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Assim falava Burbur

antonio-udinaEm 2017 comemora-se o 120 aniversário do encontro entre Antonio Udina, alcumado Burbur (o derradeiro falante de dálmata) e M. G. Bartoli (o linguista que realizou o estudo mais importante sobre essa língua, que recolheu na sua obra “Das Dalmatische“).
O Centro de Cultura de Krk (a ilha onde nasceu António Udina) celebrará-o com um livro intitulado Assim falava Burbur, no que, entre outras cousas, Alan Žic  escreve sobre a presência da história de Burbur em diversas literaturas peninsulares, recolhendo a banda desenhada de Raimundo PatinhoO home que falava vegliota“, o romance de Manuel Veiga O profesor de vegliota“, o poema “Artefacto Burbur” de Igor Lugris e sua versão musical realizada por Fanny e Alexander.

 

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Um dos cartazes de promoção do livro, editado para angariar fundos para a sua publicação; representa o último falante de dálmata, língua extinta em 1898: Antonio Udina, Burbur, a partir da única foto existente, e uma frase em dálmata. Cada poster é único e torna-se para cada cliente especial. O motivo é um vidro quebrado simbolicamente que enfatiza a necessidade de preservar todos os idiomas e dialetos, porque uma vez que a linguagem torna-se extinta, não pode mais reviver. Poster pode encomendar através desta página do facebook.
Alan Žic encaminhou-nos gentilmente um vídeo reportagem na TV, onde fala do livro, aparecem os desenhos do Raimundo Patinho, fala do pub e aparece como música de fundo o tema “Artefacto Burbur” de Fanny e Alexander:

 

O livro inclui uma tradução do poema de Igor Lugris ao croata, assim como diversa informação sobre a relação entre o autor galego e Burbur, fazendo referência ao pub que com esse mesmo nome regeu na compostelá rua da Algália de Abaixo entre 1998 e 2001, o cartaz desenhado por ele mesmo com o poema, o seu bloque “Ovnis e Isoglossas”. homequefalavavegliota_patinho

O poema de Igor Lugris foi publicado por vez primeira na rede, numa iniciativa de Vieros, no ano 1996, com motivo da homenagem do Dia das Letras a Ferro Couselo.

idiotasHoje damos a conhecer a tradução ao croata do poema, realizada por Alan Žic, como adianto da próxima publicação do mencionado livro, da que daremos notícia quando esteja definitivamente na rua, ao tempo que publicamos novamente o texto, revisado polo autor para ser adaptado à norma do AO (na sua versão original no livro “Quen nos defende a nós dos idiotas”, foi publicado na norma conhecida na altura como “Mínimos Reintegracionistas”, pudendo ser consultada aqui.

 

 

Artefacto Burbur

(Igor Lugris)

“Si seguimos utilizando el lenguaje en su clave corriente, con sus finalidades corrientes, nos moriremos sin haber sabido el verdadero nombre del dia”
(Julio Cortázar)

António Udina está morto

e também está morto Elvis

dizem os Living Colour

Elvis era branco

dizem

e por isso gravava muitos discos

Se for negro não poderia

não poderia nem ranhar na guitarra

António Udina não era negro

mas desde logo não falava uma língua de brancos

Talvez esteja entre nós o nosso António Udina particular

Ele quando era pequeno não imaginava que ia ser António Udina

e centos de milheiros de estudantes saberiam dele

e saberiam de memória a data da sua morte

Ele não sabia

E Elvis também não

Mas Elvis era branco

E António Udina não falava uma língua de brancos

Além disso falava vegliota

Elvis fazia rock porque vendia

António Udina falava vegliota mas ele não sabia

porque já em 1898 não ficava ninguém que falara raguseo

Chamava-se António Udina mas também lhe chamavam Burbur

A Elvis chamavam-lhe El-Rei

The King em inglês que parece mais importante

mas Elvis era branco

e por isso podia ser El-Rei

António Udina só podia ser Burbur

Entre nós nunca haverá um Elvis

a não ser que se faça branco e fale com a língua dos brancos

Mas todos somos António Udina

e nos chamam Burbur

Elvis era branco e por isso gravou muitos discos

António Udina não era negro

mas a sua língua não era de brancos

mesmo que todos falamos dálmata alguma vez na nossa vida

burbur_cartaz

Artefakt Burbur

(tradução: Alan Žic)

Antonio Udina je mrtav

i također je mrtav Elvis

rekoše Living Colour

Elvis je bio bijelac

rekoše

i zato je snimao mnoge ploče

da je bio crnac ne bi mogao ne bi mogao

ni taknuti gitaru

Antonio Udina nije bio crnac

ali odavno nije govorio neki jezik bijelaca

Možda je među nama neki Antonio Udina privatno

On kad je bio mali nije ni sanjao da će postati Antonio Udina

i stotine tisuća studenata znat će za njega

i znat će napamet datum njegove smrti

on to nije znao

ni Elvis također nije ali

Elvis je bio bijelac

i Antonio Udina nije govorio jezik bijelaca

dapač govorio je veljotski

Elvis je stvarao rock jer se prodavao

Antonio Udina govorio je veljotski ali on to nije znao

jer već 1898 nije bilo nikog koji je govorio raguzejski

Zvao se Antonio Udina ali zvali su ga također Burbur

Elvisa su zvali Kralj

King na engleskom jer djeluje važnije

ali Elvis je bio bijelac

zato je mogao biti Kralj

Antonio Udina mogao je biti samo Burbur

među nama nikad neće biti jedan Elvis

osim ako se ne pretvori u bijelca i ako govori jezik bijelaca

ali svi smo mi Antonio Udina

i zovu nas Burbur

Elvis je bio bijelac i zato je snimao mnoge ploče

Antonio Udina nije bio crnac

ali njegov jezik nije bio bijelački

još svi govorimo dalmatski poneki put u našem životu

 

 

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