Dentro da série que iniciei com Sócrates, sobre grandes vultos da humanidade que devem conhecer todos os escolares dos diferentes níveis do ensino, estou a dar a lume uma minissérie dedicada a grandes personalidades do mundo da Lusofonia, onde a nossa língua é oficial, e a que a Galiza pertence por direito próprio, ao ser o berço original do idioma galego-português, que Portugal levou pelo mundo a numerosos cantos e recantos dos cinco continentes. Desta vez para o presente depoimento escolhi a figura de João Vicente Biqueira (1886-1924), um dos mais importantes lusófonos galegos. A quem foram dedicadas as Letras Galegas do ano 1974, quando ainda na RAG não existiam atitudes contrárias ao reintegracionismo linguístico, que, por sorte, voltaram a desaparecer recentemente ao tomar a acertada decisão de dedicar a comemoração de 2020 a Carvalho Calero. A Real Academia, sem preconceitos, tinha dedicado o dia das Letras Galegas aos seguintes escritores defensores do denominado reintegracionismo linguístico: Castelão (1964), Biqueira (1974), Vilar Ponte (1977), Afonso o Sábio (1980) e Risco (1981). E ainda, posteriormente, foram também homenageados outros escritores a favor da unidade linguística galego-portuguesa, como: Bouça Brei (1992), Rafael Dieste (1995), João de Cangas, Martim Codax e Meendinho (1998), Roberto Blanco Torres (1999), Murguia (2000), Valentim Paz Andrade (2012) e Manuel Maria (2016). O presente depoimento dedicado a Biqueira faz o número 132 da série geral e o vinte da série lusófona.
PEQUENA BIOGRAFIA
João Vicente Biqueira López-Cortóm, filósofo, pensador e escritor galego do final do século XIX e começo do século XX, nasceu em Madrid em 22 de outubro de 1886 numa família liberal e culta originária de Betanços. Seus pais foram Vicente Biqueira Flores-Calderom e Luisa López-Cortóm Biqueira, que como eram tio e sobrinha, tiveram que esperar pela dispensa papal para se poderem casar. Pouco depois a família desloca-se de volta para a Galiza, primeiro para a Corunha e depois para uma propriedade familiar em São Fiz de Vijói (Bergondo), onde Biqueira mora até os doze anos em contacto com a língua galega. Em 1898 desloca-se novamente para Madrid para estudar na Instituição Livre do Ensino (ILE).
Com quinze anos viaja a Paris por causa de uma doença óssea (da qual irá morrer com trinta e oito anos). A sua estadia em Paris, além disso, servir-lhe-á para assistir a aulas e cursos na Universidade da Sorbona e no Colégio da França, onde escuita lições dos sociólogos Émile Durkheim e Bouglé, do antropólogo Lucien Lévy-Bruhl ou do filósofo Henri Bergson, e onde termina contactando com a Psicologia experimental através dos psicólogos Carl Stumpf, Max Dessoir, Rupp, Wilhelm Müller e Wilhelm Wundt enquanto continua a sua formação filosófica com Edmund Husserl, Bernard Katz e Alois Riehl e termina a sua tese de doutoramento.
Em 1911 licencia-se em Filosofia pela Universidade de Madrid e viaja à Alemanha, onde assiste a seminários de Psicologia e Pedagogia em diferentes universidades. Em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial e sendo já doutor em Filosofia, desloca-se para a Inglaterra, onde residirá meses antes de regressar novamente a Madrid para dar aulas na ILE. Ali permaneceu até 1917, quando ganhou a oposição à cadeira de Psicologia, Lógica e Ética no liceu de Compostela, para ser transferido ao pouco tempo ao Instituto “Eusébio da Guarda” de Corunha, onde exerceu a docência até a sua morte. Regressa desse modo à Galiza. E na Corunha celebrou o seu casamento civil com Jacinta Landa Vaz Coronado, fazendo a sua lua-de-mel em Portugal. Com ela teve duas filhas, Luísa e Carmem, e um filho com o nome de Jacinto. Em 1953 nasceu a sua neta Jacinta Palerm Biqueira, na cidade de México, importante antropóloga social mexicana, que é a que conserva a memória e a correspondência de seu avô. Os seus pais foram Carmem Biqueira e o ibicenco Ángel Palerm.
