O Santo dos Eucaliptos

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Rosende

Há duas aldeias chamadas Rosende na comarca de Ordes e, aliás, estám bastante pertinho umha da outra, umha na freguesia de Campo e outra na de Chaiám. Há, também, um rego de Rosende, no linde entre Traço e Benza. Trata-se, mais umha vez, dum topónimo formado a partir dum nome germánico de possessor. As de Campo e Chaiám deveram ser na Idade Média *(villa) Rudesindi, “vila” do senhor Rudesindus, cujo nome de origem germánica está composto polos elementos góticos hroth ‘vitória, fama, glória’ e sinth ‘caminho, marcha, expediçom militar, polo tanto o atual nome de Rosendo (que procede deste medieval Rudesindo) agocha um ‘Caminho da Vitória’. Mas nem sempre os topónimos Rosende provenhem de antigos Rudesindos proprietários; Cabeza Quiles demonstra com documentaçom como o lugar homónimo pertencente à freguesia sarriana de Ortoá vem dumha (villa) Ranosindi, e polo tanto dum antropónimo Ranosindus[1], onde varia o primeiro termo, que como já se viu a propósito de Ramil nom está mui claro se será *rana, ‘focinho do porco bravo ou ordem de combate em forma de cunha ou focinho do porco bravo’ ou *rahana, ‘roubo, botim’. Estaria bem simpático que Ranosindo significasse ‘Caminho do Roubo’…

Para Ferrín estes topónimos Rosende estariam implantados na Galiza antes do ano 711, perpetuando-se o nome pessoal até os nossos dias. Também indica que a “figura política e militar central do século X foi aquel Rudesindus fillo de Gutier e Ilduara que artelhou e cohesionou o Reino de Galicia apoiado pola súa familia todopoderosa e que, tras fundar Celanova, pasou á historia como San Rosendo[2]. Outros religioso destacado foi Frei Rosendo Salvado, que o companheiro Joám Lopes Facal alinheia de titular numha fabulosa triada bieita galega junto com os Padres Sarmiento e Feijóo, ilustrados defensores da Terra. Nom é como para celebrar que o tudense Rosendo Salvado fosse o introdutor do eucalipto na Europa –que saberia ele de ENCE e das políticas florestais suicidas da Junta…-, mas sempre será reivindicado como indigenista, luitador a prol dos direitos dos povos aborígenes da Austrália e autor dum magnífico trabalho etnográfico (e político), Memorias históricas sobre Austrália, publicado em italiano em 1851 e traduzido recentemente ao galego. Para além do nome próprio Rosendo, também o topónimo Rosende foi usado como apelido, nomeando nos inícios os vizinhos dos lugares que se chamavam assim. Xesús Rosende, talvez natural do Rosende de Campo, foi vogal do Partido Galeguista de Traço[3].

Notas:

[1] Francisco Cabeza Quiles, Toponimia de Galicia, Vigo, Xerais, 2008, p. 313.

[2] Xosé Luis Méndez Ferrín, Consultorio dos Nomes e dos Apelidos Galegos, Vigo, Xerais, 2007, pp. 376-377.

[3] “Grupo de Trazo”, A Nosa Terra, nº 419, 19 de junho de 1936, p. 3.

Aldeia de Rosende em Traço
Aldeia de Rosende em Traço