Maria Espantoso – Nas campanhas de propaganda da Junta da Galiza e outras administrações galegas é fácil topar erros lingüísticos provocados por interferências com o castelhano. Som erros que, embora evitáveis, contam com soluçom bastante simples. Mais complicado é quando se trata de marcas.
No âmbito das campanhas públicas com patadas ao galego, talvez umha das mais lembradas polo público seja aquela do Serviço Galego de Saúde (SERGAS) que dizia «o sangue é vida, comparte-a». Para muitas pessoas existia umha dúvida razoável e, numha interpretaçom generosa, queriam perceber que «comparte-a» se referia à vida, nom a um suposto a sangue (o sangue). Como curiosidade, esta campanha, após muitos meses e inúmeras críticas, foi inicialmente corrigida, passando a mudar o «comparte-a» por «comparte-o», o qual significava implicitamente reconhecer o erro; porém, nos últimos tempos a Junta recuperou a versom com «comparte-a».
Como assinalado anteriormente, estes e outros erros som intoleráveis e evidenciam tanto um desconhecimento da língua como desleixo à hora de os corrigir. Contudo, podem-se solucionar.
Mais difícil é encontrar umha soluçom é quando se cria umha marca (que, por definiçom, está chamada a perdurar polo menos vários anos). Nesses contextos é que menos se pode compreender a razom pola qual umha Administraçom galega cria umha em castelhano. Destarte, o que poderiam ser patéticas anedotas acaba-se revelando um costume muito preocupante e que deve ser denunciado.
Das mais conhecidas é a marca Ternera Gallega, em boa medida porque leva mais de duas décadas entre nós. Ainda hoje desconhecemos mais explicaçom da criaçom desta marca em castelhano do que o simples argumento da “exportaçom” do produto… Sem comentários.
Mais para cá está o selo de qualidade Gallega 100%, do qual já se falou no PGL. Numha jogada mais subtil que a Ternera Gallega, neste caso realmente o que se lê é «Galega 100%», mas com um jorro de leite fazendo de segundo «l», daí o de «Gallega» ou «Gal(l)ega». E mesmo que esse jorro nom fosse propositado (alguém acredita?), volvemos ao caso do sangue: leite, em galego, é um termo masculino, ao invés que no castelhano. Neste caso nom há dúvida e podemos afirmar que a marca é castelhanizante ou diretamente castelhana. Cumpre assinalar, ainda, que esta Gallega 100% criou também por este motivo grande contestaçom tanto no próprio Parlamento como nas redes sociais… mas aí continua.
Finalizamos o artigo lembrando umha das criações mais recentes, a marca turística Mar Galaica. Mais uma vez, o tema do género, pois «mar», em galego, só pode ser masculino (em castelhano pode ser masculino ou feminino). Pior ainda, o site web de Mar Galaica está unicamente em castelhano…