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NELSON MANDELA, PELA PAZ E CONTRA O RACISMO

 

Dentro da série que estou dedicando aos grandes vultos da humanidade, desta vez, para comemorar a data do Dia Internacional da Paz, que se celebra em muitos lugares cada 21 de setembro, quero falar de Nelson Mandela, um grande seguidor, entre outros, de Gandhi. Com a sua figura, que estudaremos a seguir, cumpre-se o número 12 da série iniciada no seu dia com Sócrates.

O Dia Internacional da Paz é celebrado anualmente a 21 de setembro. Esta iniciativa mundial foi estabelecida pelas Nações Unidas em 1981 e foi comemorada pela primeira vez em setembro de 1982. Em 2002 a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou oficialmente o dia 21 de setembro como o Dia Internacional da Paz.

A comemoração tem como objetivo levar as pessoas a sensibilizarem-se para a necessidade da paz no mundo e para promoverem atos que tenham como resultado o fim dos conflitos entre povos e a consagração da paz mundial. O fim deste dia é que a pessoa faça algo pela paz. Entre outras ideias, pode colocar uma bandeira branca na sua casa, perdoar um amigo, fazer um donativo, juntar-se aos eventos realizados pelo mundo, partilhar a página oficial deste dia ou a música Imagine de John Lennon nas redes sociais ou assinar petições que circulam pela internet pela paz. Mandela foi um grande defensor da paz, pelo que é uma personalidade adequada para celebrar esta efeméride.

Dilva Frazão escreveu no seu momento uma interessante biografia de Mandela que tenho a bem reproduzir:

Nelson Mandela (1918-2013) foi presidente da África do Sul. Foi o líder do movimento contra o Apartheid, legislação que segregava os negros no país. Condenado em 1964 à prisão perpetua, foi libertado em 1990, depois de grande pressão internacional. Recebeu o “Prêmio Nobel da Paz”, em dezembro de 1993, pela sua luta contra o regime de segregação racial.

Nasceu em Mvezo, África do Sul, no dia 18 de julho de 1918. Nascido em uma família de nobreza tribal, da etnia Xhosa, recebeu o nome de Rolihiahia Dalibhunga Mandela. Em 1925 ingressou na escola primária, onde recebeu da professora o nome de Nelson, em homenagem ao Almirante Horatio Nelson, seguindo um costume de dar nomes ingleses a todas as crianças que frequentavam a escola.

Com nove anos, com a morte do seu pai, Mandela foi levado para a vila real, onde ficou aos cuidados do regente do povo Tambu. Ao terminar sua formação elementar, entrou na escola preparatória Clarkebury Boarding Institute, um colégio exclusivo para negros, onde estudou cultura ocidental. Ingressou no Colégio Healdtown, onde era interno.

Em 1939, Mandela entrou no curso de Direito, na “Universidade de Fort Hare”, a primeira a ministrar cursos para negros. Por se envolver em protestos, junto com o movimento estudantil, contra a falta de democracia racial na instituição, foi obrigado a abandonar o curso. Muda-se para “Joanesburgo”, onde se depara com o regime de terror imposto à maioria negra.

Em 1943, concluiu o bacharelado em Artes pela Universidade da África do Sul. Após obter autorização, continuou os estudos de Direito, por correspondência, na universidade de Fort Hare. Mais tarde receberia o título de “Doutor Honoris Causa”, na tentativa de compensar a sua expulsão.

A segregação racial, a falta de direitos políticos e civis e o confinamento dos negros em regiões determinadas pelo governo branco provocava a luta clandestina do negro. O principal instrumento de representação política desses negros era o Congresso Nacional Africano (CNA), cujo líder maior era Nelson Mandela. Em 1944, junto com Walter Sisulo e Oliver Tambo, fundou a Liga Jovem do CNA. Nesse mesmo ano casa-se com Evelyn Mase, com quem teve quatro filhos. Em 1956 o casal se separa. Em 1958 casa-se com a militante antiapartheid, Winnie Madikizela, de quem viria a se separar em 1992.