Em Compostela Biqueira contacta com as Irmandades da Fala e consolida a fama adquirida com as suas publicações sobre temas pedagógicos e sociológicos. Nesse mesmo ano casa com Jacinta e entra também em contacto com a cultura portuguesa na sua viagem de casamento. Desloca-se à Corunha, onde, ao mesmo tempo que desenvolve uma intensa atividade intelectual, se incorpora à Irmandade da Fala local e inicia a sua colaboração com A Nosa Terra com artigos sobre teoria nacionalista, galeguização da educação, normalização do idioma e reintegração das escritas galegas à corrente lusófona internacional. Colabora com outros meios galegos (como Nós ou Ronsel) e portugueses (como A Aurora do Lima). Continua a publicar sobre Pedagogia e Psicologia; realiza traduções para o castelhano de filósofos e psicólogos de prestígio; e, com Antão Vilar Ponte, inicia um projeto de publicações que dará posteriormente origem à editora Lar (1924). Por causa da sua doença não curada, Biqueira falece em 29 de agosto de 1924. O seu corpo está soterrado no cemitério de São João de Ouces.
Em castelhano, Biqueira escreveu obras sobre filosofia, psicologia e pedagogia como Introducción a la Psicología pedagógica, Elementos de ética, Lecciones elementales de historia de la Filosofia, Ética y Metafísica, ou La Psicologia contemporánea, ademais de realizar traduções para esse mesmo idioma de Teócrito, Immanuel Kant, David Hume, Vorländer e George Berkeley. Mas a obra de Biqueira vai além dos ensaios escritos sobre Pedagogia e Psicologia. Vai mesmo além do seu ensaio Pensamentos para uma universidade galega, publicado pela revista Nós e das suas numerosas colaborações sobre teoria nacionalista em A Nosa Terra, em que traduz a ideia da “psicologia dos povos” de Wundt, e entre as quais destacam as séries “A nossa escola” (1917), “Os nossos problemas educativos” (1918), e “Pola reforma da ortografia” (1919), texto que fez com que hoje seja considerado por muitos como o pai do reintegracionismo galego. Contudo, a compilação da sua obra será apenas publicada postumamente: primeiro em castelhano, em 1930, sob o título de Ensayos y poesías; e em galego, sob o título Ensaios e poesias (Ed. Galáxia) só em 1974, ano em que lhe foi dedicado do Dia das Letras Galegas.
A Associação de Amizade de Galiza-Portugal (AAG-P), dentro dos Cadernos do Povo (Revista Internacional da Lusofonia), publicou a Obra Selecta (Poesia e Ensaio) de Biqueira, no ano 1998, ao cuidado de António Gil Hernández, com interessantes depoimentos de Marinhas del Valhe, Fontenla Rodrigues, Morám Fraga e o próprio Gil Hernández. Pela sua parte, em edições do Castro-Sada, em 1987, o professor de Betanços Jesus Torres Regueiro, publicou uma muito interessante monografia intitulada João Vicente Biqueira e o nacionalismo galego. Nestes dous últimos livros, tanto Fontenla como Torres Regueiro, escrevem a biografia completa e bem documentada de Biqueira, sendo recomendável a sua leitura para os que se interessem por conhecer a fundo a sua vida e obra. É importante assinalar que Biqueira foi um importante membro das Irmandades da Fala, e que presidiu a associação liberal e progressista operária da Corunha, Antorcha Galaica do Livre Pensamento.
FICHAS TÉCNICAS DOS DOCUMENTÁRIOS
- Vida e obra de J. Vicente Biqueira (1886-1924).
Duração: 38 minutos. Fala Jesus Torres Regueiro. Ano 2014.
- Biqueira e Lousada Diegues. Duas figuras na construção do pensamento no século XX.
Duração: 66 minutos. Fala Ramóm Regueira Varela.
- J. V. Biqueira. Vida e obra.
Por Marina Miraz (2018).
- A ILE, ensinar e aprender.
Duração: 9 minutos. Ano 2009.
