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CESÁRIA ÉVORA, A GRANDE CANTORA DE CABO VERDE

Dentro da série de depoimentos sobre as mais importantes personalidades do mundo da Lusofonia, de figuras que destacaram nos diferentes campos da cultura: literatura, música, canção, cinema, belas artes, ciências, educação, etnografia, arqueologia, cultura popular, artesanato, medicina, sociologia, etc. de países como Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Timor Leste, Goa, Portugal e, claro está, Galiza, que iniciei com o literato brasileiro Guilherme de Almeida, quero dedicar o depoimento de hoje à grande cantora de Cabo Verde, Cesária Évora (1941-2011). Depoimento que faz o número 114 da série geral iniciada com Sócrates. Nesta série lusófona também terão cabimento as agrupações musicais, folclóricas e académicas.

PEQUENA BIOGRAFIA

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Cesária Évora nasceu a 27 de Agosto de 1941 na cidade de Mindelo, na ilha de S. Vicente em Cabo Verde. Filha de Justino da Cruz Évora tocador de cavaquinho e violão e de Dª Joana, o grande e eterno amor da sua vida. A cantora é considerada a “embaixadora da morna”, tendo editado 24 discos, entre originais, ao vivo e em parceria com outros artistas de vários países. A 17 de Dezembro de 2011, a Diva da Morna faleceu aos 70 anos, deixando Cabo Verde e o mundo consternado com a sua morte, na mesma cidade que a viu nascer e traçou-lhe o destino para a morna. A 8 de Março de 2012, o Aeroporto Internacional de São Pedro (São Vicente) foi renomeado para Aeroporto Internacional Cesária Évora. À entrada da aerogare do aeroporto foi construída uma praceta onde passa a estar uma estátua de três metros de altura da falecida cantora. O monumento é da autoria do artista plástico Domingos Luísa.

Foi a cantora de maior reconhecimento internacional de toda história da música popular cabo-verdiana. Apesar de ser sucedida em diversos outros géneros musicais, Cesária Évora foi maioritariamente relacionada com a morna, por isso também foi por vezes apelidada “rainha da morna”. Era conhecida também como a diva dos pés descalços.

Cesária Évora tinha quatro irmãos. O pai Justino da Cruz tocava cavaquinho, violão e violino. Quando jovem foi viver com a avó, que tinha sido educada por freiras, e assim acabou passando por uma experiência que a ensinou a desconsiderar a moralidade excessivamente severa.

Entre os amigos estava Francisco Xavier da Cruz (“B. Leza”), o compositor favorito dos cabo-verdianos, que faleceu quando ela tinha apenas sete anos de idade. Desde cedo, Cize, apelativo com o que era conhecida pelos amigos, começou a cantar e a apresentar-se aos domingos na praça principal da cidade, acompanhada pelo irmão Lela, no saxofone. Mas a vida está intrinsecamente ligada ao bairro do Lombo, nas imediações do quartel do exército português, onde cantou com compositores como Gregório Gonçalves. Aos 16 anos, Cesária começou a cantar em bares e hotéis e, com a ajuda de alguns músicos locais, ganhou maior notoriedade em Cabo Verde, sendo proclamada a “Rainha da Morna” pelos fãs.

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Aos vinte anos foi convidada a trabalhar como cantora para o Congelo – companhia de pesca criada por capital local e português –, recebendo conforme as atuações que fazia. Em 1975, ano em que Cabo Verde conquistou a independência, Cesária, frustrada por questões pessoais e financeiras, aliadas à dificuldade económica e política do jovem país, deixou de cantar para sustentar a família. Durante este período, que se prolongou por dez anos, Cesária teve de luitar contra o alcoolismo. Igualmente, Cesária chamou a esse período de tempo, os “Dark Years”.

