Há muito tempo que queríamos abordar várias questões relativas ao funcionamento da AGAL, que nos vêm preocupando e que, parcialmente, já temos manifestado em conversas informais (também em correios), concretamente com Eduardo Maragoto e Valentim Fagim.
Tanto Susi Leira Lugrís quanto Carlos Velasco somos sóci@s da AGAL desde o 03/04/2017, quando Susi estava fazendo uma substituição na Escola Oficial de Idiomas de Santiago de Compostela e V. Fagim lhe propôs entrarem os dois para a AGAL.
O primeiro assunto que nos tem preocupado muito desde a nossa incorporação é o referente a quem faz parte desta Associação. Será que saber simplesmente os nomes e apelidos da tal “família agâlica” [não falamos de endereço, telefone ou outros dados sensíveis] vulnera a lei de Proteção de Dados? Tal é o que se nos tem comunicado com estas palavras: “Não é possível fornecermos esta informação por estar protegida pelo Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) (UE) 2016/679 que complementa a Ley orgánica 15/1999, de 13 de dezembro, de Proteção de Dados de Caráter Pessoal (LOPD)”.
É muito perturbador para nós não poder ter conhecimento desses sóci@s (515?) e amig@s (57) da AGAL. Não é agradável, pois semelha que façamos parte duma seita, organização clandestina ou secreta. Qualquer empresa pode aceder sem problema aos nossos dados, inclusive a algo tão privado como o nosso número de telemóvel, e nós não podemos saber quem são os nossos colegas da AGAL?
Outro tema que nos preocupa é o das subvenções que recebe a Associação, na medida em que parecem condicionar a comparecência de determinadas pessoas ou a confluência da AGAL com certos poderes institucionais, caraterizados por atitudes linguísticas totalmente contrárias e indiferentes à defesa da nossa língua em qualquer das suas normas.
Também consideramos que a AGAL (como os sindicatos ou qualquer outro tipo de organização) apresenta um certo “aquele” de corporativismo. Expliquemo-nos: detetamos uma assimetria injusta, inclusive abusiva, em referencia às quotas que devem pagar as pessoas com trabalho e as pessoas desempregadas, isto é, 30 euros face a 22,50. Não parece responder a um critério de mínima equidade. Algumas pessoas devem causar baixa por este motivo, o que não consideramos justo e próprio duma associação destas caraterísticas, cujo objetivo, entre outros, é implantar-se de forma mais apreciável na sociedade galega.
Surpreendem igualmente, alguns vídeos de You Tube em que se veem envolvidos membros com cargos de responsabilidade na AGAL. Referimos-nos aos seus conteúdos assim como as informações que ali se vertem (ou não se vertem), ao interlocut@r escolhido, etc., às vezes chegando a situações comprometidas como aquela em que um membro da direção não pôde dar uma resposta convincente, informada, segura e séria acerca de dados que têm a ver com o funcionamento, as cifras sobre assuntos como quantas pessoas utilizam a norma dos máximos da AGAL e questões desse tipo. Isto semelha de toda forma inaudito, ou quando menos rechamante, dado que a rede é aberta e em qualquer canto do mundo podem ser vistas projetando uma imagem pouco profissional e competente.
Mais um tema que nos “enfastia” é o da excessiva centralização das atividades, encontros, assembleias, etc. Quase todas elas são realizadas na cidade de Santiago. Tenha-se em conta que @s sóci@s e simpatizantes procedemos de diversas zonas da Galiza e é lícito que, quando menos, as assembleias se realizem rotatoriamente. Sabemos que pode não ser prático e factível fazê-las em vilas, aldeias, etc, mas sim acreditamos que existem infraestruturas (estradas e autoestradas, caminho de ferro) assim como locais, etc. para serem realizadas por igual nas sete cidades galegas. Isto favoreceria a integração e um maior compromisso de participação ativa por parte de tod@s @s membros da AGAL; também proporcionaria uma maior perceção de comunidade em igualdade (“a tal família agâlica”) e de democratização deste tipo de organismos, entre outros temas.
