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Dulce Pontes, cantora portuguesa de fama mundial

dulce-pontes-foto-5Dentro da nossa série de artigos de “As Aulas no Cinema” estamos a dedicar vários depoimentos àquelas mulheres que no mundo lusófono destacaram em alguns campos da cultura, da ciência e do ensino. Por isso, dentro da que estou a dedicar às mais importantes personalidades da Lusofonia, onde a nossa língua internacional tem uma presença destacada, e, por sorte, está presente em mais de doze países, sendo oficial em oito, dedico o presente depoimento, que faz o número 141 da série geral que iniciei com Sócrates, a uma excelente cantora de Portugal, conhecida como Dulce Pontes, muito reconhecida internacionalmente. Com este depoimento, a ela dedicado, completo o número vinte e nove da série lusófona.

PEQUENA BIOGRAFIA

De nome completo Dulce José da Silva Pontes, nasceu a 8 de abril de 1969 em Montijo (distrito de Setúbal). Quando criança, aprendeu a tocar piano, estudando música no Conservatório de Lisboa e Dança Contemporânea entre os 7 e os 17 anos de idade. Em 1988, no decorrer de um casting onde foi selecionada entre várias candidatas, inicia a sua atividade profissional na Comédia Musical Enfim sós prosseguindo com Quem tramou o Comendador, no Teatro Maria Matos, como atriz, cantora e bailarina. Em 1990 é convidada a integrar o espetáculo Licença para jogar no Casino Estoril. Torna-se popular junto do público português através do programa de televisão Regresso ao passado. Em 1991 vence no Festival RTP da Canção tendo ido representar Portugal no Festival Eurovisão da Canção, onde cantou Lusitana Paixão. Alcança o oitavo lugar entre 22 países participantes, uma das melhores prestações de Portugal no Eurofestival.

Dulce abordou o fado duma forma muito pouco ortodoxa. Misturava fado tradicional com ritmos e instrumentos modernos, procurando novas formas de expressão musical. Enriquecia os ritmos ibéricos com sons e motivos inspirados pela tradição da música árabe e balcânica, principalmente búlgara.

Em 1992 Dulce gravou o seu primeiro álbum, chamado Lusitana. Continha principalmente canções pop, que certamente eram ainda muito abaixo das ambições, capacidades e imaginação artística da Dulce. Embora, já naquela altura sabia-se que Dulce era uma excelente fadista. As primeiras provas disso apareceram um ano depois, em 1993, quando foi lançado o seu segundo disco, chamado Lágrimas. Dulce abordou o fado duma forma muito pouco ortodoxa. Misturava fado tradicional com ritmos e instrumentos modernos, procurando novas formas de expressão musical. Enriquecia os ritmos ibéricos com sons e motivos inspirados pela tradição da música árabe e balcânica, principalmente búlgara. A sua versão do clássico Povo Que Lavas No Rio era tudo menos clássica. Mas Lágrimas tinha também faixas bem tradicionais, fados clássicos gravados ao vivo em estúdio e cantados em rigor com todas as exigências do fado ortodoxo. Foram estes os temas (Lágrima e Estranha Forma de Vida) que lhe ganharam a denominação da “sucessora e herdeira da Amália Rodrigues“. Mas o maior êxito do dulce-pontes-capa-cd-3Lágrimas foi um outro clássico, A Canção do mar, que, no Brasil, foi usado como tema de abertura de uma adaptação do romance As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis, em telenovela. Interpretado por Dulce, este tema tornou-se um dos maiores êxitos da canção portuguesa de sempre (paradoxalmente nesta versão da Canção do Mar ouvem-se muito bem influências árabes), sendo provavelmente a canção portuguesa mais conhecida fora de Portugal, interpretada até hoje pelo mundo fora por vários artistas (mais recentemente pela Sarah Brightman, que fez da Canção do Mar o principal motivo musical do seu disco intitulado Harem). A Canção do Mar interpretada pela Dulce faz também parte da banda sonora do filme americano As Duas Faces de um Crime (título inglês “Primal Fear“), no qual Richard Gere contracena com Edward Norton.
Em 1995 Dulce lançou o álbum Brisa do Coração, que é um álbum gravado ao vivo durante um concerto que teve lugar no Porto a 6 de Maio de 1995. O disco seguinte, Caminhos, foi lançado em 1996. Caminhos continha temas clássicos como Fado Português, Gaivota e Mãe Preta, interpretados com grande proeza, bem como composições originais. A crítica considerou o disco mais maduro e melhor que Lágrimas. Os arranjos eram mais harmoniosos e menos radicais. Este disco consolidou a posição da Dulce Pontes como uma grande fadista, mas também deu bem a entender que nunca ia ser apenas uma fadista. Dulce estava interessada em ser uma artista versátil, heterogénea, que não hesita em ultrapassar as fronteiras de vários géneros musicais.
dulce-pontes-capa-cd-1O disco O Primeiro Canto foi lançado em 1999. A crítica considerou-o o melhor, e também o mais ambicioso e difícil na carreira da Dulce. Neste disco Dulce confirma que está seriamente interessada em ser uma artista da world music. Em O Primeiro Canto Dulce introduz elementos do jazz (o álbum contou com a colaboração da Maria João) e opta pela sonoridade acústica. Dá nova vida a antigas tradições musicais da Península Ibérica (canta não só em português, mas também no sotaque galego e mirandês), redescobre melodias e instrumentos há muito esquecidos. Foi lançada uma edição especial deste disco com três faixas adicionais: uma versão em castelhano de Pátio dos Amores, o célebre tango do inesquecível Astor Piazzolla Balada para un Loco e uma música composta por Dulce, A minha barquinha. Em 2002 foi lançado o disco Best of. 2003 trouxe uma grande novidade e reviravolta na vida artística da Dulce Pontes. Foi lançado o Focus, que é fruto da colaboração da Dulce com o Maestro Ennio Morricone. Dulce cantou alguns dos clássicos do compositor, mas o disco contém também composições originais, compostas pelo Maestro especialmente para a voz da Dulce. O principal objetivo deste disco foi consagrar uma grande voz. Gravado em Itália e destinado tanto ao público português como internacional, o Focus contém temas cantados em português, inglês, castelhano e italiano.

