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Chrys Chrystello: “Dou a esses que falam de imperialismo lusófono o mesmo relevo que dou aos contristas, pessoas que ficaram perdidas na bruma da memória”

O 25º  Colóquio da Lusofonia da AICL  decorrerá em Montealegre de 21 a 25  de  abril, Concha Rousia entrevista o seu impulsor e valedor: Chrys Chrystello

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chrystello01Chrys Chrystello (1949) Prestou serviço no exército colonial português em Timor, onde chegou em Setembro de 1973, regressando a Portugal dois anos mais tarde. Começou, então, a escrever o seu livro “Timor-Leste: 1973-1975, o Dossier Secreto”, antes de rumar a Macau em 1976 e, posteriormente, à Austrália, onde se fixou e naturalizou. Ao longo de mais de três décadas de jornalismo político, trabalhou em rádio, televisão e imprensa escrita.  Em 1994, retirou-se do jornalismo ativo, e esforçou-se por divulgar a saga do povo timorense. Interessado pela linguística e a tradução, dedicou as últimas décadas à sociolinguística e tradução, tendo apresentado trabalhos em dezenas de conferências internacionais na Austrália, Portugal, Espanha, Brasil e Canadá. Apaixonado pela Galiza, desde os Colóquios, tem sido um dos grandes apoios à ideia de uma Academia Galega da Língua Portuguesa.

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Fala-nos do teu périplo vital. Como depois de ser australiano continuas apaixonado pela Lusofonia? E pela Galiza?

Ser australiano é ser lusófono e ser galego, os australianos são um pouco de tudo e eu mantenho essa norma, somos mais de 200 comunidades étnicas e não vivemos em guetos na Austrália. Jamais esqueci a matriz de origem galega do lado paterno da família, originário de Cela Nova, apelidos Meira e Barbosa que se mantêm há séculos perpetuando-se pelo Minho fora e meu pai descendia de terras de Afife. Por analogia, a Galiza é como uma irmã moura cujo pai não a deixou casar com um cristão e ficou presa na Torre da Princesa em Bragança a carpir o seu destino. Cumpre-nos libertá-la e ajudá-la a evadir-se da torre.

Como nasce a ideia dos Colóquios? que se pretendia com ela no início?

Desconheço quando, como ou porquê se usou o termo lusofonia pela primeira vez, mas quando cheguei da Austrália (a Portugal) fui desafiado pelo meu saudoso mentor, José Augusto Seabra, a desenvolver o seu projeto de Lusofalantes na Europa e no Mundo e aí nasceram os Colóquios da Lusofonia. Desde então, temos definido a nossa versão de Lusofonia como foi expresso ao longo destes últimos anos, em cada Colóquio. Esta visão é das mais abrangentes possíveis, e visa incluir todos numa LUSOFONIA que não tem de ser Lusofilia nem Lusografia e muito menos a Lusofolia que, por vezes, parece emanar da CPLP e outras entidades.

Coloquio AILC
25 Colóquio da Lusofonia

Nem eu sabia bem o que se pretendia no início mas tínhamos então declarado sobre o 1º Colóquio no Porto que visava contribuir para debater a problemática da língua portuguesa no mundo não somente em termos das suas formulações históricas e teóricas mas e sobretudo, de analisá-las nas suas modalidades práticas com as necessárias correspondências em articulação com outras comunidades culturais, históricas e linguísticas lusófonas como agentes fundamentais de mudança. Pretende-se repensar a Lusofonia, como instrumento de promoção e aproximação de povos e culturas.

