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Faleceu o professor e poeta português Amadeu Rodrigues Torres

PGL – O passado 9 de fevereiro faleceu em Braga aos 87 anos o professor, escritor e sacerdote Amadeu Rodrigues Torres, conhecido a nível literário por Castro Gil. Estudioso lingüístico e literário de dilatada trajetória e vasta e variada obra, além de meritório poeta, foi um de grande amigo da Galiza, cujo movimento lusófono apoiou e a alguns de cujos vultos dedicou poemas de fraternidade.

Amadeu Rodrigues Torres, nascido em 1924, em Vila de Punhe, Viana do Castelo, mas há muito radicado em Braga, definia-se como “humanista e linguista”. Frequentou os seminários diocesanos de Braga, em cuja Arquidiocese foi ordenado presbítero em 1957. Entre outros cargos, foi capelão da igreja de Nossa Senhora da Penha de França e, actualmente, cónego da Sé da velha capital da Galiza.

Amadeu Torres licenciou-se em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa em 1971 e pouco depois doutorou-se em Filologia Clássica pela Universidade de Lisboa com tese sobre Damião de Góis. Frequentou diversos cursos complementares em Portugal, França e Bélgica sobre múltiples temas que delatam seu largo interesse científico: Pedagogia, Gramática, Linguística e Computador, Linguística e Informatica, Estatística Linguística, e assim por diante.

Ao nível da investigação universitária se ocupou em estudos lingüísticos e literários. Destaca-se seus estudos sobre o humanista português Damião de Góis: Damião de Góis e o ciceronianismo (1973) e Noese e crise na epistolografia latina goisiana, tese de doutoramento que arrebatou o prémio Laranjo Coelho, da Academia de Ciênias de Lisboa. Ao gramaticalismo português dedicou grande parte do seu tempo de investigação,

Fez o concurso para professor associado em 1985 e o de agregação para catedrático em 1988, na área de Linguística. Foi professor catedrático da Universidade Católica Portuguesa (Faculdade de Filosofia de Braga), onde foi responsável, até sua jubilação, pelas cadeiras de Sintaxe e Semântica do Português e História da Língua Portuguesa, e professor catedrático convidado da Universidade do Minho, onde lecionou Fonética e Morfologia do Português e História da Língua Portuguesa e regeu, desde 1978 até 1995, a cadeira de Sintaxe e Semântica do Português.

Colaborou com múltiplos jornais da região e com revistas da cultura. E foi distinguido com diversos prêmios e honrarias ao longo de sua carreira, tanto científicos, nos campos da Linguística, a Literatura ou a História, como literários e poéticos, e de reconhecimento cidadão.

Firme apoiante do Movimento Lusófono Galego

Foi membro de múltiplas agremiações culturais, portuguesas, americanas e européias, entre as quais a Associação Luso-Galega de escritores e linguistas – Irmandades da Fala da Galiza e Portugal, das quais foi assessor e fazia parte desde a sua legalização em território português em 1991. Integrou a Comissão Galega do Acordo Ortográfico que conduziu à participação de uma “Delegação de Observadores da Galiza” no Acordo de 1990, em Lisboa.

Castro Gil, poeta

Uma doença súbita e grave na sua juventude colocou-lhe em risco a vida e a prossecução dos estudos, tendo sido internado no sanatório de Coimbra, onde escreveu grande parte dos seus poemas juvenis. Apegado ao ideal da cultura clássica, foi autor de muitas poesias dispersas por folhas literárias e outras publicações do género, utilizando, por vezes, o pseudónimo Castro Gil. Parte de sua obra publicou-se em cinco livros de poemas, um deles,  E mais Mundo haverá / And more Worlds there will be, em edição bilingüe português-inglês, além de uma Antologia Poética. A sua última obra literária, o quinto volume de No espólio de Juvenal e noutros, foi editada em Dezembro de 2011.

Castro Gil publicou sonetos a diversos vultos galegos como Valentim Paz Andrade, Carvalho Calero e Guerra da Cal nas publicações das Irmandades da Fala da Galiza e Portugal, as revistas Nós e Temas do Ensino de Linguística e Sociolinguística. No seu livro Em louvor de Viana e Outros Poemas (1999) incluiu dois sonetos dedicados Rosália de Castro e Ricardo Carvalho Calero.

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