Encorajada por Bana (cantor e empresário cabo-verdiano radicado em Portugal), Cesária Évora voltou a cantar, atuando em Portugal. Em Cabo Verde um francês chamado José da Silva persuadiu-a a ir para Paris e lá acabou por gravar um novo álbum em 1988 “La diva aux pieds nus” (A diva dos pés descalços) – que é como se apresenta nos palcos. Este álbum foi aclamado pela crítica, levando-a a iniciar a gravação do álbum Miss Perfumado (1992). Desde então fixou residência na capital francesa. Cesária tornou-se uma estrela internacional aos 47 anos de idade.

Em 2004 conquistou um prémio Grammy de melhor álbum de “world music” contemporânea. O presidente francês, Jacques Chirac, distinguiu-a, em 2007, com a medalha da Legião de Honra entregue pela ministra da Cultura francesa Christine Albanel. Em setembro de 2011, depois de cancelar um conjunto de concertos por se encontrar muito debilitada, a editora, Lusafrica, anunciou que a cantora pôs um ponto final na longa carreira. Faleceu no dia 17 de dezembro de 2011, com 70 anos, por “insuficiência cardiorrespiratória aguda e tensão cardíaca elevada”.

Pelos seus grandes méritos recebeu muitas condecorações: Em 1999, Portugal, agraciou Cesária Évora com a medalha da Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. O galardão Les Victoires de la Musique para Melhor Álbum de World Music foi-lhe atribuído por duas vezes: em 2000 pelo álbum Café Atlântico e em 2004 pelo álbum “Voz d’Amor”. Este álbum foi igualmente premiado em 2004, com o Grammy para Melhor Álbum de World Music. Em 2007, o presidente francês distinguiu-a com a medalha da Legião de Honra de França. Em Dezembro de 2010, no Rio de Janeiro, o Presidente Lula da Silva condecorou Cesária Évora com a medalha de Ordem do Mérito Cultural 2010. Cesária Évora foi distinguida com o prémio carreira na gala do Cabo Verde Music Awards 2011. A título póstumo, a cantora foi homenageada com uma estátua no Aeroporto de São Vicente, que a partir de Março de 2012, passa a designar-se Aeroporto Internacional Cesária Évora.

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Em 10 de julho de 2009 Cesária Évora atuou, às dez da noite, no Castelo de Santiago da Barra em Viana do Castelo. Eu, que me encontrava na bela cidade portuguesa do Minho, ao cuidado do pavilhão da Galiza, dentro da 29ª Feira do Livro da Lusofonia, não duvidei e fum escuitar o seu Concerto de “Homenagem à Lusofonia”. Ao final do mesmo tive a grande sorte de estar com ela uns minutos, e aproveitei para que me dedicasse e escrevesse uns seus autógrafos nos cinco CDs de suas canções que, por propósito, eu levava comigo. Na minha biblioteca privada tenho todos os discos, em formato CD, que Cesária chegou a editar ao longo dos tempos, e os que levei a Viana do Castelo assinados por ela, os quais conservo como ouro em pó. No seu dia (20 de julho de 2009) publiquei no PGL um depoimento sobre esta minha experiência, sob o título de “A Cabo-verdiana Cesária Évora canta em galego”, que pode ler-se entrando nesta ligação.

    FICHAS TÉCNICAS DOS DOCUMENTÁRIOS:

  1. Cesária Évora: Live D´Amor 2004 (Concerto completo em Paris).

     Duração: 87 minutos. Ano 2012.

     

  1. Cesária Évora: Tudo tem se limite.

     Duração: 5 minutos. Ano 2018.

     

  1. Cesária Évora: Tchintchirote.

     Duração: 4 minutos. Ano 2018.

     

  1. Cesária Évora: Rotcha Scribida.

     Duração: 5 minutos. Ano 2018.

     

  1. Cesária Évora: Partida.

     Duração: 7 minutos. Ano 2018.

     

  1. Cesária Évora: Xandinha.

     Duração: 6 minutos. Ano 2018.

