Normativa proletária do meu povo

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Por Valentim R. Fagim

Recentemente, nas II Xeiras da Língua, organizadas polos Comités em Vigo, apresentei a estratégia luso-brasileira para a língua. Comecei indicando do que nom ia falar: Religiom. Vinha falar de factos, estratégias e tácticas. O que nom foi impedimento para na roda de perguntas aparecer a sacralidade.

O factor religioso na língua tem várias formas mas todas estám imbuídas de FÉ. Segundo o e-estraviz, FÉ é crença em algo sem necessidade de que esteja confirmado pola experiência ou pola razom própria. Umha forma de fé é a existência de umha feiçom de galego a salvo da acçom uniformizadora do estado. Ninguém sabe onde está esse oásis mas, nom fai mal, também ninguém trocou conversa com o espírito santo e quando vemos umha pomba até duvidamos, será ele?

Um dos subprodutos desta fé é a mística popular. Nom deve ser por acaso que a palavra POVO tenha dous O, para assim podermos encher a boca quando  a pronunciamos. As pessoas que mergulham nesta mística som opacas à análise. Os movimentos globais que afectam todas as sociedades ocidentais detenhem-se ao chegar ao seu medúlio particular. Assim sendo, começa umha competiçom para ser popular, nom no sentido dos filmes norte-americanos de adolescentes mas no sentido mais místico. Trata-se de se tornar representante do POVO embora este senhor nom tenha delegado neles. Levado à língua traduze-se no seu sequestro.

Dizia Pessoa que a fala é democrática e a escrita aristocrática. Pois é. A fala diz-nos onde estamos e a escrita onde queremos estar.


(*) Opiniom publicada originalmente no n.º 88 do Novas da Galiza, na secçom Língua Nacional.