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Fernando Ramallo: «Em relaçom com a Lusofonia, qualquer pessoa que fale galego tem umha vantagem clara sobre os demais»

PGL – Os dias 8 e 9 de outubro decorre no Paço de Rilo o Foro Mugardos Lingua e Sociedade, organizado pola Fundación Carlos Casares. A ediçom deste ano leva por título «O prestígio social do galego». Nele participarám especialistas galegos e estrangeiros como Glyn Williams, Gabriel Rei-Doval, Xosé Luís Barreiro ou Fernando Ramallo, entre outros. Precisamente, do Portal conversámos com este último, aliás membro da Fundación Casares.

PGL: Fernando, qual é a missom da Fundaçom Carlos Casares?

Fernando Ramallo: A Fundaçom tem como objetivo primordial divulgar a obra de Carlos Casares e, ao mesmo tempo, promover a reflexom arredor da sociedade, a cultura e a língua galegas. Sobre isto último é a estrutura onde se enquadram as atividades do Foro Mugardos Língua e Sociedade.

PGL: O foro Mugardos é um espaço para tratar as relaçons entre língua e sociedade. Que temas fôrom tratados em antigas ediçons?

FR: Esta é a primeira ediçom do Foro. Em anos anteriores, a fundaçom organizou diversas atividades relacionadas com a situaçom social da língua galega mas nom tivérom continuidade formal. Os temas tratados nessas outras ocasions fôrom diversos. No ano 2005 o debate girou arredor da diversidade linguística e as políticas de intervençom sobre a dita diversidade. A ediçom do ano 2006 centrou-se na análise da ideologias lingüísticas, mais concretamente a interrelaçom entre ideologias e diversidade lingüística.

PGL: Este ano o tema central é as relaçons entre língua e prestígio. Qual foi o motivo de escolherdes este lema?

FR: O motivo principal que inspirou este foro tem que ver com a necessidade de abrir um debate teórico sobre umha temática essencial para a análise da situaçom sociolingüística do idioma. Como sabemos, o galego é ainda umha das línguas socialmente minoritárias com mais falantes na Europa, em termos relativos. Nom obstante, também é umha língua com umha sensível perda de utentes tradicionais, especialmente nas últimas décadas. Ademais de factores situacionais, há também estruturais, relacionados com o escasso valor tradicionalmente atribuído à língua para a mobilidade social.

À diferença de outras realidades de contacto linguístico,  o galego ainda sobrevive com um duplo obstáculo: por um lado, como língua historicamente vinculada com a pobreza e a ruralidade e por outro lado, com umha modernidade que nom necessariamente interpreta a língua galega como um enriquecimento sobre o que apoderar-se. Parte desta modernidade nom foi também quem de valorar suficientemente a língua como prática para a coesom social. A conclusom é que se produz umha fractura, de base polo menos na classe social, no habitat e na idade, que situa o galego numha difícil encruzilhada. Para isso cremos que é preciso refletir sobre que variáveis é preciso trabalhar para tratar de melhorar o seu prestígio.

PGL: Destacarias algum ou alguns dos conferencistas?

FR: No Foro participam sociológos, politólogos, lingüistas e sociolingüistas. Esperamos que esta multiplicidade analítica contribua a um debate plural, de óticas diversas. Polas suas achegas à teoria sociológica sobre a linguagem, a presença de Glyn Williams (País de Gales), autor que leva mais de 30 anos refletindo sobre o prestígio das línguas minoritárias, é especialmente atraente.

Por sua parte, Joan Argenter (Barcelona), como bom conhecedor de muitas situaçons de contato com línguas socialmente minoritárias, em particular as ibéricas, achegará a sua experiência a um debate no que a análise comparativa sempre é essencial. Finalmente, Xosé Luis Barreiro Rivas (Santiago) porá sobre a mesa a necessidade de repensar o papel das instituiçons na construçom do prestígio sobre a língua. O seu conhecimento e a sua lucidez como analista da realidade social galega ham ser também mui importantes.

PGL: O prestígio dumha língua esta ligado, entre outros factores, às pessoas que as falam. Se se ligasse no imaginário social a nossa língua com as sociedades portuguesa e brasileira, séria um reforço para o prestígio do galego?

FR: De existir essa ligaçom, nom seria difícil imaginar que o prestígio da língua sairia reforçado, especialmente se se desse com a condiçom de que o conhecimento do galego impulsionasse a penetraçom dos seus utentes no mercado laboral luso. Nom sabemos como devemos atuar sobre o prestígio da língua. Agora bem, umha língua com umha forte demanda no mercado laboral (público e privado, nacional ou internacional) tem muito ganhado porque isso ativará as motivaçons para a sua aprendizagem e desativará preconceitos. As perguntas que eu me fago som, há impedimentos para que os profissionais que atualmente falam galego optem ao mercado luso? Conhecem os portugueses e brasileiros Galiza e o galego? Estám as sociedades portuguesa e brasileira preparadas para incorporar no seu imaginário colectivo as especificidades galegas e da Galiza?

PGL: Como se podia implementar a vantagem competitiva do galego em relaçom à Lusofonia?

FR: Ao meu modo de ver, a vantagem competitiva do galego tem como principal desafio o mercado interior. Sem empresas instaladas na Galiza que apostem por demandar o conhecimento desta língua para aceder às ofertas de emprego, o prestígio da língua tem poucas possibilidades. Em relaçom com a Lusofonia, qualquer pessoa que fale galego tem umha vantagem clara sobre os demais. Em galego, com certeza, podemos entender-nos mui bem com os portugueses e, ainda melhor, com muitos brasileiros.

 

PERFIL

Fernando Ramallo Fernández (Vigo, 1965) é doutor em Traduçom e Interpretaçom pola Universidade de Vigo. Sociolingüista e atualmente professor de Lingüística Geral na referida universidade, é autor de diversas publicaçons no ámbito da sociolingüística galega, entre elas A planificación lingüística nos centros educativos, Lingua, sociedade e medios de comunicación en Galiciaou New Perspectives on Endangered Languages.  Coedita a revista Sociolinguistic Studies e dirige o grupo de I+D “Observatório de sociolingüística” da UVigo.

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