BIQUEIRA, UM EXCELENTE PENSADOR E EDUCADOR
Em 1986, ademais do centenário do nascimento de Castelão, teve lugar o de outro grande galego, amigo e companheiro do rianjeiro, lamentavelmente esquecido, possivelmente pelas suas ideias político-linguísticas. Tão só as Irmandades da Fala da Galiza e Portugal se lembraram de Biqueira, organizando em Ponte Vedra um encontro de especialistas sobre a sua obra. Biqueira fora aluno da ILE, e, portanto, discípulo de dous grandes pedagogos, Francisco Giner de los Ríos e Manuel Bartolomé Cossío, com os quais ademais estava aparentado. Graças a uma bolsa de estudos concedida pela “Junta de Ampliação de Estudos” (JAE), formou-se nas universidades europeias, sendo aluno de psicólogos, pedagogos e filósofos tão importantes como Simarro, Caso, Bergson, Husserl, Simmel, Riehl, Cassirer, Rupp, Fichte, Wundt, Müller, Dessoir, Stuhpf, Byk, etc.
A sua formação foi tão profunda e as suas leituras tão vastas e amplas, que podemos dizer, sem temor a equivocar-nos, que Biqueira foi sem nenhum género de dúvidas o pensador galego mais importante da história, em cujo pensamento beberam seguramente os seus amigos Risco, Castelão, Lousada Diegues, Porteiro Garea, e muitos outros das Irmandades da Fala históricas e da geração Nós. No ano 1917 ganhou a cadeira de psicologia do Instituto de Compostela, passando depois ao “Eusébio da Guarda” da Corunha. Mas, lamentavelmente, quando se podia esperar dele o melhor, por uma grave doença, falece em Bergondo a 29 de outubro de 1924. Tinha tão só 38 anos, estava no melhor da sua vida, e a cultura galega perdeu com ele um vulto importantíssimo. Ainda assim deixou-nos uma obra extraordinária que é necessário dar a conhecer a escolares e moços em todos os níveis do ensino.
Biqueira fora presidente das Irmandades da Fala da Corunha, notável orador e escritor, professor de Liceu que deixou uma profunda impronta nos seus alunos, colaborador ativo dos nacionalistas galegos do seu tempo. Foi presidente também da “Antorcha Galaica do Livre Pensamento”, associação liberal e progressista, operária, da Corunha.
O seu projeto sobre política educacional e organização escolar para a Galiza:
Biqueira tinha muito claro o que se devia fazer com o ensino galego, para que fosse tal. Os seus projetos para a primária, secundária e a universidade, ainda hoje não estão conseguidos.
- A Escola galega: Quanto à escola galega comentava que esta devia ser antes que nada galega. Os seus princípios pedagógicos educativos podiam resumir-se nos seguintes: fomento do carácter galaico, do senso do equilíbrio, da sensibilidade; ensino integral para o homem e a mulher, utilizando a vida mesma; ensino em língua galega, com espírito galego, pois levar o galego à escola é um benefício para a economia e o bem-estar dos galegos e do seu porvir cultural; na escola, estudo dos escritores galegos, portugueses e brasileiros, novos e velhos; a escola deve ser o “lar” e o centro cultural para todos os galegos, em que terão a sua sede bibliotecas circulantes; organização de conferências e palestras sobre problemas do momento, agrários ou económicos.
- O Professor: A sua opinião sobre o mestre galego merece capítulo aparte porque Biqueira é um adiantado e renovador. O mestre, assinalava, deve ser o conselheiro dos galegos como cidadãos. Os mestres “devem ser a aristocracia do país”. Para isso é necessário erguer a sua situação económica para que a sua vida seja um ideal e escolher a carreira de docente por amor. Neste senso também é necessário erguer a sua formação pedagógica e cultural, substituindo as velhas Escolas Normais por uma Faculdade de Educação. É necessário, diz de forma clara, igualar os mestres com os docentes do ensino secundário e universitário. Os mestres devem estar ao dia, devem ser modernos. Biqueira era contra o corpo de professores vitalícios, os seus contratos deveriam renovar-se cada quatro anos, se o mestre o merece, o que vai provocar sempre a renovação pedagógica contínua dos docentes. Faz também uma clara defesa da arquitetura propriamente galega para os edifícios escolares.
