O pensamento científico dos filósofos do futuro

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* ENCONTRO DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES DA ORDEM DE OURIQUE . Mosteiro de Santa Maria-Casa das Monjas Dominicanas-Lisboa/Portugal. Texto-resumo do Presidente Direcção da Ordem de Ourique para o Portal Galego da Língua.

 

O futuro após a Idade Média levou quatro séculos até se chegar ao limiar da Idade Atómica, graças a Filosófos-Cientistas como Nicolau Copérnico, Giordano Bruno, Johannes Kepler, Galileo Galilei, Blaise Pascal, Isaac Newton, Charles Darwin, Louis Pasteur e Albert Einstein que deram à Humanidade um impulso científico tal que muitos teoremas e axiomas ruiram perante as evidências das Leis do Universo e da Natureza.

Apenas foi queimado nas fogueiras de Roma o frade Dominicano Giordano Bruno. Teria tido igual sorte Galileu, mas as pressões dos Jesuítas evitaram mais uma aberração contra o pensamento livre. A Academia de Platão, face aos seus pressupostos de Fundação, iria vivificar-se nos novos Estados-Nação saídos da Paz de Westfalia, sobretudo os que quebraram laços com o Sacro Império, ou que se tornaram Protestantes e sem Inquisição.

Portugal, com uma elite de filósofos e cientistas medievais, foi impedido pelo poder real de acompanhar a Nova Europa científica, sendo  Pedro Nunes o último cientista livre, mas cuja família, após a sua morte, foi perseguida. Os ossos do cientista Garcia de Orta foram exumados e queimados pelo Santo Ofício. O assassinato de Damião de Góis e a prisão do Padre António Vieira ditam um Portugal indigno do grande poeta Luís Vaz de Camões.

As Revoluções Francesa, Industrial, Russa e a I Guerra Mundial, trouxeram novas doutrinas socio-filosóficas que se arrastaram até quase aos anos 60 do séc. XX. Com a II Guerra Mundial inicia-se uma nova fase da Humanidade, de independências e globalização. Em 1945 só dois países eram independentes em África: Libéria e República da África do Sul.

Serve esta introdução para nos situarmos nos enigmas da evolução da Humanidade e para visualizarmos o paradoxo do grande avanço da Ciência do século XX: a «fuga» da elite de cientistas do III Reich rumo aos EUA e URSS. Nascia a ENERGIA ATÓMICA e a CONQUISTA DO ESPAÇO. Exilavam-se, após 1933, os grandes cientistas dos Prémios Nobel da Física da Mecânica Quântica teorizada por Max Planck, como Albert Einstein e Erwin Schrödinger que ensina nas Universidades de Oxford, de Graz e Dublin, até regressar a Viena, em 1956.

O «pai do atómo», Demócrito, séc. V a.C., ressurge na Europa, com os Saberes do Renascimento, impulsionando-se as teorias heliocentristas e anti-Ptolomaicas. Devemos referir, entre cientistas, três que foram relevantes para o actual século XXI: Wilhelm Röntgen que descobriu os Raios X; Joseph Thomson que «trouxe» o electrão no laboratório de Cavendish; Alan Turing o decifrador da Máquina ENIGMA alemã, «pai» dos computadores, suicidando-se (1954) com uma dentada numa maçã com cianeto (símbolo da APPLE) por ser condenado por homossexualidade e castrado. Só na Noite de Natal de 2013 a Rainha de Inglaterra lhe pediu «desculpas», ele que salvou o Ocidente do Império do III Reich.

Após Hiroshima e Nagasaki, mesmo sem ter sido lançada por Hitler a nova bomba V2 construída por Wernher von Braun, o pai do foguetão Saturno V, certo é que renasce a Academia de Platão com um novo Humanismo na Ciência, selado por dois grandes filósofos: Albert Einstein e Bertrand Russel. O MANIFESTO 1955 de ambos, propondo o desarmamento nuclear, é assinado com mais uma dezena de cientistas mundiais da Física Atómica e será retomado neste século XXI. Russel, que foi a voz mais gritante contra a Guerra do Vietnam, deixou-nos o seu DECÁLOGO, qual similar ao de Moisés de antanho, uma FILOSOFIA muito necessária no futuro da Humanidade, cujo primeiro MANDAMENTO nos diz NUNCA TENHAS A CERTEZA ABSOLUTA DE NADA e o último lavra: NUNCA TENHAS INVEJA DAQUELES QUE VIVEM NUM PARAÍSO DE TOLOS, POIS APENAS UM TOLO O CONSIDERARIA PARAÍSO.