Em “O Primeiro Canto” Dulce introduz elementos do jazz e opta pela sonoridade acústica. Dá nova vida a antigas tradições musicais da Península Ibérica (canta não só em português, mas também no sotaque galego e mirandês), redescobre melodias e instrumentos há muito esquecidos.

O disco O Coração Tem Três Portas foi editado em 2006. Produzido na íntegra por Dulce é composto por 2 CD´s e um DVD. 145 minutos de música onde a Verdade o Amor e o Sonho dão as mãos ao que Dulce considera ser o âmago da música Portuguesa: O Fado, o Folclore/Música Popular Portuguesa e a Música de inspiração medieval Galaico-Portuguesa versus Fado de Coimbra. Totalmente acústico, foi gravado ao vivo por 5 Continentes, na Igreja de Santa Maria em Òbidos e no Convento de Cristo em Tomar. O DVD inclui um concerto gravado em Istambul e o making of das gravações efetuadas nos monumentos. Dulce Pontes em parceria com José Carreras, protagonizou a abertura oficial da eleição das Novas 7 Maravilhas do Mundo com o tema “One World” (Todos somos um) de sua autoria, para a maior emissão televisiva da história.

FICHAS DOS DOCUMENTÁRIOS

1. Dulce Pontes: Canção do mar.
Duração: 6 minutos. Ano 2011.

2. Dulce Pontes: Soidade.
Duração: 9 minutos. Ano 2019.

3. Dulce Pontes: 30 aniversário 2018.
Duração: 13 minutos. Ano 2018.

4. Dulce Pontes: A brisa do coração.
Duração: 5 minutos. Ano 2016.

5. Dulce Pontes: Alfama do novo álbum “Peregrinação”.
Duração: 5 minutos. Ano 2017.

6. Concerto de Dulce Pontes com J. Manuel Serrat.
Duração: 6 minutos. Ano 2015 (Barcelona, dia 19 de fevereiro).

7. “Alfonsina e o mar” por Dulce Pontes.
Duração: 8 minutos. Ano 2018.