3. A Formação Profissional: Dava uma importância vital à formação profissional, ao contrário do que ainda acontece hoje. Sobre ela dizia que tinha que adaptar-se à realidade galega, baseando-se nas necessidades reais do país, achegando-se à terra, os costumes e necessidades do momento. Para isso recomendava também olhar para o realizado noutros países. Um planeamento sério da FP deveria ter em conta o potenciar diferentes níveis e preocupar-se com a formação do professorado. No primeiro caso deve existir um primeiro nível de ensino elementar técnico, em que se formem os técnicos agrícolas e industriais. Também um segundo nível de ensino superior técnico de carácter profissional, dentro do qual tenha cabida a formação dos arquitetos galegos e dos engenheiros agrónomos, de estradas, químicos e outros.
Quanto ao professorado de FP assinalava que o mais importante era a sua formação técnica e pedagógica, de tal maneira que sejam modernos e se encontrem em contínua disposição de aprender as novas técnicas. E, para isso, os professores não devem ter o seu lugar definitivo, senão que cada quatro anos devem demonstrar a sua valia, para renovar-lhes o contrato. Algo que se fazia, por exemplo, há bastantes anos com o professorado dos denominados Institutos Laborais, dos quais na Galiza destacavam os de Lalim, Riba d´Ávia, Cee, Tui, Noia, Mondonhedo e Vila Garcia de Arouça.
4. A Universidade galega: Biqueira não se cansava de repetir que Compostela deveria ser o “santuário da alma galega”. Já na sua época assinalava que a Galiza necessitava de uma grande e moderna Universidade, algo ainda não conseguido hoje. Os médicos, advogados, juristas, professores, historiadores, geógrafos, agrónomos, cientistas, etc., galegos deveriam ter uma alta preparação técnica e científica a conseguir em clínicas, laboratórios e escritórios bem dotados. Segundo ele, a universidade galega tem que ser um foco cultural intenso para manter viva a nossa cultura. A sua crítica à universidade da época podia valer mesmo para a de hoje: excessiva importância dos títulos, fornecedora de cultura “fria” ou “morta”, professores “sábios” ineficazes…
Para isso, fala de que a Universidade galega deve estar aberta à vida inteira. Deverá ocupar-se das técnicas especialistas, por meio da lecionação de cursos e o funcionamento de oficinas e obradoiros. As faculdades deverão ter uma nova estrutura, no que está à frente da sua época, pois a estrutura que propõe é semelhante à dos departamentos atuais criados depois da lei de Reforma Universitária. Entre os estabelecimentos com que deveria contar a Universidade galega estão os de arquitetura e engenharia superior. Deve-se pôr em destaque a importância que concede ao relacionamento da Universidade galega com as dos países afins que são banhados pelo Atlântico: Portugal, América do Sul, Brasil, América do Norte, França, Irlanda e Inglaterra. Mas, nomeadamente, com Portugal e o Brasil, pois assinalava claramente que ademais do francês e o inglês, os universitários galegos deverão aprender o galego-português, que tem um grande valor para as amizades ibéricas “mais que as saudações diplomáticas”. Esclarecia também o importante que seria que a universidade galega organizasse para os seus estudantes viagens de estudos por meio de acordos com diferentes universidades, especialmente portuguesas e brasileiras. E que dentro dos mesmos acordos se tivesse em conta também o intercâmbio de professores entre a Universidade galega e as universidades lusófonas.
PELA REFORMA ORTOGRÁFICA
O dia 5 de outubro de 1919, faz 100 anos recentemente, e o tema ainda não está hoje resolvido na Galiza, Biqueira publica em A Nosa Terra um interessantíssimo depoimento, intitulado “Pela reforma ortográfica”. Dado o seu grande interesse tenho por bem reproduzi-lo a seguir.
“Tenho uma razão fundamental contra a ortografia fonética: Admitindo-a, apartar-nos-íamos do mundo linguístico inteiro. E isolar-se é morrer! Nenhuma língua se escreve foneticamente. Sobretudo, isolar-nos-íamos do português. O galego, não sendo uma língua irmã do português, mas um português, uma forma do português (como o andaluz do castelhano), tem-se de escrever em consequência como português. Viver no seu seio é viver no mundo, é viver sendo nós próprios!
Escrevendo com a nossa ortografia etimológica (admitida pela nossa Academia), escrevemos quase como em português. Mas esta ortografia é difícil já que o idioma galego não se ensina na escola. Baseando-se na ortografia etimológica, pode-se fazer uma ortografia popular muito próxima da erudita ou propriamente etimológica e, alem disso, prática. Desta maneira:
- X será sempre som duplo (ks). Assim, êxito igual “éksito”.