Em 1960, centenas de líderes negros foram perseguidos, torturados, presos, condenados e assassinados. Entre eles estava Mandela. Preso em 1962, é condenado em 1964, à prisão perpétua. Na década de 80, intensificou-se a condenação internacional ao apartheid, que culminou com um plebiscito, que terminou com a aprovação do fim do regime.

Em 11 de fevereiro de 1990 Mandela foi libertado. Em 1993, Nelson Mandela e o presidente Frederick De Klerk, assinaram uma nova Constituição sul-africana, colocando um ponto em mais de 300 anos de dominação política da minoria branca. Essa nova Constituição simbolizava o fim oficial do Apartheid, e preparava a África do Sul para um regime de democracia multirracial. Em 1993 Mandela recebeu o Prêmio Nobel da Paz, dividido com o presidente, que junto com Mandela procurava um caminho para o fim da segregação.

Em abril de 1994, houve eleições na África do Sul, quando Mandela foi eleito presidente da República e De Klerk, vice-presidente. Mandela governou até 1999. Foi premiado pela Anistia Internacional, em 2006, pela sua luta em favor dos direitos humanos.

Nelson Rolihlahla Mandela faleceu em Joanesburgo, África do Sul, no dia 5 de dezembro de 2013. Mandela é uma das figuras mundiais sobre as que se têm rodado bastantes filmes de ação e argumento, e também diferentes documentários. A seguir resenhamos a filmografia básica dedicada à sua figura.

FILMOGRAFIA BÁSICA DEDICADA A NELSON MANDELA (Filmes e Documentários):

A. FILMES:

1. Mandela (TV).mandela-tv-cartaz

Diretor: Philip Saville (Reino Unido, 1987, 135 min. Cor).

Roteiro: Ronald Harwood. Música: Richard Hartley. Fotografia: John Coquillon.

Produtoras: Polymuse Productions e Titus Productions.

Nota: Pode ver-se entrando em: https://www.youtube.com/watch?v=-qKF15HmJ_4

Atores: Danny Glover, Tam Mpofu, Priscilla Mundawarara, Mike Davey, Peter Joyce, Mbuso Pityana, Dudley Dickin, Andy Nimmo, Bryan MacKenzie, Julian Glover, Niel Nativel, Doug Wilson, Hans Woolfe, Warren Clarke e Allan Corduner.

Argumento: Descrito como um “drama biográfico”, o filme Mandela, para a TV, é a história do defensor dos direitos humanos sul-africanos Nelson Mandela, que no momento em que este filme foi feito foi no 25º ano da sua prisão. Abrangendo os anos de 1948 a 1987, o filme traça a matrícula de Mandela no Danny Glover do jovem advogado para o fervoroso ativista político antiapartheid. Em primeiro lugar, um defensor da não-violência, Mandela é radicalizado após o massacre de Sharpeville de 1960. Fechado na prisão pelo governo dominado por brancos em 1962, Mandela à sua esposa Winnie (Alfre Woodard), que persevera na luita.

2. Mandela e De Klerk (TV). (Mandela and De Klerk).mandela-e-de-klerk-tv-cartaz

Diretor: Joseph Sargent (EUA, 1997, 144 min., cor).

Roteiro: Richard Wesley. Música: Cédric Gradus Samson. Fotografia: Tobias A. Schliessler.

Produtoras: Film Afrika Worldwide, Hallmark Entertainment e Showtime Networks.

Atores: Sidney Poitier, Michael Caine, Tina Lifford, Gerry Maritz, Ian Roberts, Ben Kruger e Jerry Mofokeng.

Argumento: Em 1964, em Pretória (África do Sul), Nelson Mandela foi encadeado devido à sua valente luita contra a segregação racial (apartheid). A sua esposa Winnie procurou então o apoio da população negra para libertar o seu marido, objetivo que alcançou 18 anos depois, graças à colaboração do líder De Klerk.

