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Adrian Levices: “Um carimbo oficial torna a língua mais atrativa para a captaçom de novos utentes”

Adrian Levices é chantadino e baixista, da geraçom Xabarín e trabalha como tradutor tentando acompanhar o ritmo da Internet e a  informática. Segundo ele, traduzir de castelhano para o galego é muito mais do que mudar “y” por “e”. (Oxalá muitos leiam isto). Adepto do e-Estraviz, aspira a umha sociedade bilingue de verdade.

adrian-levices

Moraste em Monforte entre os 6 e os 18 anos. Como era a fotografia linguística da tua infância e da tua adolescência?

Antes de Monforte morei em Chantada; quanto à língua nom guardo muitas lembranças daquele tempo, mas nomeadamente estám vinculados com o castelhano, língua predominante na família, amizades e escola. Som da geraçom do Xabarín, na verdade, um formato que hoje seria bom explorar novamente, mas aproveitando as distintas plataformas existentes.

O mesmo poderia dizer dos meus primeiros anos em Monforte, até, polo menos, o liceu; o uso do galego foi em aumento progressivo pola minha parte e por parte do meu contorno.

A tua formaçom profissional decorreu em Vigo aonde rumaste aos 18 anos. Que contraste provocou essa mudança de espaço vital?

Quanto ao uso do galego, mais do que contraste houvo umha mudança consciente; Vigo nom deixa de ser como Monforte nesse senso, mais ou menos.

Na universidade ligas com mais sensibilidades, mas também é umha etapa de abertura intelectual, de formaçom como pessoa… todo isso ajudou e contribuiu na tal mudança consciente.

És tradutor, o que o liga à realidade linguística de forma incontornável. Quais os maiores desafios para umha boa traduçom?

O mais importante é dominar o tema que trata o texto fonte e, obviamente, dominar o idioma alvo. Também é importante dominar recursos informáticos, construir glossários, bases de dados terminológicas, dominar outro tipo de formatos: traduçom web, legendagem, dobragem, além da idiomaticidade, e outras construçons linguísticas, etc… Som muitas as cousas que um tradutor pode achar. A informática e internet mudam à velocidade da luz e os tradutores nom podemos ir por detrás.

Como foi a descoberta da estratégia reintegracionista? Porque decidiste aderir a ela?

Nom fum consciente da existência do reintegracionismo até a universidade. Por entom internet estava em cueiros e aceder a determinada informaçom era umha tarefa assaz complexa. Foi na universidade onde conhecim, ou polo menos fum mais consciente, da existência desta estratégia.

A minha motivaçom nasce de várias inquedanças: considero a aprendizagem um processo continuado, socialmente é vital.

Acho a corrente reintegracionista enriquecedora e revitalizante, e hoje o que precisamos é disso. Foi por meio do reintegracionismo que me interessei, por exemplo, polo infinitivo flexionado… temos umha forma verbal de nosso quase desconhecida! Som cousas assim as que me motivam; explorar as possibilidades da língua, e o reintegracionismo, nestas questons, vai um passo por diante.

Consultas com frequência diferentes sites da Agal, o PGL e o Estraviz entre outros. Que oferece o e-estraviz para além de outros dicionários da Galiza?

Sim, som totalmente “neo” quanto ao reintegracionismo. Um idioma cultiva-se falando-o, lendo-o, escrevendo-o e escutando-o, seguindo umhas normas básicas, claro é.

O dicionário em linha Estraviz é a ferramenta da escrita, indispensável nas traduçons para o galego. Tem mais aceçons do que nenhum outro dicionário, tem um conjugador (bendito seja) maravilhoso e, pessoalmente, utilizo-o muito em questons de sinonímia. Estamos mui influenciados polo castelhano, por isso é necessário explorar todas as opçons que um dicionário oferece, duvidar, pois na procura só há riqueza. Som tradutor, isto que vou dizer pode parecer brincadeira, mas traduzir de castelhano para o galego é muito mais do que mudar “y” por “e”.

O site do PGL é a minha ferramenta particular de leitura em reintegrado, além doutras leituras em outras variedades de português.

O site da Agal é o dos recursos formativos, onde está a gramática que consulto com quase cada palavra… (risos). Passeninho.

O reintegracionismo, como todo o movimento social que aspira a ser hegemónico, pode transitar por diferentes vias. Quais achas serem as mais eficazes, as que têm mais retorno social?

O importante agora mesmo é revitalizar o galego e alcançar um binormativismo, um carimbo oficial torna a língua mais atrativa para a captaçom de novos utentes. Temos de fazer o que estiver nas nosas mans para a sociedade recuperar a ideia de pertença, de que tem umha língua de seu. Como? Há falantes de galego, há editoras de galego, há emissoras em galego e, porém, o uso do galego continua a baixar. Todos esses recursos som necessários, claramente, mas também é importante umha educaçom de base em galego. Mas também seria importante ter presença em espaços onde o galego é minoritário.

Porque decidiste enrolar-te com a tripulaçom agálica? Aonde queres que chegue à associaçom?

Venho de aterrar neste formoso mundo, quero ver bem quais som as dinâmicas de trabalho e ver onde e como podo contribuir, mas a ideia é essa. A Agal é umha das plataformas para reverter a situaçom da língua.

Imagina a Galiza em 2040? Como gostavas que fosse a panorâmica linguística?

Apenas linguisticamente? (Risos) Nom é questom de desaproveitarmos as oportunidades que nos oferece a presença do castelhano na Galiza, mas tampouco que o castelhano substitua o galego. Umha sociedade realmente bilíngue seria o ideal.

Conhecendo Adrian Levices

 

adrian levices 2Um sítio web: No trabalho utilizo muito o dicionário Estraviz, como dixem, o dicionário da RAG, Linguee, o site da Fundeu, o dicionário da RAE… som todas ferramentas fundamentais. Para o tempo de lazer gosto muito das páginas  com obras livres, tipo Biblioteca Anarquista, Marxists.org… há muitos sites interessantes. Também está o trabalho do site ricardomellacea.inf, onde compilam quase toda a obra de Ricardo Mella, curiosamente umha figura tam desconhecida hoje apesar de ser de Vigo. E claro, os sites da Agal e do PLG, fundamentais para esta viagem que estou a fazer.

Uma descobrimento: Um descobrimento, melhor… a penicilina.

Umha música: Depende do momento… todo o situado baixo o guarda-chuva de “música moderna”, blues, rock… Música folk e tradicional… gosto muito do riverdance. Carlos Núñez com os Chieftains em Ortigueira… inesquecível, Patrick Molard…

Um livro: Apenas um? Agora estou lendo “As ruínas de Palmira”, 100% recomendável.

Um facto histórico: : O descobrimento da penicilina, 1928

Um prato na mesa: Fácil… arroz com ovos.

Um desporto: Desporto considerado como tal? Pessoalmente a halterofilia.

Uma filme: Buf… Gostei muito de “La Haine”, gostei muitíssimo de “Zorba, o grego” nom podo dizer apenas um.

Umha maravilha: a Ribeira Sacra.

Além de galego/a: chantadino e baixista.

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