A participação de poetas galegas e galegos em atividades de internacionalismo e solidariedade tem uma extensa história. São inumeráveis os exemplos de recitais, cadernos, livros ou atos diversos nos que têm prestado a sua voz para diversas causas de apoio e solidariedade com povos de todo o mundo, em defesa da sua liberdade ou de denúncia da sua opressão: o Saara, Cuba, Nicaragua, Timor Leste…

Falamos agora da solidariedade com Palestina, com diversas iniciativas nas últimas décadas. Sem fazer um reconto exaustivo, podemos citar o livro “Intifada. Oferenda dos poetas galegos a Palestina”, publicado em 1989 pola Fundação Araguaney, que se abria com um saúdo da Delegação da OLP na Galiza, e que foi reeditado posteriormente em 2003 em uma edição com mais autores e autoras. Na primeira edição participaram 32 poetas: Antón Reixa, Bernardino Graña, Carlos Feáns, Cesáreo Sánchez Iglesias, Claudio Rodríguez Fer, Darío Xohán Cabana, Fiz Vergara Vilariño, Lino Braxe, Lois Diéguez, Luis González Tosar, Manuel Forcadela, Manuel Guede Oliva, Manuel María, Manuel Pereira Valcárcel, Xosé Neira, Mª do Carme Kruchenberg, Marta Dacosta, Miguel Anxo Fernán-Vello, Miguel Mato, Pilar Pallarés, Ramiro Fonte, Uxío Novoneyra, Vicente Araguas, Xavier Rodríguez Barrio, Xavier Seoane, Xela Arias, X. Antón L. Dobao, Xosé Lois García, XL Méndez Ferrín, Xosé María Costa e Xulio L. Valcárcel. Na edição de 2003 incorporavam textos 25 autores mais: Alfonso Pexegueiro, Antonio García Teijeiro, Chus Pato, Estíbaliz Espinosa, Eva Veiga, Fermín Bouza, Fran Alonso, Francisco X. Fernández Naval, Ghaleb Jaber Ibrahim, Gonzalo Navaza, Helena Villar, Luisa Villalta, Maite Dono , María do Cebreiro, Marica do Campo, Marilar Aleixandre, Minchy Jaber, Miro Villar, Modesto Fraga, Rafa Villar, Salvador García Bodaño, Ursula Heinze de Lorenzo, Xesús Rábade Paredes, Xosé Carlos Caneiro e Yolanda Castaño.

Já em 2002, a Plataforma Galega pola Paz e a nom intervençom, publicou um caderno intitulado “Pedimos a palavra. 38 poetas galeg@s contra a guerra imperialista e em solidariedade com Palestina”, no que se recolhiam poemas de Alfonso Pexegueiro, Alfonso Rodríguez, X. Antón L. Dobao, Antonio Fdez. Seoane, Baldomero Iglesias Mero, Baldo Ramos, Carlos Negro, Celso Álvarez Cáccamo, Concha Blanco Montecelos, Darío Xohán Cabana, Eduardo Estévez, Emilio Xosé Ínsua, Fátima Narbón, Fran Alonso, Igor Lugris, Iolanda R. Aldrei, Xulio L. Valcárcel, Kiko Neves, Laura Quintillán, Luísa Villalta, Luís Maçás, Manuel Vidal Villaverde, María do Cebreiro, María Lado, Marica Campo, Marta Dacosta, Miro Villar, Paco de Tano, Paco Souto, Pilar G. Sendón, Rafa Villar, Sechu Sende, Suso Bahamonde, Xosé Luís Santos Cabanas, X. L. Rivas Mini, Xosé María Álvarez Cáccamo, Xavier Queipo e Xiao Roel.
Possivelmente outras muitas iniciativas tenha existido nos anos que levamos deste século, tanto nacionais como comarcais ou locais. É um bom campo para quem se dedicar aos estudos literários e bibliográficos recuperar as publicações e atividades realizadas.
Hoje quero comentar a última destas iniciativas, que está a ser apresentada desde o mês de junho passado por diversas localidades da Galiza. Trata-se do livro “Cantos de dor e liberdade. Vozes galegas por Palestina”, que já vai na sua segunda edição (agosto de 2024, a primeira é de maio de 2024) e que recolhe a colaboração de 60 poetas e ilustradoras e ilustradores. Trata-se de um livro publicado por Tempo Galiza editora a iniciativa das entidades Galiza por Palestina, Mar de Lumes, Pallasos em rebeldia e a Assoc. Galaico Árabe Jenin. Desde as diversas associações implicadas, declaram que todo o dinheiro recaudado será destinado a UNRWA, a agência da ONU encarregada de enviar ajuda humanitária á população de Gaza.

Podemos encontrar neste volume as colaborações, poemas ou desenhos, de Julia Aguiar, Iolanda Aldrei, Alexandre Brea, Celso Álvarez Cáccamo, Xosé María Álvarez Cáccamo, Maria Álvarez Landesa, Anxo Angueira, Marica Campo, Paula Carballeira, Carica, Yolanda Castaño, Maurício Castro, Xulio Cid Neira, Mensi Cortizas, Isabel Cribeiro, Marta Dacosta, Luz Darriba, Lois Diéguez, Xoán Carlos Domínguez Alberte, Inma Doval, Estíbaliz Espinosa, Almudena Falcón Folgueira, Francisco Fernández Naval, Rosalía Fernández Rial, Ánxela Gracián, Mário Herrero, Leandro Lamas, Xosé Iglesias Lamela, Xosé Lois, Sabela Losada, Moncho Iglesias Míguez, Margarida Ledo Andión, Charo Lopes, Igor Lugris, Alberte Momán, Arancha Nogueira, Panduriño, Emma Pedreira, Ugia Pedreira, Chus Prol, Laura Rey, Concha Rousia, Eli Rios, Manuel Rivas, Medos Romero, María Salgado, Cesáreo Sánchez Iglesias, Ricardo Seixo, Séchu Sende, Kiko da Silva, Eva Teixeiro, Tokio, Marga do Val, Xulio Valcárcel, Vitor Vaqueiro, Eva Veiga, Ramiro Vidal Alvarinho, Rafa Vilar e Miro Villar.
Igual que os centos de pessoas que por diversas vilas da Galiza temos saído periodicamente a protestar contra o genocídio sionista e em defesa dos direitos do povo palestino, o grupo de ilustradoras e poetas que participam neste volume mostram a sua solidariedade e apoio à Palestina frente os ataques dum exército terrorista que pretende aniquilar o povo palestino.
Quanto os poemas, são textos de intervenção, de denúncia, de rebeldia e dor. A maioria, inéditos. Todos eles, necessários. Uma multiplicidade de vozes que, de diversas perspectivas, com diferentes atitudes, com variadas pretensões, oferece uma ampla visão de como a poesia continua a ser, hoje igual que ontem, uma arma carregada de futuro, esperança e protesto.
Estamos com certeza ante um livro recomendável e que, ao igual que os seus predecessores, contribuirá na construção de um mundo mais livre, justo e livre, longe da barbárie fascista que hoje está novamente presente em diversos lugares de planeta.