3. Adeus Bafana (Goodbye Bafana). mandela-bafana-cartaz

Diretor: Bille August (Reino Unido, 2007, 140 min., cor).

Roteiro: Greg Latter e Bille August.

Música: Dario Marianelli e Johnny Clegg. Fotografia: Robert Fraisse.

Produtoras: Coprodução GB-Alemanha-França-Bélgica-Itália.

Atores: Joseph Fiennes, Diane Kruger, Dennis Haysbert, Shiloh Henderson, Tyron Keogh, Megan Smith, Jessica Manuel, Faith Ndukwana e Terry Pheto.

Argumento: O filme protagonizado por Dennis Haysbert conta a história de um carcereiro sul-africano, o sargento James Gregory, cuja vida foi profundamente transformada ao ficar encarregado de espionar um prisioneiro negro, que se chamava Nelson Mandela. Foi o guardião que cuidou de Mandela, desde a sua entrada na prisão de Robben Island a finais dos 60 até a sua libertação em 1990. Durante 25 anos, Gregory ocupou-se de Mandela dia após dia, supervisionando as suas visitas e o seu correio, embora as suas ideias sobre o “apartheid” fossem mudando e pouco a pouco se convertesse também no seu confidente.

4. Invictus (Invictusaka). mandela-invictus-cartaz-0

Diretor: Clint Eastwood (EUA, 2009, 134 min., cor).

Roteiro: Anthony Peckham, segundo o livro de John Carlin.

Música: Kyle Eastwood e Michael Stevens. Fotografia: Tom Stern.

Produtoras: Warner Bros. Pictures, Spyglass Entertainment, Malpaso Productions e Revelations Entertainment.

Nota: Pode ser visto entrando em: http://filmesonlinegratisahd.com/invictus-dublado-online/

Atores: Morgan Freeman, Matt Damon, Tony Kgoroge, Julian Lewis Jones, Adjoa Andoh, Patrick Mofokeng, Matt Stern, Leleti Khumalo, Marguerite Wheatley e Scott Eastwood.

Argumento: Adaptação dum livro de John Carlin (Playing the enemy). Em 1990, depois de ser posto em liberdade, Nelson Mandela (Morgan Freeman) chega à Presidência do seu país e decreta a abolição do “Apartheid”. O seu objetivo era levar a cabo uma política de reconciliação entre a maioria negra e a minoria branca. Em 1995, a celebração na África do Sul da Copa Mundial de Râguebi foi o instrumento utilizado pelo líder negro para construir a unidade nacional.

5. Mandela. Do mito ao homem ().

Diretor: Justin Chadwick (Reino Unido, 2013, 139 min., cor).

Roteiro: William Nicholson, segundo a Autobiografia de Nelson Mandela.

Música: Alex Heffes. Fotografia: Lol Crawley.

Produtoras: Coprodução África do Sul-Reino Unido: Pathé, Distant Horizon e Film Afrika Worldwide.

Atores: Idris Elba, Naomie Harris, Tony Kgoroge, Riaad Moosa, Jamie Bartlett, Lindiwe Matshikiza, Terry Pheto, Deon Lotz, Mark Elderkin e Michelle Scott.

Argumento: Biopic que narra a extraordinária vida do líder sul-africano Nelson Mandela, desde criança numa população rural e os seus 27 anos na prisão por ativismo contra o “apartheid” até a sua investidura como o primeiro presidente eleito democraticamente da África do Sul. Trata-se da incrível história de um homem corrente com grandes valores que se enfrentou ao desafio de seu tempo e triunfou, um retrato íntimo de como se converteu num ícone moderno.

6. Mandela: Longo caminho para a liberdade (Mandela: Long Walk to Freedom).

Diretor: Justin Chadwick (Reino Unido-África do Sul, 2014, cor).mandela-largo-caminho-a-liberdade-cartaz-1

Atores: Idris Elba, Naomie Harris e Tony Kgoroge.

