Partilhar

OSCAR GARCIA: “Hoje em dia continuo sem ser 100% galego-falante.O costume de falar em castelhano com a gente com que sempre falei assim é mau de tirar, mas já vão sendo horas.”

dsc_1092Óscar Garcia nasceu em Vigo, começou a falar galego mas tornou-se castelhano-falante até a adolescência. Tenciona falar galego com todas as pessoas mas nem sempre consegue.

É informático mas não acha que isso ajude a ser reintegracionista.

Para o avanço do reintegracionismo acha importante a presença do português na escola mas acha em falta mas empatia no mundo que se expressa em português.

**

 

Óscar nasceu em Vigo, de família galego-falante e em galego foram as suas primeiras palavras. Que sucedeu depois?

Como muitos outros vigueses sou filho da diglossia. Tanto a minha família paterna como a materna são galego-falantes, e eu também o fum nas minhas primeiras palavras. No entanto, ao começar pré-escolar tudo mudou, rodeado de castelhano no colégio e na televisão, em pouco tempo eu fui mais um a falar em castelhano. Para maior desgraça, os meus pais não viram problema em começar a me falar em castelhano já que parecia que era o que eu preferia.

Isto durou uns anos. Não recordo em que momento ou por que razão voltaram a falar connosco em galego, mas ainda que fôssemos crianças, o mal já estava feito, a minha língua principal era o castelhano.

 

A adolescência pode ser uma chama para queimar velhos hábitos. Foi assim no teu caso?

Na adolescência fum consciente do absurdo e injusto da situação, e comecei a falar sempre em galego com quem falava galego, mas o de fazê-lo ainda que me falassem em castelhano era outro cantar. A intenção existia mas inconscientemente voltava ao castelhano, assim que rendia-me uma e outra vez.

Hoje em dia continuo sem ser 100% galego-falante.O costume de falar em castelhano com a gente com que sempre falei assim é mau de tirar, mas já vão sendo horas.

Como foi o caminho para chegar ao lado obscuro da norma?

O reintegracionismo é um grande desconhecido para a maioria das pessoas, ao não ter referentes próximos só se sabe que existe pelas pintadas e cartazes políticos. Afortunadamente existe a web de Agal e pudem-me informar, e ainda que não me convencesse o bastante como para deixar a norma ILG, percebim que as duas normas tinham pontos fortes e fracos, e que a escolha dependia do que considerasses mais importante. Com o tempo, e vendo a deriva do galego, percebim que a sobrevivência do galego passa unicamente pola estratégia internacional.

 

Ainda não escreves em galego internacional mas a sua mente está aí. Achas que vai ser um processo difícil?

Dar o passo não, mas vai-me custar sentir-me cómodo ao escrever. Sempre gostei de escrever o mais correto possível, e se já é difícil manter o aprendido durante tantos anos na escola, mais complicado será começar de novo tendo menos tempo e ocasiões de praticá-lo

 

Óscar é informático. Há quem afirme que as pessoas do ramo informático, no seu esquema de tentativa-erro, são mais favoráveis à estratégia reintegracionista. Concordas ou achas ser um mito?

Nunca pensara nisso, mas acho que não concordo. Na informática é imprescindível o inglês, assim que esse é o idioma que leva o esforço de internacionalização. Qualquer movimento cara o galego internacional é por prazer/consciência, e nisso tenho que reconhecer que a gente de letras vai por diante.

 

É possível, sendo um usuário comum da Internet e do computador, viver em galego internacional?

A resposta são 250 milhões de lusófonos que sim o fazem, mas acho a Internet lusófona ter pouco atrativo. Internet é global e local ao mesmo tempo, no global tendemos cada vez mais para o inglês, e no local há que o há, poucas vezes podes escolher a língua e muito menos a norma.

 

Por onde deve caminhar o reintegracionismo para se tornar o “senso comum”?

Complicado, muita gente leva trabalhado no duro com esse objetivo e ainda não se conseguiu. Além da maior presença do português na escola como na Estremadura, penso que seria muito positivo que a lusofonia contribuísse mais. Às vezes dá a impressão de que os únicos interessados somos uns poucos galegos

 

Que visão tinhas da AGAL, que te motivou a te associares e que esperas da associação?

Sempre pensei que na AGAL havia muita gente com um grande conhecimento e amor polo galego, e que com muito trabalho e poucas ajudas conseguiram grandes coisas coma o dicionário Estraviz. Esse esforço foi o que me levou a me associar, de algum modo quero ajudar a que AGAL continue a medrar e lutar polo galego como até agora.

 

Como gostarias que fosse a “fotografia linguística” da Galiza em 2030?

Acho que antes desse ano tem que haver uma grande mudança social, o que não tenho tão claro é se o galego estará incluído nesse mudança, assim que conformo-me com que se detenha a perda de falantes e que seja mais singelo levar uma vida em galego..

 

Conhecendo Óscar Garcia:IMG_4583

Um sítio web: www.stackoverflow.com (a Wikipédia informática)

Um invento: O transístor (semicondutor)

Uma música:  A tradicional para tocar e cantar, o rock para escutar

Um livro:  O cervo na torre de Darío X. Cabana

Um facto histórico: A revolução industrial

Um prato na mesa: Almôndegas

Um desporto: Futebol gaélico por dizer algum

Um filme: In the name of the father

Uma maravilha: O processo biológico da vida

Além de galego/a: Rosnão e despistado

 

 

A Mesa tramitou mais de um milhar de expedientes em 2023

Areias de Portonovo, uma jornada atlântica da Galiza ao Brasil

A USC comemora os 50 anos da revolução de 25 de Abril que deu início à democracia contemporânea em Portugal

Sónia Engroba: ‘Não somos conscientes nem conhecedores do poder da nossa própria língua’

Novidades Através: 50 anos de Abril na Galiza

Lançamento do livro González-Millán, a projeção de um pensamento crítico, em Braga

A Mesa tramitou mais de um milhar de expedientes em 2023

Areias de Portonovo, uma jornada atlântica da Galiza ao Brasil

A USC comemora os 50 anos da revolução de 25 de Abril que deu início à democracia contemporânea em Portugal

Sónia Engroba: ‘Não somos conscientes nem conhecedores do poder da nossa própria língua’