donde el silencio sus alas extiende,/ y da abrigo a los genios propicios,/ a nuestras viviendas y asilos campestres,/ siempre allí, cuando evoco mis sombras/, o las llamo, respóndeme y vienen”…..

………“En cada fresco brote, en cada rosa erguida,/ cien gotas de rocío brillan al sol que nace;/ mas él ve que son lágrimas que derraman los tristes/ al fecundar la tierra con su preciosa sangre (En Las orillas del Sar) (13)

Erick Carvalho de Mello(14) assegura que podemos encontrar origens de celtismo na Galiza já no Padre Sarmiento, o grande vulto da cultura galega do século XVIII. Hoje há uma corrente ideológica muito forte neste sentido entre as modernas fornadas de historiadores da Universidade de Compostela como José Barbosa(15)a ou o Padre Antonio Fontes de Vilar de Perdizes ( Tras-Os-Montes, Portugal) (16)

Nos povos celtas a natureza joga um importante papel no imaginário coletivo dos seres humanos. Se há ou não celtismo na obra de Rosalia seria discutível. Eu creio que não é um celtismo consciente , mas sim inconsciente. Residido na sua Conceição da Natureza como ente criador, em comunhão com os seres humanos, ( nomeadamente ela e a sua poesia) e o resto dos seres vivos. Comunhão que se estende aos não vivos.

dicen que no hablan las plantas,ni las fuentes ni los pájaros/ ni las ondas com sus rumores, ni com su brillo los astros:/ lo dicen, pero no es cierto, pues siempre cuando yo paso/ de mi murmuran y exclaman:- Ahí va la loca, soñando/ com la eterna primavera de la vida y de los campos…”(18)

Há animismo em Rosalia, como aliás ,no inconsciente do povo galego . A morte é ,apenas isso: Um passamento:Porque as almas dos defuntos fazem o passamento deste mundo ao “outro”

4.-ESTRANXEIRA NA SÚA PATRIA

Vexamos este curioso poema que ela titula assim e em que almas e vivos convivem. Francisco Rodriguez faz um pormenorizado estudo dele na obra citada.

Na xa vella baranda /entapizada de hedras e de lirios /foise a sentar calada e tristemente

frente do tempro antigo./Interminable precesión de mortos,/uns en corpo nomáis, outros no esprito,

veu pouco a pouco aparecer na altura/do direito camiño,/que monótono e branco relumbraba,

tal como un lenzo nun herbal tendido./Contempróu cál pasaban e pasaban

collendo hacia o infinito,/sin que ó fixaren nela/os ollos apagados e afundidos

deran siñal nin moestra /de habela nalgún tempo conocido.( 19)

As referencias a Santa Companha, em Rosalia são recorrentes. O convívio dos seres vivos com os do “ mundo inferior” ou que já fizeram o “passamento” aparece em muitas das suas poesias e ainda no caráter mágico e simbólico de seu romance “ El Caballero de las Botas Azules”.

Nas crenças populares as ánimas em pena caminham polos caminhos nas noites. É tão arraigada esta crença que eu conheço gente que assegura ter visto a Santa Companha. (20)

Ao fim, galegas , celtas, Africanas ou Brasileiras, os seres humanos são o mesmo para onde quer que olhemos. E, quando vivemos mergulhados numa paisagem poderosa, onde a vida cobra força e mantêm o seu domínio, as nossas vidas de seres humanos rebelam-se claramente fazendo parte dessa natureza viçosa e criadora, como é o caso da Galiza ou Portugal.