Nota: Pode ser visto entrando em: https://www.youtube.com/watch?v=MKaBjOZiIUY

Argumento: Inspirado na autobiografia de Nelson Mandela, lançada em 1994, o filme retrata todo o percurso traçado pelo líder sul-africano a partir de seu próprio ponto de vista, desde a sua infância, vivendo em uma pequena aldeia rural, até a eleição democrática ao cargo de Presidente da República da África do Sul. Em uma luta constante pelo fim do apartheid no país, Mandela (Idris Elba) chegou a passar 27 anos em cárcere pelo que acreditava. Cinebiografia com as memórias de Mandela, com registros da infância até a liderança política e passando pelos anos em que o líder atuou na clandestinidade. No longa, cujo elenco é formado em grande parte por atores sul-africanos, Mandela é interpretado pelo ator britânico Idris Elba. O filme, que é inspirado no livro Longo caminho para a liberdade, de 1994, recebeu a autorização de Madiba, apelido de Mandela, para ser rodado.

B. DOCUMENTÁRIOS:

1. Lembrar Mandela (Remember Mandela).

Argumento: O documentário feito em 1988 conta o período de vida de Nelson Mandela na prisão e como ele se tornou um símbolo de resistência na luta em prol dos direitos humanos.

2. O Milagre de Mandela (Nelson Mandela). Canal de História. Ano 1990.

Nota: Pode ver-se entrando em: https://www.youtube.com/watch?v=1P1DU0lYFOo

Argumento: Esta é a história épica de transformação política da África do Sul, que culminou com as primeiras eleições livres e justas em abril de 1994. Contado por figuras-chave do processo, tanto locais como internacionais, este especial examina como a África do Sul evitou uma guerra civil e se tornou, como diz o arcebispo Desmond Tutu, “uma nação arco-íris”. Do legado maligno do apartheid, ou segregação, até as primeiras eleições democráticas, o programa vai além de mera cronologia e investiga os corações e as mentes dos líderes e do povo da África do Sul, culminando com os bastidores emocionantes dos eventos eleitorais que levaram à posse do presidente Nelson Mandela. Contada através de retratos simples dos protagonistas, a grande história de uma nação se torna uma história íntima de homens e mulheres determinados a transformar seu país para o bem de todos os que vivem lá.

3. Reconciliação: o Milagre de Mandela. Ano 1990.

Argumento: O documentário conta como Nelson Mandela evitou o derramamento de sangue ao conduzir o país à democracia. O filme, dirigido por Michael Henry Wilson, conta com depoimentos de Desmond Tutu, Frederik de Klerk, Ahmed Kathrada, Francois Pienaar e Clint Eastwood.

4. A Caminhada de Nelson Mandela (The long walk of Nelson Mandela). Ano 1999.

Argumento: O percurso do homem que pôs fim ao Apartheid, Prémio Nobel da Paz e Ex-Presidente da África do Sul, num documentário extraordinário. Um documentário em duas partes que foca a extraordinária vida de Nelson Mandela, o homem que melhor personificou a luta dos negros sul-africanos pela liberdade, um homem que toda a sua vida lutou para acabar com o sistema do apartheid e trazer justiça e paz ao seu país e que mesmo da prisão foi capaz de lutar pelos seus ideais. Em Julho de 1964 o advogado Nelson Mandela é preso, julgado e condenado a prisão perpétua ao longo de toda a sua vida ele foi um dos maiores exemplos da história da humanidade, o rosto da luta dos negros sul-africanos pela liberdade.

Na data que assinala 15 anos da sua libertação, conheça o percurso do homem que pôs fim ao Apartheid, Prémio Nobel da Paz e Ex-Presidente da África do Sul, num documentário extraordinário.

5. Mandela: Em nome da liberdade ou O Homem por trás da Lenda (Mandela in the Freedom´s Name). Ano 2008. 52 min. Colorido. Diretor: Joel Calmettes (França).