Quase tudo (salvo alguma coisa pontual, por exemplo, a apresentação dalgum livro) o que organiza a AGAL desenvolve-se na “capital do reino”. Existe vida para além dessa cidade amada. Abaixo tanto centralismo “de dios” do que tanto nos queixamos sempre, nomeadamente, desde as organizações progressistas. Precisamente, e a propósito deste e outros assuntos, digamos que há muita gente que não concorda com ser uma simples quotista, um número. Não gostamos também da organização tão piramidal da AGAL, em que uns poucos decidem quase tudo ou tudo. O desejável seria uma organização de base e sempre contando com @s sóci@s para qualquer assunto; isto é, cada uma das pessoas conta e tem que ter poder de decisão ou, o que é o mesmo, ter o direito a questionar, a fiscalizar, etc. sem ser assinalad@s por esse motivo.
Em relação às entrevistas que supostamente realiza a AGAL quando se incorpora um/uma nov@ sóci@ parece ser que isto nem sempre funciona assim. Portanto, desejaríamos que alguém nos explicasse o motivo. No caso particular de Susi Leira Lugrís, Valentim Fagim (quem a convidou a formar parte da AGAL) após perguntar-lhe se se animava a ser entrevistada e ante a resposta afirmativa, respondeu que nesses dias [correio do 11/04/2017] ia descansar mas após a Páscoa “víamos o da entrevista”, ora isso jamais se concretizou. Isto faz pensar que há membros mais considerados que outros, como se o “pedigree” académico tivesse certa relevância.
Por último, outra questão tem a ver com o funcionamento da Editora Através. Gostaríamos de saber que pessoas compõem a Comissão Técnica ou a Equipa de Através (que varia no tempo, logicamente), quem decide quais livros merecem ser publicados e quais não e qual o critério para a escolha de ditas pessoas e publicações. Nós somos cientes de que as Editoras têm uma “linha editorial”, umas preferências, etc., mas é um tema que não fica esclarecido o suficiente, e dá lugar a reticências e faltas de confiança na transparência da organização.
A propósito disto queríamos fazer uma apreciação sobre a resposta negativa a proposta de publicação da Tese de Doutoramento (A trajetória de Caetano Veloso no campo cultural brasileiro da segunda metade do século XX), apresentada por Susi Leira Lugrís no 14 de abril de 2023. É surpreendente o escassíssimo, ou mesmo nulo, interesse que a abordagem demorada dum tema tão significativo para o “espaço lusófono” tem suscitado nas fileiras da AGAL. E isso apesar de que diversos membros da Direção tinham conhecimento já há muito tempo da existência deste trabalho.
Desejaríamos que ninguém pense que o que expressamos e fruto simplesmente dum incomodamento/zangamento causado pelo fato de a Através Editora ter declinado a proposta de publicação que a autora lhes fez (animada por terceiras pessoas e sem nenhuma expectativa quanto ao assunto). Antes pelo contrário, é uma questão que atinge ao mesmo cerne identitário da AGAL, na medida em que se aprecia uma antinomia entre o que se diz defender [quer dizer, à integração do mundo galego no “espaço da lusofonia” e a interação entre as culturas dos diversos países que compõem esse universo linguístico e cultural] e a realidade que viemos observando durante os anos de militância na AGAL. Tratar-se-á, por acaso, duma mera manifestação retórica quando se fala da tal interação? Ou será que uma parte importante dessa militância da AGAL se encontra bem menos sensibilizada perante esta questão do que se lhe atribuí?
Francamente não podemos compreender que, tanto uma figura da entidade de Caetano Veloso, universal, e que, para além disso, nos atinge tão de perto, quanto todo o sistema cultural e a história política brasileiros (nessa tese tratados) mereçam tão pouco interesse, não já por parte da cultura galega oficial como desse setor minoritário da cultura galega que se identifica com a lusofonia. Para cúmulo de ironia Caetano Veloso tem recebido neste mesmo ano de leitura da dita tese, o título de Doutor Honoris Causa, não por uma Universidade galega mas castelhana, isto é, a Universidade de Salamanca.
Este fato tem muita relevância porque culturalmente e socialmente a Instituição universitária se considera um dos focos da investigação e do saber. Tenha-se em conta que em diversos Programas de Doutoramento captam algum alunado oferecendo os benefícios e saídas profissionais que a integração do mundo da lusofonia proporcionaria os matriculados neste tipo de Estudos. Semelha que tudo isto é retórica e pouco de verdade há nestas propostas mas bem os benefícios para uma instituição decadente e que a cada dia tem menos que oferecer à sociedade e nulo poder de transformação desta.
Velasco: Que está acontecendo?
Se alguém souber, me diga.