Veja-se esta união com a natureza e o além no pranto pola morte da sua mãe

Ah,de dolientes sauces rodeada,/de húmeda hierba y ásperas ortigas;/¡Cual serás, mi madre, en tu dormir turbada/por vagorosas sombras enemigas!( A mi Madre)22

A “Negra Sombra”, a sua poesia mais conhecida , a mais enigmática e mais transcendente monstra esse “elan” vital e não vital que acompanha a todo humano ainda depois de perder sua condição de vivo.Pilar Garcia Negro sustem que a sombra é aquela força que nos afasta do mundo real . É a sombra que pode nos colocar no mundo do imaginário do não real. É a que nos engana e nos prende para alem do mundo da cordura,Ela própria reconhece-se como “tola” ou louca. Não porque o esteja, mas por aquele desassossego que provoca a tensão criativa que a impulsa a escrever como se isso for uma necessidade vital. Porque a sua sensibilidade extrema a faz sofrer com quem sofre e rebelar-se contra as injustiças que se cometem contra o povo indefeso e iletrado

Vendéronlle os bois,/vendéronlle as vacas,/o pote do caldo/i a manta da cama./Vendéronlle o carro/i as leiras que tiña;/deixárono sóio/coa roupa vestida.

Este vai-se e aquel vai-se/ e todos todos se vão/ Galiza ficas sem homens que te poidam traballar”

Se o mar tivesse varandas fora-te ver ao Brasil/ Mas o mar não tem varandas,/ meu amor, por donde hei d’ir?( Cantares Gallegos)

A Sombra é o azar, o fado o inevitável que nos pode levar a destruição. A Sombra é o destino malfadado da Galiza que a faz submetida a um poder alheio. Que a faz negar-se a sim própria. Que lhe impede levantar o voo e por em valor tudo o que a Natureza generosa lhe tem concedido.

5.-A IDENTIDADE NA NATUREZA:

Esta natureza viçosa que temos faz acordar em nossos poetas galegas/os um forte amor a Terra. Depois de Rosalia a natureza e o ambiente é cantado como sinal de identidade e de Galeguidade.

A identificação com a natureza está em Rosalia, e , em geral, em toda a poesia galega. Porque a Paisagem nos namora, e faz-se lírismo neles como em A. Cunqueiro( 28)

No ninho novo do vento/hai uma pomba dourada/quem poidera namora-la, meu amigo

Ou nos abruma e nos doe, quando contemplamos inermes a sua destruição.

6.-A ECOLOGISTA:

Rosalia monstra-se moderna nesta faceta reivindicativa. O Panteismo, da passo a um reconhecimento do ambiente como algo de valor, que herdamos de nossos maiores e que temos a obriga de deixar em herança aos nossos descendentes. Encontramos nela bem diferenciados conceitos que, ainda hoje a maioria da gente não diferencia. Bosque não é o mesmo que souto nem que carvalheira ou sobreiral. Ela faz diferencias não só de espécies, mas de comunidades vegetais:

Xigantescos olmos, mirtos /que brancas frores ostentan, /unhas con cogollos inda,/outras que o vento esfollea. /Buxos que xa contan sigros /que xuntos verdeguean /formando de rama e troncos/valos que naide atravesa,/nos que moi descansadasfan o seu niño as culebras./Loureiros, irmáns dos buxos /pola altura i a nacenza, /pois arraigaron a un tempo /no máis profundo da terra.

Limoeiros e laranxos /que o verde musgo sombrean /i olido esparcen de azare /con que a xente se recrea./Eternos bosques en donde /sombrío misterio reina, /onde só os paxaros cruzan/polas tristes alamedas /onde ó marmular as fontes un coidara que se queixan,/i onde o mesmo sol do estío /melancónico penetra. /I en medio desta espesura /desta hermosa tristeza, /nunha casa inda máis triste,/si de fachada soberba,/alí din que ten o niño /a nai de toda-las meigas: casa con portas de cedro,/en cada ventana reixa,/cociña coma de monxes,silencio coma de igrexa, /criados que non dan fala,/cans que morden como feras./Alí a viron negra e fraca /como unha gata famenta,

no máis san e máis frorido/da hermosa terra gallega. /I estes mals que nos afrixen din que todos veñen dela…/¡Mais socede nesta vida/que os que tén culpa n’a levan! ( Follas Novas)(29)

 

A identidade entre seres humanos e paisagem mostra-se no poema Castellanos de Castilla, onde liga a dureza do ambiente com a dureza das suas gentes que menosprezam aos galegos que lá vão de “alugados” a ceifar o pão. Á sega. A poesia que Pilar Garcia Negro sinala como “dinamita”pola sua denuncia contundente:

¡Castellanos de Castilla,/tendes corazón de aceiro,/alma como as penas dura,/e sin entrañas o peito!

