Neste ano 2021 há 40 anos desde que o galego passou a ser considerada língua co-oficial na Galiza, passando a ter um estatus legal que permitiria sair dos espaços informais e íntimos aos que fora relegada pola ditadura franquista. Para analisar este período, estamos a realizar ao longo de todo o ano umha série de entrevistas a diferentes agentes sociais para darem-nos a sua avaliaçom a respeito do processo, e também abrir possíveis novas vias de intervençom de cara o futuro.
Desta volta entrevistamos à responsável da livraria compostelana de mulheres, Lila de Lilith, Patricia Porto Paderne.
Qual foi a melhor iniciativa nestes quarenta anos para melhorar o status do galego?
Nom som especialista na matéria. As minhas respostas provenhem da minha experiência como neofalante, como educadora social e livreira e como mae de duas crianças, com que temos que estar sempre expectantes sobre a língua que usam. Sobre as iniciativas promotoras do galego no ámbito institucional suponho que a introduçom no sistema educativo, a obriga de uso na administraçom pública e a televisom; por parte da cidadania fôrom fundamentais os movimentos do tecido social e político e a vontade de pessoas que o promovem no seu dia a dia, a criaçom cultural (teatro, literatura, música), o seu uso em todos os movimentos sociais e reivindicaçons até datas recentes, iniciativas como as Escolas Semente ou as “tribos” informais que se criam em entornos de crianças galegofalantes…
Se pudesses recuar no tempo, que mudarias para que a situação na atualidade fosse melhor?
Outr@s governantes que apostassem pola língua a sério.
Que haveria que mudar a partir de agora para tentar minimizar e reverter a perda de falantes?
Acho que haveria que centrar-se no prestígio, na utilidade e no contacto com a língua, também na conexom com a lusofonia. Sensibilizar sobre a valia do galego, campanhas de normalizaçom, criaçom de conteúdos audiovisuais e de entornos virtuais dirigidos a crianças e adolescentes. Fazer planos específicos nas cidades galegas em que há geraçons que já nom tivérom nenhum contacto familiar com o galego, para que o conheçam e o sintam próximo. Abordar o contacto com as pessoas imigrantes, formaçom em galego para as que nom conhecem e reforço das pessoas que já se manejam em português, para que nom se vaiam ao castelhano como língua de contacto, como exemplos. Eu comecei a ser “bilingue” na universidade, e monolingue em galego a partir dum acampamento de Ítaca onde era a língua comum de uso. Acho que é importante que haja espaços de imersom para que as pessoas castelhanofalantes deem o passo. É importante fazer umha diagnose da situaçom e um plano integral para o abordar.
Acho que é importante que haja espaços de imersom para que as pessoas castelhanofalantes deem o passo. É importante fazer umha diagnose da situaçom e um plano integral para o abordar.
É possível oferecer livros em galego ilg-rag para todos os temas e formatos que pede e precisa a tua clientela?
Tal e como está a ediçom do sistema galego na atualidade, nom. Há muitos contéudos que acolhemos na Lila que cruzam o feminismo com outras áreas (arquitetura, antropologia, economia, sexualidade, saúde, etc..) sobre as que nom encontramos bibliografia em galego ilg. Publica-se menos que noutras línguas, tanto textos originais como traduçons. O habitual é írmo-nos ao castelhano e, por vezes, ao português, na procura desses textos.
Achas que seria possível que a nossa língua tivesse duas normas oficiais, uma similar à atual e outra ligada com as suas variedades internacionais?
Acho que si seria possível. Seria umha forma de explorar umha nova via para o galego sem grandes ruturas. Penso que seria bom e de justiça que se equiparassem a nível legal.