E que tem que ver a roupa com a contaminaçom? Teredes que ter um bocadinho de paciência com o argumento e com a minha vocaçom pedagógica.
Os popularmente chamados combustíveis fóssiles som matéria natural (petróleo, gás natural e carbom, principalmente) formada por carbono e hidrogénio. Som restos de animais e vegetais que fôrom literalmente enterrados em pregamentos da terra e permanecêrom aí durante milhons de anos. Alguns som hidrocarburos ou combinaçons deles.
Até aí tudo bem, nom é? O problema é que som a nossa principal fonte de energia: ao queimá-los, aquece-se água que, ao vaporizar, vai mover umha turbina para nos dar eletricidade (no caso das centrais térmicas). E na dita combustom produz-se CO2+ H20 (dióxido de carbono mais água).
Mas, muitas vezes, estes nom som puros; provavelmente produzam óxidos de nitrogénio e óxidos de xofre que, combinados com a água que chove, resultará em ácido sulfúrico, que depois nos chove por acima. Bom, a mim o ácido sulfúrico caiu-me alguma vez por acima no laboratório e queimou-me a bata toda… E isso é o que lhes cai às muitoss labregos e labregas da Galiza polas colheitas. Diluído, obviamente, mas ácido sulfúrico afinal!
O díóxido de nitrogénio tem o problema de acabar com a capa de ozono (O3) através da reaçom seguinte, que se lê «dióxido de nitrogénio combinado com ozono dá óxido de nitrogénio (VI) mais oxigénio»1:
N02 + 03 → N 03 + 02
Isto é: que se consome ozono (que é o elemento da atmósfera que absorve os raios ultravioleta) para dar oxigénio, e assim os raios prejudiciais podem danar a nossa pele. Existe umha correlaçom positiva entre a exposiçom aos raios ultra-violetas e o aumento de cancros de pele.
Finalmente, o dióxido de carbono que se forma naturalmente na combustom acumula-se na atmosfera, causando o efeito estufa. Aquí na figura 1 podemos ver umha gráfica das emissons do dióxido de carbono em funçom do combustível.
Os carros, os autocarros… parecem os usos mais evidentes que damos aos combustíveis fóssiles, nom? Pois afundemos um bocadinho mais: o aquecimento emprega gas natural, a eletricidade da casa pode vir dumha central térmica (onde se queima carbom).
Que é evidente? Mui bem, mas, já pensárades na nossa roupa? Se é feita localmente, em processo industrial, terá precisado a energia elétrica de que falávamos; e se é feita a mão na Índia (sim, esta roupa hippy de que gosto tanto) terám que trazê-la em aviom ou em barco até aqui. Entom, além de ter outros inconvenientes, contamina.
Nem só: todos e todas aquelas que nom formamos parte de umha cooperativa de consumo ou nom cultivamos os nossos próprios alimentos —comemos laranjas de Valência que nom se teleportam— ajudamos na contaminaçom. Os agroquímicos industriais que botam às laranjas fôrom feitos em indústrias que precisam energia. O computador em que escrevo isto foi feito numha usina que precisou energia, etc. E como já falámos, a produçom de energia contamina.
E para ir além da energia e o transporte: quem em época de estudante nom levou um tupper com comida da casa dos pais e mães? Pois o plástico também é derivado do petróleo, como muitos outros produtos do dia-a-dia (vaselina, óleos de massagem, detergentes, CDs, mezinhas, têxteis, equipamento desportivo…).
Parece evidente que o petróleo condicionou em grande medida a nossa vida e que a seguirá condicionando num futuro, bem pola sua influência na economia, o seu uso excessivo e a contaminaçom do ar ou bem pola a sua escasseza… Mas, quem sabe? Parece que alguém procura alternativas, mas acho que nom podemos ficar sem opinar no que nos atinge a todas e todos! Que mais umha vez nom se seqüestrem debates para manipular temas sociais cara um debate de elite política-falo de elite nom por qualidade, mas por dinheiro que ganham. [2, 3, 4]
Referências
- Bravo, Humberto, et al. «Contaminación atmosférica por ozono en la zona metropolitana de la ciudad de México: evolución histórica y perspectivas». Omnia, Coordinación General de Estudios de Posgrado 7 (1991): 23.
- Bolívar, Rafael, Jorge Mostany, and María del Carmen García. «Petroleo versus energías alternas: Dilema futuro». Interciencia: Revista de ciencia y tecnología de América 31.10 (2006): 704-711.
- Tolentino, Mario, and Romeu C. Rocha-Filho. “A química no efeito estufa.” Química Nova na Escola 8 (2014).
- Geller, Howard Steven, Mario Vidal Barbosa, and Marcio Edgar Schuler.Revolução energética: politicos para um futuro sustentável. Relume Dumará, 2003.
- Cechin, Andrei. Natureza Como Limite Da Economia, a. Senac, 2010
- Sachs, Ignacy. “Da civilização do petróleo a uma nova civilização verde.”Estudos avançados 19.55 (2005): 195-214.