O Porto foi a cidade escolhida porque foi perdida a oportunidade, como Capital Europeia da Cultura, de fazer ouvir a sua voz nos média nacionais e internacionais como terra congregadora de esforços e iniciativas em prol da língua de todos nós da Galiza a Cabinda e Timor, passando pelos países de expressão portuguesa e por todos os outros países onde não sendo língua oficial existem Lusofalantes. O mote deste primeiro colóquio era:
Repensar a Lusofonia como instrumento de promoção e aproximação de culturas: através de cinco áreas temáticas

1. Língua, Multimédia e Comunicação Social;

2. Desenvolvimento curricular;

3. Cidadania e Participação Politica

4. Tradução e Cultura (inter e transcultural), Estudos Interculturais; e

5. Diversidades Culturais

Com Ângelo Cristovão e Evanildo Bechara
Com Ângelo Cristovão e Evanildo Bechara

Gosto sempre de contar um episódio picaresco deste 1º colóquio onde conheci esse embaixador extraordinário que é o Presidente da Fundação AGLP; Ângelo Cristóvão a quem logo de rompante disse, ao saber que era galego, “eu queria chamar a este encontro o genocídio da língua na Galiza”. Ele olhou para mim, mediu-me de alto a baixo para ter a certeza de que não era um esbirro dos Bourbon e desconfiou. Mais tarde provar-lhe-ia que era quem dizia ser.

Como resumirias a trajetória dos Colóquios? e como percebes a evolução nos últimos anos?

A trajetória dos colóquios, que desde 2010 se converteram em associação cultural e científica sem fins lucrativos, foi meteórica e para além de tudo quanto eu pudesse imaginar com a minha alma de poeta escrevinhador de utopias.

Sem medo abordamos temas tabu e houve mesmo um colóquio dedicado á Galiza que acabou por debater o genocídio da língua portuguesa na Galiza em 2006 sob o título Do Reino da Galiza até aos nossos dias: a Língua Portuguesa na Galiza. Houve um enorme salto qualitativo, quando tivemos a sorte de ser apadrinhados por esses dois monstros sagrados da dicionarística e da gramática, os professores Evanildo Bechara e Malaca Casteleiro em 2007, logo aquando da sua primeira participação, e depois fomos os primeiros a apoiar e a debater o AO 1990, contra tudo e contra todos, chamando a atenção das entidades oficiais que acabariam por ratificá-lo e lentamente o implementaram depois disso contra velhos do Restelo, saudosistas do império e colonialistas que ainda não digeriram a perda do Brasil… e se sentem donos da língua, verdadeiros pais tiranos que recusam a maioridade dos filhos e que não se ergueram contra todas as anteriores reformas mas que embicaram contra esta, com uma bem montada campanha de desinformação e erro, de cariz demagógico e populista. Outro ponto de evolução marca-se a partir de 2005 com a minha mudança de Bragança para a ilha de São Miguel nos Açores. ali viria a descobrir uma riquíssima escrita e centos de escritores, dos quais alguns de gabarito mundial… todos praticamente desconhecidos nas próprias ilhas, já que fora delas quase se contam pelos dedos de uma mão os que saíram do esquecimento.

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Começamos pela série de traduções de alguns autores que fiz, seguiram-se as antologias que a Helena Chrystello e a Rosário Girão compilaram – uma delas, bilingue destinada aos expatriados no Canadá e EUA – , uma outra de textos dramáticos com a Lucília Roxo e Helena, dois livros meus semi-autobiográficos (ChrónicAçores uma circum-navegação, volumes um e dois), os Cadernos Açorianos trimestralmente em linha com excertos de obras fora de mercado, as traduções em várias línguas de excertos de alguns dos autores que mais apreciamos. muitos deles estiveram já connosco e alguns são mesmo associados fazendo parte da nossa “Homenagem contra o esquecimento” que visa “relembrar” a sua obra enquanto vivos e não postumamente como é costume acontecer em Portugal

A ideia de Lusofonia conta, como o Acordo, com numerosos detratores e tem sido associada muitas vezes como imperialismo português… o que achas?