DISCOGRAFIA de DULCE PONTES

Lusitana (1992).
Lágrimas (1993).
A brisa do coração (1995).
Caminhos (1996).
Fado português (1997).
O primeiro canto (1999).
Fado-Mãe (1999).
Focus (com Ennio Morricone) (2004).
O coração tem três portas (2006).
Momentos (2009).
Peregrinação (2017).
O melhor de Dulce Pontes (2 CDs) (2019).

LETRAS DE ALGUMAS DAS SUAS CANÇÕES

Mãe preta

Pele encarquilhada carapinha branca
Gandôla de renda caindo na anca
Embalando o berço do filho do sinhô
Que há pouco tempo a sinhá ganhou

Era assim que mãe preta fazia
criava todo o branco com muita alegria
Porém lá na sanzala o seu pretinho apanhava
Mãe preta mais uma lágrima enxugava

Mãe preta, mãe preta
Enquanto a chibata batia no seu amor
Mãe preta embalava o filho branco do sinhô.

Canção do mar

Fui bailar no meu batel
Além do mar cruel
E o mar bramindo
Diz que eu fui roubar
A luz sem par
Do teu olhar tão lindo.
Vem saber
Se o mar terá razão
Vem cá ver
Bailar meu coração.
Se eu bailar no meu batel
Não vou ao mar cruel
E nem lhe digo aonde eu fui cantar
Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo.
Vem saber
Se o mar terá razão
Vem cá ver
Bailar meu coração.
Se eu bailar no meu batel
Não vou ao mar cruel
E nem lhe digo aonde eu fui cantar
Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo.

A brisa do coração

O segredo a descobrir está fechado em nós
O tesouro brilha aqui embala o coração mas
Está escondido nas palavras e nas mãos ardentes
Na doçura de chorar nas carícias quentes.
No brilho azul do ar uma gaivota
No mar branco de espuma sonoro
Curiosa espreita as velas cor de rosa
À procura do nosso tesouro.
A brisa brinca como uma gazela
Sobre todo o branco e a rua do Ouro
Curiosa espreita a fenda da janela
A procura do nosso tesouro.

Meu Alentejo

Eu não sei que tenho em Évora
Que de Évora me estou lembrando
Ao passar o rio Tejo
As ondas me vão levando.
Abalei do Alentejo
Olhei para trás chorando
Alentejo da minh’alma
Tão longe me vais ficando.
Ceifeira que andas à calma
No campo, ceifando o trigo
Ceifa as penas da minh’alma
Ceifa-as e leva-as contigo.

Zanguei-me com meu amor

(letra de Amália Rodrigues)
Zanguei-me com o meu amor
Não o vi em todo dia
Zanguei-me com o meu amor
Não o vi em todo dia
Á noite cantei melhor
O fado da Mouraria
Á noite cantei melhor
O Fado da Mouraria.
O sopro de uma saudade
Vinha beijar-me hora a hora
O sopro de uma saudade
Vinha beijar-me hora a hora
Para ficar mais a vontade
Mandei a saudade embora
Para ficar mais a vontade
Mandei a saudade embora.
Quando regressou ao Minho
Ele que nem assobia
Quando regressou ao Minho
Ele que nem assobia
Vinha a assobiar baixinho
O fado da mouraria
Vinha a assobiar baixinho
O fado da mouraria.

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR

Vemos os documentários citados antes, e depois desenvolvemos um cinema-fórum, para analisar o fundo (mensagem) dos mesmos, assim como os seus conteúdos.
Organizamos nos nossos estabelecimentos de ensino uma amostra-exposição monográfica dedicada a Dulce Pontes, uma excelente cantora de Portugal. Na mesma, ademais de trabalhos variados dos escolares, incluiremos desenhos, fotos, murais, frases, textos, lendas, discos, CDs, livros e monografias.
Podemos realizar no nosso estabelecimento de ensino uma Audição Musical, com a participação como ouvintes de escolares e docentes. Podemos escolher para escuitar algumas das suas canções dos diferentes discos e CDs que chegou a editar até a data de hoje. No passado ano de 2019, em 2 CDs foram editadas as consideradas melhores suas canções. Dos mesmos podemos escolher para escuitar uma dúzia, e ler em alta voz alguns dos mais importantes dados da sua vida e obra.

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