Nationalia.cat – A República da Irlanda sofre uma crise de identidade. Após ter permitido a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Européia (UE) nas suas finanças nacionais, políticos e sociedade civil inclusive discutem se a sua língua própria, o gaélico irlandês, tem que ser uma matéria obrigatória no exame final de secundária, que dá direito ao Leaving Certificate.
Assim o propôs o candidato da oganização de centro-direita Fine Gael, Enda Kenny, às eleições de sexta-feira, proposta que imediatamente foi rebatida pelo liberal Fianna Fáil, pelo Partido Laborista e pelo Sinn Féin.
O Fine Gael -que pela primeira vez desde 1987 tem opções de ganhar as eleições e, inclusive, poderia-o fazer com maioria absoluta- argumenta que o uso do gaélico aumentaria se deixasse de ser obrigatório, ao mesmo tempo que assegura que aquilo realmente importante para o sistema educativo nacional é que os estudantes se centrem na aprendizagem do inglês, assim que é a língua dos negócios e da economia internacionais.
O histórico Fianna Fáil, que desde 2007 formava coalizão de governo com o Partido Verde e os Democratas Progressistas, já tem alertado que a proposta do Fine Gael “conduziria à extinção da língua”. Mas a credibilidade do Fianna Fáil entre os irlandeses situa-se hoje em dia baixo mínimos e bastantees sondagens pronostican que poderia passar a ser a quarta força política da Dáil Eireann (parlamento irlandês), por embaixo do Fine Gael, os laboristas e o Sinn Féin mesmo.
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Precisamente o Sinn Féin, que também tem criticado a proposta com contundência, possivelmente será uma das surpresas de sexta-feira. A decisão do seu líder, o norte-irlandês Gerry Adams, de abandonar o seu feudo de Belfast Oeste para se apresentar às eleições à República tem gerado muitas simpatias em toda a nação, até o ponto que a maioria de sondagens pronostican que a formação poderia triplicar os 5 deputados atuais -dos 166 que conformam a Dáil.
Mas quem mais frontalmente se opôs à medida de rebaixar a obrigatoriedade do irlandês foi o sindicato estudiantil Union of Students in Ireland, que convocou um protesto silencioso ante a Dáil em defesa da obrigatoriedade (vídeo), porque “converter a língua irlandesa em opcional causaria um mau irreparável para o futuro da nossa língua materna”, já que, entre outros argumentos, “se se fizer opcional, os estudantes não irão escolhê-la como matéria”, “porque o irlandês ocupa o duplo de horas que as outras matérias, porque teria que competir com outras matérias de terceiro nível” ou “porque os estudantes já seriam disuadidos de estudar desde a escola primária”.
Na rede, iniciativas como Keep an Ghaeilge as a Core Leaving Cert Subject também têm tido muita aceitação. No fundo, no entanto, a proposta do Fine Gael não é nova, senão que já pairava no ar na campanha de 2006, mas a pressão do Conradh na Gaeilge conseguiu que ficasse paralisada.
Mais informação:
- YouTube: USI student march in Dublin against Fine Gael plans for the Irish language.
- Webs especiais das eleições de RTÉ e The Irish Times.
- BBC: Irish political parties in five-way election debate.
- Wikipédia: Irish general election 2011.