Juan Antelo Vieites nasceu num bastiom do galego, Camarinhas. Estudante de Língua e Culturas Galegas, apesar de ter podido ser psicólogo. Para o seu contacto com o reintegracionismo foram importantes os vídeos do Eduardo Maragoto e atualmente é o gestor de @emgalego. Desejaria que as pessoas não deixassem esmorecer as marcas dialetais do seu galego.
És uma pessoa jovem, passaram apenas duas décadas desde a tua infância em Camarinhas e o momento presente. Como era a ecologia linguística antes e como é agora?
Acho que o meu concelho foi e continua a ser um bastiom para a língua galega que contrasta com à triste realidade que estamos a experimentar no país. Nom podo negar que se observem as tendências do resto da sociedade galega, mas sim que é um núcleo que resiste, acho que isto é um dos pontos positivos de sermos umha populaçom tam periférica. O que sim noto é que está a desaparecer um monte de léxico, ou comarea dele como diríamos nós :).
A adolescência é uma faixa etária intensa. Muitos neofalantes urbanos, e não só, deram o salto linguístico nessa altura. Ora, também pode acontecer o caso contrário. Nos casos que tu conheces, na tua rede social, aconteceu?
Até os meus estudos universitários era-me estranho escuitar umha persoa galega falar castelhano na minha realidade, obviamente era consciente da situaçom do país polo que se contava na TV ou na Internet, mas no meu ambiente o castelhano que se falava nalgum caso era mui excecional ou de pessoas migrantes que vinham à Galiza.
Juan acaba de concluir, na USC, Língua e Literatura Galegas. Porque decidiste enveredar por esta formação? Quais as tuas expetativas laborais?
Eu até meados do meu segundo de bacharelato queria estudar Psicologia, mesmo tinha as matérias configuradas para ir à seletividade para esses estudos, nom obstante dei-me conta a tempo que sempre me condicionaram no sistema educativo a escolher o meu futuro entre estudos científicos, umha história que tamém conheço que tivo de viver, infelizmente, mais gente. Durante esse ano académico percebim que todo o meu tempo livre o usava em ver conteúdo sobre língua galega no Youtube e aí foi quando digem «e porque nom me dedico a isto?»
Primeiramente quero provar a experiência da docência da matéria de Língua Galega nas nossas escolas, mas nom descarto a ideia de me tentar achegar ao mundo da investigaçom.
A Galiza está a viver uma marcado processo de substituição linguística. Em que medida os profissionais da matéria de língua galega podem contribuir para lhe fazer frente?
Eu acho que um bom docente sempre pode motivar umha mudança linguística ou, quando menos, fazer um empurrom para que se dê, contudo, acho que na sociedade atual outros meio como as redes sociais e a nossa vida em linha estám a abranger cada vez mais espaço das nossas vidas e, por conseguinte, modificar mais as nossas decisons.
Em que momento, e porque meios, chegaste a conclusão de que a melhor estratégia social e pessoal para a nossa língua era a reintegracionista?
O meu primeiro contacto com o modelo reintegracionista creio lembrar que foi no meu último ano da ESO lá polo ano 2017, mais ou menos. Fum-me achegando aos poucos com os vídeos do Eduardo Maragoto e, sobretudo, com o labor tam fantástico do Jon Amil aos mandos de @emgalego, papel que tivem a sorte de herdar e polo que lhe estou mui agradecido.
Em que medida o @emgalego pode ajudar a visualizar a língua de uma forma diferente?
É umha ferramenta interessante para achegar-se a públicos como a mocidade, num tom mais desenfadado que normalmente nom som usados numha comunicaçom “mais séria” como pode fazer umha associaçom como a nossa.
Por onde julgas que deveria transitar o reintegracionismo para avançar socialmente entre as pessoas da tua idade?
Acho que se está a fazer um bom trabalho nesta matéria já, e algo que se transmite bem. Acho que novos caminhos para explorar podem ser realizar parcerias com gente que crie conteúdo para a rede na nossa língua e ademais conseguir que conectem com a lusofonia. Muitas vezes na rede em galego vejo que decalcamos o que se fai em castelhano em lugar de traçar pontes com o mundo português.
Porque decidiste tornar-te sócio da Agal e que esperas do trabalho da associação?
Sempre quigem colaborar com a AGAL e simplesmente decidim dar o passo agora que entrei a administrar o @emgalego.
Em 2021 somamos 40 anos de oficialidade do galego. Como valorarias esse processo? Que foi o melhor e que foi o pior?
Considero que nom estou mui capacitado para responder a esta pergunta, já que o status legal do galego desde que eu tenho consciência a esta parte quase nom mudou. Segundo o que leio das épocas anteriores à oficialidade acho que este é um facto que só melhorou a vitalidade da língua, ainda que obviamente nom se trabalhasse nisto tudo o que se deveria como dim os dados.
Como gostarias que fosse a“fotografia linguística” da Galiza em 2050?
Desde que a pergunta é como eu GOSTARIA que fosse o panorama, acho que o que vou comentar é evidente, polo que, por mencionar algo nom se traze habitualmente à esfera pública, gostaria de a gente que conserve a língua tamém reparasse no falar que lhes transmitírom e que nom deixe esmorecer a sua variedade dialetal com todas as suas caraterísticas.
Conhecendo Juan Antelo Vieites:
Um sítio web: nautopia.gal
Um invento: O Montanha-Feita-Com-Toupeiras-Inator
Umamúsica: Nanana de Ortiga
Um livro: Nom estamos quebrades de Nee Barros
Um facto histórico: A história do soldado japonês que passou 29 anos sem saber que acabara a Segunda Guerra Mundial.
Um prato na mesa: Quiche
Um desporto: Judo
Um filme: Kimi no suizou wo tabetai (Quero comer o teu pâncreas)
Uma maravilha: As verbenas
Além de galego/a: curioso