     

  1. Cesária Évora: Nutridinha.

     Duração: 4 minutos. Ano 2018.

     

  1. Sodade: Cesária Évora e Bonga.

     Duração: 5 minutos. Ano 2011.

     

  1. Concerto de Cesária Évora no Coliseu de Lisboa (8 de maio de 2010).

     Duração: 72 minutos. Ano 2016.

     

  1. Cesária Évora: Mãe carinhosa.

     Duração: 57 minutos. Ano 2016.

     

    Nota: É importante resenhar que no filme-documentário Tchindas, realizado em 2015 por Marc Serena e Pablo Garcia (coprodução hispano-cabo-verdiana) a música é de Cesária Évora e está rodado em São Vicente-Cabo Verde.

O REGRESSO DA VELHA SENHORA”: UM DEPOIMENTO DE JORGE ARAÚJO

Pelo seu interesse tenho por bem reproduzir a seguir o depoimento de Jorge Araújo, dedicado a Cesária Évora, que foi publicado em setembro de 2008 na Revista Única.

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“Os seus olhos cantam. São irmãos desavindos – quando um chora, o outro sorri. Morna e coladeira na esquina do mesmo olhar. Sempre foi assim, nos dias de sombra e nos de luz também. Há um brilho especial que ilumina o seu caminho. Já assim era nos tempos em que soltava a voz numa qualquer tasca da cidade do Mindelo, a troco de um cálice de grogue.

Continua assim, agora que avança com passos tão pesados quanto triunfantes, por alguns dos mais importantes palcos deste mundo. “A tristeza e a alegria são vizinhas”, deixa escapar com desconcertante ingenuidade. Sem dar conta, de um sopro, Cesária Évora resume os seus sessenta anos de vida. Uma simples frase explica a música que lhe corre nas veias.

Morna e coladeira, tristeza e alegria. Música e sentimento – essências de uma mulher nascida com a voz num véu de ternura. Sina de uma vida feita história, que começa com “era uma vez”. Era uma vez uma ilha, uma cara esculpida na rocha, o Porto Grande a abarrotar de navios, um imenso azul a embalar sonhos impossíveis. O querer ficar mas ter de partir. A miséria.

E uma criança a beber os acordes do violino no aconchego do pai: “Quando eu era uma asneira jeito de dizer criança ele começava a tocar e metia-me entre as suas pernas. Então, eu cantava uns disparates. Não me passava pela cabeça que viria a cantar a sério”. Mas a avó, educada por freiras, viu nesta cena a antecâmara do milagre que, anos mais tarde, viria a realizar-se: “Disse-me que eu tinha nascido para cantar”.

Aos sete anos a vida ensina-lhe a primeira de muitas lições. A morna, com o seu pulsar lento e triste, não é só saudade. É mágoa, lamento. É sofrimento. E é amor. Foi no dia em que o som do violino se apagou. Justino da Cruz ÉvoraDjute para os amigos – morreu, deixando instrumentos de música e cinco filhos para criar. Deixa também B. Leza, o primo, o amigo, o companheiro de tocatinas. O poeta paralítico torna-se então uma espécie de pai para Cesária: “Eu ainda era uma rapariguinha e costumava ir a sua casa”. É ele quem lhe ensina que a morna é uma segunda pele.

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Cesária – Cize como é conhecida nas ruas do Mindelo, sua cidade natal – bebe os acordes do mestre, olhos arregalados, coração a saltitar na ponta da língua. Fica com o olhar embevecido, lábios embebidos nos poemas de B. Leza. Cruza a juventude a trautear a doce melodia de “Lua Nha Testemunha” e “Miss Perfumado”. Mas são tempos difíceis.