Nota: Pode ser visto entrando em:

http://canalcurta.tv.br/pt/filme/?name=mandela_em_nome_da_liberdade

Argumento: Quem é o homem por trás da lenda? Nelson Mandela é um ícone. Um herói. Um símbolo. Uma inspiração. Poucos líderes mundiais podem assumir a responsabilidade por um esforço verdadeiramente histórico. No mundo em desenvolvimento, a luta de Gandhi definiu a primeira metade do século XX e a de Mandela definiu a segunda. Sua vida é sempre entrelaçada com a história trágica de uma nação lutando por liberdade e um continente atormentado ao longo do século XX por revoltas incríveis. Aos 89 anos, Mandela aposentou-se de suas funções oficiais e dedicou-se à luta contra a AIDS. Assim, chegou o momento para darmos um passo para trás para ter uma noção de perspectiva sobre o homem, sua vida e as dimensões heroicas que ela adquiriu. Sua vida sempre foi improvável, o que o levou de uma aldeia remota Transkei à cerimônia do Prêmio Nobel em Oslo, Noruega. Uma vida política excepcional em contraste com uma vida pessoal repleta de tragédia e fracassos. Vamos revelar o verdadeiro Nelson Mandela. De suas origens humildes, ele ficou conhecido como uma das personalidades mais sábias e mais aclamadas do planeta. Ele parece possuir uma nobreza interior, que fica mais forte a cada afronta. No entanto, ele começou como um militante do Congresso Nacional Africano e especialista em explosivos. Examinamos sua longa jornada e as contradições fascinantes de uma vida dedicada a um único propósito maior. Não vamos tratar Mandela com as reverências de um santo. Em vez disso, vamos mostrar a sua vida no contexto de um país que é pouco conhecido e mal compreendido e um continente passando pela agitação dolorosa e sangrenta da descolonização.

6. Mandela. Diretores: Kemal Akhtar e Kweku Mandela (África do Sul, 2013, cor)

Fotografia: Charles C. Meyer. Produtoras: 25-7 Films, Out of Africa Entertainment e New Black Films. Argumento: Vida de Nelson Mandela.

7. Mandela e Fidel (Mandela y Fidel).

Diretores: Estela Bravo e Ernesto Mario Bravo (Cuba, 2013, 33 min., cor).

Produtora: Bravo Films.

Argumento: Mandela visitou Cuba em 1991, um ano depois de ser libertado da prisão, e conheceu Fidel Castro pela primeira vez. Este foi o começo de uma estreita amizade entre dois extraordinários seres da nossa era – uma amizade que se acrescentava em cada um dos numerosos encontros e que culminavam num abraço e uma exclamação de “My brother”, “Meu irmão.”

8. Outros documentários:

– Mandela: Son of Africa, Father of a Nation (Filho de África, Pai da Nação): O documentário produzido por Jonathan Demme e dirigido por Jo Menell retrata a comovente história de Nelson Mandela contra a opressão racista em sua terra natal e como ele deixou de ser um combatente político livre para se tornar um prisioneiro político, herói mundial e presidente da África do Sul após o apartheid.

– Madiba: The Life and Times of Nelson Mandela (A vida e Tempos de N. Mandela): O filme biográfico mostra o fim do apartheid e a instauração da democracia eleitoral na África do Sul conduzida por Nelson Mandela. O filme é repleto de aventura, contratempos e remonta a inesgotável força de Mandela para a conquista do bem comum.

A VIDA EXEMPLAR DE MANDELA:

O líder sul-africano Nelson Mandela foi um dos mais importantes sujeitos políticos atuantes contra o processo de discriminação instaurado pelo apartheid, na África do Sul, e se tornou um ícone internacional na defesa das causas humanitárias. Nascido em 18 de julho de 1918, na cidade de Transkei, Nelson Rolihlahla Mandela era filho único do casal Henry Mgadla Mandela e Noseki Fanny, que integrava uma antiga família de aristocratas da casa real de Thembu. Mesmo após ter suas posses e privilégios retirados pela ingerência da Coroa Britânica na região, a família viveu um período de tranquilidade, até quando Henry Mgadla faleceu inesperadamente, em ano de 1927. Com essa reviravolta em sua vida familiar, a mãe de Mandela se viu obrigada a deixar seu unigênito sob os cuidados de Jongintaba Dalindyebo, parente da família que tinha condições de zelar pela vida e a educação de Nelson Mandela.

