Mudar o mundo

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artur-alonso-novelhe-plato_capaEram os anos 70, ao bairro das Camelias, surgido sobre vinhas à beira do Barbanha, uniam-se as casas da Caixa de Aforros e mais urbanizações levantadas polo Collarte, também paralelas ao Barbanha, bem como outros edifícios construídos polo Prada.

Começaram os raparigos e raparigas a baixar para o pátio com essas miradas de: este quem será? Os que se conhecem andam juntos, outros vão-se achegando e falando… Onde estudas e moras? Ah! “Entonces tú vas al mismo colegio que fulanito”¡…hablábamos en castellano!

Um bom dia, já não há individualidades senão grupo, o grupo escuta a quem fala, e lembro que um dia é “Arturito” que intervêm. Daquela cada um tinha o seu alcume. Diziam-me a mim “senhor doutor” porque um dia dei por fazer como que mirava por um microscópio feito com a mão fechada. “Arturito” conta um chiste, simpatiquíssimo, com acento mexicano, hahahaha… fabuloso, criativo e original.

Bem… Poderia seguir porque acho mui terno e amoroso recordar como travamos uma ligação, não utópica, mas sim com muitos valores… que agora Artur sinaliza como legítimos na aspiração da humanidade para conviver e evoluir.

Os regatos foram decorrendo por ladeiras variadas, já com bom trecho recorrido, e ocorrem encontros; entre eles coincidimos Artur e eu no “Dojo Zen” de Ourense, uns raparigos das Camélias dos anos 70, na década do 2000 avançada praticam meditação zen! Quem o ia a dizer!

É um prazer e orgulho encontrar-me aqui a carão de Artur, fazendo um introdutório do seu livro “MUDAR O MUNDO”. Graças pola tua companhia, polas reflexões e achegas valentemente abertas e sinceras, por uma linguagem tão cuidada; por teu estudo e pola humanidade compassiva que (dele) se desprende.

Neste livro Artur põe nome e descrição aos anelos mais profundos do ser humano, na sua cognitividade indissociada da sociedade humana; porque antes de mais não é uma aspiração egoica, mas coletiva (MAHAYANA FRENTE A HINAYANA SEGUNDO A TRADIÇÃO ZEN).

Neste livro Artur põe nome e descrição aos anelos mais profundos do ser humano, na sua cognitividade indissociada da sociedade humana; porque antes de mais não é uma aspiração egoica, mas coletiva.

Fala que a dor existencial é a forma de sair coletivamente dela, estudando o caminho que seguem as tradições humanistas no tempo. Está mui presente ao longo do livro o grande sofrimento que atravessou a sociedade humana e, no sofrimento que se encontra na atualidade, o facto de nos sentir separados e diferentes situa-nos no confronto. Ao colocar por riba o TER do SER, engana na forma de chegar a felicidade. Porém, em realidade estamos separados? Em realidade o facto de ter dá felicidade? Há respostas a estas perguntas neste livro.

A tradição budista coincide que a dor vai com o ser humano, que a causa da dor é uma perceção errada, que há um estado além da dor e um caminho para chegar a este estado.

Neste livro há poesia, há emoção e intuição, e Artur entende que a ciência e a razão confluíram na sabedoria; pensamentos mui brilhantes, “chisposos” na proximidade do modelo da física quântica mais o vazio budista.

Também propõe que as emoções nas que se tem que apoiar o evoluir humano estão perto das emoções saudáveis das que fala o budismo: unidade, conexão, integração. O amor bondoso, benévolo, não condicionado, a amizade, a compaixão, a alegria polo bem dos demais, equanimidade.

Sorte no teu caminho, ventura para todos os que estamos aqui e para toda a humanidade, que também será a sorte individual. Que desfruteis deste tempo de compartir e graças pola vossa atenção.

 — Texto criado para o ato de apresentação do livro MUDAR O MUNDO, de Artur Alonso, na livraria Nobel — de Ourense, a 27 de outubro de 2021.

O livro pode ser adquirido como livro eletrónico aqui. Para solicitar em formato físico escrever a: info@movimentolusofono.org. Também está disponível em diversas livrarias.

Máis de Camilo Nogueiras
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