.

Que Castilla e castellanos,/todos nun montón a eito,/non valen o que unha herbiña/destes nosos campos frescos.

Sólo pesoñosas charcas/detidas no ardente suelo,/tes, Castilla, que humedezan /esos teos labios sedentos.

Que o mar deixóute olvidada/e lonxe de ti correron/as brandas auguas que traen/de prantas cen semilleiros.

Nin arbres que che den sombra /nin sombra que preste alento…/Llanura e sempre llanura,

deserto e sempre deserto… /Esto che tocóu, coitada,/por herencia no universo;/¡miserable fanfarrona…!,

triste herencia foi por certo./En verdad non hai, Castilla,/nada como ti tan feio, /que aínda mellor que Castilla

valera decir inferno. (30)

A defesa da Terra,em virtude da sua paisagem, e a união que têm com ela os que cá habitam ( Galiza) conduz , na poesia Calade, a um moderno conceito do que hoje chamamos “Percepção Cultural da Paisagem”

 

Calade!:

Hai nas ribeiras verdes, hai nas risoñas praias/ e nos penedos ásperos do noso imenso mar/fadas de estraño nome, de encantos non sabidos/ que só com nós comparten seu prácido flogar

Hai entre a sombra amante das nosas carvalleiras/ e nas curtiñas frescas no vívido esplendor,/ e no romor das fontes, espíritus cariñosos / que só ós que aqui naceron lles dan falas de amor

I hai nas montañas nosas e nestes nosos ceos/ en canto aquí ten vida, en canto aquí ten ser,/ cores de brillo soave, de transparencia humida,/ de vaguedade incerta, que a nós só da pracer.

Vos, pois, os que nachechedes na orela doutros mares,/ que vos quentás a chama de vivos lumiares,/ e só vivir vos compre baixo un ardente sol,/ calai se n’entendedes encantos destes lares,/

cal n’entendendo os vosos, tamén calamos nós.(Follas Novas)(31)

Esta sempre foi uma poesia muita amada por mim, pois utilizei-a com frequência nas minha aulas de “Ciencias da Terra e do Ambiente”, para introduzir o tema “A Percepción Cultural da Paisaxe”.

Com efeito, Rosalia rebela-se contra quem alcunha de feia Galiza, arguindo que estas pessoas simplesmente não compreendem a nossa idiossincrasia. A paisagem faz parte da nossa cultura. Esse é seu argumento. Por tanto : “sei educados e respeitai os nossos gostos! ( a nossa cultura) como também nós respeitaremos os vossos .

Rosalia é Ecologista (32)pola sua identidade com o ambiente, e por seu sentido ético da vida. Como diz Yara Gonzalez-Montes: “La ética va a ocupar un lugar primordial em su poesia”. Eu tenho para mim que este é o seu motor principal. Por isso é grande, porque o sentido de responsabilidade vai unido ao ético e , jaquelogo ao estético, Não há estética sem ética . Ela não vê, apenas, um povo que sofre, vê também uma natureza que pode ser generosa, mas também que pode ser maltratada . E , deste jeito, chegamos à assombrosa modernidade em Rosalia : A defesa da natureza porque é um bem comum(31). Porque temos a obriga de lha render aos nossos descendentes da mesma maneira que nos foi transmitida por quêm nos precederam. O moderno conceito da Economia do bem Comum, está já presente na autora 33

Olhai senão estes versos de En Las Orillas del Sar. Poderiam ser escritos hoje pola atualidade da sua temática: A Desflorestação

Bajo el hacha implacable,¡cuan presto! / em tierra cayeron / encinas y robles! /Y a los rayos del alba risueña/ Que calva aparece / la cima del monte/

Los que ayer fueron bosques y selvas / de agreste espesura, / Donde envueltas em dulce misterio /

al rayar el dia/ flotaban las brumas /y brotaba la fuente serena / entre flores y musgos oculta, /

hoy son áridas lomas que ostentan/ deformes y negras sus hondas cisuras.