Nesse período de sua vida, o jovem Mandela teve oportunidade de ter uma ampla formação educacional influenciada pelos valores de sua própria cultura e da cultura europeia. Com isso, o futuro ativista político conseguiu discernir como o pensamento colonial se ocupava em dizer aos africanos que eles deveriam se inspirar nos “ditames superiores” da cultura do Velho Mundo. Após passar pelas melhores instituições de ensino da época, o bem-educado rapaz chegou à Universidade de Fort Hare.

No ambiente universitário, Mandela teve oportunidade de tomar conhecimento da luta contra o apartheid promovida pelo Congresso Nacional Africano (CNA). Entretanto, antes de lutar contra o problema social que tomava seu país, Nelson Mandela se voltou contra as tradições de seu próprio povo ao não se sujeitar a um casamento arranjado. Mediante o impasse, o jovem se refugiou na cidade de Johannesburgo, onde trabalhou em uma imobiliária e, logo em seguida, em um escritório de advocacia.

Vivendo nesta cidade, Mandela aprofundou ainda mais seu envolvimento com as atividades do CNA e deu continuidade aos seus estudos no campo do Direito. No ano de 1942, com o apoio de companheiros como Walter Sisulu e Oliver Tambo, fundou a Liga Jovem do CNA. Na década de 1950, os ativistas aliados à Mandela resolveram realizar uma grande manifestação de desobediência civil onde protestavam com as políticas segregacionistas impostas pelo governo do Partido Nacional.

Essa grande manifestação política resultou na elaboração da Carta da Liberdade, importante documento de luta onde a população negra oficializava sua indignação. Em 1956, as autoridades prenderam Nelson Mandela e decidiram condená-lo à morte pelo crime de traição. No entanto, a repercussão internacional de sua prisão e julgamento serviram para que o líder ficasse em liberdade. Depois disso, Mandela continuou a conduzir os protestos pacíficos contra a ordem estabelecida.

Em março de 1960, um trágico episódio incitou Nelson Mandela a rever seus meios de atuação política. Naquele mês, um protesto que tomou conta das ruas da cidade de Sharpeville resultou na morte de vários manifestantes desarmados. Depois disso, Nelson Mandela decidiu se empenhar na formação do “Lança da Nação”, um braço armado do CNA. Naturalmente, o governo segregacionista logo saiu em busca dos líderes dessa facção e, em 5 de agosto de 1962, Mandela foi mais uma vez preso.

Após enfrentar um processo judicial, Mandela foi condenado à prisão perpétua, pena que cumpriria em uma ilha penitenciária localizada a três quilômetros da cidade do Cabo. Nos vinte e sete anos seguintes, Mandela, o preso “466/64”, ficou alheio ao mundo exterior e vivia o desafio de esperar pelo tempo em sua cela. Nessa época, consolidou uma inesperada amizade com James Gregory, carcereiro da prisão que se impressionou com os valores e a dignidade de seu vigiado.

Nesse meio tempo, após a desarticulação do movimento antiapartheid, novos movimentos de luta surgiram e a comunidade internacional se mobilizou contra a sua prisão. Somente em 1990 – sob a tutela do governo conciliador do presidente Frederik Willem de Klerk – Nelson Mandela foi liberto e reconduziu o processo que deu fim ao apartheid na África do Sul. Em 1992, as leis segregacionistas foram finalmente abolidas com o apoio de Mandela e Willem de Klerk.