Muitos foram os Pensadores que dissertaram sobre cenários das Guerras Mundiais, das lutas sociais e direitos humanos.  De todos os que abriram o PENSAMENTO destacarei só o filósofo francês Jacques Ellul, defensor de que a Ciência se tornara um Órgão da Tecnica, ou seja, a Tecnociência, com o medo principal: a TIRANIA TECNOLOGICA sobre a Humanidade.

A tecnociência deu-nos: informática e internet;  computador portátil e o mais sofisticado telemóvel; rapidez na comunicação, informação e investigação; velocidade na inovação; precisão robótica na indústria, cirurgias e exames corporais;  inteligência artificial e as armas novas de vigilância, defesa e ataque; ionizações nas altas atmosferas e armas climáticas; avanços na conquista do espaço; melhor bem-estar social, infelizmente mal redistribuído.

A teoria do «Choque de Civilizações» não passou de uma «encomenda de pensamento» anglo-americana ilusória, mas certo é que o «choque» dos extremismos religiosos ganham novos teatros e actores na cena internacional. A Filosofia de séculos, agregada às diversas Teologias, analisava o binómio humano-animal e o transcendental-comportamental. A partir do «Século da Luzes» aprofundou-se a análise do binómio corpo-mente, surgindo, para além da Ética e da Moral, um novo conceito: a DEONTOLOGIA individual e das profissões.

A rapidez desta evolução dá-nos um séc. XX onde a FILOSOFIA DA MENTE já ultrapassa o dualismo cartesiano e os conceitos de Platão e Aristóteles sobre as dualidades de alma-corpo. A Ciência Cognitiva, cujo embrião filosófico se deve ao filósofo inglês Gilbert Ryle, na obra The Concept of Mind, marca o futuro da Filosofia da Mente que dinamiza a grande dualidade da investigação: a neurociência para tipificar o cérebro; a inteligência artificial para tentar criar máquinas que pensem. Porém, a questão fundamental é saber se a «inteligência» do computador do filme 2001 Odisseia no Espaço ultrapassa a mente de Mestre Yoda no filme Guerra das Estrelas. O grandes tema da Filosofia tem sido o livre-arbítrio, gravitando na equação liberdade de acção vs responsabilidade moral.

O futuro filosófico não estará numa dualidade de pensamento BEM-MAL, porque isso já nos foi bem retratado, em alegoria, por Machado de Assis na sua obra A Igreja do Diabo. Salman Rushdie deu razão a Machado de Assis, considerando-o um dos maiores autores da literatura mundial, quando ele narrou que depois do «Diabo» dar todos os prazeres à Humanidade, os seus fiéis voltaram a filosofar melhor, a dar esmola aos pobres e os ricos a retomar o mecenato para a Ciências e as Humanidades, redistribuindo riqueza.

Então o que devemos esperar?  A Tecnociência procurará manipular leis que governam o subatómico para atingir o futuro que regerá a Humanidade: a COMPUTAÇÃO QUÂNTICA. A Física Quântica que já nos permite salvar vidas com a ressonância magnética, avançou em 2017, no Canadá com o protótipo do computador quântico (15 milhões de dólares) D-Wave 2000 Q, onde este Q significa «qubits», binário oscilante que deixa obsoleto o 0-1 dos «bits».

As interrogações que se levantaram sobre telepatia, viagem astral, teleacção ADN (ARN), energias dos «chackras», «sensores» de rumos e magnetismos de algumas faunas e floras, bem como sobre o comportamento das ondas gravitacionais (Prémio Nobel da Física 2017) e das leis desconhecidas que regem pulsares, quasares, magnetares e buracos negros na evolução das galáxias, terão grandes desenvolvimentos no curto e médio prazo.

As nanomáquinas que vão circular no interior do corpo humano permitirão diagnósticos exactos e podem libertar fármacos contra tumores localizados. Esta tecnologia permitir-nos-á avançar no funcionamento mental. As tomografias de Andrew Newberg na Universidade da Pensilvânia feitas a meditações de monges tibetanos e a frades franciscanos, e as recentes experiências do psiquiatra Rick Strassman dando a DMT (dimetiltriptamina-componente da ayahuasca) a 400 voluntários, demonstram novas leis do pensamento, com sensações de êxtase, felicidade e perplexidade de cenários mentais, onde se visualiza a vida para além da morte na presença de «outras forças» até agora de ficção.