Mais ainda :ecologista reivindicativa, a se queixar polo despojo provocado no Bosque de Conjo, ordenado polo Cardeal Payá, que acaba de chegar a Compostela desde Valencia. Rosalia tem razão. A tala massiva desta antiquíssima floresta é um desastre ainda sem reparar hoje, pois em Conjo ( Compostela) nada fica daquela grande e diversa massa arbórea. Ela descreve as diferentes espécies que a compunham e que vão caindo sob o machado dos lenhadores. E polo que se vê deve ser a única voz que se levanta contra este atentado ambiental,

Jamás lo olvidaré!.. De asombro llena/ al escucharlo, el alma refugiose/ em si misma y dudó.. pero al fin, cuando / la marga realidad, desnuda y triste,/ ante ella se abrió paso, em luto envuelta…

……..

Profanación sin nombre!Dondequiera / que el alma humana inteligente, rinde / culto a lo grande, a lo pasado culto,/ essas selvas agrestes, esos bosques/ seculares y hermosos, cuyo espeso / ramaje abrigo y cariñosa sombra/ dieron a nuestros padres, fueron siempre / de predilecto amor, lugares santos/ que todos respetaron./ No! En los viejos robledales umbrosos, que hacen grata/ la mas yerma región, y de los siglos / guardaban gravada la imborrable huella..

…Los pájaros huidos y espantados/ al ver dehecha su morada.

Mas nosostros, si talan nuestros bosques-quedan ya tan pocos-

.. Pero que’ Alguno exclamará indignado al oir mais lamentos/.. Porque gime así importuna esa mujer!..

Mas oh! Señor a consentir no vuelvas / que de la helada indiferencia el soplo/ apague la protesta em nuestros labios, / que es el silencio hermano de la muerte/ y yo no quiero que mi Patria muera,/ sinó que , como Lázarom Dios bueno! / resucite a la vida que há perdido / Y com voz alta que a la gloria llegue/ le diga al mundo que Galicia existe/ tan llena de valor / cual tu la has hecho, tan grande y tan feliz cuanto es hermosa.

Há nestes versos toda uma declaração de princípios. As árvores são a nossa herança e são o nosso futuro. Mas aquele verso, “Porque gime así importuna essa mujer” da-nos a chave de muitas cousas.

Entre elas a suspeita de que será ridicularizada por se doer da destruição ambiental, e que esse menosprezo utilizará o “machismo” para ter mais força e tentar banalizar a sua protesta. ( Sabemos muito disso as mulheres que tentamos intervir na “cousa pública”)

Polo que parece a queija de Rosalia não é só pola desfeita arvoricida , mas também polo silêncio que acompanha ao magnicidio. E só a voz dessa “inoportuna” mulher parece levantar-se contra o machado destrutor. Contra os abusos do poder de quem acaba de chegar e nada compreende desta Terra. E de quem, como o avarento Cardeal Payá, vai se movimentar polo dinheiro da venda da madeira, cego fronte ao valor da natureza que destruiu. Chegado de Valencia, parez não compreender o nosso amor a natureza e a nossa comunhão com ela.