No ano seguinte, a vitória política lhe concedeu o prêmio Nobel da Paz e, em 1994, foram organizadas as primeiras eleições multirraciais da África do Sul. A vitória eleitoral de Nelson Mandela iniciou o expurgo das práticas racistas do Estado africano e rendeu grande reconhecimento internacional à Mandela. Depois de cumprir mandato, em 1999, Mandela atuou em diversas causas humanitárias. O líder sul-africano exerceu também um grande papel na luta contra a AIDS.

Nelson Mandela faleceu em 05 de dezembro de 2013, em sua casa, na cidade de Johannesburgo, em decorrência de uma infecção pulmonar.

MANDELA NAS SUAS PALAVRAS:

Para aprofundar no seu pensamento, nada melhor que escutar a sua voz:

Não tem nada de iluminado no ato de se encolher, pois os outros se sentirão inseguros ao seu redor. Nascemos para manifestar a glória do Espírito que está dentro de nós. E a medida que deixamos nossa luz brilhar, damos permissão para os outros fazerem o mesmo. À medida que libertamos nosso medo, nossa presença libera outros”.

Bravo não é quem sente medo, é quem o vence”.

Uma boa cabeça e um bom coração formam sempre uma combinação formidável”.

A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.

Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos”.

Nascemos para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós. Não está apenas em um de nós: está em todos nós. E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo. E conforme nos libertamos do nosso medo, nossa presença, automaticamente, libera os outros”.

Ainda há gente que não sabe, quando se levanta, de onde virá a próxima refeição e há crianças com fome que choram”.

Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta”.

Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração”.

Não há nada como regressar a um lugar que está igual para descobrir o quanto a gente mudou”.

Devemos promover a coragem onde há medo, promover o acordo onde existe conflito, e inspirar esperança onde há desespero”.

Perdoem mas não esqueçam”.

Você não é amado porque você é bom, você é bom porque é amado”.

Eu sou o capitão da minha alma”.

Fofocar sobre os outros é certamente um defeito, mas é uma virtude quando aplicado a si mesmo”.

Não se esqueça de que os santos são pecadores que continuam tentando”.

Não é valente o que não tem medo, mas sim o que sabe dominá-lo”.

Quem tem o poder nega sua liberdade. O único caminho para a liberdade é o poder”.

Não poderás encontrar nenhuma paixão se te conformas com uma vida que é inferior àquela que és capaz de viver”.

Há vitórias que são importantes apenas para aqueles que as conseguem”.

Aprendi que a coragem não é a ausência do medo, mas o triunfo sobre ele. O homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas o que conquista esse medo”.

A morte é inevitável. Quando um homem fez o que considera seu dever para com seu povo e seu país, pode descansar em paz”.

Sempre parece impossível até que seja feito”.

Nenhum poder na Terra é capaz de deter um povo oprimido, determinado a conquistar sua liberdade”.

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR:

Da listagem de filmes e documentários antes resenhados, relacionados com Mandela, escolhemos seis ou sete para organizar na nossa escola ou estabelecimento de ensino um ciclo cinematográfico. Depois de cada projeção organizamos um Cinema-fórum para analisar o fundo e a forma do filme que tenhamos olhado.

Organizamos nos nossos estabelecimentos de ensino uma amostra-exposição monográfica dedicada a Nelson Mandela, a sua luta, o seu labor de governo, o seu pensamento, a sua vida e a sua obra. Na mesma, ademais de trabalhos variados dos escolares, incluiremos desenhos, fotos, murais, frases, textos, lendas, livros e monografias. Completaremos a mesma com uma secção dedicada à África do Sul, hoje um país emergente, integrado nos BRIC.

Podemos levar a cabo, com a participação de estudantes e docentes, um debate-papo e tertúlia, sobre o tema do “apartheid” e a vergonhosa colonização que levou a cabo o Império Britânico em muitos países do mundo: África do Sul, Índia, Austrália, Nova Zelândia e outros países africanos, criando problemas infames em quase que todos. Alguns dos quais ainda perduram hoje.

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