Será que a futura FILOSOFIA DA MENTE, como o actual sentimento religioso, é produto da evolução do nosso cérebro, como defendem os psicólogos evolucionistas, ou será que poderemos recriar o pensamento e a espiritualidade, com a química e meditação do cortex, como defendem os neuroteólogos? A Filosofia da supremacia do ser humano sobre o animal terminou. A Filosofia que valorizava a Ética e a Moral, após a Deontologia, está em declínio.

O neolítico, onde as raças pré-nórdica, nórdica, alpina e mediterrânea se miscigenaram com migrações vindas do Oriente, sobretudo da Ásia Menor, também a Rota da Seda e os Impérios Antigos e depois os Descobrimentos foram transformando o genoma humano.

Alterações genéticas nas fisionomias e cores de pele, tudo apontando para uma ulterior RAÇA MORENA de longo prazo, cujo exemplo foi o casamento real em Windsor, a 19 de Maio de 2018, ou a ancestralidade da federal e humanística colonização portuguesa no Brasil, com antecipadas abolições de escravaturas, com alterações no estudo das Gramáticas Históricas e Lexilogias, estão a ter já expressão numa realidade de mutação das Sociedades:

  1. O declínio da supremacia da Instituição sobre o Indivíduo, tornando-se dinâmica a interdependência entre as partes em prol do todo social, ruindo a clássica autoridade estática, impotente para travar a contestação de direitos e liberdades.
  2. Maior selectividade na procriação tardia e laboratorial, bem como o alargar de uniões entre povos, adopções e parentalidades liberais, sem que os Estados Ocidentais estejam a incentivar demografias mais jovens, antes as estão a penalizar, como em Portugal, nos períodos de gravidez e sequentes progressões de carreiras, como deslocalizações desfocadas às taxas de natalidade e desertificações de regiões.

O Pensamento e a Filosofia, bem como as Ciências e as Humanidades desta Nova Raça, a sua Espiritualidade e a sua inevitável expansão no Espaço, se é para nós, nesta actualidade, uma ficção, devemo-nos lembrar do que narra o Livro do Génesis do Antigo Testamento (Causas do Dilúvio-6): …e foram crescendo mais raparigas, os seres celestes viram que estas eram belas e cada um deles escolheu para sua mulher aquela que mais lhe agradou.

Será que as vidas no Universo obedecem a uma estratificação evolutiva espiritual, com adequadas preparações genéticas corporais, caminhando os Saberes e o Conhecimento de acordo com uma Filosofia própria inerente às ondas vibratórias dos planetas que acolhem esses Seres? Será que os diferentes Reinos das Naturezas das Galáxias são similares à Natureza na Terra? A ambição em colocar uma estação fixa com 9 Seres Humanos em Marte, até 2022 ou 2040, fazendo missões de vai-e-vem anuais, reflecte a renovação principal do catalizador ancestral da Humanidade: CONHECER A ORIGEM DO UNIVERSO. Como se comportará a Filosofia da Mente Humana no Espaço?

O enigma «Big Bang», desencadeado por Stephen Hawking e Peter Higgs, trouxe-nos já desenvolvimentos para a nanotecnologia e a medicina nuclear. Há uma «partícula de Deus», ou fomos «construídos» para ter Fé e programados para acreditar no transcendente? Estamos longe das respostas científicas, pois só se tentou responder pela METAFÍSICA, ou seja, como disse Aristóteles, DEPOIS DA FÍSICA, ou abstracção. Estamos perto de reabilitar o ostracismo e o esquecimento de um dos maiores filosófos-cientistas «fora do seu tempo»: Gottfried Leibniz. As suas «mônadas», ou seja, os equivalentes atómos da sua realidade metafísica hão-de ser demonstrados pela Física Quântica. Já hoje o lembram, por ter dito, muito antes de Einstein, que o espaço/tempo/movimento são relativos. O seu princípio da razão suficiente está na Filosofia Digital, tronco da Cosmologia actual. Tinha razão Max Weber ao dizer: o homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tentado o impossível. Assim o recordámos hoje aqui, dizendo o que será no futuro possível.

Máis de João Santos Fernandes