7.-A MODO DE RESUMO OU COLOFÃO:

Rosalia é, como ela mesma diz : Uma Rosa de cem folhas.(34 ) Multifacetada,como o é a mesma natureza que ela defende, nenhuma cousa de seu mundo lhe é alheia. E toma partido. Implica-se. Porque é uma mulher comprometida e porque a ética é o fundamento da sua vida. Por isso não pode ser alheia a nenhuma injustiça. Mesmo a que se faça contra da natureza. E canta a Galiza, como consequência do amor a natureza, a Terra ( Terra a Nosa 35) e a esta sua Nação que julga injustamente tratada e desprezada no conjunto dos povos da Espanha.

Canta seus rios, as fontes, e regatos pequenos, o mar e os bosques, e não só. Canta aos carvalhos como árvore distinguida entre as árvores.(36) A raiz celta nelas aninhada. O conjunto da sua obra mostra uma Rosalia identificada com a sua terra e com suas Raízes no mais amplo sentido da palavra.

É a primeira Ecologista. A primeira Feminista. A primeira Nacionalista. É a primeira socialista no senso de se doer da sociedade em que vive e de defender que todo o mundo tem direito as mesmas oportunidades.( A justiça pola man)37

Uma mulher de grande cultura , para a época em que lhe tocou viver. Boa cantora com uma linda voz de meço soprano. Boa atriz de teatro, tocava a guitarra o piano e a harpa. Era, sim, uma rosa de cem folhas. Como é a realidade, multi-facetaria.

Bem haja nossa devanceira honra das mulheres e dos homens bons e generosos.

 

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Notas:

1 Yara Gonzalez-Montes.Actas do Congreso Internacional de Estudios Sobre Rosalia( Tomo II, pag.127-133). Consello da Cultura Galega.1986

2 Marina Mayoral La oesia de Rosalia de Castro. Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes :http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/la-poesa-de-rosala-de-castro-0/html/01bee4cc-82b2-11df-acc7-002185ce6064_22.html ( 2017)

Daquelas que cantan/ as pombas e as flores, /todos din que teñen/ alma de muller/ mas eu que n’as canto,/ virxe da Paloma/ ¡ai! De que a terei?”

3.- Carvalho Calero Ricardo. Actas do Congreso Internacional de Estudios Sobre Rosalia de Castro,IBID. Pag.(77-87)

4.-Manuel Maria : Os Soños na Gaiola.Ano:  Cartonaxes Anmi. Lugo1968Galiza:
Galiza docemente /está ollando o mar:/ten vales e montanas/e terras pra labrar!
Ten portos, mariñeiros,/cidades e labregos/cargados de traballos,/cargados de trafegos!
Galiza é unha mai /velliña, soñadora:/na voz da gaita rise,/na voz da gaita chora!
Galiza é o que vemos:/a terra, o mar, o vento…/Mais hai outra Galiza/que vai no sentimento!
Galiza somos nós:/a xente e mais a fala./Se buscas a Galiza/en ti tes que atopala!

5.- ADEGA Cadernos: A Galiza dos Cen Mil Rios:http://adega.gal/media/documentos/C15_P_49_-_59-_Galiza_o_pais_dos_cen_mil_rios.pdf

6.-Lonxe da terriña:Música de Xoan Montes e letra de Aureliano Pereira1966

7.- 500 Cantigas de Amigo. Obras Clássicas da Literatura Portuguesa.Edição Crítica de Rip CohenCampo das Letras. V.N. de Famalicão 2003

8.- Rosalia de Castro . Cantares Gallegos

9.-Xosé Luis Garcia Mato diz que a escutou a uma velhinha nas terras de Friol, http://joseluisgarciamato.blogspot.com.es/2013/09/os-romances.html.Também cantado por Santalices que o fez famoso. Recolhido por Elias Torres.

http://200.137.196.58/galabra/images/stories/pdf/elias/novos/portugalvelasgaleguismo2009.pdf7

9 Elias Torres.- G-Z Editora:http://agal-gz.org/faq/lib/exe/fetch.php?media=gze-editora:cultura_portuguesa_e_legitimacom_do_sistema_galeguista.pdf9.