A isso respondo com as definições que constam do nosso historial

O Português, ao contrário do que muitos pensam não tem pernas para andar sozinho com uma população entre 9 e 15 milhões se incluirmos os expatriados, e tem de contar sobretudo com o número de falantes no Brasil, na Galiza, em Angola, Moçambique, Timor, Cabo Verde, S. Tomé, Guiné-Bissau e por toda a parte onde haja comunidades de lusofalantes, mesmo nas velhas comunidades esquecidas de Goa, Damão, Diu, Malaca. São lusofalantes os que têm o Português como língua, seja Língua-Mãe, língua de trabalho ou língua de estudo, vivam eles no Brasil, em Portugal nos PALOP’s, na Galiza, em Macau ou em qualquer outro lugar, sejam ou não nativos, naturais, nacionais ou não de qualquer um dos países lusófonos.

Com Martinho Montero Santalha, Evanildo Bechara e Malaca Casteleiro
Com Martinho Montero Santalha, Evanildo Bechara e Malaca Casteleiro

Somos um exemplo da sociedade civil num projeto de Lusofonia sem distinção de credos, nacionalidades ou identidades culturais, congregados em torno de uma ideia abstrata e utópica, a união pela mesma Língua. Partindo dela podemos criar pontes entre povos e culturas no seio da grande nação lusofalante, independentemente da nacionalidade, naturalidade ou ponto de residência, de aprendizagem, de intercâmbio e partilha de ideias, opiniões, projetos por mais díspares ou antagónicos que possam aparentar.

É esta a LUSOFONIA que defendemos como a única que permitirá que a Língua Portuguesa sobreviva nos próximos duzentos anos sem se fragmentar em pequenos e novos idiomas e variantes que, isoladamente pouco ou nenhum relevo terão. Se aceitarmos todas as variantes de Português sem as discriminarmos ou menosprezarmos, o Português poderá ser com o Inglês uma língua universal colorida por milhentos matizes da Austrália aos Estados Unidos, dos Açores às Bermudas, à Índia e a Timor. O Inglês para ser língua universal continuou unido com todas as suas variantes.

Os complexos de inferioridade colonial que o governo ditatorial de Angola sofre servem para disfarçar a plutocracia reinante e são eles os mais vocais quanto a “imperialismo da lusofonia”. Por exemplo, Timor-Leste não pensa assim e nem Moçambique, nem Cabo Verde ou S Tomé e Príncipe se pronunciam desse modo… Dou a esses que falam de imperialismo lusófono o mesmo relevo que dou aos contristas, pessoas que ficaram perdidas na bruma da memória, presas de um passado do qual se não souberam ainda libertar e culpam o colonizador pelos erros de aprendizagem de independências com 4 décadas… Há – de quando em vez – um outro brasileiro que culpa Portugal por tudo o que está mal no Brasil, passaram-se quase 200 anos… como se diz aqui nos Açores, não há pachorra…

A Galiza… é outra paixão. Foste um dos grandes valedores da AGLP, (pai putativo) como assim? fala disso…

Já contei o episódio que sobressaltou o Ângelo no 1º colóquio, depois foi só conquistar a confiança dele e provar-lhe o que então lhe disse “Estive 24 anos envolvido na luta pela independência de Timor, não te posso prometer isso (o mesmo resultado), pois creio que já não será nos meus dias (tal como a independência dos Açores), mas posso garantir que vos abrirei as portas de Portugal e os colóquios serão o cavalo de Troia para entrarem. Resumidamente foi isto que aconteceu com muito trabalho e dedicação, nos bastidores, um excelente sentido diplomático com que o Ângelo sempre dirigiu os seus esforços, engolindo sapos difíceis, contestação interna, incompreensão, e toda a oposição dos mais variados setores da sociedade galega e espanhola… para não falar da portuguesa como ficou bem vincado em 2011 no 16º colóquio em Vila do Porto, Santa Maria, Açores onde a AICL veio berrar para a comunicação social (rádios, TV e jornais).