Cresce no Mindelo, à beira do Lombo – bairro mal-afamado, terra de rufiás e prostitutas. “A minha mãe era cozinheira. Quando eu tinha dez anos, ela trabalhava para a D. Maria Emília Fonseca, que era directora do orfanato. Um dia, a minha mãe pediu-lhe para me arranjar um lugar”. Porém, o feitio de Cesária não se verga à rigidez do lar: “Só lá estive três anos, saturei-me”. Mal respira a liberdade, enceta uma vida normal: “Ajudava em casa e dava os meus passeios”.

É numa dessas voltas que conhece o primeiro grande amor da sua vida – Eduardo de João Chalino, marinheiro e tocador de violão. Na frescura dos seus dezasseis anos, Cize passa a acompanhá-lo nas paródias. “Fazíamos serenatas por tudo e por nada. Era só alguém dizer ‘vamos fazer uma serenata a fulano ou a fulana’ e pronto. Às vezes, já vínhamos de algum bar e era só aproveitar a embalagem”. Ainda não tinha os vícios da noite – não fumava e só bebia gasosa. Limitava-se a acompanhar o seu príncipe e a sussurrar as mornas que lhe enchiam a alma.

Uma bela noite, ele descobre-lhe a pureza da voz. Que ela, tímida, teimava em esconder entre duas afinações do violão. “Comecei a cantar algumas das mornas que o Morgadinho tinha feito na Guiné. Eles estavam a ouvir mas não diziam nada. Depois, o Eduardo voltou-se para mim e disse: ‘Abre a voz e canta! Tens uma voz tão bonita e estás aqui a cantar baixinho’. Levantei a voz e ele disse: ‘Estão a ver, esta menina tem uma voz maravilhosa’”.

A notícia correu mais depressa que gazela. Num abrir e fechar de olhos, o Mindelo ficou a saber que a voz da menina estrábica tinha coração, alma e magia. Que o seu timbre adocicado encantava a madrugada, enfeitiçava até a mais espessa escuridão. Cize transformou-se na princesa das serenatas. Como ainda acontece, cantava por prazer. Bastava-lhe um pouco de grogue para olear as suas delicadas cordas vocais. A pouco e pouco, começou a embrenhar-se nas teias do álcool. Talvez por isso a sua voz tenha envelhecido suave como uma boa aguardente de Santo Antão. Já não bebe, mas a sua voz continua a inebriar o mundo.

Das serenatas ao vinil foi um passo de pé descalço. “O Frank Cavaquinho foi quem fez a gravação. Era eu, o Luís Rendall, e parece-me que o seu filho, o John Rendall, também participou. E outros ainda cujos nomes já não me recordo. Não me pagaram nem aos outros músicos”. Mas o pior ainda estava para vir. “Um dia estava a passar em frente à montra da loja do senhor Benvindo, em plena Rua de Lisboa, quando ouvi a minha voz. Fiquei espantada”.

“O Frank Cavaquinho nem sequer me ofereceu um exemplar para ficar com uma recordação”. Cesária, coração de algodão, não se deixou contaminar. Novo disco, nova desilusão. “O segundo foi com o João Mimoso, aquele comerciante de São Vicente. Também gravámos para ele e nada. Nunca vi um escudo”.

A tristeza é um lugar estranho. Sentimento que consome sonhos, enterra ilusões. Alimenta-se de solidão. Não raras vezes, caminha de braço dado com o álcool. Nos quase onze anos que passa sem cantar, o grogue torna-se o melhor amigo de Cesária.

Nos quase onze anos em que, desiludida, esconde a voz, refugia-se do mundo e tranca-se em casa da mãe, Dona Joana, com os filhos. “Tenho um rapaz, o Eduardo, que é filho de um português, e a Fernanda, que tive com o Piduquinha, que em tempos jogou futebol no Caldas da Rainha”. Como ela própria diz, um e outro são fruto “daqueles amorzinhos de juventude que não me trouxeram sorte”. Ainda assim, não cultiva rancores nem dá folga a ressentimentos. Tão-pouco ao tropa português, que a engravidou ainda na juventude. “Não sei se está vivo ou morto. Deixou-me com aquele menino no ventre e nunca mais disse nada”.