10.- José Pérez Ballesteros. Cancionero Popular . Dirigido por Antonio Machado. Madrid 1886.Teophilo Braga. Prologo

11.- Rosalia de Castro Cantares Gallegos

12.- Pilar Garcia Negro. O Clamor da Rebeldia. Premio Vicente Risco de Ciencias Sociais. 2010. Ed. Sotelo Blanco.2010.

14.-Erick Carvalho de Mello Doutorando em Memória Social na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

15.- José Barbosa.que mantém as Jornadas galaico-portuguesas em Pitões das Junias ( Montalegre, Portugal) junto com o Padre Fontes, ilustre vulto da cultura transmontana, desde há mais de 10 anos. Nestas jornadas estudam-se diferentes aspetos da Coiné céltica sendo consideradas Galiza e Portugal um de seus integrantes mais sinalizados.http://jornadasgalegoportuguesas.blogspot.com.es/2012/

16.-O Professor Higinio Fernandez da Universidade de Buenos Aires tem um estudo bem profundo acerca das Tribus Calaicas ( Celtas) pescudando as pegadas mais antigas dos/as Galegas/os através da toponímia galega.( Edições da Galiza, 2008) (16)

17.- Las Literatas.Carta a Eduarda” Artigo publicado por primeira vez no Almanaque de Galicia de Lugo (1865). Rosalía aborda os prexuízos sociais que dificultan que as mulleres se dediquen atarefa literaria. A obra parte dunha actitude semellante á adoptada no século seguinte por Virginia Woolf en A room of one’s owm(1929) Fonte:Rosalía de Castro. Obra completa Fundación Rosalía de Castro, Padrón, 1996,p. 493-495

18.- En Las Orillas del Sar

19.- Francisco Rodriguez:Rosalia de Castro, Extranxeira na sua Patria. ASPG 2011

20.-Na Galiza existem diversos lugares considerados pola cultura popular como “ Portas do Alem”, ou lugares em que o mundo inferior pode , eventualmente, conetar com o mundo dos vivos. Eu conheço duas, uma considerada de passagem horizontal, no Monte do Seixo em Cerdedo ( Pontevedra) Estudada por Carlos Solla e outra de passagem vertical em Oburiz, Guitiriz( André Pena Granha) ( Lugo)http://www.galiciaencantada.com/lenda.asp?cat=18&id=1737

http://despertadoteusono.blogspot.com.es/2012/02/os-deuses-da-morte-e-relacao-com.html

21.-Mia Couto utiliza estas crenças como figuras redundantes em case que todas as suas obras, mas nomeadamente em Mulheres de Cinza, das Arreias do Imperador, trilogia Moçambicana.Ed, Caminho,2016.

22 A Mi Madre. En Las Orillas del Sar.

23.-Bergson( Cita) 🙁L’élan vital désigne un processus créateur et imprévisible qui organise les corps qu’il traverse. C’est une force qui saisit la matière et introduit l’indétermination et la liberté. C’est la spontanéité créatrice (contrariée d’ailleurs par la nécessité de la matière). L’élan vital explique l’évolution du vivant.)

24.- Mª Pilar Garcia Negro Universidade da Coruña.ARREDOR DA NEGRA SOMBRA .Cadernos Ramon Piñeiro 2013

25 Carvalho Calero Contribución ao estudo das fontes literarias de Rosalía.Discurso lido o día 17 de maio de 1958 no acto da súa recepción,polo excelentísimo señor donRicardo Carballo Caleroe resposta do excelentísimo señor donRamón Otero Pedrayo Real Academia Galega.