O XVI Colóquio da Lusofonia aprovou uma DECLARAÇÃO DE REPÚDIO pela atitude de Portugal que olvidando séculos de história comum da língua, excluiu a Galiza – representada pela Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) – do seio das comunidades lusófonas. A Galiza esteve sempre representada desde 1986 em todas as reuniões relativas ao novo Acordo Ortográfico e o seu léxico foi integrado em vários dicionários e corretores ortográficos. A sua exclusão a posteriori do seio da CPLP representa um grave erro histórico, político e linguístico que urge corrigir urgentemente

[ A seguir vai todo o texto de 2011:

AICL REPUDIA EXCLUSÃO DA AGLP NA CPLP

1. BREVE HISTORIAL

EXTRATO DAS CONCLUSÕES – XIII COLÓQUIO ANUAL DA LUSOFONIA “AÇORIANÓPOLIS” EM FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA, BRASIL 26 março a 11 de abril 2010

Os Colóquios da Lusofonia lançaram o repto à Academia Brasileira de Letras, à Academia das Ciências de Lisboa e a todas as entidades que apoiem a imediata inclusão da AGLP – ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA – com o estatuto de observador na CPLP, e comprometeram-se a envidar todos os esforços para a consecução de tal desiderato.

Concha Rousia comprometeu-se a enviar à CPLP os objetivos da Academia Galega para fundamentar o seu pedido de adesão com o apoio da sociedade civil aqui representada pelos Colóquios da Lusofonia, salientando que Goa e Galiza fazem falta à CPLP e que seria profícuo vir a criar um canal de televisão lusófono abrangendo todos os países, mas que seria necessária muita vontade política para tal se concretizar.

ESTE PONTO FOI REITERADO NAS CONCLUSÕES DO XIV COLÓQUIO ANUAL DA LUSOFONIA DE Bragança EM OUTUBRO 2010.

Pareciam bem encaminhadas as negociações resultantes do repto que os Colóquios da Lusofonia lançaram à Academia Brasileira de Letras e a todas as outras entidades para apoiarem a imediata inclusão da ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA com o estatuto de observador na CPLP até dia 22 de julho quando a CPLP anunciou a admissão da AGLP sob proposta do país anfitrião (Angola). A mesma admissão surpreendentemente foi retirada da página oficial da CPLP umas horas depois sem qualquer explicação, pelo que as celebrações de júbilo na Galiza e no resto do mundo duraram apenas oito horas. Veio, posteriormente a saber-se que fora Portugal que sempre apoiara esta proposta da AGLP integrar a CPLP com o estatuto de observador fora vetada no último momento por Portugal. A AICL em concertação com o MIL Movimento Internacional Lusófono de que faz parte tomou algumas medidas sendo a mais visível a da Petição ao Ministro dos Estrangeiros de Portugal Dr Paulo Portas:

2. Petição-Carta Aberta a Paulo Portas, Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal

Preâmbulo:

Temos apreciado a importância que tem dado às relações com os restantes países lusófonos, numa aparente reorientação estratégica de Portugal que o MIL sempre defendeu, dado o seu Horizonte ser, precisamente, o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço da lusofonia – no plano cultural, mas também social, económico e político.

Esta carta prende-se, tão-só, com a posição de Portugal relativamente à Galiza, a nosso ver uma dessas regiões integrantes do espaço lusófono – daí a nossa reiterada defesa da sua especificidade linguística e cultural. Com efeito, no Conselho de Ministros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, na sua XVI reunião, realizada em Luanda no passado dia 22 de Julho, soubemos que Portugal foi o único país a não apoiar a concessão da categoria de Observador Consultivo à Fundação Academia Galega da Língua Portuguesa, entidade que, como sabe, tem já um histórico muito apreciável, tendo sido por isso reconhecida para nossa Academia das Ciências, sendo ainda membro do Conselho das Academias de Língua Portuguesa.