A fortaleza familiar é pilar seguro. Cize encontra ânimo para continuar a acreditar. O regresso aos palcos e aos discos acontece em 1985. Tudo graças a um convite da Organização das Mulheres do antigo partido único – o PAICV. Às vezes, há duas sem três – dessa feita, à conta da intervenção do então primeiro-ministro Pedro Pires, consegue receber: “Falei com a sua cunhada, a Arcília, e ela marcou uma audiência com ele. Contei-lhe a história e ele pôs-me em contacto com a secretária-geral da OMCV. Fui a um encontro com ela e ela disse: ‘É quanto?’, e eu respondi: ‘São cinquenta contos’. Ela passou-me um cheque. Talvez se tivesse pedido mais, teriam dado”.

Das ruas do Mindelo para a ribalta lisboeta:

A roda da sorte começa viagem, quando Cesária é convidada por Bana, o rei da morna e do negócio, um gigante com voz de furacão. Ganha algum dinheiro mas, sobretudo, tem a sorte de viajar para Lisboa e para os EUA: “Fiz um grande sucesso na América, ganhei bem e ainda fiz uns ‘negociozitos’ a mandar coisas para Cabo Verde”. Na altura, a caminhar a passos largos para os cinquenta, a diva da morna é obrigada a fazer uma importante concessão – calça os primeiros sapatos. O frio desaconselha pés nus.

Em Lisboa, Cize desembarca na famosa discoteca africana Monte Cara, na Rua do Sol ao Rato. Era a sua segunda casa, paragem de muitos outros cabo-verdianos. Cesária ri-se com as anedotas de Tito Paris, delicia-se com o virtuosismo de Paulino Vieira, troca dois dedos de conversa com um emigrante em trânsito para as ilhas. Canta. Encanta.

Entre muitos Marlboros – ainda hoje Cize é fumadora compulsiva – e dois grogues, é ali que conhece o homem que irá mudar a sua vida. Foi em 1987. José da Silva, Djô para amigos e conhecidos, antigo agulheiro dos caminhos-de-ferro franceses, fica maravilhado com a sua voz e propõe-lhe parceria. Cize diz que não: “Naquele tempo, eu tinha outros compromissos”. Mas não foi um não definitivo: “Disse-lhe que quando acabasse o meu compromisso com o Bana dir-lhe-ia se o acompanhava ou não a Paris”. Acabou por aceitar o convite e a sua estrela passou a brilhar mais alto: “Era a mão que precisava para me ajudar”.

O encontro com Djô da Silva e o convite para ir para Paris:

Nos dois primeiros discos Cize tenta modernizar os ritmos de Cabo Verde – é bem aceite, mas o grande sucesso ainda está para vir. Mar Azul é o primeiro, segue-se Lua Nha Testemunha. O namoro entre a voz suave de Cesária e a simplicidade da viola e do cavaquinho começa a dar que falar. Um homem é fundamental na definição do som daquela que começa a ser conhecida como a “Diva dos pés descalços”. Trata-se de Paulino Vieira, um dos génios da música cabo-verdiana. E ele não lhe poupa elogios: “A Cesária é como água fresca, uma pessoa tem sempre vontade de voltar a beber. E quando já está cansada desta água, depois de bebê-la de novo, chega à conclusão que tem ainda necessidade de bebê-la mais vezes”.

O resto da história é património mundial. As salas esgotadas – Tóquio, Paris, Nova Iorque… “Eu canto da mesma maneira numa serenata ou numa dessas salas famosas”. Os inúmeros prémios e condecorações, enfeites das paredes da sua casa no Mindelo: “Sou uma pessoa simples”.