- Ge, gi e ja, je, ji, jo, ju (quer dizer, G e J) serão sempre o atual X simples. Assim “xente” escrever-se-á gente e “xa”, já. G e J usar-se-ão, em definitivo, como G e J castelhanas (uso aprendido na escola).
A diferença desta ortografia com a erudita estará no X. Este, por quem quiser, poder-se-á usar etimologicamente de maneira pura.
O único problema difícil da nossa ortografia é o do X, G e J. Com a minha solução creio que pode praticamente ficar resolvido.
Em resumo: A ortografia fonética é a morte da nossa língua; a ortografia etimológica é a sua vida, cada vez mais grande. E, pois, que a derradeira é difícil, cheguemos à solução conciliante que eu proponho“.
BIQUEIRA TAMBÉM FOI POETA
Em 7 de outubro de 1922 escreveu no paço de Vijói um lindo poema, pois Biqueira também gostava de fazer poesia e também da música. Com o título de “Cantar do berço”, escreveu:
Baixo do branco luar
logo adormecem as flores;
entre as folhinhas repousam
os pássaros voadores.
Dorme, amor dos meus amores.
Nas ponlas dos abeneiros,
toleirão, devagarinho,
vai dizendo uma cantiga,
para te arrolar, o ventinho.
Dorme, dorme, meu meninho.
COMPARAÇÃO DE TAGORE COM CASTELÃO
Num depoimento intitulado “Nacionalismo e arte”, publicado há cem anos em A Nosa Terra em 1920, de forma muito acertada, Biqueira estabelece uma comparação entre o bengali Tagore e o nosso Castelão. Do mesmo apresento este pequeno fragmento:
“E como derradeiro caso: Rabindranath Tagore, o poeta mais universal dos nossos dias, o admirado no mundo inteiro, o grande entre os grandes, quem é? Um bengali e que escreve em bengali, uma nobre língua da India que quase ninguém entende na Europa; um bengali com toda a sua alma, que até não mira com muito bons olhos as cousas da Europa. E este poeta chega já, na sua fama, a ter um posto nas histórias da filosofia (sobre ele vem de escrever-se um livro agora que expõe o seu pensamento filosófico). O que fez Rabindranath? Descobriu a alma índia, descobriu o seu próprio ser e, com a fortaleza artística necessária, cantou-a nos seus versos.
E o mesmo caso o tendes no nunca de abondo admirado Castelão. Ele também, o primeiro entre os pintores nossos, chegou ao fundo na nossa alma e soube dar-lhe o contorno que lhe fazia falta. Claro que não abonda mirar, olhar e indagar; faz falta ter talento, ter alma especial, ser poeta ou pintor. Mas tampouco isto abonda sem o outro. Castelão voltou sobre a sua raça e com um raro talento achou um caminho. Mestre já para os que venham, ficará na nossa história galaica como um criador e como um modelo. Modelo para todos os outros: de esforço, trabalho, procedimento e energia para descenderem ao mais fundo da nossa alma galega”.
TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR
Vemos os documentários citados antes, e depois desenvolvemos um Cinema-fórum, para analisar a forma (linguagem fílmica) e o fundo (conteúdos e mensagem) dos mesmos, assim como os seus conteúdos.
Organizamos nos nossos estabelecimentos de ensino uma amostra-exposição monográfica dedicada a João Vicente Biqueira, a sua obra literária, as suas ideias, a sua promoção da educação e da cultura galega e a defesa da unidade linguística galego-portuguesa. Na mesma, ademais de trabalhos variados dos escolares, incluiremos desenhos, fotos, murais, frases, textos, lendas, livros e monografias.
Podemos realizar no nosso estabelecimento de ensino um Livro-Fórum, em que participem estudantes e professores. Entre os livros a ler que podemos escolher temos Ensaios e Poesias, editado por Galáxia em 1974 e Obra selecta (Poesia e Ensaio), em edição para os Cadernos do Povo, pela Associação de Amizade Galiza-Portugal (AAG-P), em 1998. Pode ser muito interessante utilizar para esta atividade a monografia João Vicente Biqueira e o nacionalismo galego, escrito por Jesus Torres Regueiro e editado por edições de O Castro (Sada) em 1987.