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Dia das Letras 2012 para um defensor da unidade lingüística galego-portuguesa

PGL – Mais um ano, a Real Academia Galega (RAG) desaproveitou a oportunidade de dedicar um Dia das Letras a Ricardo Carvalho Calero. No entanto, elegeu umha outra figura que também se destacou pola defesa da unidade lingüística galego-portuguesa, Valentim Paz Andrade.

Como lembram do Diário Liberdade, Paz Andrade, em sintonia com o «pensamento tradicional galeguista», vindicou em diferentes ocasions o facto de o galego e o português serem umha só língua.

Valentim Paz Andrade, advogado, empresário, político, poeta e ensaísta nascido em (Leres, Ponte Vedra, 23 de abril de 1898 — Vigo, 19 de maio de 1987), integrou com Castelao ou Cabanillas as listas eleitorais do Partido Galeguista, do qual foi secretário em 1934. Com Carvalho Calero colaborou na redaçom do Anteprojeto de Estatuto da Galiza apresentado em 1931 polo Seminário de Estudos Galegos.

Durante a ditadura, foi desterrado a diferentes pontos da Galiza e mesmo do estrangeiro (Villanueva de la Serena, Badajoz, Espanha), bem como detido pola sua atividade em favor das ideias galeguistas, mesmo que fosse ligando-as à sua extraçom social burguesa. Dirigiu revistas, exerceu como advogado e como empresário, chegando a impulsionar o grupo industrial Pescanova, convertido na primeira companhia armadora europeia de barcos congeladores, na década de 60 do passado século. No entanto, a sua faceta empresarial nom está isenta de polémica, indicam do Galizalivre.

Quanto às convicçons reintegracionistas de Paz Andrade, reproduzir o que escrevia em 1959 em Buenos Aires (traduçom do Diário Liberdade):

“[…] Dada a identidade estrutural que conservam o português e o galego, reciprocamente inteligívels. Trata-se de umha língua com a qual podem entender-se hoje mihons e milhons de pessoas, embora o falem com diferente sotaque ou escrevam de forma diferente certo número de vocábulos. No cômputo, compreendem-se as populaçons da Galiza, Portugal -com as suas colónias- e o Brasil. (pp. 138-139).

“[…] que o mesmo idioma se module com diferente sotaque e até que um certo número de palavras e giros se pronunciem ou construam diferentemente na Galiza, Portugal e Brasil tem umha importáncia secundária. Nunca poderá explicar satisfatoriamente a desconexom prática entre o ramo galaico e o luso do idioma comum. E muito menos, a orientaçom do problema, fechando as suas perspetivas dentro do quadro regional e do conceito vernacular do idioma. […]

“Toda posiçom que supuger desconhecimento da unidade estrutural deve, neste caso, ser rejeitada por falsa”.

“Portanto, nom pode parecer razoável qualquer tendência que reduzir o problema à reabilitaçom literária de umha língua retardada na sua forma escrita, fazendo caso omisso, ou pouco menos, da evoluçom que experimentou durante séculos de uso múltiplo e pleno, fora da área de origem. Muito mais construtuva seria a tendência à assimilaçom das vozes necessárias, cujo uso é normal no outro ramo da mesma árvore lingüística” (pp.145-146)

E ainda o que escrevia em 1968 (Adaptaçom ortográfica do Diário Liberdade):

“Que caminho deve escolher a Galiza para ajustar a futura evoluçom da sua língua? […] Nom pode de algum jeito estar reclamando certa virada no rumo da política interna do idioma? […] O galego há de seguir mantendo umha linha autónoma na sua evoluçom como idioma, ou há de pender a mais estreita similaridade com a língua falada, e sobretodo escrita, de Portugal e o Brasil? […]

“Nom se pretende chegar à unificaçom literal. Mais trata-se de conter a dissociaçom, fazendo os ajustes necessários para aproveitar as vantagens mútuas que um intercámbio permanente poderia proporcionar. A ninguém se oculta que, da parte da Galiza, há a ganhar muito mais que a perder, se a relaçom entre umha e outra fala se avivece e sustenta (pág. 131).

“Que sorte de cegueira pode ainda hoje, com a melhor intençom, seguir fechando as portas do idioma, abertas cara à sua mais grandiosa floraçom humana e literária? Talvez estejamos diante do nó mais tolhedor da cultura galega, aínda que muitos nom tenham reparado nele” (Epistolário (1997), pág. 196).

 

Dano à língua?

Como lembram do Diário Liberdade, nom deixa de resultar quando menos paradoxal que a RAG tenha eleito Paz Andrade para dedicar um Dia das Letras. Cumpre assinalar que as suas ideias lingüísticas se inserem plenamente na linha defendida por Ricardo Carvalho Calero, pessoa acusada recentemente por um membro da Real Academia Galega, Ramón Lorenzo, de ter feito um «dano terrível» à língua galega por defender a unidade lingüística.

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