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Antón Pedreira: “Para mim o binormativismo é umha medida transitória para que o galego tenda ao seu, ao galego internacional”

Neste ano 2021 cumprem-se 40 anos desde que o galego passou a ser considerada língua co-oficial na Galiza, passando a ter um status legal que lhe permitiria sair dos espaços informais e íntimos aos que fora relegada pola ditadura franquista. Para analisarmos este período, iremos realizar ao longo de todo o ano umha série de entrevistas a diferentes agentes sociais para nos darem a sua avaliaçom a respeito do processo, e também abrir possíveis novas vias de intervençom para o futuro. Desta volta entrevistamos o proprietário da livraria Pedreira de Compostela, Antón Pedreira.

img_20210720_154357_11Qual foi a melhor iniciativa nestes quarenta anos para melhorar o status do galego?
Diria várias, como principal a plataforma Queremos Galego. E também o Xabarín Club, algo que vivim através dos meus filhos. Haver há iniciativas, a própria Mesa pola Normalización Lingüística… Ou as Escolas Semente, dentro do âmbito da educaçom. O problema é a capacidade de chegar à sociedade.

Se pudesses recuar no tempo, que mudarias para que a situaçom na atualidade fosse melhor?
Buf, mudaria tudo. Desde esse paupérrimo decreto do plurilinguismo, até o anterior, que também era deficiente. Permitiu-se um certo bilinguismo, mas foi mau já desde as suas ori, desde os próprios criadores. Eu tenho muitas dúvidas do trabalho que figérom as instituiçons ligadas à lingua que dependiam economicamente da administraçom, figérom o que figérom, que foi horrível. Mesmo o que se recolhe no Estatuto de autonomia foi contra do galego.

Eu tenho muitas dúvidas do trabalho que figérom as instituiçons ligadas à lingua que dependiam economicamente da administraçom, figérom o que figérom, que foi horrível. Mesmo o que se recolhe no Estatuto de autonomia foi contra do galego.

Parte-se dum discurso mui hostil, como o de que existe umha imposiçom do galego, quando a realidade é justo a contrária. Demonstra-se que o que acontece é que se impom o castelhano e que há umha supremacia do espanhol sobre o galego… De facto, na educaçom infantil o galego nem se escuta, tudo isto já nom é culpa apenas do último decreto de Feijoo, já do anterior.

Que haveria que mudar a partir de agora para tentar minimizar e reverter a perda de falantes?
Pois suprimir todo isto que está a ser prejudicial, e mudar a estratégia institucionalmente, por exemplo a CRTVG é umha vergonha, porque nom cuidam o idioma, se fosse o espanhol estaria muito mais cuidado, mas aqui há umha desatençom da língua mui grave num espaço como a televisom pública. Depois, evidentemente, dentro das instituiçons, em geral, e em particular na educaçom e na TV, cumpre tratar de valorizar o galego, nom ver as línguas como inimigas entre si, mas deixar de maltratar o galego. E nom falo apenas da responsabilidade da Xunta, também dos Concelhos e Deputaçons. Se o galego nom está valorizado institucionalmente, tudo o que podamos fazer, desde o vosso grande trabalho, como o da AGAL, o das Sementes, desde tantas organizaçons… nom acaba de resultar mais que para umha pouca gente. Se damos umha olhada, somos sempre os mesmos. As instituiçons deveriam, aliás, pôr em valor que com o nosso idioma, de forma internacional, podemos comunicar-nos com milhons e milhons de pessoas.

Se o galego nom está valorizado institucionalmente, tudo o que podamos fazer, desde o vosso grande trabalho, como o da AGAL, o das Sementes, desde tantas organizaçons… nom acaba de resultar mais que para umha pouca gente.

É possível oferecer livros em galego ILG-RAG para todos os temas e formatos que pede e precisa a tua clientela?
Dificuldades há muitas… Quando fago feiras do livro muita gente até se surpreende “tudo em galego?” ou ainda “todo en galhego?” Estamos a falar do século XXI e ainda a gente se estranha de que seja tudo em galego. As livrarias que oferecemos livro galego em todo o país podem-se contar com os dedos das maos; que pode haver, umha por capital de província, duas se calhar? Mas depois v>ás por aí e que? Sempre o espanhol sobre o resto.

A respeito da oferta, falta muito, falta muito a nível técnico, sobretudo, ensaios. Resolver isto é algo que penso que lhe compete às instituiçons. Eu som consciente de que editar livro técnico para o público geralista pode resultar mui caro, mas para isso estám as instituiçons. Há que ver o que editam as Deputaçons, por exemplo, que editam muito mais em espanhol que em galego, e já nom digamos a de Ourense, que isso já é de escândalo. Quero dizer que esse oco é um trabalho que se poderia trabalhar, e poderia haver muito mais livro em galego, livro técnico e ensaios. Por exemplo, a coleçom nova de Através é umha proposta intensa. Isso deveria fazê-lo a administraçom.

Com respeito ao livro em galego internacional: vende-se, eu vendo cada vez mais para institutos e também para a Escola Oficial de Idiomas. Porém, há pouco interesse, já me passou de querer fazer apresentaçons de livros, de trazer a escritoras e escritores portuguesas e a própria gente da cultura galega, que tu pensas que haveriam vir, nom participam.

Com respeito ao livro em galego internacional: vende-se, eu vendo cada vez mais para institutos e também para a Escola Oficial de Idiomas. Porém, há pouco interesse, já me passou de querer fazer apresentaçons de livros, de trazer a escritoras e escritores portuguesas e a própria gente da cultura galega, que tu pensas que haveriam vir, nom participam. Isso sim que é lamentável. Eu som mui crítico, e estou contra das traduçons do português para o galego, ou do galego para o português, isso sim que lhe está a fazer dano ao idioma. Considero importantes as traduçons a partir doutros idiomas, e apostar por oferecer cousas diferentes, como estám a fazer editoras como Hugin e Munin, Irmás Cartoné, Kalandraka ou Rinoceronte, que enriquecem a oferta, e tenhem sido os mais afetadas pola má gestom de ajudas públicas à traduçom.

Achas que seria possível que a nossa língua tivesse duas normas oficiais, uma similar à atual e outra ligada com as suas variedades internacionais?
Eu estou a favor do binormativismo, sempre que tenda a umha única normativa. Neste caso há umha alternativa que tende ao espanhol, e outra que tende ao português. Para mim o binormativismo é umha medida transitória para que o galego tenda ao seu, ao galego internacional.

 

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