26 .-Curros Enriquez:`Do mar pola orela mireina pasar/ Na frente uma estrela no bico um cantar/ e vinna tan soia na noite sem fin/ Que ainda chorei pola probe da tola/ eu que non tenho quem rece por mim

27 Uxio Novo Neira. Os Eidos.1955

28.- Alvaro Cunqueiro.Álvaro Cunqueiro. Cantiga nova que se chama riveira(Edición Obra en galego completa,Vigo,

Editorial Galaxia, 1980

  1. Rosalia de Castro Follas Novas.

30.- Rosalia de Castro Follas Novas. Esta é a poesia que Pilar Garcia Negro define como “unha bomba·( O Clamor da Rebeldia, op. citada). Como um simbolo claro e sem duvidas da injustiça e os abusos a que os pobres ( os galegos) são submetidos pelos mais poderosos. E, tambem o desprezo a que Espanha tem relegada a Galiza. Ainda noutro poema tambem bem contundente, a poeta afirma:

Galiza non queras nunca chamarte española/ que España de ti se olvida/ siento tu tan hermosa.

31.- Calade! Em Follas Novas.

32 Andrés Pociña e Aurora Lópéz. Rosalia de Castro Obra Completa. Sotelo Blanco. Tomos I/ II.2004.

33 Elinor Ostrom: Economia dos Bens Comuns

34Andrés Pociña e Aurora López:Rosalia de Castro Estudios sobre a Vida e a Obra. Laiovento 2000,pags, 268- 273.( os seus estudos acerca desta autora são incompletíssimos e acabam por tocar todos os aspetos da sua obra)

34 Carvalho Calero Umha Rosa de Cem Folhas Actas do Congreso Internacional de Estudios sopbre Rosalia de Castro e o sei Tempo. Tomo II Universidade de Santiago Consello da Cultura Galega

35 Terra a Nosa! Este grito é muito popular na Galiza. Ainda ignorando de onde é que procede. A poeta é nosa até esse ponto.!

¡Terra a nosa!

Baixo a prácida sombra dos castaños /do noso bon país;/baixo aquelas frondosas carballeiras
que fan dose o vivir;/cabe a figueira da paterna casa,/que anos conta sin fin,/¡qué contos pracenteiros, qué amorosas falas se din alí!/¡Risas que se oien nas seráns tranquilas do cariñoso abril!/E tamén ¡qué tristísimos adioses/se acostuman oír!…

¡Ai!, o que en ti nacéu, Galicia hermosa,/quere morrer en ti.

36.-Los Robes. En Las Orillas del Sar: Bajo el hacha implacable / cuan presto/en tierra cayeron encinas y robles/…. Torna roble arbol patrio a dar sombra/ cariñosa a la escueta montaña/donde un tiempo la gaita guerrera/alentó de los nuestros las almas…/Torna presto a poblar nuestros bosques/ y que tornen contigo las hadas/ que algun tiempo a tu sombra tejieron/ del héroe gallego,/ las frescas guirnaldas.

37 A Justicia `pola man. Follas novas.

38.-Marina Mayoral Rosalia de Castro. Biblioteca Virtual Universal. Editorial del Cardo. Enlace:http://www.biblioteca.org.ar/comentario

39.- Patronato Rosalia de Castro. Poesias ao cuidado de Ricardo Carvalho Calero.1992.

Links de interesse:

Comparativa entre Florbella Espanca e Rosalia.: Letra e Fel Revista Literária Renata Bomfim. Escritora Capixabá. :http://www.letraefel.com/2013/07/rosalia-de-castro-flor-da-galicia.html

http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/la-poesa-de-rosala-de-castro-0/html/01bee4cc-82b2-11df-acc7-002185ce6064_11.html#I_9_

Maria do Cebreiro:http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/la-poesa-de-rosala-de-castro-0/html/01bee4cc-82b2-11df-acc7-002185ce6064_11.html#I_9_

A paisagem estado emocional. https://valfluvialdolouridocorcoesto.com/2016/10/18/caminos-de-aldea-a-paisaxe-marco-ambiental-do-estado-emocional-do-caminante/

El Pais:

http://elpais.com/tag/rosalia_de_castro/a

 

Máis de Adela Figueroa & Maite Carames
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