Petição:

Ainda mais recentemente, também soubemos que o novo Governo Português tem expressado as suas dúvidas sobre a presença de observadores da Galiza no Instituto Internacional de Língua Portuguesa, assim como pela inclusão do seu Léxico no Vocabulário Ortográfico Comum que está a ser preparado por essa instituição, quando é sabido que uma Delegação de Observadores da Galiza participou nesse processo desde o princípio.

Face a isto, perguntamos apenas até que ponto houve uma inflexão da posição do Estado Português relativamente à Galiza, já que, desde que foi apresentada a candidatura da Fundação Academia Galega da Língua Portuguesa, Portugal sempre deu o seu apoio expresso a essa candidatura nos diversos órgãos da CPLP. Muito cordialmente

MIL: Movimento Internacional Lusófono www.movimentolusofono.org

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3. AICL REPUDIA EXCLUSÃO DA AGLP

Na ilha de Santa Maria, em Vila do Porto entre 30 de setembro e 5 de outubro, o XVI Colóquio da Lusofonia aprovou uma declaração de repúdio pela atitude de PORTUGAL OLVIDANDO SÉCULOS DE HISTÓRIA COMUM DA LÍNGUA, AO EXCLUIR A GALIZA – REPRESENTADA PELA AGLP – DO SEIO DAS COMUNIDADES DE FALA LUSÓFONA.

A GALIZA ESTEVE SEMPRE REPRESENTADA DESDE 1986 EM TODAS AS REUNIÕES RELATIVAS AO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO E O SEU LÉXICO ESTÁ JÁ INTEGRADO EM VÁRIOS DICIONÁRIOS E CORRETORES ORTOGRÁFICOS.

A SUA EXCLUSÃO À ÚLTIMA HORA DO SEIO DA CPLP REPRESENTA UM GRAVE ERRO HISTÓRICO, POLÍTICO E LINGUÍSTICO QUE URGE CORRIGIR URGENTEMENTE.

A AICL entende que não faz sentido aceitar como observadores países sem afinidades diretas ou indiretas à Lusofonia, a Portugal e sua língua e deixar de fora a região onde nasceu a língua portuguesa há mais de dez séculos.

É um crime de lesa língua de todos nós.

A Língua que se fala na Galiza é uma variante do Português como a do Brasil, Angola, Moçambique e tantas outras, com a peculiaridade de ter sido o berço da mesma língua comum, e jamais houve exclusão por parte da CPLP das regiões lusofalantes do mundo.

Trata-se de uma medida obviamente ditada por preconceitos políticos e contra a qual a AICL se manifesta veementemente não só apoiando a subscrição da Petição como encorajando todos os seus associados e participantes nas suas iniciativas a protestarem publicamente contra esta injustiça feita à língua portuguesa e à AGLP.

Iremos manifestar o nosso desacordo de todas as formas possíveis e ao nosso alcance até ver reposta a equidade da proposta de admissão da Galiza através da AGLP no seio da CPLP.

ass. Chrys Chrystello, Presidente da Direção da AICL

VILA DO PORTO, 5 DE OUTUBRO 2011]

Que pensas da evolução do reintegracionismo galego?

Tem andado mais depressa do que todos imaginaram, mesmo eu, que tinha colocado a fasquia em dez anos para dar resultados e eles surgiram, seis anos depois, em 2007-2008 com a criação da Academia (AGLP) e deu um salto enorme coma iniciativa Paz-Andrade que agora precisa ser implementada contra tudo e todos, como é habitual e vocês terão de porfiar para que ela se concretize na prática. De repente são todos reintegracionistas, mesmo o líder Feijó.

O aproveitamento pelos políticos é de tal forma clamoroso e escandaloso que se Francisco Franco fosse vivo também diria ser reintegracionista por ser nativo da Galiza… Aí terão de ter cuidado e separar o trigo do joio. Com a sua habitual diplomacia, creio que o Ângelo saberá fazer essa distinção e tirar o melhor proveito desta nova tendência

E da presença e apoio dos galegos nos Colóquios?