A conta bancária que não pára de engordar: “Costumo dizer que o Banco de Cabo Verde já não aceita o meu dinheiro e por isso estou agora a guardá-lo na Suíça (enorme gargalhada). As pessoas só se preocupam com estas coisas. Antes nunca ninguém pensou em ajudar-me.” A simplicidade de uma mulher que, apesar das luzes da fama, continua com os pés descalços. Bem assentes no chão. “Consigo viver sem cantar. Quando largar vai ser de vez”.

Costumo dizer que o Banco de Cabo Verde já não aceita o meu dinheiro e por isso estou agora a guardá-lo na Suíça [enorme gargalhada]

Depois do acidente vascular cerebral (AVC) sofrido na Austrália, em Março de 2008, dos tratamentos, em Paris e do merecido descanso no Mindelo, Cesária regressa aos palcos mundiais. De novo, com a alma na voz. Aquela voz, a sua. Diz quem já a ouviu que continua a mesma. Suave, celestial. De novo, com doçura e sinceridade: “Posso não ser muito alegre, mas triste também não sou”. Cize é muito mais que sentimentos. Muito mais que música. É Cabo Verde no mundo”.

DISCOGRAFIA DE CESÁRIA ÉVORA

Resenhamos a seguir os discos da Cesária, que se chegaram a editar, indicando o ano da edição: Mornas de Cabo-Verde & Oriondino (1965) (em disco vinilo, C. Évora & Conjunto); Cesária (1987); Cesária Évora, La Diva aux pieds nus (1988); Distino di Belita (1990); Mar Azul (1991); Miss Perfumado (1992); Sodade: Les plus belles mornas de Cesária (1994); Cesária (1995); Cesária Évora à L´Olympia (1995); Cabo Verde (1997); Best of Cesária Évora (1998); Nova Sintra (1998); Le monde de Cesária Évora (1999); Café Atlántico (1999); Cesária Évora: L’essentiel (2001); São Vicente di Longe (2001); Anthology (2002);  Anthologie: Mornas & Coladeras (LP duplo) (2002); The Very Best of Cesária Évora (2002); Voz d´Amor (2003); Les essentiels (2004); Rogamar (2006); Rádio Mindelo (early recordings) (2008); Nha sentimento (2009); Cesária Évora & (2010) e Mãe Carinhosa (2013). Esta discografia completa-se com o DVD Live in Paris (2002), com 4 discos cantados a duo com Marisa Monte, Gianni Morandi, Gigi D´Alessio e Ron, e com outros sete discos em que canta com outros cantores.

UM CANTAR DE CESÁRIA: “É DOCE MORRER NO MAR

    Composição: Jorge Amado / Dorival Caymmi. Participação especial de Marisa Monte.

É doce morrer no mar
nas ondas verdes do mar (bis)

A noite que ele não veio foi
foi de tristeza para mim
saveiro voltou sozinho
triste noite foi para mim

É doce morrer no mar
nas ondas verdes do mar (bis)

Saveiro partiu de noite e foi
madrugada não voltou
o marinheiro bonito
sereia do mar levou

É doce morrer no mar
nas ondas verdes do mar (bis)

nas ondas verdes do mar meu bem
ele se foi afogar
fez sua cama de noivo
no colo de Iemanjá

É doce morrer no mar
nas ondas verdes do mar (bis).

 

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR

Vemos os documentários citados antes, e depois desenvolvemos um Cinema-fórum, para analisar e debater sobre as canções que escuitamos e a sua temática variada.

Organizamos nos nossos estabelecimentos de ensino uma amostra-exposição monográfica dedicada a Cesária Évora, excelente cantora da música de Cabo Verde. Na mesma, ademais de trabalhos variados dos escolares, incluiremos desenhos, fotos, murais, frases, textos, lendas, livros, CDs, DVDs e monografias.

Podemos realizar no nosso estabelecimento de ensino uma Audição Musical, fazendo a oportuna escolha dos muitos cantares de Cesária Évora, tomados dos mais de 25 CDs da sua autoria que chegaram a editar-se.

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