Por Saul Santim
Nos últimos dias venho de manter discussões amigáveis com pessoas diversas; todas elas têm um denominador comum que é a sua antipatia ao atual governo galego, e que veem a necessidade dum governo alternativo ao PP no ano 2013. Precisamente um dos elementos em que coincidíamos é a existência dum clima social muito distinto ao que havia na longa noite de pedra que supujo o fraguismo na Galiza. Outro elemento comum é a apatia, e a não visibilização da possibilidade duma mudança de governo na Junta da Galiza.
Já desde os primeiros meses do início do Governo Feijó tem existido uma alta contestação a muitas das suas medidas por parte da sociedade galega. Desde as maiores movimentações que se têm dado na história deste país na defesa da língua, até ao seguimento da greve geral na Galiza contra a reforma laboral, onde a cidadania do nosso país estivo à cabeça no estado em número de participantes. Apesar de que isto contrasta também com o apoio entusiasta de determinados segmentos sociais às suas políticas de desconstrução social e nacional que tem levado a cabo desde o primeiro dia.
Provavelmente há poucos governos que, desde o primeiro dia, tivessem uma oposição social tão forte, e isto só é possível explicá-lo desde a constatação de duas realidades: A primeira é que o PP desde o primeiro dia do primeiro ano da legislatura se dedicou a desmontar aquelas políticas públicas mais progressistas e transformadoras que levou a cabo o governo bipartido, e nomeadamente o BNG (concurso eólico, galescolas, políticas de normalização); e a segunda é que neste país existe uma maioria social progressista e de esquerdas, que vai desde a extrema-esquerda até o social-liberalismo, onde o nacionalismo galego tem um papel nada desprezível. Porém, uma parte desta esquerda, às vezes semelha que está mais cómoda com um governo da direita, do que com um participado polo galeguismo político e a esquerda, e que com as suas eivas que as tivo, fijo avançar este país e o bem-estar dos galegos e as galegas.
Portanto, polo clima social deverá ser mais doado que em 2013 haja uma mudança no governo da Junta do que que se mantenha o governo Feijó, mas para isso tanto o BNG como o PSOE devem fazer os seus deveres na Galiza. Por que se existe esta apatia na base social dum governo alternativo, os principais responsáveis são as forças políticas que devem canalizar essas arelas de dar por finalizado quanto antes com a atual jeira conservadora na Galiza. Porque o principal problema é criar entusiasmo. Uma cousa é que a cidadania se mobilize contra o PP, outra bem distinta que votem no BNG ou no PSOE. No caso do BNG é básico que resolva quanto antes a interinagem na sua liderança e que aproveite a crise do PSOE no âmbito estatal, empregando uma linha discursiva mais atrativa, evitando a desmobilização interna e do seu eleitorado. Desde logo o contexto político é-lhe favorável, e se não o aproveita o único responsável será ele.
Finalmente, é essencial que as duas forças políticas chamadas a formar um governo de progresso na Galiza, mantenham o poder municipal nas cidades, e que não se alimente a confrontação entre elas mais do que necessário, porque isso só ajuda ao PP na sua estratégia de falar de bigovernos.