Aqui e usando uma terminologia futebolística, já me cansei dos cartões amarelos e vou mesmo ter de dar um cartão vermelho… Em Seia em 2014 acordei com o Ângelo e a Maria Dovigo criar uma sessão exclusiva da AGLP e da Pro-AGLP para debaterem os vossos problemas e exporem o que quisessem, pois a maior parte das pessoas ainda não está a par da vossa luta (ou não se interessa), mas tenho tido dificuldades em preencher o mínimo de 4 participantes nessa sessão especial em cada colóquio… assim, corremos o risco de no seio dos colóquios, apesar da presença constante da Concha Rousia essa guerreira indómita, de perdermos a sensibilização para vossa guerra, de as pessoas se alhearem ainda mais e de continuarem a manter a posição oficial do governo de Lisboa de não se imiscuir nos assuntos internos do reino de Castela. Por exemplo em Montalegre no 25º colóquio temos apenas 7 galegos inscritos como oradores quando eu esperava ter 50% do total dada a conveniência da proximidade à Galiza e o apelo já criado pelos Encontros do J M Barbosa em Pitões… Felizmente vamos colmatar isso com um concerto de celebração do 25 de abril com o grupo de Ourense, Terra Morena, que vai ensinar os portugueses a celebrarem o 42º vinte e cinco de abril com apoio da AGLP, evento a que a Câmara local decidiu dar maior impacto e apelar para a participação da população e nos fez alterar o evento para depois do jantar de dia 24 abril.

O que opinas da evolução do mundo, para onde caminhamos?

Um dia a bolha artificial deste capitalismo selvagem que nos invadiu através do domínio global da banca, e que nos leva a recuperar a triste memória da Revolução Industrial e sua escravatura, essa bolha vai rebentar e a minha esperança é de que surgirá um homem novo… mas andamos todos à espera disso há milhares e milhares de anos… enquanto não rebenta essa bolha que defende a transgénicos, a despopulação (ou eugenismo malthusiano) iremos continuar a viver dias negros quase feudais, mas essa é a História da Humanidade ao longo dos tempos. Acabado o império otomano, acabado o bolchevique, agora cairá o Império Romano dos EUA e outros se seguirão.

Preocupante e esta Europa desfragmentada e sem rumo a deixar-se aniquilar pelo Daesh enquanto fala em fechar as fronteiras a imigrantes e refugiados sem entender que o Daesh já está cá dentro e vive nas suas cidades e vilas. Espero bem que não, mas assim ainda nos arriscamos uma Europa Al Andaluz, mas não vejo onde estarão os Bárbaros (Alanos, Suevos, Visigodos e outros) para nos libertaram da moirama… sim, eu sei que fui, mais uma vez, politicamente incorreto gosto tanto dos EUA como polícia mundial como gosto do Daesh… e gostos não se discutem… o mundo que antevejo e no qual acredito não é deste mundo, só existe na cabeça louca dos poetas e sonhadores…chrystello03

Fala agora do Chrys poeta, talvez ele seja o que ajuda ao outro Chrys a resistir?

O poeta sobrevive, quase já não escreve prosa… regressou aos tempos sombrios do fim da ditadura em Portugal em 1972 data em que saí de cá e fui viver o mundo… fala por metáforas, parábolas e outras figuras de estilo que ultrapassassem a censura e autocensura em que se vive, e quando olho em volta vejo infelizes amordaçados, anestesiados (fado, futebol e fátima, outra vez???), sem vontade nem querer, manipulados e manipuláveis, afáveis cordeiros cantando a caminho do matadouro felizes pelo triste fim que irão ter, só porque já esqueceram os valores da liberdade… basta fugir e ela está ao seu alcance, é essa liberdade e desse abril que queremos celebrar em Montalegre neste abril 2016, mas quando vejo governos legítimos serem depostos ou impugnados (o Brasil e a África do Sul são os casos mais recentes) temo pelo futuro, temo que as palavras como arma não sejam suficientes para os poetas tomarem conta do mundo.

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